quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Artigo 13
Centenário da Implantação da República (1910-201


Numária - O papel-moeda

VINTE ESCUDOS

Chapa 1




Iniciamos a abordagem às notas de vinte escudos, dum total de dez, que foram emitidas pelo Banco de Portugal, ao longo destes últimos 90 anos. Recaí a primeira emissão na estampagem do retrato do ilustre poeta, romancista, autor dramático, político português, orador de nomeada, Par do Reino, Ministro e Secretário de Estado Honorário Português, Almeida Garrett.
Foi atribuída a chapa 1 a esta nota, em que nos apresenta na frente e ao centro o oval com o retrato de Garrett, ladeando-o as figuras simbólicas da Glória e da Justiça, sobre um fundo multicolor irisado impresso tipograficamente e composto de pontos, linhas ondulantes verticais e trabalho de torno geométrico em linha escura, estando estampado a talhe doce, em tons acastanhados. Em cada lado da nota, observa-se uma cabeça numismática de perfil para o centro. Este retrato é da autoria de Armando Pedroso, gravador oficial do Banco de Portugal. No verso apresenta-nos um fundo rectangular, impresso tipograficamente em cores irisadas, com uma composição em "moiré", sobressaindo um grande ornato, estampado calcograficamente, a azul, com uma aplicação de guilhoché em linha branca.
O papel foi fabricado pela Société Anonyme des Papeteries du Marais et de Sainte-Marie (França), e tem como característica principal e de segurança, vista de frente e por transparência, na parte superior direita, o desenho de uma cabeça simbolizando a Primavera, voltada para a direita, e na inferior, a meio, a legenda Banco de Portugal.
Dimensão da nota 184 x 121 mm. Foram emitidas 2 900 000 notas com as datas de 5 de Janeiro de 1915, 14 de Abril de 1915, 27 de Abril de 1917, 14 de Dezembro de 1917 e 26 de Março de 1918. A primeira emissão, 14 de Outubro de 1916: Última emissão, 12 de Novembro de 1919. Foi retirada de circulação em 24 de Junho de 1929.
Biografia:
João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett, vulgo Almeida Garrett, nasceu na cidade do Porto, em 4 de Fevereiro de 1799, filho do selador mor da Alfândega do Porto. Durante a segunda invasão comandada pelo Marechal Soult, a família refugiou-se nos Açores, onde possuía propriedades. Passou a adolescência na ilha Terceira. Aí recebeu uma educação esmerada a ponto de ser destinado à vida eclesiástica, na Ordem de Cristo, por incumbência do seu tio paterno, Frei Alexandre da Sagrada Família, bispo de Malaca e mais tarde de Angra. Foi também aqui que conheceu a sua companheira Luísa Castelo.
- No ano de 1816, vem para a metrópole, (Coimbra) onde se matricula no curso de direito.
- É um participante e activista na revolução liberal de 1820.
-Em 1821, publica “O Retrato de Vénus”, trabalho este que lhe veio causar imensos problemas, considerando-o materialista, ateu e imoral.
- Casa no ano de 1823 com uma jovem senhora de nome Luísa Midosi; exila-se em Inglaterra após a Vilafrancada. Aqui contactou com o movimento romântico, descobrindo a imensa obra de Shakespeare, Walter Scott e outros ilustres autores do mesmo movimento; aproveitou para visitar castelos, igrejas, abadias góticas, enfim um sem número de monumentos de diversos estilos, que vieram em tudo reflectir e influenciar toda a sua obra.
- No ano de 1824 parte para França, onde se radica até 1826. Nesse espaço de tempo escreve “Camões” em 1825, e “Dona Branca” 1826, obras estas consideradas as primeiras da literatura romântica portuguesa.
- Em 1826 regressa a Portugal, dedicando-se ao jornalismo, fundando e dirigindo o jornal diário “O Português” e o semanário “O Cronista”.
- Em 1828 e após o regresso do rei D. Miguel, é forçado a abandonar o País; neste mesmo ano em Inglaterra publica “Adozinda”.
- Nos anos de 1832 e 1833, conjuntamente com Alexandre Herculano e Joaquim António de Aguiar, tomam parte no desembarque do Mindelo e no cêrco do Porto.
Com a vitória do Liberalismo, instala-se novamente em Portugal, após pequena estadia em Bruxelas, desempenhando o cargo de Cônsul Geral e Encarregado de Negócios.
Em Portugal desempenhou cargos políticos de nomeada; nos anos 30 a 40 distinguiu-se como o maior orador nacional. É-lhe atribuída a criação do Conservatório da Arte Dramática, da Inspecção Geral dos Teatros, do Panteão Nacional e do actual Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa.
Após a vitória cartista e o regresso de Costa Cabral ao governo, Almeida Garrett, abandona a vida política até 1852; no entanto, em 1850 conjuntamente com mais 50 altas personalidades, subscreve um protesto contra a proposta sobre a liberdade de imprensa, que ficou conhecida por “lei das rolhas”.
A vida de Garrett, foi tão apaixonante quanto a sua obra: Entre os anos 20 e 30 é um revolucionário; distingue-se nas décadas posteriores como um perfeito apaixonado e galanteador, tornando-se uma personagem principesca nos salões mundanos. Separa-se da sua mulher Luísa Midosi, com quem casara com apenas 14 anos de idade, passando a viver com D. Adelaide Pastor até à morte desta, em 1841. Em 1846, elege como sua musa a viscondessa da Luz, Rosa Montufar Infante, inspiradora dos êxtases românticos “Folhas Caídas”.
- No ano de 1851 e por decreto do Rei D. Pedro V, é feito Visconde.
- No ano de 1852 dirige por alguns dias a pasta dos Negócios Estrangeiros, a pedido do Duque de Saldanha, então presidente do governo.
A vasta obra literária de Garrett, no século XIX e grande parte do século XX, foi tida como das mais geniais da língua, só suplantada apenas pela obra de Camões. É considerado o autor mais representativo do romantismo em Portugal.
Obras mais emblemáticas:
Poemas - Hino Patriótico – Porto – 1820; Ao Corpo Académico – Coimbra-1821; Retrato de Vénus – Coimbra – 1821; Camões – Paris – 1825; Dona Branca ou a Conquista do Algarve – Paris – 1826; Adozinda – Londres – 1828; Lyrica de João Mínimo – Londres – 1829; Miragaia – Lisboa – 1844; Flores sem Fruto – Lisboa – 1845; Os Exilados, à Senhora Rosa Caccia – Lisboa – 1845; Folhas Caídas – Rio de Janeiro e Lisboa – 1853; Camões, com estudo de Camilo Castelo Branco – Porto – 1854.
Obras Póstumas - Dona Branca ou a Conquista do Algarve; Magriço ou Os Dez de Inglaterra; Bastardo do Fidalgo; A Anália; Roubo das Sabinas; Afonseida, ou Fundação do Império Lusitano; Poemas Dispersos.
Peças Teatrais - Catão – Coimbra – 1822; Catão – Londres – 1830; Catão – Rio de Janeiro – 1833; O Alfageme de Santarém ou A Espada do Condestável – Lisboa – 1842; Um Auto de Gil Vicente – Lisboa – 1842; Frei Luís de Sousa – 1843; Dona Filipa de Vilhena – Lisboa - 1846; Falar Verdade a Mentir – Lisboa 1846; A Sobrinha do Marquês – 1848.
Obras Póstumas – Um noivado no Dafundo – Lisboa; Átala – 1914; Lucrécia – 1914; Afonso de Albuquerque – 1914; O Amor da Pátria – 1914; La Lezione Agli Amanti – ópera bufa – 1914; Falar Verdade a Mentir – Rio de Janeiro; As Profecias do Bandarra – Lisboa; Os Namorados Extravagantes – 1974.
Romances, Cancioneiros e Contos – Bosquejo da História da Poesia e da Língua Portuguesa – Paris – 1826; Lealdade, ou a Victória da Terceira – Londres – 1829; Romanceiro e Cancioneiro Geral – Lisboa -. 1843; O Arco de Sant´Ana – Lisboa – 1845; Viagens na Minha Terra – Lisboa – 1846.
Obras Póstumas – Helena – Lisboa – 1871; Memórias de João Coradinho – Lisboa 1881; Joaninha dos Olhos Verdes – Lisboa – 1941; História Brasileira – 1956; Cancioneiros de romances – Lisboa – 1987.
Além destas obras mais significativas, deixou-nos um manancial de artigos, ensaios, biografias, folhetos, cartas, diários e discursos, além da sua participação em publicações periódicas.
Publicações Periódicas – Toucador – periódico dedicado às senhoras portuguesas; Heraclito e Democrático; Português – Diário político, literário e comercial; Cronista – Semanário de política, literatura, ciências e artes; Chaveco Liberal; Precursor; Português Constitucional; Entreacto – Jornal de Teatros; Jornal do Conservatório; Jornal das Belas Artes; Ilustração – Jornal Universal.
Almeida Garrett, faleceu em 9 de Dezembro de 1854, na cidade de Lisboa, sendo sepultado no cemitério dos Prazeres.


