sexta-feira, 21 de outubro de 2011




Artigo 75
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária

O Papel-moeda



DEZ MIL ESCUDOS
Infante D. Henrique






Chapa 2


A efígie do Infante D. Henrique (1394-1460), um dos vultos mais notáveis da história da civilização europeia, foi a personalidade escolhida para figurar nesta nota. A parte da frente da nota apresenta sobre o lado esquerdo a marca de água e uma faixa de cor castanha com o número 10000; ao centro as armas de Portugal; e à direita a efígie do Infante com a heráldica dos Lencastre. No verso, a nota apresenta sobre o lado esquerdo uma versão da iluminura da Crónica da Guiné de Gomes Eanes de Zurara; ao centro uma caravela de velas içadas e a cruz de Cristo; sobre o lado esquerdo a respectiva marca de água. A maqueta é de autoria de Luís Filipe de Abreu, com trabalhos preliminares de De La Rue Giori SA da Suíça, e a impressão e estampagem das notas ficaram a cargo da firma inglesa, Thomas De La Rue & Cº. Ltd.. Tem como marca de água quando vista à transparência pela frente a efígie do Infante D. Henrique.
Dimensões da nota 156 x 75 mm. Foram emitidas 56 675 103 notas com a data da primeira emissão de 2 de Maio de 1996 e a última emissão datada de 12 de Fevereiro de 1998. Foram retiradas de circulação em 28 de Fevereiro de 2002.

Ver a biografia inserida na chapa 6 da nota de quinhentos escudos.

F I M

Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal” Banco de Portugal.
Óbidos – Outubro 2010.

Publicado no Jornal das Caldas em 19-10-2011.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011



Artigo 73
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda

CINCO MIL ESCUDOS

Vasco da Gama



Chapa 3



Esta chapa que deu origem a última nota de valor de cinco mil escudos, apresenta na frente sobe o lado esquerdo a marca de água e uma faixa vertical em tons verdes com o número 5000; ao centro a cruz de Cristo sobre a esfera armilar; e no lado direito a efígie de Vasco da Gama. No verso apresenta sobre o lado esquerdo uma representação do encontro de Vasco da Gama com o Samorim de Calecute; ao centro uma pimenteira, uma nau com as velas içadas com a cruz de Cristo e o brasão de armas do Conde da Vidigueira; sobre o lado direito a respectiva marca de água. As notas têm como base a tonalidade da cor esverdeada. A maqueta é de autoria de Luís Filipe de Abreu e a impressão das notas ficou a cargo da firma Thomas De La Rue & Cº. Ltd., de Inglaterra, com trabalhos preliminares da firma Suíça de De La Rue Giori, SA. Dimensões da nota 147 x 75 mm. Foram emitidas 228 931 555 notas, cuja primeira emissão é datada de 5 de Janeiro de 1995 e a última de 2 de Julho de 1998. Foram retiradas de circulação em 28 de Fevereiro de 2002.

Ver a biografia inserida na chapa 2 da nota de quinhentos escudos.

F I M

Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal” Banco de Portugal.
Óbidos – Outubro 2010.Publicado no Jornaldas Caldas de 05-10-2011.



Artigo 74
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda


DEZ MIL ESCUDOS
Egas Moniz






Chapa 1

A primeira nota de dez mil escudos tem como motivo principal na sua frente e do lado esquerdo o número 10000 e o escudo nacional; ao centro a representação do cérebro humano e retrato do Professor Egas Moniz; no lado direito apresenta-nos a marca de água. No verso da nota pode-se observar no lado esquerdo a respectiva marca de água; ao centro a reprodução da medalha relativa ao Prémio Nobel e uma alegoria da vida e da morte. Esta nota foi executada em tons de amarelo - torrado, e de amarelo claro. Tem como marca de água quando vista à transparência pela frente o retrato do Professor Egas Moniz. A maqueta é de autoria de Luís Filipe Abreu e a impressão e estampagem das notas foram efectuadas pela firma canadiana British American Bank Note, Inc. Dimensões da nota 173 x 80 mm. Foram emitidas 53 993 000 de notas. A primeira emissão foi a 15 de Maio de 1989 e a última emissão a 16 de Maio de 1991. Foram retiradas de circulação no ano de 1996.
António Caetano de Abreu Freire Egas Moniz, mais conhecido pelo nome de Egas Moniz, nasceu em Avanca, a 29 de Novembro de 1874, filho de Fernando de Pina Resende de Abreu Freire e de sua mulher Maria do Rosário Oliveira de Almeida Sousa, no seio de uma família aristocrata. Foi médico, neurologista, investigador, professor, político e escritor. Após completar os seus estudos primários, ingressou no Colégio de S. Fiel, onde concluiu o Curso Liceal. Formou-se em Medicina na Universidade de Coimbra, onde iniciou a sua actividade profissional como lente, leccionando as cadeiras de anatomia e fisiologia. No ano de 1911 foi transferido para Universidade de Lisboa, onde foi ocupar a cadeira de neurologista como professor catedrático Foi o fundador do Partido Republicano Centrista, dissidente do Partido Evolucionista. Apoiou o regime de Sidónio Pais durante o qual, exerceu as funções de Embaixador de Portugal em Madrid, no ano de 1917 e Ministro dos Negócios Estrangeiros em 1918. Presidiu à delegação portuguesa à Conferência da Paz em Paris, no mesmo ano. Jubilou-se em Fevereiro do ano de 1944. Egas Moniz contribuiu decisivamente para o desenvolvimento da medicina ao conseguir pela primeira vez dar visibilidade às artérias do cérebro. A Angiografia Cerebral que descobriu após longas experiências com raio X, tornou possível localizar neoplasias, aneurismas, hemorragias e outras mal formações no cérebro humano, abrindo assim novos caminhos para a cirurgia cerebral. Foi o primeiro português a ser distinguido com o prémio Nobel de Medicina no ano de 1949, partilhando com outro notável investigador Walter Rudolf Hess, fruto deste trabalho. Ao seu trabalho foi dado continuidade, ao ser fundado no ano de 1950 no Hospital Júlio de Matos, o Centro de Estudos de Egas Moniz, onde foi Presidente. No ano de 1957 foi transferido para o serviço de Neurologia do Hospital de Santa Maria. Foi autor de diversas obras: “Vida Sexual”; “A Neurologia na Guerra”, “Alterações Anátomo - Patológicas na Difteria”; “Júlio Dinis e a Sua Obra”. Faleceu na cidade de Lisboa a 13 de Dezembro de 1955.

F I M

Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Lello Universal. Wikipedia.org/António Egas Moniz.
Óbidos – Outubro de 2010Publicado no Jornal das Caldas em 12-10-2011.


Artigo 72
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda




CINCO MIL ESCUDOS
Antero de Quental






Chapa 2

À segunda nota de cinco mil escudos foi evocada a figura do escritor e poeta de grande influência no movimento da Geração de 70, Antero de Quental (1842-1891). A frente da nota é composta pela efígie do poeta ladeada pelo lado esquerdo por um conjunto de desenhos, que nos permitem deduzir que se tratam de aves, representativas do sentido de liberdade e o escudo, e do lado direito pela marca de água. O verso apresenta-nos um desenho simbolizando o esforço conjugado para a Liberdade e o Trabalho na parte central da nota, na parte esquerda um conjunto de desenhos evocando a liberdade, como na frente, e junto à margem a marca de água. As notas possuem uma coloração que vai do verde-claro ao castanho. A maqueta é de autoria de Luís Filipe Abreu, e a impressão das notas é da autoria da firma Thomas De La Rue & Cº. Ltd., de Inglaterra. Tem como marca de água quando vista à transparência pela frente a efígie do epigrafado. Dimensões da nota 177 x 70 mm. Foram emitidas 49 644 000 notas cuja primeira emissão são de 7 de Agosto de 1987 e a última emissão de 20 de Junho de 1989. Foram retiradas de circulação no ano de 1991.
Antero Tarquínio de Quental nasceu a 18 de Abril de 1842 em Ponta Delgada, nos Açores, filho de Fernando de Quental e de sua mulher Ana Guilhermina da Maia. Foi um dos pensadores mais profundos do seu tempo; os seus versos exprimem a ansiedade da sua alma perante os problemas eternos da Natureza. Iniciou os seus estudos na cidade onde nasceu, mudando-se para Coimbra com dezasseis anos de idade, estudando direito e manifestando as primeiras ideias socialistas. Dedicou-se essencialmente à poesia, à filosofia e por fim à política. Publicou no ano de 1861 os primeiros sonetos. Em 1865 publicou as “Odes Modernas”. Neste mesmo ano iniciou a Questão Coimbrã, em que Antero e outros poetas foram alvo de acérrimos ataques, por parte de António Feliciano de Castilho, por instigarem a revolução intelectual, respondendo Antero com a publicação dos opúsculos “Bom Senso e Bom Gosto”, e a “Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais”. No ano de 1866 veio residir para Lisboa, onde experimentou a vida de operário, trabalhando como tipógrafo. Em 1867 foi para Paris onde exerceu também a profissão de tipógrafo. Regressou a Lisboa no ano de 1868, onde formou o Cenáculo, de que fizeram parte, altos vultos da cultura portuguesa de então, Guerra Junqueiro, Ramalho Ortigão e Eça de Queirós. Foi um dos fundadores do Partido Socialista Português. Fundou o jornal a “República”, com Oliveira Martins, no ano de 1869.
Editou no ano de 1872, juntamente com José Fontana a revista “O Pensamento Social”. Fez a reedição das “Odes Modernas”, no ano de 1875. Em 1879 mudou-se para a cidade do Porto, e aqui no ano seguinte, adoptou as duas filhas de um amigo que tinha falecido. Por razões de saúde e a conselho de seu médico, veio viver para Vila do Conde, no ano de 1881, onde fixou residência até ao ano de 1891, com pequenas ausências aos Açores e Lisboa; segundo o próprio, considerou que foi o melhor período da sua vida, servindo-lhe de inspiração os passeios que dava junto às praias, os banhos de sol que tomou com a voluptuosidade que só são apanágio dos poetas e dos lagartos adoradores da luz. No ano de 1886 foram publicados os “Sonetos Completos”. No ano seguinte regressou a Vila do Conde. Em 1890 fez parte daqueles que se insurgiram contra o ultimato inglês de 11 de Janeiro, aceitando presidir à Liga Patriótica do Norte. Em 1891regressou à cidade de Lisboa, instalando-se em casa de sua irmã, Ana de Quental; era portador de Transtorno Bipolar, provocando um enorme estado de depressão. Nesse mesmo ano regressou a Ponta Delgada, suicidando-se com dois tiros a 11 de Setembro de 1891.


