domingo, 30 de janeiro de 2011



Artigo 37
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda

CEM ESCUDOS

Camilo Castelo Branco



Chapa 7

Ilustra esta nota o retrato do romancista português Camilo Castelo Branco. As maquetas iniciais desta nota são de autoria do arquitecto João de Sousa Araújo. A gravação e estampagem das notas foram efectuadas pela firma inglesa Thomas De La Rue & Cº. Ltd., de Londres. As duas estampagens calcográficas da frente, a cores a azul e castanho, apresentam o retrato de Camilo Castelo Branco, o escudo nacional, dísticos e ornatos de torno geométrico. O fundo tem três impressões a“offset”, em íris, trabalho em duplex e aplicação de desenho numismático que ocupa toda a área da margem . Tem uma estampagem em talhe-doce a azul com a vista da cidade do Porto dos meados do século XIX e ornamentos de guilhoché que sobressaem dum fundo de duas impressões. O papel foi fabricado por Portals Limited, Laverstoke Mills, Whitchurch, Hants, apresenta uma filigrana especial no lado esquerdo e quando visto à transparência do lado direito, a efígie de Camilo. Incorporado no papel pode observar-se, na metade direita, um filete de segurança de traço descontínuo. Dimensões da nota 149 x 74 mm. Foram emitidas 209 924 000 notas, com as datas de 30 de Novembro de 1965 e 20 de Setembro de 1978. Primeira emissão, 29 de Abril de 1968 e a última emissão, 18 de Fevereiro de 1981. Foram retiradas de circulação em 31-03-1987.
Biografia:
Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco, mais conhecido por Camilo Castelo Branco, além de romancista de excepção, foi também cronista, crítico, historiador, tradutor, dramaturgo e poeta. Nasceu na cidade de Lisboa a 16 de Março de 1825, oriundo de uma família aristocrática provinciana. Era filho de Manuel Joaquim de Botelho Castelo Branco e de Jacinta Rosa do Espírito Santo Ferreira, com quem nunca casou registando-o como filho de mãe incógnita. Ficou órfão de mãe com a tenra idade de um ano e de pai aos dez anos, o que de certo modo lhe moldou um carácter de constante insatisfação; foi acolhido por uma tia que vivia em Vila Real e mais tarde foi viver com a irmã mais velha para Vilarinho de Samardã no ano de 1839, recebendo uma educação um tanto irregular através de dois padres provincianos. Na sua adolescência teve como formação a leitura de clássicos portugueses e latinos, literatura eclesiástica.
Camilo casou no ano de 1841 com Joaquina Pereira de França com apenas 16 anos de idade, indo viver para Friúme (Ribeira de Penha) não passando de uma paixão juvenil, pois o casamento depressa se desfez. No ano de 1842 preparou-se para ingressar na Universidade, tendo como professor e orientador o padre Manuel da Lixa. Camilo é portador de uma personalidade extremamente instável e turbulenta, leva-o a experiências amorosas buliçosas uma das quais com Patrícia Emília, a freira Isabel Cândida. Publicou em 1848, No Nacional, correspondências em que proferia ataques a personalidades de então, o que lhe valeu por parte dos visados ser espancado por diversas vezes como correcção aos irreverentes artigos jornalísticos. Neste mesmo ano abandonou Patrícia e refugiou-se em casa da irmã em Covas do Douro. Tentou cursar medicina no Porto, não concluindo o curso, voltou-se para o curso de Direito onde obteve o mesmo resultado. É por esta altura que na cidade do Porto leva uma vida de boémio, frequentando cafés, salões burgueses, tudo repleto de paixões refulgentes, dedicando-se ao jornalismo. Conheceu e de imediato se apaixonou por Ana Plácido no ano de 1850; esta entretanto casou no ano de 1852 com um negociante brasileiro de nome Pinheiro Alves; esta personagem inspira-o em várias novelas, a maior da parte delas com carácter depreciativo. Estes contactos de Camilo e a visita a casa de Ana Plácido, seduzem-no de tal maneira que a rapta, andando a monte, sendo pouco depois capturados e julgados. Foi considerado um escândalo pela sociedade de então, o qual não deixou de emocionar a opinião pública, pelo conteúdo romântico de amor contrariado. Presos em celas diferentes na cadeia da Relação do Porto, escreveu “Memórias do Cárcere”; aqui conheceu o famoso Zé do Telhado, que roubava as casas abastadas na zona do Douro para dar aos pobres; por relevantes serviços prestados, aquando das guerras liberais, foi condecorado com a Torre Espada. No ano de 1863, indo de recurso em recurso e após a absolvição do crime de adultério, Ana Plácido e Camilo passam a viver juntos. É a partir deste ano que Camilo se debruça essencialmente na escrita, escrevendo ininterruptamente, mais de 260 obras, a um ritmo alucinante superior a 6 obras por ano. O ex-marido de Ana Plácido morreu no ano de 1863; o casal foi viver para São Miguel de Seide, com os filhos. Por motivos de saúde, no ano de 1871, Camilo transferiu-se para Vila do Conde, onde escreveu a peça de teatro “A Filha do Arcediago”. Desloca-se com imensa frequência entre os anos de 1873 a 1890 à Povoa do Varzim; é aqui que escreve a grande parte da sua obra, recolhido no hotel Luso-Brasileiro. Na Póvoa contacta com personalidades intelectuais e sociais, como o pai de Eça, que era Par do Reino, Almeida Garrett, António Feliciano de Castilho, Alexandre Herculano, Francisco Gomes de Amorim, poeta e dramaturgo do burgo, entre outros, por conseguinte com a nata mais sonante das letras de então. No ano de 1877, sofreu um enorme desgosto com o falecimento do seu filho Manuel Plácido, com apenas 19 anos de idade. No ano de 1885 é-lhe concedido o titulo de Visconde de Correia Botelho. Casou-se com Ana Plácido, seu grande amor em Março de 1888. Os seus últimos anos de vida são passados na companhia de Ana, não encontrando estabilidade emocional, por dificuldades de ordem financeira e de preocupações vivida com os filhos, um por irresponsabilidade, e o outro por uma doença mental. A sua doença, (sífilis) ia-o debilitando gradualmente, cegando-o, e impedindo-o de ler e trabalhar, o que o fez mergulhar num enorme desespero, perdendo a vontade de viver. Após uma consulta e conhecedor do seu estado de saúde extremamente debilitada pela cegueira que avançava vertiginosamente, e num momento de desespero suicidou-se no dia 1 de Junho de 1890. Foi o primeiro escritor a viver exclusivamente dos seus escritos, sujeitando-se às críticas, impondo um cunho muito pessoal nos seus romances, o que veio conotá-lo como, um dos mais românticos escritores portugueses de sempre. Durante os mais de 40 anos em que se dedicou à escrita, deixou um legado enorme de textos inéditos; comédias, folhetins, ensaios, tradução de cartas e poesias, subscrevendo-os ou com a sua assinatura ou com os pseudónimos: Manoel Coco; Saragoçano; A.E.I.O.U.Y; Anastácio das Lombrigas e Arqui-Zero. Por a sua obra ser extremamente extensa abaixo refiro-me às principais: Anátema (1851); Mistérios de Lisboa (1854); A Filha do Arcediago (1854); Livro negro do Padre Dinis (1855); A Neta do Arcediago (1856); Cenas da Foz (1857); Carlota Ângela (1858); Vingança (1858); O Morgado de Fafe em Lisboa (Teatro 1861); Doze Casamentos Felizes (1861); As Três Irmãs (1862); Amor de Perdição (1862); Coração, Cabeça e Estômago (1862); Anos de Prosa (1863); O Bem e o Mal (1863); Agulhas em Palheiro (1863); Amor de Salvação (1864); A Sereia (1865); O Judeu (1866); A Queda dum Anjo (1866); A doida do Candal (1867); Os Mistérios de Fafe (1868); Os Brilhantes do Brasileiro (1869); Mulher Fatal (1870); A Infanta Capelista (1872); O regicida (1874); Novelas do Minho (1875-1877); Eusébio Macário (1879); A Corja (1880); A Senhora Rattazzi (1880); A Brasileira de Prazinz (1882); O Assassino de Macário (1882); Folhas Caídas; A Gratidão; Luís de Camões; O Vinho do Porto; O Suicida, etc…