F I M

Obra consultada “O papel-moeda em Portugal” – Banco de Portugal. Trechos avulsos. Wikipedia.
Óbidos 16 de Dezembro de 2009

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009


Artigo 12
Centenário da Implantação da República (1910-2010)


Numária
O Papel-moeda
1910 – 2010
Por: Luís Manuel Tudella

DEZ ESCUDOS









Na última nota de Dez Escudos emitida pelo Banco de Portugal, foi homenageada a figura do grande escritor português do século XIX, Eça de Queirós, considerado o maior romancista e contista desse século, seguindo a escola/tradição; inicialmente enveredando pelo romantismo, e posteriormente transitando para o realismo, sendo esta última fase a mais crucial e longa da sua vida literária.
A nota apresenta-nos na frente uma vista da Igreja dos Jerónimos, em Belém e o retrato de Eça de Queirós a preto, sendo estampado calcograficamente e inclui trabalho de guilhoché em linha branca; o fundo impresso tipograficamente a encarnado claro e composto de um desenho continuo e linhas ondulantes paralelas. O verso tem uma estampagem calcográfica, a castanho escuro com motivo de guilhoché em linha branca sobre fundo amarelado, composto por pontos e linhas ondulantes oblíquas.
O trabalho da elaboração das chapas e estampagem das notas foi executado pela casa Waterlow & Sons Ltd., de Londres, e o papel de origem inglesa tem uma marca de água, observado à transparência pela frente, igual à de todas as notas estampadas por aquela firma anteriormente.
Dimensão da nota, 149 x 87 mm. Foram emitidas 10 000 000 de notas com a data de 13 de Janeiro de 1925. Foi retirada de circulação em 31 de Dezembro de 1933 conjuntamente com as notas de 5$00 e 2$50, para serem substituídas por moedas de prata com os mesmos valores das notas retiradas.
Biografia
José Maria de Eça de Queirós, vulgo Eça de Queirós, nasceu na Povoa do Varzim, numa casa da praça do Almada no dia 25 de Novembro de 1845; filho de Carolina Augusta Pereira de Eça e de José Maria de Almeida Teixeira de Queirós, sendo baptizado na igreja matriz de Vila do Conde, no dia 1 de Dezembro do mesmo ano, constando do seu registo ser filho de mãe incógnita, ao que parece, ser esta a fórmula comum que se traduzia pela solução usada quando a mãe pertencia a estratos sociais elevados, como era o caso. Após seis dias da morte da avó de Eça, os pais contraíram matrimónio, pois a avó sempre se tinha oposto a este desenlace; tinha por essa altura Eça quatro anos de idade. Em virtude destes factos foi entregue a uma ama, aos cuidados de quem ficou, até passar para a casa de Verdemilho em Aradas, Aveiro, casa da sua avó paterna até à sua morte, em 3 de Novembro de 1855. Foi internado no colégio da Lapa no Porto, onde conhece Ramalho Ortigão, de onde saiu no ano de 1861, com a escolaridade obrigatória completa, com dezasseis anos de idade. Ingressa na Universidade de Coimbra no mesmo ano de 1861 onde se matriculou em direito. Durante o tempo de Coimbra conhece Antero de Quental do qual se torna amigo. Os seus primeiros trabalhos foram publicados na Gazeta de Portugal, no ano de 1866 e mais tarde coligidos em livro, publicado a título póstumo, com o nome de “Prosas Bárbaras”. Em 1866 conclui o Curso de Direito, mudando-se para Lisboa, onde se instala na casa dos pais, fazendo a sua inscrição como advogado no Supremo Tribunal de Justiça. No fim do ano parte para a cidade de Évora, onde funda e dirige um jornal bissemanário de índole oposicionista, “Diário de Évora”. Em finais de 1869 e 1870 Eça de Queirós faz uma viagem de cerca de seis meses pelo Oriente, em companhia de D. Luís de Castro, 5º. Conde de Resende, irmão daquela que viria a ser sua futura mulher, Emília de Castro, tendo assistido à inauguração do canal de Suez. Visitaram a Palestina, aproveitando notas de viagem para a compilação dos seus futuros trabalhos. No ano de 1870 e após regressar do Oriente é nomeado administrador do concelho de Leiria, onde escreve a sua primeira novela realista “O crime do Padre Amaro”, que se caracterizou por um forte ataque à igreja e à sociedade provinciana de então. No ano de 1871, é um dos participantes das Conferências do Casino, denominada a Nova Literatura ou, como Eça se lhe refere nas Farpas, a Afirmação do Realismo como Nova Expressão de Arte. Entre os anos de 1872, 1873, desenvolve uma intensa actividade diplomática, sendo nomeado cônsul, nas Antilhas Espanholas, depois em Havana. No ano de 1873, viaja por toda a América do Norte em missão oficial, regressando a Havana. No ano de 1874 regressa a Portugal onde permanece escassos meses, seguindo para o consulado de Newcastle. No ano de 1878 segue para Bristol, onde desenvolveu uma carreira diplomática exemplar passando, os anos mais produtivos da sua vida como cônsul de Portugal. Escreve por esta altura um dos trabalhos mais emblemáticos “A Capital” escrito numa prosa hábil, e realista; também são desta época as obras “Os Maias” e “O Mandarim”, este último escrito em Paris.
As suas obras ainda hoje espelham em parte a crítica à sociedade de hoje; ágil na prosa; contundente na sua crítica; realista com a naturalidade na descrição das cenas, é tão autêntico, que nos dá a percepção de estarmos a vive-las, tal é a maneira como somos absorvidos e envolvidos pela sua leitura.
As obras de Eça foram traduzidas em cerca de vinte línguas, o que demonstra a sua qualidade literária.
As obras mais emblemáticas por ordem cronológica:
1-Mistério da estrada de Sintra (1870), 2- O Crime do Padre Amaro (1875), 3- A tragédia da rua das flores (1877-78), 4- O Primo Basílio (1878), 5- O Mandarim (1880), 6- As minas de Salomão (1885), 7- A Relíquia (1887), 8- Os Maias (1888), 9- Uma campanha alegre (1890-91), 10- O Tesouro (1893), 11- A Aia (1894), 12- Correspondência de Fradique Mendes (1900), 13- A Ilustre Casa de Ramires (1900), todas estas obras foram publicadas em vida do romancista.
1-A cidade e as serras (1901), 2- Contos (1902), 3- Prosas bárbaras (1903), 4- Cartas de Inglaterra (1905), 5- Ecos de Paris (1905), 6- Cartas familiares e bilhetes de Paris (1907), 7- Notas contemporâneas (1909), 8- Últimas páginas (1912), 9- A Capital (1925), 10- O conde de Abranhos (1925), 11- Alves & Companhia (1925), 12- Correspondências (1925), 13- O Egipto (1926), 14- Cartas inéditas de Fradique Mendes (1929) e 15- Eça de Queirós entre os seus – Cartas íntimas (1949), foram obras publicadas a título póstumo.
Eça de Queirós faleceu em Paris no dia 16 de Agôsto de 1900.

