quinta-feira, 13 de outubro de 2011



Artigo 72
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda




CINCO MIL ESCUDOS
Antero de Quental






Chapa 2

À segunda nota de cinco mil escudos foi evocada a figura do escritor e poeta de grande influência no movimento da Geração de 70, Antero de Quental (1842-1891). A frente da nota é composta pela efígie do poeta ladeada pelo lado esquerdo por um conjunto de desenhos, que nos permitem deduzir que se tratam de aves, representativas do sentido de liberdade e o escudo, e do lado direito pela marca de água. O verso apresenta-nos um desenho simbolizando o esforço conjugado para a Liberdade e o Trabalho na parte central da nota, na parte esquerda um conjunto de desenhos evocando a liberdade, como na frente, e junto à margem a marca de água. As notas possuem uma coloração que vai do verde-claro ao castanho. A maqueta é de autoria de Luís Filipe Abreu, e a impressão das notas é da autoria da firma Thomas De La Rue & Cº. Ltd., de Inglaterra. Tem como marca de água quando vista à transparência pela frente a efígie do epigrafado. Dimensões da nota 177 x 70 mm. Foram emitidas 49 644 000 notas cuja primeira emissão são de 7 de Agosto de 1987 e a última emissão de 20 de Junho de 1989. Foram retiradas de circulação no ano de 1991.
Antero Tarquínio de Quental nasceu a 18 de Abril de 1842 em Ponta Delgada, nos Açores, filho de Fernando de Quental e de sua mulher Ana Guilhermina da Maia. Foi um dos pensadores mais profundos do seu tempo; os seus versos exprimem a ansiedade da sua alma perante os problemas eternos da Natureza. Iniciou os seus estudos na cidade onde nasceu, mudando-se para Coimbra com dezasseis anos de idade, estudando direito e manifestando as primeiras ideias socialistas. Dedicou-se essencialmente à poesia, à filosofia e por fim à política. Publicou no ano de 1861 os primeiros sonetos. Em 1865 publicou as “Odes Modernas”. Neste mesmo ano iniciou a Questão Coimbrã, em que Antero e outros poetas foram alvo de acérrimos ataques, por parte de António Feliciano de Castilho, por instigarem a revolução intelectual, respondendo Antero com a publicação dos opúsculos “Bom Senso e Bom Gosto”, e a “Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais”. No ano de 1866 veio residir para Lisboa, onde experimentou a vida de operário, trabalhando como tipógrafo. Em 1867 foi para Paris onde exerceu também a profissão de tipógrafo. Regressou a Lisboa no ano de 1868, onde formou o Cenáculo, de que fizeram parte, altos vultos da cultura portuguesa de então, Guerra Junqueiro, Ramalho Ortigão e Eça de Queirós. Foi um dos fundadores do Partido Socialista Português. Fundou o jornal a “República”, com Oliveira Martins, no ano de 1869.
Editou no ano de 1872, juntamente com José Fontana a revista “O Pensamento Social”. Fez a reedição das “Odes Modernas”, no ano de 1875. Em 1879 mudou-se para a cidade do Porto, e aqui no ano seguinte, adoptou as duas filhas de um amigo que tinha falecido. Por razões de saúde e a conselho de seu médico, veio viver para Vila do Conde, no ano de 1881, onde fixou residência até ao ano de 1891, com pequenas ausências aos Açores e Lisboa; segundo o próprio, considerou que foi o melhor período da sua vida, servindo-lhe de inspiração os passeios que dava junto às praias, os banhos de sol que tomou com a voluptuosidade que só são apanágio dos poetas e dos lagartos adoradores da luz. No ano de 1886 foram publicados os “Sonetos Completos”. No ano seguinte regressou a Vila do Conde. Em 1890 fez parte daqueles que se insurgiram contra o ultimato inglês de 11 de Janeiro, aceitando presidir à Liga Patriótica do Norte. Em 1891regressou à cidade de Lisboa, instalando-se em casa de sua irmã, Ana de Quental; era portador de Transtorno Bipolar, provocando um enorme estado de depressão. Nesse mesmo ano regressou a Ponta Delgada, suicidando-se com dois tiros a 11 de Setembro de 1891.


F I M

Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Lello Universal. Wikipedia.org/Antero de Quental.
Óbidos – Outubro de 2010.

Publicado no Jornal das Caldas em 28-09-2011.

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