F I M

Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal. Banco de Portugal. Wikipedia. Trechos avulsos. História de Portugal de Pinheiro Chagas.
Óbidos, Março de 2010.
Publicado no Jornal das Caldas em 2011-01-26
CENTENÁRIO DA IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA
Vultos da República
15º. Artigo

António José de Almeida foi médico, mas essencialmente um político dos mais relevantes e populares dirigentes do partido republicano. Por força do seu pensamento e abnegada devoção aos ideais republicanos, foi eleito Presidente da República. Nasceu em Vale da Vinha, Penacova a 17 de Julho de 1866, filho de José António Almeida e de sua mulher D. Maria Rita Neves. Após a conclusão dos estudos secundários, matriculou-se na Faculdade de Medicina, na Universidade de Coimbra. Como estudante fez publicar no jornal académico “Ultimatum”, um artigo contundente dirigido ao rei D. Carlos, intitulado “Bragança, o último”, que teve como defensor Manuel de Arriaga, acabando condenado a três meses de prisão. Terminou o curso de Medicina no ano de 1895, indo para a Angola e depois para S. Tomé e Príncipe onde se estabeleceu até ao ano de 1903. Neste mesmo ano regressou a Portugal onde pouco se demorou, indo estagiar em diversas clínicas até ano de 1904 em França. Regressado de França montou consultório em Lisboa, entrando definitivamente na política. Foi candidato do Partido Republicano no ano de 1905 e 1906, sendo eleito deputado somente no ano de 1906. Em 1907 adere à Maçonaria. Os seus discursos acutilantes fizeram dele um orador muito popular nos comícios republicanos, sendo preso no ano de 1908, na tentativa revolucionária, dias antes do regicídio do rei D. Carlos e do príncipe Luís Filipe. Após a sua libertação a sua acção extremamente demolidora tanto na imprensa como na palavra, foi um contributo essencial para apresentar e reforçar os seus ideais republicanos, tanto mais que era director do jornal Alma Nacional. Em 1910 após a implantação da República, desempenhou o cargo de Ministro do Interior do Governo Provisório. Neste mesmo ano casou com D. Maria Joana Morais Perdigão Queiroga, no dia 14 de Dezembro. No ano de 1912 funda no mês de Fevereiro o partido Evolucionista de índole republicana moderado do qual foi seu dirigente, opondo-se ao Partido Democrático de Afonso Costa, mas com o qual se aliou no governo da União Sagrada, no ano de 1917. Em 6 de Agôsto do ano de 1919 foi eleito Presidente da República, até 5 de Outubro de 1923, com 123 votos expressos, contra 31 de Teixeira Gomes e 3 de Afonso Costa. Foi o único presidente da 1ª. República que concluiu o seu mandato. Durante o seu mandato fez uma visita oficial ao Brasil, para participar no Centenário da Independência. A sua maneira de ser, a sua afabilidade a sua eloquência e o seu trato foram condições essenciais para o êxito desta visita. No ano de 1921, deu-se um levantamento radical que teve como corolário a “Noite sangrenta” de 19 de Outubro, em que foram assassinados por opositores ao regime republicano, o chefe do governo de então António Granjo, Machado Santos o herói da rotunda e Carlos da Maia. O seu mandato caracterizou-se por ter nomeado 16 governos. Alguns amigos reuniram os seus principais artigos e discursos em três volumes, intitulados “Quarenta anos de vida literária e política”, obra publicada a título póstumo no ano de 1934 e erigiram-lhe uma estátua na cidade de Lisboa da autoria do escultor Leopoldo de Almeida e do escultor Pardal Monteiro. Faleceu na cidade de Lisboa a 31 de Outubro de 1929.
F I M
Óbidos – Janeiro de 2011
Publicado no Jornal das Caldas em 2011-01-26

sábado, 22 de janeiro de 2011


Artigo 36
Centenário da Implantação da República (1910-2010)
Numária
O Papel-moeda
1910 – 2010

CEM ESCUDOS

Pedro Nunes

Chapa 6