F I M

Obra consultada O papel-moeda em Portugal – “Banco de Portugal”. Trechos avulsos.
Óbidos 15 de Outubro de 2009.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009


Artigo 11
Centenário da Implantação da República (1910-2010)



Numária
O Papel-moeda
1910 – 2010
Por: Luís Manuel Tudella
DEZ ESCUDOS


À segunda nota de Dez Escudos emitida pelo Banco de Portugal, foi homenageada a figura do Marquês de Sá da Bandeira, de seu nome Bernardo de Sá Nogueira de Figueiredo, general e estadista português; sendo um político do tempo da Monarquia Constitucional, e um dos mais destacados líderes do movimento setembrista. Destacou-se superiormente como líder do Partido Histórico, vindo mais tarde a abandoná-lo, para vir a formar o seu próprio movimento, o Partido Reformista. Foi um eminente político, vindo a desempenhar altos cargos, como Ministro da Marinha, onde tomou posse das pastas da Marinha e Colónias e Obras Públicas, assume o Ministério da Guerra, e interinamente a Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros, e por fim, pelos serviços prestados, é nomeado por cinco vezes chefe do Governo (1 836-1 837, 1 837-1 839, 1 865 e 1 868-1869), o que lhe granjeou primeiro altas condecorações militares, “Grã - cruzes da Ordem de Torres Espada” e títulos, “ Barão, Visconde e Marquês”, como governante.
Características da nota: A frente da nota é composta por dois fundos irisados a verde, lilás e amarelo, executados em guilhoché e impressos tipograficamente. Esta estampa é composta de uma faixa horizontal que serve de apoio ao medalhão que emoldura o retrato do Marquês de Sá da Bandeira. Em ambos os lados, a meio, observam-se dois ovais, cada um com a cabeça alegórica da República, de perfil para o centro.
No verso assentando sobre um fundo composto em guilhoché e impressos topograficamente em íris nas cores amarelo e rosa, sobressai o desenho principal. Este desenho apresenta-nos três figuras aladas, simbolizando a da esquerda a Poesia, e as duas da direita as Belas-Artes, Pintura e Arquitectura. No canto superior direito está estampada a cabeça de um guerreiro. A estampagem deste tipo de notas foram executados por Bradbury, Wilkinson & Cº. Ltd., de Londres, e o papel de fabrico especial, apresenta-nos à transparência, pela frente no ângulo superior direito uma cabeça de mulher, (alegórica da Vinicultura), foi manufacturado pelo papeleiro francês Perrigot-Masure, Papeteries d´ Arches (Voges). A dimensão da nota é de 167 x 107 mm., sendo emitidas 14 360 000 notas com as datas de 09 de Agosto de 1920, 31 de Agosto de 1926, 2 de Novembro de 1927 e 28 de Janeiro de 1928. A primeira emissão foi em 2 de Novembro de 1921 e a última em 17 de Junho de 1931. Foi retirada de circulação em 31 de Dezembro de 1933.
Bernardo de Sá Nogueira de Figueiredo, vulgo Marquês de Sá da Bandeira, nasceu em Santarém em 26 de Setembro de 1795, filho de Faustino José Lopes Nogueira de Figueiredo da Silva e de Francisca Xavier de Sá Mendonça Cabral da Cunha Goldophin, vindo a falecer na cidade de Lisboa em 06 de Janeiro de 1876.
Foi uma das grandes figuras do liberalismo, apoiando-os incondicionalmente; esteve sitiado durante o cerco do Porto com outras ilustres figuras; no decorrer da guerra viria a ser ferido, tendo perdido o braço direito, no Alto da Bandeira, em Vila Nova de Gaia. Após a revolução de Setembro de 1836 e a tomada do poder pelos setembristas, torna-se ministro do Interior do novo governo. Pouco tempo após a sua tomada, uma tentativa de contra-revolução de levar ao poder a facção cartista (a Belenzada), obteve um efeito contrário ao desejado pelos revoltosos, obrigando a rainha (D. Maria II) a nomear Sá da Bandeira Primeiro Ministro (1836-1837). Após a sua tomada de posse e conjuntamente com Passos Manuel, a quem lhe fora confiada as pastas das Finanças e do Interior, foi iniciado um longo programada de reformas, visando o rápido progresso do País, declarando de imediato a abolição da escravatura nas colónias portuguesas, o que veio a ser uma tomada de posição inteligente com um profundo sentimento humanista e social. Em Portugal a escravatura já tinha sido abolida. No ano de 1837, desencadeou-se a revolta dos Marchais, contra o governo tendo sido anulada pela intervenção dinâmica do Sá da Bandeira. No ano de 1842 Costa Cabral encetou um golpe, o qual saiu vitorioso acabando com a governação setembrista. No ano de 1846 a revolta da Maria da Fonte, pôs fim ao de Costa Cabral, obrigando a rainha D. Maria II, designar novo executivo, mas desta feita presidido pelo Duque de Palmela, um cartista moderado, no qual Sá da Bandeira tomou parte, abarcando com o Ministério da Guerra. Um outro golpe, desta feita promovido pelo Duque de Saldanha, levou-o a pedir a sua exoneração. Esta tomada de atitude, acabou por originar uma nova guerra civil, a “Patuleia”, a qual teve o seu fim no ano de 1847, saindo vitoriosa a facção dos cartistas, que tiveram o apoio da rainha e de forças estrangeiras (Espanha e Reino Unido). Durante mais de dez anos Portugal viveu tempos de acalmia sendo governado pelos conservadores, até que D. Pedro V, subiu ao trono, e com ele ideias bastante progressistas. Um sistema rotativo iria caracterizar a Monarquia Constitucional, sendo protagonistas os dois maiores partidos; o Partido Regenerador, formado por antigos cartistas de raízes conservadoras, e o Partido Histórico, saído do movimento setembrista com feições mais liberais. Sá da Bandeira por esta altura toma as rédeas do Partido Histórico, assumindo um papel de proa, sendo a figura principal. Esta situação de rotativismo veio provocar frequentes dissoluções das Cortes, o que não abonava as instituições e retardava o progresso do País. Em 1865 Sá da Bandeira ascende à chefia do Governo, por escassos cinco meses, sendo a sua substituição formada por uma grande coligação constituída por Regeneradores e Históricos; Sá da Bandeira não nutria simpatia por esta resolução, acabou por se afastar do partido e formou com alguns dos seus seguidores um novo partido “O Reformista”. Voltou a ser nomeado Primeiro Ministro à frente deste partido, no período de 1868 e 1869. No ano de 1870, na sequência de mais um golpe da “Ajudada”, protagonizado novamente pelo Duque de Saldanha, que o colocou no poder. Sá da Bandeira preparou a resistência ao governo ditatorial deste, o que após três meses acabou por cair. Pela última vez Sá da Bandeira é convidado a formar governo, após o qual organizou eleições e entregou o poder ao independente António José de Ávila.
Foi uma longa vida dedicada inicialmente à vida militar, e os outros restantes (cinquenta anos) dedicados à vida política, passando e vivendo por diversas guerras civis, golpes e contra-golpes, prejudicando o desenvolvimento do País, contrário aos seus desígnios.
Pela sua actividade cívica foi galardoado ao longo da sua vida com títulos honoríficos, desde 1º. Barão, 1º. Visconde e por fim 1º. Marquês de Sá da Bandeira.
Em sua homenagem e durante os tempos coloniais foi fundada uma cidade em Angola com o nome de Sá da Bandeira, hoje esta cidade tem o nome de Lubango.

F I M

Obra consultada O papel-moeda em Portugal – “Banco de Portugal”. Trechos avulsos.
Óbidos, 13 de Outubro 2009.

Publicado no Jornal das Caldas em 18-11-2009








quarta-feira, 14 de outubro de 2009



Artigo 10
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda
1910 – 2010
Por: Luís Manuel Tudella