F I M

Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Lello Universal. Wikipedia.org/Antero de Quental.
Óbidos – Outubro de 2010.

Publicado no Jornal das Caldas em 28-09-2011.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011







Artigo 71
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda
CINCO MIL ESCUDOS
António Sérgio






Chapa 1




A imagem do escritor António Sérgio (1883-1969) e outros elementos são os motivos salientes desta nota de Cinco mil escudos. O trabalho de elaboração das chapas e estampagem das notas foi da autoria da firma inglesa Thomas De La Rue & Cº. Ltd., Basingstoke, Hampshire, e as maquetas de autoria do arquitecto João de Sousa Araújo. A frente é composta por uma estampagem calcográfica, executada pelo sistema Giori, a três cores, com trabalho de guilhoché em linha branca e linha cheia e aplicações em “moiré”, onde se destaca sobre o lado esquerdo o retrato de António Sérgio. O fundo impresso em “offset”, apresenta um desenho geométrico, disposto em zona de cores definidas. O verso tem uma estampagem calcográfica a duas cores sobre fundo irisado de técnica idêntica à da frente da nota, apresentando a figura de corpo completo de António Sérgio em movimento, e no canto inferior direito três pequenos círculos destinados a possibilitar aos cegos a leitura por tacto. O papel de fabrico inglês, tem como marca de água, quando visto à transparência pela frente e do lado direito o retrato de António Sérgio e observa-se um filete de segurança de traço descontinuo. Dimensões da nota 170 x 75 mm. Foram emitidas 13 166 000 notas com as datas de 10 de Setembro de 1980 e 27 de Janeiro de 1981. Primeira emissão, 25 de Fevereiro de 1981. Foram retiradas de circulação a 30 de Novembro de 1992.
António Sérgio nasceu a 3 de Setembro de 1883 na antiga possessão portuguesa de Damão, na Índia, destacando-se como um pensador, escritor e importante intelectual. Viveu alguns anos em África onde foi influenciado pelo contacto de várias culturas. Estudou no Colégio Militar, completando o curso da Marinha de Guerra, na sequência do qual viaja para Cabo Verde e depois Macau. Aquando da implantação da República abandonou a Marinha, debruçando-se sobre o progresso económico e moral de Portugal e não tanto na questão política. A sua acção centrou-se essencialmente na problemática da Educação, pois o século XIX em Portugal foi caracterizado por reformas que raramente passaram dos textos legislativos ou declarações de intenções. António Sérgio foi Ministro da Instrução Pública durante dois meses e dez dias, no governo de Álvaro de Castro. A sua actividade cultural foi muito criativa: fundou a revista “Pela Grei”; foi colaborador da revista “Águia”, conjuntamente com Fernando Pessoa e Teixeira de Pascoais; escreveu artigos para a revista “Seara Nova”, onde contactou com Raul Brandão, Aquilino Ribeiro, etc…; foi director da “Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira”; foi dele que partiu a ideia do Cooperativismo, que se viria a revelar uma das suas obras mais significativas, nomeadamente ao nível das cooperativas de habitação; fundou a Junta Propulsora dos Estudos; criou o ensino para deficientes; fundou o Instituto Português do Cancro; e escreveu uma imensa obra teórica em grande parte compilada nos “Ensaios”. Exerceu a docência nomeadamente na Universidade de Santiago de Compostela, influenciando personagens como o arquitecto Raul Lino, o psiquiatra Barahona Fernandes, o pedagogo Rui Grácio, sendo considerado como um Educador de Gerações. Combateu o ensino baseado na memória e treinou as crianças no exercício da democracia, vendo a escola como um modelo para a sociedade. Homem de pensamento livre e democrata por convicção, António Sérgio foi preso em 1910, 1933, 1935, 1948 e 1958. Foi na prisão que encontrou a verdadeira “União Nacional” de oposição à ditadura militar, e, depois, a Salazar, ao Estado Novo e ao fascismo. Foi considerado uma das grandes figuras mentais do Portugal contemporâneo e autor de vasta e valiosa obra como: Notas sobre Antero de Quental; Educação Cívica; Considerações Histórico - Pedagógicas; Educação Profissional; O Seiscentismo; História de Portugal; Ensaios em oito volumes onde revela inigualável poder de análise; Diálogos de Doutrina Democrática, etc… Faleceu na cidade de Lisboa a 24 de Janeiro de 1969.

F I M

Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Wikipedia.org António Sérgio.Lello Universal.
Outubro de 2010.


Publicado no Jornal das Caldas em 21.09.2011




Artigo 70
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda
CINCO MIL ESCUDOS
Rainha D. Leonor




Chapa 1



A primeira nota de Cinco mil escudos tem como motivos principais na frente uma efígie da Rainha D. Leonor (1458-1525), e uma alegoria da Vindima. No verso a composição da nota comporta uma vinheta representando a Caridade, duas figuras alegóricas e a cabeça em relevo da Rainha. O trabalho de fabrico das chapas e das estampagens das notas foram executados pela firma Bradbury, Wilkinson & Cº. Ltd., New Malden, Surrey de Inglaterra. Foram utilizadas duas estampagens a talhe - doce na frente da nota, onde sobressaí a efígie da Rainha D. Leonor, uma alegoria da Vindima, trabalho de torno geométrico nas orlas e florões. O verso apresenta-nos uma Vinheta representado a Caridade, com moldura de arco reproduzido na Bíblia dos Jerónimos, duas figuras alegóricas e a cabeça da Rainha, além do trabalho a torno geométrico. A zona da marca de água foi protegida por uma impressão ponteada, a duas cores de técnica tipográfica. O papel foi fornecido pelos fabricantes Portals Limited, Laverstoke Mills, Whitchurch, Hampshire de Inglaterra, exibe numa filigrana o desenho, em perfil da Rainha D. Leonor. Dimensões da nota 195 x 125 mm. Esta nota nunca chegou a ser emitida em virtude de o Ministério das Finanças, por despacho de 5 de Novembro de 1942, não considerar oportuna a entrada em circulação de uma nota deste tipo. Por ofício nº. 1448, datado de 20 de Outubro de 1973, o Ministério das Finanças autorizou a destruição destas notas.
A Rainha D. Leonor nasceu a 2 de Maio de 1458, filha do Infante D. Fernando, duque de Viseu e Beja e de sua mulher a Infanta D. Beatriz. Casou no ano de 1470 com apenas doze anos de idade, com o Rei D. João II de Portugal, também de tenra idade, com quinze anos. Foi um casamento feliz com boas relações, não obstante o marido ter executado o seu irmão mais velho D. Diogo e mandar julgar e decapitar o outro seu cunhado D. Fernando, ambos por traição e conjura a favor dos primos Braganças. Dona Leonor foi uma das mais notáveis soberanas portuguesas de todos os tempos, pela sua vida, importância, influência, obra e legado às gerações vindouras. Fruto do seu casamento teve dois filhos, um morto à nascença e outro o Príncipe D. Afonso, herdeiro do trono, que morreu precocemente num desastre de cavalo no Vale de Santarém. Desde há muito tempo que as Rainhas portuguesas contavam com o rendimento de bens senhoriais e patrimoniais da Coroa, destinados à sua sustentação, a este património chamaram-lhe “Casa das Rainhas”, que abrangiam já uma acentuada quantidade de vilas proveniente de outras Rainhas, e ao qual o seu marido a dotou com mais bens, adicionando as cidades de Silves, Faro e terras de Aldeia Galega. Fundou a cidade de Caldas da Rainha, a qual foi também incorporada no séquito dos bens das Rainhas. Dona Leonor foi a Princesa mais rica da Europa, pois reinou no apogeu da fortuna da expansão portuguesa, quando Lisboa se tornava a capital europeia do comércio e das riquezas exóticas. Após enviuvar todas as grandes mercês que recebeu do seu marido e de seu irmão foram empregues na prática da caridade, da devoção verdadeira, no patrocínio de obras religiosas, e sobretudo e onde mais se distinguiu, na assistência social aos pobres. Foi quem fomentou, encorajou e financiou o projecto de estabelecimento de Misericórdias, por todo o reino. A rede de Misericórdias chegou até aos nossos dias, cumprindo sempre o papel social a que estava destinada. Foi regente do Reino mais de que uma vez. Retirou-se para o seu Paço em Xabregas, abandonando de vez a corte e a vida mundana. A sua obra foi notável, pois apoiou o rei D. Manuel na fundação do Hospital de Todos os Santos, considerado o melhor hospital da Europa naquela época, e esteve na origem da fundação do hospital termal da Caldas da Rainha, cuja construção e funcionamento custeou, ao qual foi dado o nome da soberana. Mandou construir no ano de 1509 o maravilhoso Convento da Madre Deus, em estilo gótico manuelino, ocupado sucessivamente por clarissas, franciscanas descalças da primeira regra de Santa Clara à qual a própria Rainha pertenceu e fez voto. Não deixou descendência. A Rainha D. Leonor faleceu no seu Paço, nos arredores de Lisboa a 17 de Novembro de 1525 onde ficou sepultada no Convento da Madre de Deus em campa rasa, num lugar de passagem, para que todos a pisassem, como gesto de grande humildade.