A efígie de Pedro Nunes, matemático, astrónomo português, e um dos maiores cérebros do século XVI, foi a escolhida pelo Banco de Portugal para emoldurar a frente da nota de cem escudos das chapas 6 e 6A. A frente da nota é composta por duas estampagens calcográficas, uma a verde-escuro que engloba a cercadura com trabalho em guilhoché em linhas brancas, escuras e paralelas, que protegem o retrato, e outra a roxo que apresenta a efígie de Pedro Nunes. O verso possui uma estampagem calcográfica, a castanho - escuro, que inclui um trecho do claustro do Mosteiro da Batalha e uma cabeça numismática. Os fundos da frente e verso da nota são impressos em íris, com aplicações de desenho a relevo elaborado na máquina de raiar. O papel é de fabrico inglês, executado por Portals Limited, Laverstoke Mills, Whitchurch, Hampshire, e tem como marca de água, quando visto à transparência pela frente e do lado esquerdo, uma cabeça de perfil para dentro, representando a ilustre personagem de Pedro Nunes. Dimensões da nota 149 x 90 mm. Foram emitidas 60 320 000 notas de chapa 6, com as datas de 28 de Outubro de 1947, 24 de Outubro de 1950, 22 de Junho de 1954 e 25 de Junho de 1957. Primeira emissão, 14 de Junho de 1948 e a última, 26 de Abril de 1963. Foram retiradas de circulação em 31 de Dezembro de 1978, conjuntamente com as notas do mesmo valor da chapa 6 A. Com a chapa 6A, foram emitidas 31 270 000 notas com a data de 19 de Dezembro de 1961. Primeira emissão de 29 de Maio de 1963, e a última emissão de 15 de Abril de 1968. Foram retiradas de circulação em conjunto com as notas da chapa 6, em 31 de Dezembro de 1978.
Biografia:
Pedro Nunes, personalidade ímpar do século XVI, nasceu em Alcácer do Sal no ano de 1502, oriundo segundo consta de famílias judias. Foi um dos maiores vultos científicos do seu tempo, contribuindo com os seus estudos de matemática e cartografia para o desenvolvimento dos descobrimentos portugueses. De entre as várias invenções, a que maior repercussão teve foi o aparelho de medida “O nónio”. “É uma pequena régua que aplicada num instrumento se adapta à escala graduada, junto à qual desliza, permitindo avaliar fracções das divisões marcadas na escala, (graus, minutos e segundos), que possibilita as medidas com elevado rigor, permitindo planear a navegação com um mínimo de margem de erro. É usado actualmente em parquímetros e micrómetros.
No ano de 1522, iniciou os seus estudos, frequentando a Universidade de Salamanca, de onde saiu pelo ano de 1525, com a formação em artes. Em 1523, casou com D. Guiomar Aires; deste casamento provêm dois filhos de nome (Apolónio e Pedro), e quatro filhas de nome Briolanja, Francisca, Isabel e Guiomar. No ano de 1525 cursou na Universidade de Lisboa os cursos de filosofia e matemática. No ano de 1529 foi nomeado “Cosmógrafo Real”. O rei D. João III no ano de 1531, encarregou-o da educação dos seus irmãos mais novos. No ano de 1537, fez a tradução e comentou o Tratado sobre a Esfera, acerca da teoria do Sol e da Lua. No ano de 1537 fez um trabalho com o nome de “Tratado em defesa da carta de marear) e o “Tratado sobre certas dúvidas da navegação”. No ano de 1542 publicou “De Crepusculis”, (Sobre o Crepúsculo), a obra cientifica que mais reputação lhe granjeou. Em 1544 foi encarregado de organizar e leccionar a cadeira de matemática e de astronomia na Universidade de Coimbra, programadas para a instrução de navegar. É nomeado “Cosmógrafo - mor”, no ano de 1547, cargo que exerceu até à sua morte. No ano de 1548 é feito cavaleiro com hábito de Nosso Senhor Jesus Cristo. No ano de 1568, por incumbência do Rei D. Sebastião, procedeu à reforma dos Pesos e Medidas do Reino.
No ano de 1577, devido aos seus conhecimentos de matemática, astrologia, e em especial à sua projecção na Europa como inventor, tradutor, comentador e professor de nomeada, foi convidado pelo papa Gregório XIII para se pronunciar sobre o projecto do calendário anual e proceder às rectificações ao calendário juliano uma vez que que no decurso de séculos, a diferença entre o ano solar e o calendário juliano, foi aumentando, ao ponto de a diferença por essa altura se cifrar em 10 dias sendo urgente corrigi-las. Este novo calendário ficou conhecido como o “Calendário Gregoriano”.
Obras traduzidas e comentadas: 1- Tratado sobre a Esfera acerca da teoria do Sol e da Lua; II- Tratado da Esfera; III- Geografia. Trabalhos originais: l- Tratado em defesa da carta de marear; II- Tratado sobre certas dúvidas de navegação; III- O Crepúsculo; IV- Erros de Orontii Finei; V- A arte de navegar; VI- Livro de álgebra em Aritmética a Geometria. Faleceu na Coimbra a 11 de Agosto de 1578.