DEZ ESCUDOS


A primeira nota emitida pelo Banco de Portugal, com o valor de Dez Escudos, tem como ilustração na sua frente a figura de Afonso de Albuquerque, o mais ilustre e temido homem de guerra português do século XVI, ficando conhecido como “O Grande”, “César do Oriente”, “Leão dos Mares” e “O Terrível”; e um quadro representativo da conquista da Índia. O verso da nota tem como ilustração a gravura de uma cabeça simbolizando a República e no grupo central uma outra gravura simbolizando os rios Tejo e Douro.
Características da nota: Os desenhos que se apresentam na frente da nota, foram fornecidos pelo Banco de Portugal, têm uma cor azul e foram estampados por processo calcográfico. O fundo em guilhoché é impresso em íris verde claro ao centro, esbatendo em sépia claro para os lados. O verso também com estampagem calcográfica, a sépia, com trabalho geométrico, sobre fundo de técnica tipográfica impresso em íris, sépia claro ao centro, esbatendo em amarelo escuro para os lados.
A firma estampadora foi a Bradbury, Wilkinson & Cº. Ltd. de Londres. O papel foi fabricado por Perrigot-Masure, Papeteries d’ Arches (Vosges), tendo como marca de água, à direita, e visto à transparência pela frente, uma cabeça com capacete, de perfil para a esquerda.
A dimensão da nota é de 153x95 mm. Foram emitidas 9 060 000 notas, com datas de 21 de Outubro de 1917 e 7 de Julho de 1920. A primeira emissão, foi efectuada a 30 de Julho de 1920 e a última a 24 de Dezembro de 1926. Foram retiradas de circulação em 24 de Junho de 1929.
Mas quem foi este marinheiro, soldado, escritor (Cartas ao rei), estadista e prestigioso diplomata?
Afonso de Albuquerque, nasceu em Alhandra no ano de 1462, segundo filho de Gonçalo de Albuquerque, senhor da Vila Verde dos Francos, e de D. Leonor de Meneses, esta filha do conde da Atouguia, Álvaro Gonçalves de Ataíde, sendo educado na corte de D. Afonso V. O seu pai desempenhava um importante cargo na corte, sendo descendente por via natural da família real portuguesa, por conseguinte era um fidalgo da mais nobre linhagem. A sua instrução foi direccionada para as matemáticas e para o latim clássico.
Adquiriu experiência militar durante os 10 anos que serviu no norte de África:
- No ano de 1471 esteve presente nas conquistas de Arzila e Tânger: no seu regresso foi nomeado estribeiro - mor do príncipe D. João II.
- No ano de 1476, acompanhou o rei D. João II, nas guerras contra Castela, tendo participado na batalha de Toro.
- Em 1480 fez parte integrante da esquadra enviada em socorro de D. Fernando II, rei de Aragão, Sícilia e Nápoles, para combater e reprimir o furor turco de avançar sobre a península itálica, culminando com a vitória cristã no ano de 1481.
- Em 1489 esteve na expedição para defender a fortaleza da Graciosa.
- No ano de 1490 fez parte da guarda de D. João II, tendo regressado a Arzila, pelo ano de 1495.
Todas estas expedições granjearam-lhe prestígio, experiências, técnicas de guerra e de marinhar, conhecimentos e relações com outro tipo de gente, os quais foram o seu sustentáculo para a obtenção dos seus gloriosos feitos para o reino de Portugal.
- Em Abril 1503, Afonso de Albuquerque parte para a Índia, com um parente, tendo cada um no seu comando três naus. Participam em diversas batalhas, obtendo vitórias sobre vitórias, as quais garantiram a segurança e continuação no trono ao rei de Cochim. Obtiveram como paga do auxílio prestado a permissão de construir uma fortaleza em Cochim, sendo esta, considerado o marco fundamental para o inicio da expansão do Império no Oriente.
- Em Julho de 1504, regressa ao reino “cheio de glórias e não tanto de despojos”, onde foi recebido pelo rei D. Manuel I. Nos dois anos que se seguem, são feitos relatos permonorarizados de toda a sua façanha e glória alcançada pelos mares além África.
- No ano de 1506 o rei D. Manuel I, incorpora-o numa armada, dando-lhe o comando de esquadra composta por cinco naus, chefiada por Tristão da Cunha e composta por 16 naus com destino à Índia e com a missão secreta de substituir o vice-rei Francisco de Almeida, após términos do seu mandato, daí a dois anos.