F I M

Bibliografia: “ O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Wikipedia.org/Leonor Rainha de Portugal.


Publicado no Jornal das Caldas me 07-09-2011.




Artigo 69
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda


DOIS ESCUDOS

Bartolomeu Dias








Chapa 2

Esta nota apresenta na frente e em tons de azul e sobre o lado direito a efígie de Bartolomeu Dias, célebre navegador português, sobre um fundo azul-escuro; ao meio apresenta uma esfera armilar de cor alaranjada, sobrepondo-se um filete de segurança em traço descontínuo, também na vertical; um astrolábio, instrumento de marinhagem; mais para a esquerda uma faixa vertical a azul-escuro com o valor de 2000, e junto à margem a respectiva marca de água. No verso da nota tem por fundo uma réplica do mapa da região de então, (o que se conhecia e estava cartografado), onde se reconhecem a Europa, e a costa do norte de África com um pequeno esboço da costa oeste africana; uma rosa de ventos ao centro; e uma nau com as velas desfraldadas ao vento navegando sobre mar tenebroso; mais para a direita e junto à margem a marca de água. As notas de diversos tons de azul, lembram as cores do oceano, que tanto sacrifício impusera aos navegadores de então. A maqueta é de autoria de Luís Filipe Abreu, e a impressão das notas são de autoria da firma Giesecke & Devrient, da Alemanha, com um trabalho preliminar de De La Rue Giori, SA – Suíça. Dimensões da nota 140 x 68 mm. Foram emitidas 147 788 245 notas, com a data da primeira emissão de 21 de Setembro de 1995 e a última com a data de 11 de Setembro de 1997. Foram retiradas de circulação em 28 de Fevereiro de 2002.
Ver a biografia inserida na chapa 1 da nota de dois mil escudos.

F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal” Banco de Portugal.
Óbidos – Outubro 2010.

Publicado no Jornal das Caldas de 07-09-2011.




Artigo 68
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda


DOIS ESCUDOS


Bartolomeu Dias – Cabo da Boa Esperança







Chapa 1

Foi a primeira vez que foram fabricadas notas com o valor de dois mil escudos, tendo despertado pouco interesse nos circuitos comerciais, tanto mais que ao tempo já havia a circular notas de valor mais elevado (cinco mil escudos). Não se sabe porque motivo, mas nunca mais foram emitidas notas com este valor de dois mil escudos. Foram feitas duas notas a que foram atribuídas as chapas 1 e 2, sendo o motivo principal inserido nas notas a figura do navegador português “Bartolomeu Dias”, naus, instrumentos de navegação e mapas.
A Chapa 1, tem como motivos principais na frente da nota, sobre o lado esquerdo a efígie de Bartolomeu Dias de capuz voltado a três quartos, a bandeira das quinas portuguesas, um astrolábio, que assenta sobre uma rosa-dos-ventos, e no lado direito a respectiva marca de água. No verso da nota observa-se uma reprodução de uma caravela de velas latinas sulcando os mares com forte ondulação; uma reprodução do Cabo da Boa Esperança; uma esfera armilar, e o Padrão de S. Gregório. Estas notas têm por motivo principal a celebração do feito da dobragem do Cabo da Boa Esperança, ou o Cabo das Tormentas. A maqueta é de autoria de Luís Filipe Abreu, e a impressão das notas são de autoria da firma British American Bank Note,Inc. (Canadá), com um trabalho preliminar de Komori Technology U.K. Ltª., de Inglaterra. Dimensões da nota 167 x 74 mm. Foram emitidas 104 320 00 notas, com a data da primeira emissão de 1 de Agosto de 1991 e a última com a data de 21 de Outubro de 1993. Foram retiradas de circulação no ano de 1998.
Bartolomeu Dias segundo alguns historiadores nasceu em Mirandela na província de Trás-os-Montes, pelo ano de 1450, ignorando-se a sua ascendência directa, sabendo-se que um parente seu, de nome Dinis Dias, na década de 1440 teria comandado expedições marítimas no norte da costa de África, tendo chegado ao arquipélago de Cabo Verde. Na sua juventude pensa-se que frequentou aulas de Matemática e de Astronomia na Universidade de Lisboa, habilitando-o a determinar as coordenadas de um local, tanto em tempos de tempestade como de acalmia dos mares; serviu na fortaleza de São Jorge da Mina. Capitaneou uma embarcação na expedição de Diogo de Azambuja ao Golfo da Guiné. No ano de 1486 o rei D. João II confiou-lhe o comando de duas embarcações com o intuito de saber notícias do Preste João; mas o propósito desta expedição não foi este, mas sim, o de investigar tanto quanto possível, a extensão para sul do continente africano, de forma a avaliar a possibilidade de uma passagem marítima para a Índia. No ano de 1488 com larga experiência e conhecimento da costa africana, foi o primeiro europeu a chegar ao Cabo das Tormentas, por ele baptizado, localizado a sul do continente africano, na convergência dos Oceanos Atlântico e Índico, onde as fortes correntes da costa oriental de África de águas tépidas, se encontram com as fortes correntes frias do atlântico sul, o que provoca tempestades e vendavais nunca dantes vividos e desconhecidos dos nossos marinheiros. A expedição zarpou de Lisboa em Agosto do ano de 1487, atingindo a costa da actual Namíbia em Dezembro do mesmo ano; o ponto mais a sul do continente cartografado pela expedição anterior de Diogo Cão, continuou a navegar para sul, descobriu a Angra dos Ilhéus, sendo alvo de um assalto. Sofreu um violento temporal que o desviou da costa, o qual após treze dias, ainda se debatia com ele; aproveitou os ventos de feição provenientes da Antárctica que sopravam no Atlântico sul, navegou para nordeste, redescobrindo a costa, pois aí já tinha a orientação das coordenadas, norte, sul e este, passando para além do referido Cabo das Tormentas, mais tarde rebaptizado por D. João II como o Cabo da Boa Esperança. Nesta sua epopeia, Bartolomeu Dias, foi colocando padrões de pedra nos principais pontos ao longo da costa africana, cartografou diversas baías e enseadas da costa da actual África do Sul, (de grande utilidade no futuro como portos naturais). Regressou a Portugal no fim do ano de 1488, não sendo reconhecido o seu feito, daquele que seria o futuro caminho marítimo para a Índia. Acompanhou a construção das embarcações e fez parte da esquadra de Vasco da Gama em 1499, como capitão com destino a São Jorge da Mina. No ano de 1500 acompanhou a frota de Pedro Álvares Cabral na célebre viagem em que foi descoberto o Brasil. Após esta descoberta, a frota seguiu para a Índia, acontecendo um percalço com várias embarcações, uma delas, a de Bartolomeu Dias, naufragando precisamente junto aquela que foi a sua descoberta mais famosa, “O Cabo da Boa Esperança”, tendo aí perecido, no ano de 1500. Foi um dos mais notáveis portugueses e europeus navegadores do século XV, e o foi o primeiro navegador a navegar longe da costa do Atlântico sul. Segundo carta do cronista Pêro Vaz de Caminha, “Foi o principal navegador da esquadra de Pedro Álvares Cabral, depositando nele a total confiança, em especial nas decisões quando lhas solicitavam”. Camões nos Lusíadas, a ele se refere com a dobragem do Cabo das Tormentas, verificando-se o vaticínio do Gigante Adamastor: “Aqui espero tomar, se não me engano, De quem me descobriu suma vingança…”.