F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Wikipedia. Trechos avulsos.
Óbidos, Março de 2010.
Publicado no Jornal das Caldas em 19-01-2011
CENTENÁRIO DA IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA
Vultos da República
14º. Artigo



Duarte Leite Pereira da Silva nasceu na cidade do Porto a 11 de Agosto de 1864. Foi político, diplomata, da Primeira República, professor e historiador. Formou-se na Universidade de Coimbra no ano de 1885 em Matemática e Filosofia. Regressa à cidade natal onde exerceu cargos docentes na Academia Politécnica do Porto durante vinte e cinco anos, leccionando as cadeiras de Astronomia e Geodesia, e Geometria descritiva. Foi um professor muito estimado e querido, defensor acérrimo dos ideais liberais e democráticos, abraçando a causa republicana, escrevendo inúmeros artigos de opinião sobre o estado do País, e sobre questões de índole didáctica e cultural. Colaborou no jornal do Porto “ A Voz Pública” e no jornal “A Pátria”, onde exerceu o cargo de director. Fez parte da vereação presidida por Jacinto de Magalhães, após a vitória autárquica de uma lista de inspiração republicana, no ano de 1906. Após a Implantação da República e sendo-lhe reconhecido o quanto muito lutou para que se vivessem novas realidades em Portugal, foi nomeado vogal do conselho de administração dos Comboios de Portugal. Foi convidado por João Chagas para fazer parte do elenco do seu governo abraçando a pasta das Finanças de 16 de Junho de 1912 a 9 de Janeiro de 1913, composto por democráticos, unionistas e evolucionistas. Durante o seu executivo, Duarte Leite enfrentou uma grande agitação social com a greve dos funcionários da Companhia de Carris de Ferro de Lisboa, a qual lhe deu uma experiência notável pela postura tomada e com a resolução do problema, dando-lhe um estatuto muito importante na vida pública. No ano de 1913 foi nomeado embaixador de Portugal no Rio de Janeiro, cargo que ocupou até 1931. Durante estes anos dedicou-se à escrita, escrevendo em dois volumes “História da Colonização do Brasil”, “Descobrimento do Brasil”, “Crónicas dos feitos da Guiné”, que mais tarde foram compilados com outros na “História dos Descobrimentos”. Regressou a Portugal no ano de 1931, deixando a carreira diplomática por ter atingindo o limite de idade, fixando a sua residência em Meinedo (Douro), onde, totalmente retirado da política, dedicou o resto da sua vida a escrever artigos de opinião publicados ou na revista “Seara Nova” ou no Jornal portuense “O Primeiro de Janeiro”. Recusou sempre honrarias e condecorações, mesmo a de cargos diplomáticos. Faleceu na sua residência em 29 de Setembro de 1950.
F I M
Fontes: infopedia.duarte-leite; wikipedia.org/Duarte Leite Pereira da Silva;
Óbidos – Setembro de 2010.
Publicado no Jornal das Caldas em 19-01-2011

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011


Artigo 35
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda
CEM ESCUDOS
João Pinto Ribeiro