- No ano seguinte, em 1507, e após diversos ataques bem sucedidos a cidades árabes da costa oriental, Afonso de Albuquerque, separa-se da armada, levando consigo uma frota de sete naus e quinhentos homens, rumo a Ormuz, no Golfo Pérsico, centro nevrálgico do comércio do oriente. Nesse trajecto conquistou as cidades de Curiate, Mascate e Corfacão, submetendo-as ao seu domínio. No último quadrimestre do ano, Setembro do mesmo ano, chega a Ormuz, tomando posse da ilha, onde iniciou a construção do forte de Nossa Senhora da Vitória. Entretanto com a deserção de oficiais e demais elementos da armada não conseguiu manter a posição, abandonando-a, no ano de 1508, regressando com outra determinação no ano de 1515.
- Em finais do ano de 1508, com o reforço da sua esquadra, chega a Cochim, na costa de Malabar, onde revelou para o que vinha, mostrando as credenciais do rei D. Manuel I, que o nomeia Governador da Índia em substituição do Vice-Rei D. Francisco de Almeida. Este estava rodeado dos oficiais e demais guarnição que tinham desertado de Ormuz, recusou-se a reconhecer as credenciais, dando ordem de prisão, a qual foi acatada por Afonso de Albuquerque, ficando este a aguardar novas indicações do reino.
- Em Fevereiro de 1509, Francisco de Almeida, ainda tomou parte da batalha de Diu, como vingança da morte do seu filho Lourenço de Almeida em circunstâncias trágicas e dramáticas. Esta vitória foi determinante para assegurar o domínio do Índico, durante mais de cem anos. Em finais do ano de 1509, D. Manuel enviara uma numerosa armada para defesa dos seus direitos, sendo chefiada pelo Marechal D. Fernando Coutinho, o mais alto dignitário do reino que alguma vez se tinha deslocado ao Índico. Após a partida de D. Francisco de Almeida, Francisco de Albuquerque assume a governação do estado da Índia com toda a energia e determinação, como segundo Governador até à sua morte.
- No ano de 1510, tomou Goa ao turco Hidalcão.
- Em 1511 conquista Malaca, abrindo aos portugueses o acesso às especiarias das ilhas Molucas e ao comércio com a China.
- No ano de 1513 partiu para o estreito de Bab-el-Mandebe, tentando tomar Áden, sem obter o êxito pretendido.
- A partir do ano de 1514, dedica-se mais à administração e diplomacia, concluindo a paz com Calecute, recebendo embaixadas reais indianas, consolida a posse de Goa e seu embelezamento, onde fez jus ao matrimónio entre portugueses e mulheres indianas, procurando criar uma raça luso - indiana.
- No ano de 1515 com a construção da fortaleza de Ormuz, concluiu o seu plano de domínio de pontos nevrálgicos, que permitiram o controlo marítimo e o monopólio comercial da Índia.
O seu prestígio atingira o auge, sendo alvo de admiração e respeito por todo o mundo ocidental de então, sendo “Chamado o Grande pelas heróicas façanhas com que encheu de admiração a Europa e de pasmo e terror a Ásia”.
Como em tudo na vida a inveja, a calúnia, as intrigas e demais defeitos da sociedade, determinaram o fim doloroso deste notável Senhor do XV, onde os seus inimigos na corte em Portugal influenciavam negativamente a postura do rei D. Manuel I contra ele. Talvez a sua conduta por vezes imprudente e tirânica, tivesse servido as intenções dos seus maiores inimigos.
- Em 16 de Dezembro de 1515, após o regresso de Ormuz, à entrada do porto de Goa, cruzou-se com o navio vindo de Portugal que trazia a notícia da sua substituição pelo seu inimigo principal Lopo Soares de Albergaria. O golpe foi rude demais, vindo a falecer no mar com um profundo desgosto. Antes de falecer escreve uma carta ao rei, onde lhe é atribuída a seguinte frase de “Mal com el-rei por amor dos homens, mal com os homens por amor de el-rei”.
O seu corpo jaz em local desconhecido, talvez em Goa, na Índia. Segundo uma versão foi amortalhado com o manto da Ordem militar de Santiago, de que era comendador, e sepultado na igreja de Nossa Senhora da Serra em Goa, que edificara em agradecimento do sucesso da conquista de Malaca. Passados que foram mais de cinquenta anos, foi trasladado para o convento de Nossa Senhora da Graça dos Religiosos Eremitas de Santo Agostinho, no ano de 1566 com toda a pompa e demais honrarias.
Deixou um descendente de nome Braz, mais tarde mudou de nome para Albuquerque. Foi capitão de um navio que conduziu a infanta D. Beatriz quando foi casar com o duque de Sabóia. Ligou-se pelo matrimónio a uma das mais ilustres famílias da Corte, D. Maria de Noronha, filha de D. António de Noronha, 1ºconde Linhares.
FIM