F I M

Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal” Banco de Portugal. Wikipedia.org/Bartolomeu Dias. História de Portugal Pinheiro Chagas.
Outubro de 2010.
Publicado no Jornal das Caldas em 31-08-2011.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011



Artigo 67
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda

MIL ESCUDOS
Pedro Álvares Cabral




Chapa 13


Para destaque da última nota de mil escudos foi escolhida a personagem do século XVI, Pedro Álvares Cabral navegador de nomeada e descobridor de Terras de Santa Cruz. A frente da nota tem uma composição em tons acastanhados e azulados, e contém a efígie Álvares Cabral retirada da reprodução de um medalhão existente no Mosteiro dos Jerónimos sobre o lado direito da nota; ao centro observamos a esfera armilar envolta numa cercadura de cordame e no lado esquerdo uma barra vertical castanha com a impressão a branco do valor de 1000, e sobre a margem da nota, e como marca de água, quando vista pela frente e posta à transparência a efígie de Pedro Álvares Cabral, voltado para o centro. No verso da nota observamos uma nau com as suas velas içadas, sulcando as imensas águas atlânticas, tendo por fundo uma alegoria à flora e fauna de Terras de Santa Cruz. A meio da nota e na parte superior uma placa com a indicação “Terra Brasilis”.
A maqueta é de autoria de Luís Filipe Abreu, recaindo a impressão e estampagem das notas à firma British American Bank Note. Ins. d o Canadá, com trabalhos preliminares da firma De La Reue Giori, SA da Suiça.
Dimensões da nota 125 x 67 mm. Foram emitidas 89 058 403 notas. A primeira emissão é de 18 de Abril de 1996 e a última de 7 de Novembro de 2000. Foram retiradas de circulação em 28 de Fevereiro de 2002.

Ver a biografia inserida na chapa 1 da nota de Cem escudos.

F I M

Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal” Banco de Portugal.
Óbidos – Outubro 2010.

Editado no Jornal das Caldas em 24-08-2011.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011




Artigo 66
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda

MIL ESCUDOS


Teófilo Braga







Chapa 12




A figura de Teófilo Braga (1843-1924), político, escritor e ensaísta português foi a escolhida para integrar a parte da frente desta nota, onde a sua efígie é representada com uma vestimenta de catedrático, tendo por fundo ornamentos geométricos em tons acastanhados. O verso da nota é composto além dos ornamentos geométricos, por uma reprodução de um capitel românico, existente no Museu Machado de Castro, em Coimbra, também com os mesmos tons de cor. A maqueta foi elaborada por Luís Filipe Abreu e as chapas e estampagens das notas ficaram a cargo da firma Thomas De La Rue & Cº., Ltd. de Inglaterra. Dimensões da nota 164 x 75 mm. Foram emitidas 342 638 000 notas. A primeira emissão é de 14 de Julho de 1988 e a última de 3 de Março de 1994. Foram retiradas de circulação em 31 de Dezembro de 1997.
Joaquim Teófilo Fernandes Braga mais conhecido por Teófilo Braga, nasceu a 24 de Fevereiro de 1843, na cidade de Ponta Delgada nos Açores, filho de Joaquim Manuel Fernandes Braga e de sua mulher Maria José da Câmara Albuquerque, de origem de famílias aristocráticas tanto por parte do pai como da mãe. Teófilo Braga era o último dos sete filhos do primeiro casamento de seu pai, tendo cinco irmãos falecido na infância. No ano de 1846 ficou órfão de mãe com apenas três anos de idade. De temperamento fechado, áspero e agreste, fruto do segundo casamento do pai e da má relação que tinha com a madrasta que marcou o seu temperamento. De tenra idade iniciou a sua actividade, empregando-se na tipografia do Jornal A Ilha, no qual também foi redactor; colaborou ainda noutros periódicos. Frequentou o liceu de Ponta Delgada, partindo no ano de 1861 para Coimbra onde concluiu o ensino secundário. No ano de 1862 matriculou-se no curso de Direito da Universidade de Coimbra. Para sustentar os seus estudos, trabalhou como tradutor, deu explicações e publicou artigos e poemas. Enquanto estudante foi fortemente influenciado pelas teses sociológicas e políticas do positivismo aderindo aos ideais republicanos. Terminou o curso no ano de 1867 com elevada nota, sendo convidado pela Universidade para se doutorar o que veio a acontecer no ano seguinte, defendendo a sua tese intitulada “História do Direito Português I: Os Forais”. Foi preterido no ano de 1868 quando concorreu para professor da cadeira de Direito Comercial na Academia Politécnica do Porto, sucedendo o mesmo no ano de 1871, quando concorreu para lente da Faculdade da Universidade de Direito de Coimbra, em virtude de ter assumido publicamente a adesão aos ideais republicanos. Casou no ano de 1868 com Maria do Carmo Xavier, na cidade de Lisboa, de onde adveio uma geração de três filhos; aqui radicou-se iniciando a sua actividade de advogado. No ano de 1871 foi um dos doze signatários do programa das Conferências Democráticas do Casino Lisbonense. Voltou a concorrer em Maio de 1871 para lente da cadeira de Literaturas Modernas do Curso Superior de Letras, sendo nomeado no lugar, tendo como opositores Manuel Pinheiro Chagas, insigne historiador e Luciano Cordeiro. Como lente, dedicou-se quase exclusivamente ao estudo da literatura europeia, dando ênfase aos autores franceses; fortemente influenciado pelo positivismo de Auguste Comte, que foi decisivo no seu pensamento, na obra literária e na sua atitude política, fazendo dele um dos mais destacados membros da Geração doutrinária. Publicou uma extensa obra filosófica. No ano de 1878 conjuntamente com Júlio de Matos fundaram a revista “O Positivismo”. Neste ano iniciou a sua acção na política concorrendo a deputado às Cortes da Monarquia Constitucional, integrado nas listas do Partido Republicano; ainda neste ano, exerce cargos de relevo nas estruturas do Partido. No ano de 1880 é colaborador da revista “A Era Nova”. Neste mesmo ano, com Ramalho Ortigão, organizou As Comemorações do Tricentenário de Camões, de onde saiu com enorme prestígio. Em 1884 passou a dirigir a “Revista de Estudos Livres”. No ano 1890 foi eleito membro do directório do Partido Republicano, e no ano seguinte, foi um dos subscritores do Manifesto e Programa. No ano de 1910 é eleito no mês de Agosto deputado republicano por Lisboa às Cortes monárquicas. Sofreu imensos desgostos familiares, pois viu partir os seus três filhos de tenra idade e a sua mulher, sendo já viúvo em Outubro de 1910. Após a Implantação da República e por decreto datado do dia seis do mesmo mês, Teófilo Braga foi nomeado Presidente do Governo Provisório da República Portuguesa de 6 de Outubro de 1910 a 3 de Setembro de 1911. Em Maio de 1915 foi eleito Presidente da República, para substituir o Presidente Arriaga que entretanto tinha sido deposto na sequência da revolta de 14 de Maio do mesmo ano. Exerceu o seu mandato de transição de Maio a Novembro do mesmo ano, com imensas dificuldades devido ao atentado de que foi vitima o indigitado João Pinheiro Chagas que tinha sido escolhido pela Junta Constitucional para presidir ao governo. Durante a sua vida, mesmo quando Presidente da República, declinou honrarias e ostentações, deslocava-se de eléctrico, com a sua usada bengala. A sua obra de polígrafo cobre vastas áreas, da poesia, e da ficção à filosofia, à história da cultura à história crítica literária. A sua obra excede mais de 360 títulos que abrangem temas como a História Universal, História de Direito da Universidade de Coimbra, do teatro e da influência de Gil Vicente, da Literatura Portuguesa, das novelas de cavalaria e do romantismo, das ideias republicanas em Portugal, incluindo também artigos de polémica literária e política e ensaios biográficos, além da imensa obra avulsa que deixou expressa em jornais e revistas da época focando temas da sociedade. Por ser imensa a sua obra escuso-me de aqui enunciar os títulos pois seria fastidioso. Faleceu no seu gabinete na cidade de Lisboa a 28 de Janeiro de 1924.

F I M

Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Wikipedia.org/Teófilo Braga. História da 1ª. República.