Chapa 5

A esta nota foi dada à estampa na parte da frente uma figura marcante das lutas da Restauração da Independência de Portugal, no ano de 1640 – João Pinto Ribeiro. Todo o trabalho de gravação das chapas e estampagem das notas foi feito pela casa Bradbury, Wilkinson, & Cº. Ltd., New Malden, Surrey. Na parte da frente aplicaram-se duas estampagens calcográficas, uma a cor castanha com a figura de João Pinto Ribeiro e outra a verde-escuro, composta por trabalho de guilhoché em linha branca, uma faixa na parte inferior com gravação elaborada na máquina de raiar e linhas paralelas. Está impresso tipograficamente em íris e com aplicação duplex. No verso a gravura principal foi estampada por técnica calcográfica, em tons arroxeados, figurando “O Génio da Independência”, estátua em bronze que integra o Monumento dos Restauradores, em Lisboa, com trabalho de torno geométrico em linha cheia e com linhas oblíquas paralelas, sobre um fundo multicolor em íris de procedimento tipográfico. O fabricante do papel foi a firma Portals Limited, Laverstoke Mills, Whitchurch, Hants, que como característica quando visto à transparência pela frente, apresenta uma marca de água composta por; 1- no lado direito, um espaço não impresso a cabeça da Vitória que ornamenta o Monumento da Restauração; e II – na parte inferior da nota e a todo o comprimento a legenda Banco de Portugal. Dimensões da nota, 170 x 97 mm. Foram emitidas 29 815 000 notas, com as datas de 21 de Fevereiro de 1935 e 13 de Março de 1941. Primeira emissão, 16 de Março de 1937, e última emissão, 3 de Junho de 1948. Foram retiradas de circulação em 31 de Dezembro de 1958.
Biografia:
João Pinto Ribeiro célebre conjurado na Revolução de 1 de Dezembro de 1640, nasceu na última década do século XVI, na cidade de Lisboa, e era filho de Manuel Pinho Ribeiro, natural de Amarante e de sua mulher Helena Gomes da Silva da Lixa. No ano de 1607 até 1612, esteve matriculado na Universidade de Coimbra. No ano de 1612, escreveu um “Elogio de D. João de Castro”, e um livro intitulado “Injustas sucessões dos reis de Castela e de Leão e isenção de Portugal”. Acabou o curso de Direito Canónico no ano de 1615, onde obteve o grau de bacharel. No ano de 1621, foi nomeado juiz de fora da vila de Pinhel por ordem Filipe II. No ano de 1627 teve a nomeação de juiz de fora de Ponte de Lima, por carta régia de Filipe III. Aqui escreveu uma obra “Discurso sobre os fidalgos e soldados portugueses não militarem em conquistas alheias”, a qual foi publicado com enorme êxito no ano de 1632. Pelo ano de 1639, encontrava-se à frente da administração e negócios da Casa de Bragança em Lisboa, entrando no noviciado da Ordem de Cristo. Por alvará de 17 de Setembro de 1639 foi armado cavaleiro, recebido de imediato a comenda de Santa Maria de Gimunde, a pedido do duque de Bragança, anuindo de imediato Filipe III, por carta de 18 de Novembro do mesmo ano, e também porque a dita comenda tinha vagado por morte do seu possuidor Fradique Lopes de Sousa. Em Portugal os fidalgos portugueses começaram a conspirar contra o domínio espanhol, que durava há quase 60 anos, e que tanta destruição e saques tinham praticado, empobrecendo-o. Por estes fidalgos terem dificuldade em fazer chegar à mão do duque de Bragança a correspondência com segurança e a celeridade requerida a Vila Viçosa, local de residência do mesmo, lembraram-se de convocar João Pinto Ribeiro, homem de enorme talento, mas também agente de negócios do duque, para que lhes fizesse chegar as instruções (movimentações, reuniões, etc., com o fim de o colocar ao corrente da situação), às mãos com total segurança. Pinto Ribeiro, no inicio de Outubro de 1640, compareceu `a primeira reunião, mostrando-se de imediato um activíssimo auxiliar. O duque foi informado e pressionado pelos conspiradores pela resolução que entretanto se tinha tomado; este de inicio acedeu depois de muitas irresoluções, mas passados que foram alguns dias, achou-se outra vez hesitante; foi Pinto Ribeiro com a sua inteligência e saber que demoveu o duque de desistir do plano. Foi no dia 25 de Novembro de 1640, que se marcou definitivamente o dia para a revolução, e Pinto Ribeiro foi quem comunicou ao duque de Bragança, numa carta muito ambígua, em que dizia que no 1 de Dezembro é que se devia resolver o caso das freiras de Sacavém. O duque de Bragança foi aclamado rei, como D. João IV iniciando aqui a dinastia de Bragança. A posição de Pinto Ribeiro após colidir a revolução, foi secundada, pelos conspiradores que de imediato se apresentaram como os grandes incitadores à queda do domínio espanhol. Pela sua intervenção foi-lhe dada no ano de 1641, a carta de contador - mor dos contos do reino; a carta de desembargador supernumerário da Mesa do Desembargo do Paço, e por último a carta de guarda-mor da Torre do Tombo. Pinto Ribeiro era um escritor genuíno e um homem de engenho. No ano de 1643 e enquanto desempenhava as funções de juiz de fora em Pinhel, escreveu, “Três relações de alguns pontos de direito”.Em 1644 escreve o folheto “A acção de aclamar el-rei D. João IV foi mais gloriosa e digna de honra, fama e remuneração que a dos que a seguiram aclamado”, dando a entender que não teria sido devidamente recompensado queixando-se como muitos outros, de que não tivessem tido mais em conta os serviços prestados nos preparativos e na aclamação do rei. No ano de 1645, escreveu um livro “Desengano ao parecer enganoso”. Também neste ano escreveu um folheto “Preferência das letras às armas”; insurgia-se contra a demasiada atenção prestada àqueles que defendiam a Pátria com a espada, e não se defendiam de igual modo aqueles que a defendiam com a escrita perante a opinião pública europeia. Escreveu no ano de 1646 um folheto com o seguinte titulo, “À santidade do monarca eclesiástico Inocêncio X, expõe Portugal, as causas do seu sentimento e das suas esperanças”.
Mais, obras escreveu sobre diversos casos e situações que viveu até à sua morte. Casou com D. Maria da Fonseca, sem deixar geração. Faleceu em Lisboa a 11 de Agosto de 1649.
F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Wikipedia. Portugal - Dicionário Histórico. História de Portugal de Manuel Pinheiro Chagas – volume V.
Óbidos Fevereiro de 2010.
Publicado no Jornal das Caldas em 2011-01-12
CENTENÁRIO DA IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA
Vultos da República
13º. Artigo