-Obra consultada O papel-moeda em Portugal – “Banco de Portugal”. Trechos avulsos.
Óbidos, 15 de Setembro de 2009.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009


Artigo 09
Centenário da Implantação da República

Numária
O Papel-moeda (1910-2010)





CINCO ESCUDOS






A última nota de (Cinco escudos) emitida pelo Banco de Portugal, tem como ilustração na sua frente a imagem de D. Álvaro Vaz de Almada, brilhante cavaleiro do século XV.
Características: As chapas e estampagens foram executadas nas oficinas de Waterlow & Sons Ltd., de Londres. Na frente os desenhos são estampados por processo calcográfico; o fundo de técnica tipográfica é constituído por desenhos geométricos e linhas oblíquas paralelas a duas cores, amarelo e lilás, tendo como figura central a imagem de Álvaro Vaz de Almada. O verso é estampado calcograficamente, a azul-escuro, sobre fundo esverdeado, de pontos e linhas oblíquas paralelas. A figura central é composta pelo escudo nacional assente sobre a esfera armilar ladeada de vergônteas de oliveira. Dimensão da nota é de 140x82 mm. Foram emitidas 11 999 999 notas com a data de 13-01-1925. A primeira emissão é datada de 21-05-1929 e a última de 05-05-1932, sendo retirada de circulação em 31-12-1933.
Mas quem foi este notável cavaleiro?
- Álvaro Vaz de Almada, nasceu no ano de 1390, e faleceu no dia 20-05-1449. Foi um cavaleiro de nomeada distinguindo-se superiormente nas suas acções, o que lhe granjeou a concessão de altas condecorações e títulos.
- Foi o primeiro conde de Abranches, à portuguesa, (Avranches no original francês), como se reconhece na carta do título nobiliárquico criado pelo Rei Henrique VI de Inglaterra em 04-05-1445, em favor de D. Álvaro. Segundo Fernandes Mendes no “Portugal História – Dinastia de Aviz”, este D. Álvaro Vaz de Almada, com tal bravura se bateu pelos britânicos contra os franceses, na Guerra dos 100 anos pela posse das suas terras na Normandia, que o rei o fez nomear Cavaleiro da Ordem da Jarreteira; “trata-se de uma ordem militar que foi criada por Eduardo III de Inglaterra, considerada a mais importante comenda do sistema honorífico do Reino Unido”, com o fim de realçar os enormes esforços de guerra, nas diversas cruzadas para a conquista da Terra Santa.
Segundo o mito, foi um dos “Doze de Inglaterra”; cavaleiros portugueses, que responderam ao pedido solicitado pelas damas, (entre eles o D. Álvaro Vaz de Almada) para que estes tomassem a defesa da sua honra, batendo-se em torneio contra os cavaleiros britânicos, pois estes, tinham-nas ofendido e ultrajado, segundo consta, pelas duvidosas condutas sociais, saindo estes derrotados no torneio.
- É o último a usar o título medieval de Rico – Homem em Portugal, tendo exercido o cargo de Capitão - Mor de Lisboa.
- Foi um fiel seguidor das ideias do infante D. Pedro, especialmente, quando este era alvo de constantes ataques e afrontas que lhe eram dirigidas pelos seus adversários, querendo denegrir a sua imagem; não podendo tolerar mais estas agressividades e afrontas, e querendo demonstrar a rectidão das suas atitudes e procedimentos, marcham para sul partindo de Coimbra, onde mais adiante se deparam com as tropas do rei D. Afonso V, tendo-se travado uma batalha, ficando conhecida pela batalha de Alfarrobeira, onde ambos faleceram em 20-05-1449.
- D. Álvaro Vaz de Almada foi casado primeiramente com Isabel da Cunha, e depois com Catarina de Castro, donde proveio uma geração de seis filhos:
- D. João de Abranches; - Dona Isabel da Cunha; - Dona Leonor da Cunha; - Dona Violante da Cunha; - Dona Brites da Cunha; e D. Fernando de Almada, 2º.e último conde Abranches, casado com Dona Constança de Noronha.


Obra consultada – “O papel-moeda em Portugal” – Banco de Portugal. Trechos avulsos.
Óbidos, 15 de Julho de 2009

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Artigo 08
Centenário da Implantação da República (1910-2010)
Numária
O Papel-moeda
1910 – 2010

CINCO ESCUDOS


Frente

Verso


Esta nota de Cinco Escudos foi elaborada sem possuir na parte da frente qualquer figura da nossa
história, monumento, ou outro elemento relevante, ao contrário das outras; no entanto estão representadas duas figuras alegóricas, ambas relacionadas com a agricultura. No verso está representada uma gravura com a vista do Palácio da Bolsa do Porto.
Características: As chapas e estampagens destas notas estiveram a cargo da casa Bradbury, Wilkinson & Co. Ltd. de Londres. Na parte da frente apresenta-nos duas figuras alegóricas e os demais componentes a verde-escuro são estampados calcográficamente; o fundo é policromado em íris em duplex. O verso da nota tem uma estampagem calcográfica a azul-escuro, em fundo irisado; ao centro apresenta-nos uma gravura com a vista do Palácio da Bolsa do Porto, da autoria do gravador do Banco de Portugal Armando Pedroso. O papel é do fabrico dos papeleiros franceses Société Anonyme des Papeteries du Marais et de Sainte-Marie, tem como marca de água, uma cabeça alegórica no canto superior direito. A dimensão da nota é de 147x96 mm. Desconhece-se a quantidade de notas emitidas.
Entendeu o Banco de Portugal depois de ouvir o Conselho de Administração, proceder à destruição destas notas, alegando que existiam cerca de 12 000 000 de igual valor, cuja circulação ainda não tinha sido autorizada, não podendo esta nota ser colocada no circuito, devido essencialmente ao seu aspecto, acabamento e tonalidades muito más; em suma, notas de fraca qualidade. Estas notas eram datadas de 10-11-1924.
O Palácio da Bolsa, ou o Palácio da Associação Comercial do Porto, fica situado na zona nobre da cidade do Porto. O inicio da sua construção é datado de Outubro de 1842, ficando concluído, após 80 anos, já em pleno século XX, no ano de 1909. Ao longo da sua construção teve como responsáveis, 4 arquitectos principais, dezenas de mestres dos mais diversos ofícios. O Palácio caracteriza-se por uma mistura de estilos arquitectónicos, apresentando todo o edifício no seu esplendor, traços do neoclássico oitocentista e arquitectura toscana. De destacar entre os diversos salões que o compõe o Salão Árabe, pelos estuques do século XIX, legendados a ouro com os caracteres arábicos que se espelham nas paredes e no tecto.
É este o salão nobre por excelência das altas individualidades que visitam “A Invicta”, “A Sempre Leal e Nobre Cidade do Porto”.