Publicado no Jornal das Caldas em 17-08-2011

sexta-feira, 12 de agosto de 2011





Artigo 65
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda




MIL ESCUDOS
D. Pedro V





Chapa 11

É evocado nesta chapa o Rei D. Pedro V (1837-1861). A efígie apresentada na frente da nota foi reproduzida de um quadro de Constantino Fernandes, existente no Paço de Vila Viçosa, enquanto no verso da nota apresenta as efígies conjugadas de D. Pedro e de sua mulher Dona Estefânia, inspiradas numa medalha comemorativa do casamento real, esculpida em Bruxelas por Leopold Wiener. A vinheta no verso representa a inauguração em Lisboa do caminho de ferro do Leste, em Outubro de 1856. As maquetas iniciais são de autoria de João de Sousa Araújo, arquitecto, e o restante trabalho de elaboração das chapas e estampagem das notas foi executado pelos ingleses Bradbury, Wilkinson & Cº. Ltd., New Malden, Surrey. A estampagem a talhe doce na parte da frente da nota é de tons de azul e castanho - escuro, engloba a figura do rei, ornatos de guilhoché, e o escudo nacional. A estampagem calcográfica do verso da nota a azul-escuro engloba as efígies do casal, ornatos e a vinheta da inauguração do caminho de ferro. O papel foi de fabrico da firma inglesa Portals Limited, Overton, Basingstoke, Hampshire, apresenta como marca de água quando visto à transparência pela frente um retrato de D. Pedro V sobre o lado esquerdo; na metade direita, situa-se um filete de segurança em traço descontínuo. Dimensões da nota 163 x 82 mm. Foram emitidas 90 660 000 notas com as datas de 28 de Maio de 1968 e de 16 de Setembro de 1980. A primeira emissão, é de 12 de Outubro de 1979. Foram retiradas de circulação em 31 de Outubro de 1991.
Pedro de Alcântara Maria Fernando Miguel Rafael Gonzaga Xavier João António Leopoldo Victor Francisco de Assis Júlio Amélio de Saxe Coburgo e Bragança, mais conhecido por D. Pedro V, nasceu a 16 de Setembro de 1837 na cidade de Lisboa, cognominado de “O Esperançoso”, “O Bem - Amado” ou “O Muito Amado”, era filho da Rainha D. Maria II e do rei consorte D. Fernando II. D. Pedro com apenas dezasseis anos de idade, foi acompanhado por seu pai, durante os dois anos que faltavam para subir ao trono, aconselhando-o e orientando-o no que dizia respeito às grandes obras. Teve um papel fulcral na reconciliação do povo com a casa real, fruto da guerra civil anteriormente vivida no reinado de sua mãe. No ano de 1855 completa dezoito anos de idade, sendo aclamado rei; neste mesmo ano preside à inauguração do primeiro telégrafo no País. No ano seguinte inaugura o caminho de ferro de Lisboa ao Carregado. Iniciam-se as viagens regulares de navio entre Portugal e Angola. No ano de 1859 criou o Curso Superior de Letras; no mesmo ano e seguindo um pouco as medidas anteriormente tomadas pela mãe introduziu o sistema métrico em Portugal. D. Pedro V dedicou-se a fundo com a governação do País, estudando minuciosamente todas as deliberações e aplicações governamentais. Portugal foi atingido por duas grandes epidemias: a primeira, a cólera nos anos de 1853 a 1856, e a segunda, a febre-amarela entre os anos de 1856 a 1857, o que provocou uma grande mortandade entre todas as classes, mas reflectindo-se em maior escala no povo. O monarca durante esses anos percorria os hospitais solidarizando-se com os doentes com quem contava pessoalmente, o que lhe granjeou enorme popularidade. Casou no ano de 1858, com a princesa D. Estefânia de Hohenzollern Sigmaringen. D. Pedro viu na saúde pública uma das suas preocupações, conjuntamente com a sua mulher, iniciaram a fundação hospitais públicos e instituições de caridade. Foi o fundador do Hospital de D. Estefânia, em Lisboa ainda hoje em funcionamento. A sua mulher Dona Estefânia faleceu no ano seguinte vítima de difteria. D. Pedro teve uma educação excepcional, desatacando-se a sua preparação moral. Estudou filosofia e ciências naturais, dominava algumas línguas, como o grego e o latim, iniciando estudos da língua inglesa. O seu espírito foi de certo modo influenciado por aquele que foi seu mestre e educador, Alexandre Herculano. Faleceu com apenas 24 anos de idade, no dia 11 de Novembro de 1861, segundo os médicos de febre tifóide, provocando uma enorme tristeza em toda a sociedade. O seu corpo jaz no Panteão dos Braganças, no mosteiro de São Vicente de Fora em Lisboa. Não deixou descendência, sendo sucedido pelo seu irmão o infante D. Luís.

F I M

Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Wikipedia.org/Pedro V de Portugal.
Óbidos – Outubro de 2010.

Publicado no Jornal das Caldas de 10-08-2011.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011




Artigo 64
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda


MIL ESCUDOS
D. Maria II




Chapa 10

A Rainha D. Maria II, foi a personalidade escolhida para figurar na frente desta nota. A efígie apresentada é a cópia de um quadro de Thomas Lawrence. O verso da nota comporta também a efígie da soberana que foi inspirada numa moeda portuguesa de ouro, conhecida pela “Degolada”. As maquetas iniciais foram preparadas pelo arquitecto João de Sousa Araújo, ficando a preparação das chapas e a estampagem das notas a cargo da firma holandesa Joh, Enschedé en Zonen, Grafische Inrichting N. V., de Haarlem. A estampagem da frente da nota a talhe – doce, foi feita por um processo especial, composto por três coroas (castanho, azul e verde), engloba o retrato da Rainha, o escudo nacional e diversos dísticos. O fundo, em “offset”, é constituído por um conjunto de rosas lilás e verde, uma rosácea de cor castanha clara por trás da cabeça da Rainha, um desenho numismático na metade esquerda da nota e ornatos de técnica duplex. A estampagem do verso da nota a talhe – doce, comporta a efígie da Rainha, uma reprodução da antiga Praça do Pelourinho, com o edifício do Banco de Portugal, dísticos e ornamentos geométricos. No fundo apresenta um grupo de flores em tudo idêntico ao da frente da nota. O papel é do fabrico de Portals Limited, Overton, Basingstoke, Hampshire, de Inglaterra e tem como marca de água, no centro da nota um retrato de D. Maria II. Na metade esquerda, e incorporado no papel, observa-se um filete de segurança de traço descontínuo. Dimensão das notas 163 x 82 mm. Foram emitidas 146 851 000 de notas com a data de 19 de Maio de 1967. A primeira emissão, 31 de Maio de 1967, e a última emissão, 12 de Novembro de 1979. Foram retiradas de circulação em 30 de Janeiro de 1987.
D. Maria II, nasceu no Rio de Janeiro a 4 de Abril de 1819, filha do rei D. Pedro IV e 1º. Imperador do Brasil e de sua mulher Leopoldina de Habsburgo, foi baptizada com o nome de Maria da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de Paula Isidora Micaela Gabriela Rafaela Luísa Gonzaga de Bragança e Áustria. Contava apenas 7 anos de idade quando o seu pai D. Pedro IV, abdicou do trono em seu favor, em Abril de 1826; deveria casar com o seu tio D. Miguel logo que tivesse idade, sendo de imediato nomeado regente, em Julho de 1826, após ter jurado fidelidade à rainha e à Carta Constitucional. D. Maria de menor idade foi viver para Inglaterra e depois França. Ao atingir os 15 anos de idade em 24 de Setembro de 1834, volta a Portugal para assumir o governo de Portugal. Casou em primeiras núpcias no ano de 1835, com Augusto de Leuchtenberg, mas este faleceu logo no mês de Março do mesmo ano. Nesse ano de 1835, empreendeu diversas reformas, uma das quais, consistiu na venda de todos os bens de raiz nacionais, pertencentes à Igreja Patriarcal, às Casas das Rainhas e do Infantado, das Corporações religiosas já extintas e das Capelas reais. Casou em segundas núpcias em 9 de Abril de 1836 com Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha, do qual proveio larga geração, com onze filhos. Foi um dos períodos da nossa história mais conturbados que se viveram neste reinado, ficando registados entre outros; a (guerra civil), luta entre liberais e absolutistas, e daí todas as rivalidades e perseguições que se seguiram na sociedade; a revolução de Setembro; a revolta dos Marechais; a Convenção de Chaves; a Revolta da Maria da Fonte; a Belenzada; a Patuleia, etc:. A carta Constitucional foi alterada com a votação de um acto adicional, que consistiu na abolição da pena de morte em Portugal:
- Algumas reformas, como melhoramentos de monta respeitantes à instrução pública foram entretanto aplicadas: Criação de Liceus e Escolas Primárias; Fundação das Escolas Médicas, de Lisboa e do Porto; Escola Politécnica de Lisboa; Academia Politécnica do Porto; Instituto Agrícola; Conservatório de Música. Nas Obras Públicas, foi notória a sua acção, crescimento económico, centrado na construção de infra-estruturas de transportes e comunicações, na tentativa de aproximar as várias regiões do país, em especial as do interior, e do apoio ao desenvolvimento comercial e industrial. Foi cognominada de “ A Educadora”, pela acção e determinação que implementou com a instrução pública. No ano de 1852, D. Maria faz publicar um decreto que adopta o sistema decimal; este sistema revelou-se de grande utilidade pelo facto de se tornarem mais céleres as pesagens, reformulando o sistema monetário, que se encontrava muito diversificado quanto ao valor e nome das moedas então a circular. Foi no ano de 1853 que se introduziu o primeiro selo postal, em Portugal contemplando a figura da monarca, nos selos de 5, 25, 50 e 100 réis, da autoria de Francisco de Borja Freire, correspondendo a cada importância a cor respectivamente castanho avermelhado, azul, verde e lilás no seu valor crescente.
Faleceu na cidade de Lisboa a 15 de Novembro de 1853, de parto, o seu corpo está depositado no Panteão dos Braganças, no mosteiro de São Vicente de Fora.