António Luís Gomes nasceu em São Martinho da Gândara, concelho de Oliveira de Azeméis, no dia 23 de Setembro de 1863, filho de António Luís Gomes, originário da região de Aveiro. Foi jurista, professor universitário, político e diplomata. Após concluídos os estudos preparatórios, ingressou na Universidade de Coimbra onde se licenciou em Direito, no ano de 1890. Durante os seus tempos de estudante foi dirigente da Associação Académica, presidindo durante quatro anos. As consequências na opinião pública do Ultimato Inglês levaram-no à defesa dos ideais republicanos, sendo desde os seus tempos de estudante um entusiasta defensor do fim da monarquia e da implantação da República. Após a sua formatura foi para o Brasil onde permaneceu alguns anos. Daí regressado, fez-se militante do Partido Republicano, de cujo Directório fez parte integrante. No ano de 1909 foi eleito deputado republicano às Cortes da Monarquia, vivendo os momentos finais deste regime. Após a Implantação da República foi nomeado Ministro do Fomento do Governo Provisório de 5 de Outubro de 1910 a 3 de Setembro de 1911, desempenhando um papel fulcral na estruturação do novo regime. Aquando da entrada em vigor da Constituição Portuguesa de 1911, foi nomeado embaixador de Portugal no Brasil, reatando as relações diplomáticas entre os dois países, o que lhe granjeou enorme prestígio pela sua actuação e objectivos obtidos, no ano de 1912. Regressado do Brasil, foi nomeado provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, instituição de enorme prestígio, onde permaneceu até ao ano de 1921, ano em que foi nomeado reitor da Universidade de Coimbra, até 1924. No ano de 1930 até 1944 voltou a assumir as funções de provedor na mesma Casa da Misericórdia do Porto. Casou com Maria José de Medeiros Alves, de quem teve cinco filhos. António Luís Gomes faleceu na sua residência na cidade do Porto a 28 de Agosto de 1961, com a provecta idade de 98 anos.
F I M
Fontes: wikipedia.org/Ant.Gomes.
Óbidos – Setembro de 2010.
Publicado no Jornal das Caldas de 2011-01-12