FIM


Obra consultada – “O papel-moeda em Portugal” – Banco de Portugal. Trechos avulsos.
Óbidos, 30 de Junho de 2009.

Artigo 07
Centenário da Implantação da República (1910-2010)
Numária
O Papel-moeda
1910 – 2010


CINCO ESCUDOS




Frente

Verso

Entendeu o Banco de Portugal atribuir a imagem do Dr. João das Regras, iminente português do século XIV, à sua segunda nota de 5$00, recordando
e perpetuando, aquele que teve um papel preponderante e decisivo na resolução da crise de 1383-1385, sendo quase desconhecido da maioria de todos nós.
Na frente a nota apresenta-nos o retrato de João das Regras, gravação do professor José de Lacerda, e todo o conjunto em tons escuros que o emoldura. O fundo, impresso em cores esbatidas é composto por linhas ondulantes. Sobre a direita uma cabeça numismática simbolizando a República. O verso tem uma estampagem a azul-escuro, apresentando-nos uma gravura do Convento da Batalha de autoria de Armando Pedroso. As chapas foram efectuadas nas oficinas de Bradbury,Wilkinson & Co. Ltd, de Londres, onde se procedeu também à respectiva impressão. O papel foi fabricado pelos papeleiros Perrigot-Masure, Papeteries d´Arches. Dimensão da nota é de 146 x 96 mm. Foram emitidas 19 800 000 notas datadas de 10-07-1920, 02-12-1921, 14-06-1922, 08-08-1922 e 13-01-1925. A primeira emissão é datada de 10-05-1921 e a última em 01-09-1927. Retirada de circulação em 07-04-1931.
Excerto biográfico de João das Regras:
- João das Aregas ou João das Regras, nasceu na cidade de Lisboa, entre os anos de 1340 e 1345, oriundo de famílias nobres. Recebeu esmerada educação de Álvaro Pais, rico burguês, natural de Lisboa, que casou em segundas núpcias com sua mãe, desempenhando este, as funções de chanceler de D. Pedro I e de D. Fernando.
João das Regras, formou-se em Leis na prestigiada Universidade de Bolonha; regressado a Portugal torna-se professor na Universidade de Lisboa, onde alguns anos depois desempenhou o cargo de “encarregado” ou “protector”, idêntico ao cargo de hoje de reitor, por carta régia de 25-10-1400.
Teve um papel de grande relevo nas Cortes de Coimbra de 1385, demonstrando que, após a morte de D. Fernando, o trono se encontrava vago, e que nenhum dos pretendentes era considerado herdeiro legítimo. Assim, a inteligente intervenção de João das Regras foi decisiva para a eleição do Mestre de Avis para rei de Portugal, argumentando as nulidades dos outros pretendentes, como abaixo se descreve:
- A Dona Beatriz, filha do falecido rei de Portugal (D. Fernando), é negada pelo jurisconsulto, quaisquer direitos por nulidade do casamento de D. Fernando com Dona Leonor de Teles, que era já casada com o fidalgo João Lourenço da Cunha quando o rei a desposou; por incerteza quanto à paternidade de D. Fernando, dado o comportamento pouco singular de Dona Leonor de Teles; por ter contraído casamento com o rei D. João I de Castela, seu parente, (A mãe de D. João I de Castela, era tia avó de Dona Beatriz), sem a dispensa do papa legítimo Urbano IV, em vez do anti-papa Clemente VII:
- A D. João I, rei de Castela, por ser herege, o direito de ser rei de Portugal, pois reconhecendo o anti-papa, fora excomungado pelo legítimo; pelo parentesco com o falecido rei D. Fernando que se dava pela linha feminina (as mães eram irmãs), o que pelo direito hispânico da época não dava direitos de sucessão.
- Aos infantes D. Dinis e D. João, filhos de el-rei D. Pedro I e de Inês de Castro, portanto meios irmãos de D. Fernando, não poderiam ter direito ao trono por serem ilegítimos, pois nunca se consumara o casamento de D. Pedro com Dona Inês de Castro; além desta circunstância, manifestaram-se e tomaram posições contra Portugal, aliando-se a Henrique II e a D. João I de Castela.
Por esta hábil e astuta estratégia, entendeu que deveria caber ao povo a escolha de um novo rei, enumerando as qualidades que deveria possuir, as quais, segundo se veio a provar, recaíram na pessoa do Mestre de Avis.
O novo rei D. João I, como reconhecimento e gratidão, concedeu-lhe muitas mercês, fazendo-o cavaleiro da sua casa; senhor das vilas de Castelo Rodrigo, Tarouca, Cascais e seu termo; do reguengo de Oeiras; das dizimas das sentenças condenatórias de Évora; da jurisdição da Lourinhã; das rendas da portagem de Beja e por fim nomeou-o Chanceler-mor do reino e seu especial Conselheiro.
Faleceu na cidade de Lisboa a 3 de Maio de 1404, sendo sepultado no Convento de S. Domingos.

FIM

Obra consultada – “O papel-moeda em Portugal” – Banco de Portugal. Trechos avulsos.
Óbidos, 21 de Junho de 2009.
Artigo 06
Centenário da Implantação da República (1910-2010)
Numária
O Papel-moeda
1910 – 2010