F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Wikipedia.org/Maria II de Portugal.
Óbidos – Outubro de 2010.

Publicado no Jornal das Caldas de 03-08-2011.

quinta-feira, 28 de julho de 2011





Artigo 63
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda

MIL ESCUDOS
Dom Dinis




Chapa 9


A figura do nosso rei trovador D. Dinis (1261-1325) foi a escolhida para embelezar a parte da frente desta nota, recaindo no verso uma reprodução dos painéis, que representam a fundação da Universidade de Lisboa. As maquetas iniciais foram elaboradas pelo arquitecto João de Sousa Araújo, recaindo o fabrico aos gravadores e estampadores holandeses Joh, Enschedé en Zonen, Grafische Inrichting N. V., de Haarlem. Foi incorporada uma técnica de estampagem a talhe - doce a três cores, tanto na frente como no verso da nota. Fugindo um pouco ao habitual esta nota reúne um equilíbrio estético e de alta qualidade. A frente da nota tem uma estampagem calcográfica do busto do Rei Lavrador, D. Dinis, pormenor retirado de uma estátua da autoria de Francisco Franco, legendas e coluna ornamental e diversas fachas de guilhoché. O fundo foi impresso em “off-set”, contém aplicações de duplex e três bandas de cores em íris com a cruz de Cristo. O verso da nota apresenta também uma estampagem tricolor, semelhante à da frente, onde estão patentes os painéis da autoria do pintor Manuel Lapa, que representam a fundação da Universidade de Lisboa e sua posterior transferência para Coimbra, sob protecção de D. Dinis, representado ao lado, sentado no trono com o ceptro. O fundo apresenta um homem lavrando a terra com arado e animais. O papel é de fabrico de Portals Limited, Laverstoke Mills, Whitchurch, Hampshire, e apresenta como marca de água quando visto à transparência sobe o lado esquerdo a cabeça de D. Dinis, tendo incorporado um filete de segurança de traço descontínuo. Dimensões da nota163 x 82 mm. Foram emitidas 3 180 000 notas com a data de 2 de Abril de 1965. A primeira emissão, 14 de Dezembro de 1965, e a última emissão, 22 de Maio de 1967. Estas notas estiveram envolvidos no caso do assalto ao Banco de Portugal, na agência da Figueira da Foz, pelo grupo armado L.U.A.R., no dia 17 de Maio de 1967, o que resultou, na retirada antecipada de circulação e consequentemente no encurtamento da sua existência. Foram roubadas 18 500 notas com as numerações DS 14 501 a 20 000, F 11 001 a 14 000 e HB 1 a 10 000, as quais não foram postas em circulação, segundo informação do Banco de Portugal de 30 de Junho de 1967, que mais informou de que estas notas não possuíam curso legal e poder liberatório, pelo que não era possível o seu reembolso ou troca. Foram retiradas de circulação em 31 de Agosto de 1967.
D. Dinis, cognominado de “O Lavrador”, “O Rei Agricultor”ou “O Rei Trovador”, nasceu no ano de 1261, filho de D. Afonso III e de sua mulher Dona Beatriz de Castela, neto materno do grande Afonso X de Castela, cognominado de “O Sábio”. Recebeu uma educação muito selectiva, por parte dos seus progenitores, que o rodearam dos grandes mestres de então, que existiam na corte do seu avô Afonso X. Passou temporadas na corte deste, onde aí recebeu contacto com grandes trovadores e poetas que o encaminharam na aprendizagem de línguas e na arte trovadoresca. A corte do avô era frequentada naquela época pelos expoentes máximos da cultura não só de Castela e Leão como também de alguns condados europeus, o que de certo modo o influenciou no desenvolvimento e na apetência pelas letras e literatura. D. Dinis desde muito cedo foi-se envolvendo na governação, pois era o herdeiro da coroa. Subiu ao trono no ano de 1279, altura em que o país se encontrava em litígio com a Igreja: procurando normalizar a situação, assinou um tratado com o papa Nicolau III, onde foi feito juramento para a protecção dos bens de Roma salvando a Ordem dos Templários através da criação da Ordem de Cristo que veio a herdar bens dos Templários em Portugal depois da sua extinção, apoiando também os cavaleiros da Ordem de Santiago Templários. No ano de 1295 envolveu-se em guerra com Castela, acabando por desistir da sua continuação em troca das vilas de Serpa e Moura. Foi assinado o Tratado de Alcanices no ano de 1297, onde ficaram definidas as actuais fronteiras dos dois países. Sendo um rei administrador, a sua prioridade governativa centrou-se essencialmente na organização do reino, dando continuidade à vertente legisladora de seu pai. A profusa legislação está contida no “Livro das Leis e Posturas” e nas “Ordenações Afonsinas”. Das muitas acções que produziram um desenvolvimento económico e financeiro no seu reinado, foi o relacionado com a agricultura, destacando-se, a plantação do pinhal de Leiria, que assim protegia as terras de cultivo da invasão das areias transportadas pelos ventos; a secagem dos pântanos de Salvaterra de Magos e da Várzea de Leiria, que se alongava até aos terrenos de Monte Real; a correcção das margens de rios, etc… . Alguns anos mais tarde, as embarcações que serviram para as expedições, foram construídas em grande parte com as madeiras originárias do referido pinhal. D. Dinis ordenou a exploração do subsolo com a exploração de minas de cobre, prata, ferro e estanho. Foi um dinamizador na troca de produtos com outros reinos, assinando o primeiro tratado comercial no ano de 1308 com a Inglaterra; Foi o criador do almirantado, atribuído como privilégio ao genovês Manuel Pessanha, dando origem às bases de uma verdadeira marinha portuguesa. D. Dinis, além de proteger e promover a agricultura fundou várias comunidades rurais, mercados, feiras francas e concedeu privilégios e isenções a diversas povoações. A cultura estava no seu cerne, pois desde jovem tinha adquirido uma apetência pela literatura, tornando-se num dos poetas mais profícuos e um fecundo trovador do seu tempo. Escreveu 137 cantigas distribuídas do seguinte modo: (73 cantigas de amor, 51 cantigas de amigo e 10 cantigas de escárnio e maldizer). A cidade de Lisboa durante o seu reinado foi um dos centros europeus da cultura. Fundou através do seu documento “A Magna Carta Priveligionum” a Universidade de Coimbra, onde se leccionava o Direito Civil, o Direito Canónico, as Artes e a Medicina. Mandou traduzir importantes obras clássicas, algumas das quais foram implementadas no ensino. Os últimos anos do seu reinado foram marcados por conflitos internos, relacionados com uma relação tempestuosa com o seu filho futuro rei D. Afonso IV, que pensava que o pai estava a favorecer um seu filho bastardo, D. Afonso Sanches que o espoliava do trono. Teve uma larga geração (nove filhos) não só de sua mulher como fruto de diversas relações, devido ao seu carácter impulsivo e amoroso, que não ocultava. D. Dinis faleceu na cidade de Santarém no ano de 1325, sendo sepultado no Mosteiro de São Dinis em Odivelas.

F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Wikipedia.org/ D. Dinis Ide Portugal. História de Portugal de Manuel Pinheiro Chagas.
Óbidos – Outubro de 2010.

Publicado no Jornal das Caldas em 27-07-2011.