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011



Artigo 34
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda

CEM ESCUDOS
Gomes Freire


Chapa 4

O retrato de Gomes Freire de Andrade, distinto general e figura dedicada à causa liberal, foi escolhido para a frente da nota de cem escudos com a chapa 4. Na frente da nota, sobre fundo impresso por procedimento calcográfico, constituído por trabalho em duplex e linhas ondulantes que se cruzam, assenta a estampagem calcográfica, a azul-escuro, com os motivos principais, o retrato do general Gomes Freire, um ornato, tirado da sala do Parlamento em Lisboa, com duas figuras de cada lado do escudo, e o Templo de Diana de Évora. Ao retrato de Gomes Freire, serviu de modelo um desenho de Domingos A. Sequeira. O verso apresenta uma estampagem calcográfica, de cor castanha, com uma gravura de uma vista parcial da cidade de Évora, sobre fundo tipográfico de protecção em íris. O trabalho de elaboração das chapas e a estampagem foi efectuado pela casa Bradbury Wilkinson & Cº. Ltd., New Malden, Surrey. O papel foi de fabrico da firma inglesa Portals Limited, Laverstoke Mills, Whitchurch, Hants, apresenta, em marca de água quando visto pela frente e à transparência, do lado direito e de perfil para dentro a cabeça simbólica da República. Dimensões da nota 170 x 97 mm. Foram emitidas 10 213 000 notas com as datas de 4 de Abril de 1928 e 12 de Agosto de 1930. Primeira emissão, 20 de Agosto de 1929 e a última, em 16 de Março de 1937. Foram retiradas de circulação em 27 de Março de 1945.
Biografia:
Gomes Freire de Andrade nasceu na cidade de Viena de Áustria em 27 de Janeiro de 1757, filho de Ambrósio Freire de Andrade, embaixador em Viena e de sua mulher uma aristocrata de origem alemã, a condessa von Schaffgotsch, oriunda de uma antiga e ilustre família nobre da Boémia. Teve uma educação primorosa, que naquele tempo era ministrada a filhos da nobreza. Em Viena foi feito comendador da Ordem de Cristo. No ano de 1781, com 24 anos de idade, vem para Portugal pela mão do embaixador de Viena, o conde de Oyenhausen e de sua mulher D. Leonor de Almeida Portugal, mais conhecida por marquesa de Alorna celebre poetisa. Neste mesmo ano ingressa no regimento de Peniche, assentando praça como cadete. No ano seguinte em 1782 é promovido a alferes. No ano de 1784 embarca na esquadra que foi prestar auxílio às forças navais de Espanha, sobre o domínio de Carlos III, no bombardeamento de Argel. Regressado a Portugal é promovido a tenente do mar da Armada Real, em Abril de 1788. Neste mesmo ano consegue obter licença para servir no exército de Catarina II, da Rússia, em guerra com a Turquia. Segundo consta, uma vez em S. Petersburgo, foi alvo das maiores simpatias na corte e da imperatriz. Na campanha de 1788-1789, distingue-se na Guerra da Crimeia; nas planícies do Danúbio e no cerco de Oczakow, sendo o primeiro a entrar na frente do regimento, quando a praça se rendeu em Outubro de 1788; tomou parte nas batalhas de Moscovo e Wagram. Perante este feito, a imperatriz promove-o ao posto de coronel do seu exército, que um ano mais tarde, (1790) lhe é confirmado pelo exército português. Integrado na esquadra do príncipe de Nassau, salva-se por milagre durante a batalha naval de Schwensk, quando os canhões inimigos (suecos), fazem ir a pique a “bateria flutuante” sobre o seu comando; toda a tripulação se perdeu, salvando-se Gomes Freire, vindo a receber uma das Ordens mais importantes da Rússia (O hábito de São Jorge). Regressado a Portugal, criou uma Legião de Tropas Ligeiras, com o comando entregue ao marquês de Alorna. No ano de 1795 é promovido a marechal de campo, sendo conhecido no exército como general russo. Mantém o comando da guarnição de Lisboa até ao ano de 1801, ano em que é promovido a marechal efectivo. No ano de 1803 faz parte dos distúrbios de Campo de Ourique, acontecimento que tivera o condão de impossibilitar a aplicação de reformas militares propostas pelo general Forbes e seus apoiantes no governo. No ano de 1805, é envolvido na tentativa de colocar a princesa Carlota Joaquina no poder, tratando-se de uma conspiração de índole aristocrática. No ano de 1807 com a patente de tenente-general e durante a primeira invasão francesa foi encarregue do comando da divisão que defendia a margem Sul do Tejo a Setúbal, contra um ataque britânico; aí recebeu o general Solana, aceitando o cargo de desmobilizar a parte do exército português aquartelado no sul do País e desarmar regimentos de milícias. A colaboração de Gomes Freire com os ocupantes espanhóis e franceses fizeram-no ser nomeado para o 2º. Comandante do exército português. No ano de 1808 volta para França onde é reformado de acordo com os regulamentos franceses e integrado no exército com o título de Légion Portugaise. Em Espanha combateu a insurreição espanhola contra os invasores franceses, sendo enviado para o cerco de Saragoça. No ano de 1813 foi o comandante de campanha das campanhas de libertação da Alemanha, sendo nomeado governador de Dresden por Napoleão Bonaparte. Regressa Portugal no ano de 1815, onde vem a ser Grão Mestre da Maçonaria. É acusado de ser conspirador liberal e traidor da Pátria. No dia 25 de Maio de 1817, é preso conjuntamente com outros. É encarregado de o prender, um coronel por conseguinte um militar de patente inferior ao de Gomes Freire, que a casa deste se dirigiu devidamente escoltado, e por detrás dos soldados deu-lhe ordem de prisão, ao que Gomes Freire retorquiu indignado: “Assim se entra com tanta insolência e desaforo na casa de um tenente-general?” E mais disse – que não pode prender-me porque não tem a minha patente, e acabou dizendo-lhe que o seu comportamento não era nem de um oficial nem de um cavalheiro, mas sim de um esbirro, aguazil, ou vil agarrador. Gomes Freire meteu-se numa sege foi para a Torre de São Julião. O julgamento estava carregado de irregularidades, ao ponto de Gomes Freire ter um tratamento distinto de outros, que nem sequer foi acareado com as testemunhas, nem soube o que elas contra ele depuseram, conservando-se em segredo total. A sentença condenou-o à morte por enforcamento. Gomes Freire foi executado na esplanada da Torre de S. Julião da Barra eram nove horas da manhã do18 de Outubro de 1817. Os outros presos foram executados pelo meio dia no Campo de Santana. Quando Gomes Freire soube que iria ser enforcado, revoltou-se contra esse procedimento e pediu para ser fuzilado, sendo-lhe recusada esta consolação assim como lhe foi recusada a intenção de escrever algo aos seus parentes nos últimos momentos de vida. De carácter impulsivo, irrequieto, de espírito indisciplinado por vezes desordeiro, foi um estratega militar do inicio do século XIX, tendo combatido em Portugal, Espanha, França, Alemanha e Rússia, sendo condecorado com as altas condecorações desses reinos.

