sexta-feira, 19 de agosto de 2011




Artigo 66
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda

MIL ESCUDOS


Teófilo Braga







Chapa 12




A figura de Teófilo Braga (1843-1924), político, escritor e ensaísta português foi a escolhida para integrar a parte da frente desta nota, onde a sua efígie é representada com uma vestimenta de catedrático, tendo por fundo ornamentos geométricos em tons acastanhados. O verso da nota é composto além dos ornamentos geométricos, por uma reprodução de um capitel românico, existente no Museu Machado de Castro, em Coimbra, também com os mesmos tons de cor. A maqueta foi elaborada por Luís Filipe Abreu e as chapas e estampagens das notas ficaram a cargo da firma Thomas De La Rue & Cº., Ltd. de Inglaterra. Dimensões da nota 164 x 75 mm. Foram emitidas 342 638 000 notas. A primeira emissão é de 14 de Julho de 1988 e a última de 3 de Março de 1994. Foram retiradas de circulação em 31 de Dezembro de 1997.
Joaquim Teófilo Fernandes Braga mais conhecido por Teófilo Braga, nasceu a 24 de Fevereiro de 1843, na cidade de Ponta Delgada nos Açores, filho de Joaquim Manuel Fernandes Braga e de sua mulher Maria José da Câmara Albuquerque, de origem de famílias aristocráticas tanto por parte do pai como da mãe. Teófilo Braga era o último dos sete filhos do primeiro casamento de seu pai, tendo cinco irmãos falecido na infância. No ano de 1846 ficou órfão de mãe com apenas três anos de idade. De temperamento fechado, áspero e agreste, fruto do segundo casamento do pai e da má relação que tinha com a madrasta que marcou o seu temperamento. De tenra idade iniciou a sua actividade, empregando-se na tipografia do Jornal A Ilha, no qual também foi redactor; colaborou ainda noutros periódicos. Frequentou o liceu de Ponta Delgada, partindo no ano de 1861 para Coimbra onde concluiu o ensino secundário. No ano de 1862 matriculou-se no curso de Direito da Universidade de Coimbra. Para sustentar os seus estudos, trabalhou como tradutor, deu explicações e publicou artigos e poemas. Enquanto estudante foi fortemente influenciado pelas teses sociológicas e políticas do positivismo aderindo aos ideais republicanos. Terminou o curso no ano de 1867 com elevada nota, sendo convidado pela Universidade para se doutorar o que veio a acontecer no ano seguinte, defendendo a sua tese intitulada “História do Direito Português I: Os Forais”. Foi preterido no ano de 1868 quando concorreu para professor da cadeira de Direito Comercial na Academia Politécnica do Porto, sucedendo o mesmo no ano de 1871, quando concorreu para lente da Faculdade da Universidade de Direito de Coimbra, em virtude de ter assumido publicamente a adesão aos ideais republicanos. Casou no ano de 1868 com Maria do Carmo Xavier, na cidade de Lisboa, de onde adveio uma geração de três filhos; aqui radicou-se iniciando a sua actividade de advogado. No ano de 1871 foi um dos doze signatários do programa das Conferências Democráticas do Casino Lisbonense. Voltou a concorrer em Maio de 1871 para lente da cadeira de Literaturas Modernas do Curso Superior de Letras, sendo nomeado no lugar, tendo como opositores Manuel Pinheiro Chagas, insigne historiador e Luciano Cordeiro. Como lente, dedicou-se quase exclusivamente ao estudo da literatura europeia, dando ênfase aos autores franceses; fortemente influenciado pelo positivismo de Auguste Comte, que foi decisivo no seu pensamento, na obra literária e na sua atitude política, fazendo dele um dos mais destacados membros da Geração doutrinária. Publicou uma extensa obra filosófica. No ano de 1878 conjuntamente com Júlio de Matos fundaram a revista “O Positivismo”. Neste ano iniciou a sua acção na política concorrendo a deputado às Cortes da Monarquia Constitucional, integrado nas listas do Partido Republicano; ainda neste ano, exerce cargos de relevo nas estruturas do Partido. No ano de 1880 é colaborador da revista “A Era Nova”. Neste mesmo ano, com Ramalho Ortigão, organizou As Comemorações do Tricentenário de Camões, de onde saiu com enorme prestígio. Em 1884 passou a dirigir a “Revista de Estudos Livres”. No ano 1890 foi eleito membro do directório do Partido Republicano, e no ano seguinte, foi um dos subscritores do Manifesto e Programa. No ano de 1910 é eleito no mês de Agosto deputado republicano por Lisboa às Cortes monárquicas. Sofreu imensos desgostos familiares, pois viu partir os seus três filhos de tenra idade e a sua mulher, sendo já viúvo em Outubro de 1910. Após a Implantação da República e por decreto datado do dia seis do mesmo mês, Teófilo Braga foi nomeado Presidente do Governo Provisório da República Portuguesa de 6 de Outubro de 1910 a 3 de Setembro de 1911. Em Maio de 1915 foi eleito Presidente da República, para substituir o Presidente Arriaga que entretanto tinha sido deposto na sequência da revolta de 14 de Maio do mesmo ano. Exerceu o seu mandato de transição de Maio a Novembro do mesmo ano, com imensas dificuldades devido ao atentado de que foi vitima o indigitado João Pinheiro Chagas que tinha sido escolhido pela Junta Constitucional para presidir ao governo. Durante a sua vida, mesmo quando Presidente da República, declinou honrarias e ostentações, deslocava-se de eléctrico, com a sua usada bengala. A sua obra de polígrafo cobre vastas áreas, da poesia, e da ficção à filosofia, à história da cultura à história crítica literária. A sua obra excede mais de 360 títulos que abrangem temas como a História Universal, História de Direito da Universidade de Coimbra, do teatro e da influência de Gil Vicente, da Literatura Portuguesa, das novelas de cavalaria e do romantismo, das ideias republicanas em Portugal, incluindo também artigos de polémica literária e política e ensaios biográficos, além da imensa obra avulsa que deixou expressa em jornais e revistas da época focando temas da sociedade. Por ser imensa a sua obra escuso-me de aqui enunciar os títulos pois seria fastidioso. Faleceu no seu gabinete na cidade de Lisboa a 28 de Janeiro de 1924.

F I M

Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Wikipedia.org/Teófilo Braga. História da 1ª. República.

Publicado no Jornal das Caldas em 17-08-2011

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