quinta-feira, 21 de julho de 2011






Artigo 62
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda


MIL ESCUDOS


Dona Filipa de Lencastre






Chapa 8









Chapa 8 A



O retrato de D. Filipa de Lencastre (1359-1415), mulher de D. João I, na parte da frente, e um grupo escultórico de três figuras em corpo inteiro, no verso ilustram esta nota de esmerado gosto e acentuada técnica. Todo o trabalho destinado ao fabrico das notas foi confiado à firma inglesa Bradbury, Wilkinson & Cº. Ltd., New Malden, Surrey. Na composição desta chapa fazem parte duas estampagens calcográficas, na frente da nota, sobre fundo em duplex, impresso em íris, brancas e cheias com linhas ornamentais e um desenho em relevo que se estende pelas margens, apresentando, a preto - acinzentado, a moldura de guilhoché em linha branca, uma vista do Mosteiro da Batalha, e a roxo, a efígie de D. Filipa de Lencastre, o escudo nacional e linhas ondulantes paralelas. No verso, a única estampagem calcográfica a preto – esverdeado, uma reprodução do grupo escultórico, representa o Infante Santo, D. Filipa de Lencastre e Fernão Mendes Pinto, que teve por modelo um pormenor do Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, de autoria do arquitecto Cottineli Telmo e do escultor Leopoldo Neves de Almeida, a cercadura, e o medalhão em gravura numismática com a cabeça coroada da Rainha voltada para fora. O papel foi fabricado por Portals Limited, Laverstoke, Mills, Whitchurch, Hanpshire, de Inglaterra. Tem como marca de água visto à transparência um busto de homem de perfil para o centro. Dimensões da nota 163 x 104 mm. Foram emitidas 4 095 000 notas com a chapa 8 e com a data de 31 de Janeiro de 1956. A primeira emissão, 30 de Janeiro de 1959, e a última emissão, 23 de Maio de 1962. Com a chapa 8 A foram emitidas 5 166 000 notas com a data de 31 de Maio de 1961. A primeira emissão, 23 de Maio de 1962, e a última emissão, 30 de Novembro de 1965. Foram retiradas de circulação tanto as notas com a chapa 8, como as notas com a chapa 8 A, em 30 de Junho de 1979.
Filipa de Lencastre nasceu no ano de 1359 em Leicester, Inglaterra, filha de João de Gant, 1º.duque de Lencastre e de sua mulher, Branca de Lencastre, sendo este filho do rei Eduardo III e de sua mulher Filipa Haissault. Casou com D. João I, na cidade do Porto no ano de 1387, casamento este que deu origem ao acordo no âmbito da Aliança Luso - Inglesa, contra o chamado eixo França – Castela, que perdurou por séculos. Por este casamento, foi-lhe atribuída a distinção inglesa da “Ordem da Jarreteira” ordem esta que foi criada pelo rei Eduardo III de Inglaterra com o espírito medievo de então, e baseada nos ideais da demanda ao Santo Graal e da Corte do Rei Artur. É a mais importante comenda honorífica inglesa. Recebeu como dote os bens, por doação das rendas da alfândega de Lisboa, assim como os das vilas de Alenquer, Óbidos, Sintra, Alvaiázere, Torres Novas e Torres Vedras. Foi uma mãe extremosa educando os seus filhos com base nos princípios ingleses de elevado rigor, apelidados por Luís de Camões nos Lusíadas, como a “Ínclita Geração” referindo-se ao nível cultural dos seus filhos, sendo respeitados e admirados por toda a Europa. Foi uma rainha muito generosa e querida do povo, pela maneira como com eles convivia. Do seu casamento adveio uma ampla geração de príncipes que se notabilizaram em diversos aspectos e foram os impulsionadores do desenvolvimento das acções que dariam origem ao desbravar de mares e terras tanto do ocidente como do oriente; No ano de 1388 foi mãe de um individuo do sexo feminino a quem deram o nome de Branca de Portugal, falecendo muito jovem; Em 1390 foi mãe de um outro do sexo masculino a quem foi dado o nome de Afonso de Portugal; Em 1391 nasceu o seu terceiro filho a quem foi dado o nome de Duarte, e que veio a ser rei sucedendo a seu pai no trono, e também poeta e escritor; Ao quarto filho nascido no ano de 1392, foi dado o nome de Pedro, que viria a ser duque de Coimbra, desempenhando a regência do reino por menor idade do seu sobrinho Afonso, foi dos príncipes mais eruditos do seu tempo, ficando conhecido pelo, “O príncipe das sete partidas do Mundo”; Ao quinto filho, foi-lhe dado o nome de Henrique, que nasceu no ano de 1394, foi duque de Viseu, debruçando-se sobre a navegação, náutica e cartografia, considerado o precursor dos descobrimentos portugueses; Ao sexo filho de sexo feminino foi-lhe dado o nome de Isabel que nasceu no ano de 1397, e casou com Filipe III, duque da Borgonha; No ano de 1400 nasceu o sétimo filho a quem foi dado o nome de João, infante de Portugal; e por último no ano de 1402 nasceu o oitavo e último filho a quem foi dado o nome de Fernando, ficando conhecido na história pelo “Infante Santo”, por ter falecido no seu cativeiro em Fez, após o desastre de Tânger. D. Filipa faleceu no ano de 1415 de peste negra na cidade de Lisboa, dias antes da partida da expedição a Ceuta. O seu corpo está sepultado na Capela do Fundador do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha.

F I M
Bibliografia:”O papel-moeda EM Portugal”. Banco de Portugal. Wikipedia.org/Filipa de Lencastre. Infopedia Filipa de Lencastre.
Óbidos – Outubro de 2010.

Publicado no Jornal das Caldas em 20-07-2011.

sexta-feira, 15 de julho de 2011



Artigo 61
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda

MIL ESCUDOS
D. Afonso Henriques







Chapa 7

Esta chapa foi a escolhida para figurar na frente da nota, homenageando a figura de D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal (1109?-1185), através da reprodução de« um retrato existente na Sala dos Capelos da Universidade de Coimbra; no verso observa-se uma vinheta com o túmulo de D. Afonso Henriques, na Igreja de Santa Cruz de Coimbra. O trabalho de gravação das chapas e da estampagem das notas foram efectuadas pela firma inglesa Bradbury, Wilkinson & Cº. Ltd., New Malden, Surrey. As duas estampagens calcográficas, utilizadas nesta chapa, assentam sobre fundos em duplex, impresso a íris, consistindo em telhas mouriscas, linhas ornamentais brancas e cheias. As estampagens da frente da nota apresentam-se a azul e a verde-escuro, contendo a primeira a figura de Afonso Henriques, o escudo nacional e diversas legendas; e a segunda uma vinheta representando a submissão dos mouros ao monarca e a cercadura em trabalho de torno geométrico em linha branca. No verso da nota existe uma estampagem calcográfica, onde se observa uma vinheta com o túmulo de D. Afonso Henriques, na Igreja de Santa Cruz em Coimbra, a cercadura e uma cabeça de um mouro. O papel é do fabrico da firma Portals Limited, Laverstoke Mills, Whitchurch, Hampshire, tem como marca de água no lado esquerdo, quando visto à transparência pela frente, a cabeça do monarca com capelo de nasal coroado sobre coifa de malha, de perfil para o centro. Dimensões da nota 163 x 104 mm. Foram emitidas 6 660 000 notas com a data de 29 de Setembro de 1942. A primeira emissão, 22 de Agosto de 1944 e a última emissão, 29 de Janeiro de 1959. Foram retiradas de circulação em 30 de Junho de 1978.
D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, cognominado de “O Conquistador”,“O Fundador”ou”O Grande”; segundo uns, atribuem-lhe o nascimento em Guimarães, outros em Viseu, no ano de 1109, era filho do conde D. Henrique de Borgonha e de sua mulher D. Teresa de Leão, condes de Portucale, filha bastarda do rei Afonso VI de Castela e Leão. Depois da morte do conde D. Henrique, D. Afonso tomou posições políticas contrárias às da mãe que entretanto se tinha aliado ao fidalgo Fernão Peres de Trava. Para assegurar o domínio do condado derrotou a mãe e seu aliado Fernão de Trava na batalha de S. Mamede no ano de 1128, fazendo-se armar cavaleiro na catedral de Zamora, concentrando todos os esforços para obtenção do reconhecimento como reino. Esta vitória sobre a mãe fê-la desistir da ideia de anexar a região portucalense ao reino da Galiza. No ano seguinte D. Afonso através de uma carta proclamou-se soberano das cidades portuguesas. Em 1135 Afonso VII, seu primo, filho de D. Urraca, foi coroado “Imperador”, na catedral de Leão, recusando D. Afonso Henriques prestar-lhe vassalagem. Esta atitude por parte de D. Afonso Henriques, levou o seu primo a atacá-lo no Alto Minho, pelo que o obrigou a prestar fidelidade, segurança e auxílio contra os inimigos, neste caso os mouros, através do Tratado de Tui. Afonso Henriques quando andava a guerrear o primo a norte e a este do seu condado, era atacado pelos mouros a sul, e vice-versa, obrigando-o a tomar atitudes bastante controvérsias em relação às políticas encetadas com o primo, ora anuindo aos tratados de paz ora rompendo com eles, criando uma personalidade muito volúvel e incaracterística que em nada o abonava. No ano de 1139 derrotou os mouros na célebre batalha de Ourique, onde a lenda nos diz que venceu os cinco reis mouros. Um ano após proclamou-se rei de Portugal com o apoio das suas tropas. No ano de 1143 foi assinado o Tratado de Zamora que pôs fim aos conflitos entre ele e o primo estabelecendo a paz, dando-se um passo vital para a independência de Portugal, o que veio a acontecer meses depois. Com a pacificação interna, prosseguiu as conquistas aos mouros, empurrando-os de vez para sul, desde Leiria até ao Alentejo, duplicando em área o território que herdara, sendo apelidado pelos mouros de “Ibn-Arrik” (filho de Henrique). Conquistou a cidade de Leiria no ano de 1145, a cidade de Santarém no ano de 1147, utilizando a técnica de assalto. Tomou Óbidos no ano de 1148. Consolidadas estas cidades marchou sobre Lisboa, utilizando o cerco como táctica de guerra, com a ajuda dos cruzados, que entretanto se dirigiam para a terra santa. Tomou Almada e Palmela, mais tarde, no ano de 1160 Alcácer do Sal. No ano de 1166 a 1168 D. Afonso Henriques apoderou-se de várias praças pertencentes à coroa leonesa. D. Fernando II de Leão, derrotou as forças de D. Afonso Henriques na cidade Rodrigo pois este, entendeu que o seu genro estava a fortificar a cidade com a intenção de o atacar, o que não correspondia à verdade pois estava a repovoá-la. Como resposta D. Afonso entrou na Galiza, tomou Tui e outras praças, atacando também Cáceres. Cercou Badajoz com o fim de a conquistar para a Portugal que se encontrava na posse dos mouros, mas que era pertença do reino de Leão, segundo o Tratado de Sahagún, sem respeitar estas convenções nem os laços de parentesco que o uniam a D. Fernando. Quando D. Afonso atacou Badajoz, Fernão de Leão apresentou-se de imediato e atacou o seu genro, derrotando-o; este tenta fugir a cavalo mas sofre um percalço ferindo-se numa das portas da cidade, ficando refém, recebendo contudo um tratamento nobre e generoso, de parte do genro, que pôs à sua disposição os melhores médicos. Esta campanha foi desastrosa para Portugal, como resultado foi assinado um tratado de paz entre os reinos em Pontevedra nos termos do qual Afonso Henriques seria libertado com a condição de devolver ao genro as cidades estremanhas de Cáceres, Badajoz, Trujillo, Santa Cruz e Montánchez, fixando-se assim as fronteiras de Portugal com os reinos de Leão e da Galiza. No ano de 1179 a igreja reconhece finalmente a independência de Portugal. Após estes factos procurou fixar as populações, promoveu o municipalismo e concedeu forais. Teve um apoio muito importante dos monges de Cister que o auxiliaram a implementar estas medidas, que se reflectiram no desenvolvimento da economia em especial da agricultura. O seu legado resume-se: a)- Ter fundado a nação portuguesa, reconhecida pelo papa e pelos outros reinos europeus; b)- Procedeu à pacificação interna do reino, alargando o território através de conquistas aos mouros; c)- Fundou o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra.
Teve uma larga descendência com a sua mulher Mafalda de Sabóia, sete filhos; com Elvira Gálter uma filha; de outras relações três filhos. Faleceu no ano de 1185 na cidade de Coimbra.