F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Wikipedia. Arqnet.pt . História de Portugal Manuel Pinheiro Chagas VIII volume. Trechos avulsos.
Óbidos, Fevereiro de 2010.
Publicado no Jornal das Caldas em 2011-01-05
CENTENÁRIO DA IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA
Vultos da República
12º. Artigo

João Pinheiro Chagas nasceu na cidade do Rio de Janeiro a 1 de Setembro de 1863, filho de João Pinheiro Chagas emigrante e de sua mulher Maria Amélia Rosa Pereira, oriundos de famílias liberais, que foram obrigados a emigrar aquando do período das lutas civis. Foi jornalista, escritor, diplomata e “conspirador”. Foi primeiro que tudo um Republicano liberal o que por diversas vezes lhe custou a prisão e o exílio. Veio para Portugal, onde foi educado na cidade de Lisboa e depois radicou-se na cidade do Porto, dedicando-se ao jornalismo, entrando no ano de 1883 para a redacção do “Primeiro de Janeiro”. O tempo que exerceu no Porto deu-lhe celebridade, imprimindo um estilo de escrita notável, manifestando-se pelas suas brilhantes qualidades literárias. Mais tarde radicou-se em Lisboa, tendo colaborado nos jornais “”Dia”, “Tempo” e “Correio da Noite”. Fundou o jornal “República Portuguesa”, distinguindo-se na polémica política enérgica contra as instituições, pela sua acutilância da argumentação, pela forma artística que dava aos artigos, desferindo fortes ataques à Monarquia, e à maneira como foi resolvido o Ultimato Inglês no ano de 1890. Fruto dos artigos acutilantes que entretanto tinha escrito, foi alvo de diversos processos que o levaram à prisão por dez dias, em 26 de Janeiro de 1891, sentença esta que estava cumprindo aquando da revolta no Porto, sendo considerado um dos promotores e cúmplices da revolta. Foi julgado e condenado a 4 anos de prisão ou 6 anos de degredo. Em Setembro de 1891 embarca para Angola (Moçamedes), para cumprir a sua pena, lá tentou pôr em prática um plano de evasão que se gorou. Consegue evadir-se do seu cárcere no dia 1 de Novembro, chegando a Paris a 15 de Janeiro de 1892, após diversas peripécias narradas no seu livro “Trabalhos forçados”. Sendo uma pessoa de espírito irrequieto e bastante audacioso, em Fevereiro, vem para Portugal, onde se manteve alguns dias sem ser descoberto pela polícia. No mês de Setembro voltou clandestinamente a Portugal, onde foi preso e enviado para África, permanecendo até ao ano de 1893 ano em que, fruto de uma amnistia para presos políticos, regressou à cidade do Porto. Os trabalhos forçados a que foi sujeito no degredo não o vergaram nem o desalentaram dos seus intuitos publicando nos anos de 1893/1894, os “Panfletos” que foram logo denunciados, e entre os anos de 1897 e 1898, o jornal “A Marselhesa”, que também foi denunciado e por vezes apreendido. Tendo sempre a justiça ao seu redor e tendo de responder a diversos processos emigra para Madrid, explicando os motivos de tal acto. Aqui redigiu e assumiu a direcção do jornal “O País”. João Chagas regressou a Portugal e com outros, foi o fundador da Associação dos Jornalistas e Homens de letras do Porto. No ano de 1908 após a malograda revolta de 28 de Janeiro, onde esteve envolvido, foi novamente preso, donde daí saiu após o regicídio e da queda do governo de João Franco. Após a Implantação da Republica chefiou o primeiro Governo constitucional, entre 3 de Setembro e 12 de Novembro de 1911. Foi nomeado embaixador português em Paris, cargo do qual acabou por se demitir por duas vezes, alegando a discordância do modelo político seguido pelos governantes de então, (Ditadura do general Pimenta de Castro). Voltou ao seu posto de embaixador em Paris, entre os anos de 1917 e 1919, desempenhando um papel muito activo na participação portuguesa na frente da 1ª. Guerra Mundial. Foi elemento preponderante da delegação portuguesa na Conferência de Paz e na Assembleia da Sociedade das Nações, regressando a Portugal no ano de 1924, cessando o cargo de embaixador. João Chagas trabalhou como poucos para que a revolução triunfasse. Da sua obra destacam-se; 1)- Na Brecha; 2)- As Minhas Razões; 3)- De Bonde; 4)- Diário de um Condenado Político; 5)- Coisas da Sociedade; 6)- Memórias - obra de grande impacto social e político. Morreu no Estoril a 28 de Maio de 1925.
F I M
Fontes: wikipedia.org/Pinheiro Chagas; arqnet.pt/dicionário/pchagasjoao.
Óbidos – Setembro de 2010
Publicadono Jornal das Caldas em 2011-01-05