quarta-feira, 21 de setembro de 2011





Artigo 68
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda


DOIS ESCUDOS


Bartolomeu Dias – Cabo da Boa Esperança







Chapa 1

Foi a primeira vez que foram fabricadas notas com o valor de dois mil escudos, tendo despertado pouco interesse nos circuitos comerciais, tanto mais que ao tempo já havia a circular notas de valor mais elevado (cinco mil escudos). Não se sabe porque motivo, mas nunca mais foram emitidas notas com este valor de dois mil escudos. Foram feitas duas notas a que foram atribuídas as chapas 1 e 2, sendo o motivo principal inserido nas notas a figura do navegador português “Bartolomeu Dias”, naus, instrumentos de navegação e mapas.
A Chapa 1, tem como motivos principais na frente da nota, sobre o lado esquerdo a efígie de Bartolomeu Dias de capuz voltado a três quartos, a bandeira das quinas portuguesas, um astrolábio, que assenta sobre uma rosa-dos-ventos, e no lado direito a respectiva marca de água. No verso da nota observa-se uma reprodução de uma caravela de velas latinas sulcando os mares com forte ondulação; uma reprodução do Cabo da Boa Esperança; uma esfera armilar, e o Padrão de S. Gregório. Estas notas têm por motivo principal a celebração do feito da dobragem do Cabo da Boa Esperança, ou o Cabo das Tormentas. A maqueta é de autoria de Luís Filipe Abreu, e a impressão das notas são de autoria da firma British American Bank Note,Inc. (Canadá), com um trabalho preliminar de Komori Technology U.K. Ltª., de Inglaterra. Dimensões da nota 167 x 74 mm. Foram emitidas 104 320 00 notas, com a data da primeira emissão de 1 de Agosto de 1991 e a última com a data de 21 de Outubro de 1993. Foram retiradas de circulação no ano de 1998.
Bartolomeu Dias segundo alguns historiadores nasceu em Mirandela na província de Trás-os-Montes, pelo ano de 1450, ignorando-se a sua ascendência directa, sabendo-se que um parente seu, de nome Dinis Dias, na década de 1440 teria comandado expedições marítimas no norte da costa de África, tendo chegado ao arquipélago de Cabo Verde. Na sua juventude pensa-se que frequentou aulas de Matemática e de Astronomia na Universidade de Lisboa, habilitando-o a determinar as coordenadas de um local, tanto em tempos de tempestade como de acalmia dos mares; serviu na fortaleza de São Jorge da Mina. Capitaneou uma embarcação na expedição de Diogo de Azambuja ao Golfo da Guiné. No ano de 1486 o rei D. João II confiou-lhe o comando de duas embarcações com o intuito de saber notícias do Preste João; mas o propósito desta expedição não foi este, mas sim, o de investigar tanto quanto possível, a extensão para sul do continente africano, de forma a avaliar a possibilidade de uma passagem marítima para a Índia. No ano de 1488 com larga experiência e conhecimento da costa africana, foi o primeiro europeu a chegar ao Cabo das Tormentas, por ele baptizado, localizado a sul do continente africano, na convergência dos Oceanos Atlântico e Índico, onde as fortes correntes da costa oriental de África de águas tépidas, se encontram com as fortes correntes frias do atlântico sul, o que provoca tempestades e vendavais nunca dantes vividos e desconhecidos dos nossos marinheiros. A expedição zarpou de Lisboa em Agosto do ano de 1487, atingindo a costa da actual Namíbia em Dezembro do mesmo ano; o ponto mais a sul do continente cartografado pela expedição anterior de Diogo Cão, continuou a navegar para sul, descobriu a Angra dos Ilhéus, sendo alvo de um assalto. Sofreu um violento temporal que o desviou da costa, o qual após treze dias, ainda se debatia com ele; aproveitou os ventos de feição provenientes da Antárctica que sopravam no Atlântico sul, navegou para nordeste, redescobrindo a costa, pois aí já tinha a orientação das coordenadas, norte, sul e este, passando para além do referido Cabo das Tormentas, mais tarde rebaptizado por D. João II como o Cabo da Boa Esperança. Nesta sua epopeia, Bartolomeu Dias, foi colocando padrões de pedra nos principais pontos ao longo da costa africana, cartografou diversas baías e enseadas da costa da actual África do Sul, (de grande utilidade no futuro como portos naturais). Regressou a Portugal no fim do ano de 1488, não sendo reconhecido o seu feito, daquele que seria o futuro caminho marítimo para a Índia. Acompanhou a construção das embarcações e fez parte da esquadra de Vasco da Gama em 1499, como capitão com destino a São Jorge da Mina. No ano de 1500 acompanhou a frota de Pedro Álvares Cabral na célebre viagem em que foi descoberto o Brasil. Após esta descoberta, a frota seguiu para a Índia, acontecendo um percalço com várias embarcações, uma delas, a de Bartolomeu Dias, naufragando precisamente junto aquela que foi a sua descoberta mais famosa, “O Cabo da Boa Esperança”, tendo aí perecido, no ano de 1500. Foi um dos mais notáveis portugueses e europeus navegadores do século XV, e o foi o primeiro navegador a navegar longe da costa do Atlântico sul. Segundo carta do cronista Pêro Vaz de Caminha, “Foi o principal navegador da esquadra de Pedro Álvares Cabral, depositando nele a total confiança, em especial nas decisões quando lhas solicitavam”. Camões nos Lusíadas, a ele se refere com a dobragem do Cabo das Tormentas, verificando-se o vaticínio do Gigante Adamastor: “Aqui espero tomar, se não me engano, De quem me descobriu suma vingança…”.

F I M

Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal” Banco de Portugal. Wikipedia.org/Bartolomeu Dias. História de Portugal Pinheiro Chagas.
Outubro de 2010.
Publicado no Jornal das Caldas em 31-08-2011.

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