F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal” Banco de Portugal. Wikipedia.org/Afonso I Portugal. Portal/temas/historia/Afonso I. Vidas lusófonas D. Afonso Henriques.
Óbidos – Outubro de 2010.

Publicado no Jornal das Caldas em 13-07-2011.


segunda-feira, 11 de julho de 2011





Artigo 60
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda




MIL ESCUDOS


Mestre de Avis








Chapa 6



O retrato do Mestre de Avis, através da reprodução de um quadro proveniente do Museu de Viena de Áustria, foi o escolhido para integrar a frente da nota, sendo o verso composto por uma estampagem do Mosteiro da Batalha. O trabalho da execução desta nota esteve a cargo da casa Waterlow & Sons Ltd., de Londres. A frente da nota apresenta sobre um fundo tipográfico de impressão duplex, em íris, duas estampagens calcográficas; uma a preto, contém a figura do Mestre de Avis, e a outra em tons verde-escuro, os ornamentos, as legendas, o escudo das armas de D. João I e linhas ondulantes paralelas. O verso é composto por uma estampagem calcográfica, a castanho-escuro, apresentando a reprodução de uma gravura antiga, do Mosteiro da Batalha, ornamentos efectuados em torno geométrico em linha branca. O papel foi fabricado em Inglaterra pela firma Portals Limited, Laverstoke Mills, Whitchurch, Hampshire, tem como filigrana, quando visto à transparência pela frente, uma cabeça de frade, de perfil para o centro. Dimensões da nota 163 x 104 mm. Foram emitidas 4 058 700 notas com a data de 17 de Junho de 1938. Primeira emissão, 6 de Setembro de 1939, e última emissão, 14 de Agosto de 1944. Foram retiradas de circulação em 30 de Junho de 1966.
Biografia:
O Mestre de Avis, mais tarde rei de Portugal com o nome de D. João I, nasceu em Lisboa em Abril de 1358, filho ilegítimo do rei D. Pedro I e de D. Teresa Lourenço, aia de Dona Inês de Castro, foi Mestre da Ordem de Avis e primeiro rei da dinastia com o mesmo nome, cognominado de O de Boa Memória. Aquando da morte de D. Fernando I, Portugal entrou numa crise para a sua sucessão, apresentando-se como candidatos ao trono; Dona Leonor de Teles de Meneses, viúva do mesmo, impopular e olhada por todos com desconfiança, pois não era bem vista pela sociedade de então a sua ligação amorosa com o conde de Andeiro, personagem influente no Paço e nobre galego; Dona Beatriz filha única de D. Fernando I e de Dona Leonor de Teles, casada com o rei João I de Castela; D. João, príncipe de Portugal, filho de D. Pedro I e de Dona Inês de Castro, era visto por muitos como o legítimo herdeiro, mas dúvidas surgiram com o casamento dos pais; e D. João, filho de D. Pedro I e de Teresa Lourenço aia de Dona Inês de Castro. Na turbulência dos acontecimentos, um grupo de nobres e burgueses, entre eles, Álvaro Pais e Nuno Álvares Pereira, levando em conta o descontentamento generalizado, incitam o Mestre de Avis a assassinar o conde de Andeiro, o que veio a acontecer em Dezembro de 1383. D. João I de Castela, fez-se aclamar em Toledo “Rei de Castela e Portugal”, também no mesmo ano, incorrectamente, tanto mais que a sua proclamação em relação a Portugal ia de encontro ao tratado anti-nupcial, que só conferia a Dona Beatriz o direito de herança de D. Fernando I, mantendo-se os reinos de Castela e Portugal separados, o que o monarca de Castela não pretendia. Invadiu Portugal entrando pela Guarda em Dezembro do mesmo ano. Esta invasão provocou um vazio na governação de Portugal, seguindo-se a crise de 1383-1385, ou “Interregno”, um período marcado pela anarquia e instabilidade política onde as diferentes cidades e vilas portuguesas iam tomando o partido ora de Dona Leonor de Teles, ora de Dona Beatriz e de seu marido ou por fim o partido do Mestre de Avis. Durante estes dois anos um estratega militar se evidenciou, revelando-se um general de grande valor, foi ele D. Nuno Álvares Pereira, que com as suas tácticas de luta militar inovadoras, obteve muitas vitórias e foi personagem fundamental na derrota dos castelhanos em terras portuguesas. Em Abril de 1385 as Cortes reuniram em Coimbra aclamando o Mestre de Avis, como rei de Portugal, dando inicio à dinastia também conhecida por “Joanina”. Mais uma vez D. João de Castela invade Portugal com um enorme exército, que integrava um grande contingente de cavalaria francesa. Foi feita a preparação com Nuno Álvares Pereira, das tácticas a adoptar para a recepção deste exército, montando uma enorme armadilha às forças de Castela, que foram de derrota em derrota, rechaçados até às suas fronteiras. Por curiosidade as batalhas mais significativas deste período forma a palavra “ATAV” – A - Atoleiros; T - Trancoso; A - Aljubarrota e V - Valverde”. No ano de 1387 D. João I casou com Dona Filipa de Lencastre, filha de João de Gaunt, duque de Lencastre, dando-se inicio ao Tratado de Aliança Luso-Britânico. Deste casamento adveio uma geração de nove filhos, alguns dos quais se evidenciaram superiormente na política, na expansão territorial e na cultura. Após a morte de D. João I de Castela no ano de 1390 e sem herdeiros de Dona Beatriz a ameaça castelhana dissipou-se, o que permitiu ao nosso D. João I dedicar-se ao desenvolvimento económico e social do país. Iniciou a era das conquistas do norte de África com a de Ceuta no ano de 1415, praça de importância estratégica para o controle da navegação da costa de África, armando cavaleiros os seus filhos D. Duarte, que seria o futuro “Rei de Portugal, poeta e escritor”; D. Pedro conhecido pelo “das Sete Partidas do mundo”; e D. Henrique conhecido pelo “Navegador”. Foi um rei astuto e cioso, tendo passado para seus filhos todos as suas ideias e conhecimentos. Luís de Camões nos Lusíadas apelidou-os da “Ínclita Geração”. No ano de 1418 são descobertas as ilhas do Porto Santo, e no ano seguinte a ilha da Madeira. Em 1427 são descobertas algumas ilhas do arquipélago dos Açores, além de uma expedição às ilhas do arquipélago das Canárias. Neste mesmo ano iniciou-se a colonização das ilhas da Madeira e dos Açores. D. João I, morreu em Agosto de 1433, e o seu corpo jaz na Capela do Fundador, no Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha.

F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal” Banco de Portugal. Wikipedia org/O rei D. João I de Portugal. Óbidos – Outubro de 2010.

Publicado no Jornal das Caldas de 06-07-2011