CINCO ESCUDOS

Frente

Verso

A efígie de Alexandre Herculano de Carvalho Araújo, vulgo Alexandre Herculano, é a escolhida para a primeira nota emitida na nova unidade monetária, no valor de cinco escudos, fazendo-se jus a uma personagem ímpar das letras do século XIX. Tal como outras notas de pequeno valor emitidas durante o conflito da 1ª. Guerra Mundial (1914-1918), também esta foi criada para minimizar os problemas ocorridos pela falta de moeda metálica.
As chapas utilizadas nestas notas foram gravadas pela Casa Bradbury, Wilkinson & Cº. Ltd., de Londres, assim como a sua estampagem, com excepção do retrato de Alexandre Herculano na face A, e da vinheta do verso com a Torre de Belém, que foram da autoria do gravador Armando Pedroso. A frente tem uma estampagem calcográfica, a violeta, sobre fundo tipográfico, azul e amarelo de linhas ondeadas. No verso todo o desenho a cor castanha de técnica calcográfica.
O papel é fabricado pelo papeleiro francês Perrigot-Masure, Papeteries d!Arches, tem como marca de água na parte inferior direita, uma cabeça de Minerva de perfil para o centro. Dimensões 146 x 95 mm. Foram emitidas 21 740 000 notas com as datas de 29-07-1913, 30-10-1914, 31-10-1916, 26-03-1918, 27-06-1919, 25-06-1920 e 01-02-1923. Primeira emissão foi em 10-04-1914 e a última em 22-08-1928. Retirada de circulação em 07-04-1931.
Curiosidade, esta nota de valor de 5$00, seria equivalente hoje a 0,025 cêntimos de euro.
Alexandre Herculano nasceu na cidade de Lisboa, em 28-03-1810, e veio a falecer em Santarém a 13-09-1877; oriundo de uma família modesta; a mãe era filha e neta de pedreiros da Casa Real, o pai era, funcionário da Junta de Juros. A sua infância e adolescência são profundamente marcadas pelos dramáticos acontecimentos da época; as invasões francesas, o domínio inglês, e de certo modo com os ideais liberais oriundos de França que nos conduziram à Revolução de 1820.
- Foi político, escritor, romancista, poeta, e um eminente historiador.
- Desde tenra idade até atingir os 15 anos de idade, frequentou o Colégio dos Padres Oratorianos de S. Filipe Nery, onde recebeu formação iminentemente clássica, com uns laivos aos novos ideais cientificos. Problemas familiares com o falecimento do pai, impediram-no de continuar os estudos superiores, ficando no entanto disponível para se debruçar na sua formação literária, estudando afincadamente as línguas, inglesa, francesa, italiana e alemã, as quais foram decisivas para a elaboração da sua grande obra literária.
- Em 21-08-1831, participa na revolta do Regimento nº. 4, de Infantaria de Lisboa, contra o governo ditatorial de D. Miguel, o qual fracassou, vindo a refugiar-se num navio francês atracado no rio Tejo, passando para Inglaterra e depois para França, indo juntar-se ao exército liberal de D. Pedro IV, no arquipélago dos Açores.
- Em 08-07-1832, fez parte da expedição comandada por D. Pedro IV; alistado como soldado do Regimento Voluntário da Rainha, conjuntamente com Almeida Garrett, é um dos 7.500 bravos do Mindelo, que desembarcaram perto desta localidade a fim de cercar a cidade do Porto.
- Pelo seu desempenho como notável soldado, foi designado por D. Pedro IV bibliotecário da Biblioteca do Porto.
- Foi convidado para dirigir a Revista Panorama de Lisboa de índole artística e científica pertencente à Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Úteis, patrocinada directamente pela Rainha D. Maria II, de que foi redactor entre 1837 a 1839.
- Em 1842 retomando o papel de redactor principal publica o livro “Eurico o Presbítero”, considerada uma das maiores obras do Romance Histórico do século XIX.
- No ano de 1846, edita o primeiro volume da História de Portugal, que o granjeia como o melhor português do século XIX. Esta obra não deixou de criar enorme polémica, especialmente nos conservadores mais acérrimos, encabeçados pelo clero, que, por entre outras coisas, não ter admitido como verdade histórica o célebre “Milagre de Ourique”, acabando por vir a terreiro na defesa da verdade cientifica da sua obra, desferindo muitos ataques e golpes sobre o clero, exprimidos nos opúsculos “Eu e o Clero e Solemnia Verba”.
- No ano de 1852, pelo prestígio enorme que a “História de Portugal” lhe granjeia, é nomeado sócio da Academia de Ciências de Lisboa, encarregando-o da recolha de documentação valiosa espalha por todo o país, durante os anos de 1853-1854.
- Foi deputado às Cortes e preceptor do futuro rei D. Pedro V; recusou fazer parte do Primeiro Governo da Regeneração, chefiado pelo Duque de Saldanha; recusou honrarias e condecorações.
- Casa em 1857 com D. Mariana Meira, retirando-se para a sua quinta em Vale de Lobos, onde aí se dedica à agricultura e a uma vida de recolhimento espiritual.
- Descrevem-se algumas das suas obras mais emblemáticas
- Na Poesia – A Voz do Profeta, A Harpa do Crente e Poesias dispersas.
- No Teatro – O Fronteiro de África ou três noites aziagas - Os infantes de Ceuta.
- No romance – O Pároco de Aldeia – O Galego.
- No romance histórico – O Bobo – Eurico, o Presbítero – O Monge de Cister – Lendas e Narrativas – O Alcaide de Santarém – Aras por Foro de Espanha – O Castelo de Faria – A Abóbada.
- Na História – História de Portugal: 1ª. época desde o inicio da monarquia até ao reinado de D. Afonso III – História das Origens e Estabelecimento da Inquisição em Portugal.
- Opúsculos, que integram num numeroso conjunto de trabalhos direccionados a questões públicas; controvérsias e estudos históricos e essencialmente literatura.

FIM

Obra consultada – “O papel-moeda em Portugal” – Banco de Portugal
Óbidos, 03 de Junho de 2009.
Artigo 05
Centenário da Implantação da República (1910-2010)
Numária
O Papel-moeda
1910 – 2010
Por: Luís Manuel Tudella


DOIS ESCUDOS E CINQUENTA CENTAVOS


É a segunda nota a ser emitida com o valor de Dois Escudos e Cinquenta Centavos, evocando a figura de José Xavier Mouzinho da Silveira, (1780-1849), estadista português do século XIX, uma das figuras marcantes da implantação do sistema constitucional.
Características:
Na frente é evocada a figura de Mouzinho da Silveira, num desenho estampado a azul, com o fundo a duas cores amarelo e laranja, sendo o verso estampado a laranja com ornatos de guilhoché. O trabalho foi efectuado pela firma inglesa Waterlow § Sons. Ltd. de Londres e o papel é de fabrico inglês encomendado pela casa estampadora, possuindo uma marca de água de leitura frontal com a legenda repetida Banco de Portugal, disposta na horizontal. Dimensões 130 x 73 mm. Foram emitidas 16 000 000 de notas, com as datas de 17-11-1922 e 18-11-1925. A primeira emissão, é de 27-07-1925, e a última de 05-05-1932. Foi retirada de circulação em 31-12-1933.
- Mouzinho da Silveira nasceu em Castelo de Vide, a 12-06-1780, e faleceu na cidade de Lisboa a 04-04-1849. Foi um eminente estadista, jurisconsulto e político de nomeada, considerado um das maiores personalidades da revolução liberal; operou profundas modificações na área da fiscalidade e da justiça com a sua obra de legislador.
- Nasce no seio de uma família de abastados proprietários rurais.
- Em 1796, parte para Coimbra, afim de frequentar os preparatórios no Curso de Leis.
- No ano de 1802, termina a sua formatura.
- Em finais de 1804 parte para Lisboa, onde continua a gerir bens de família deixados pela morte de seu pai.
- No ano de 1807, assiste à entrada das forças napoleónicas em Lisboa, comandadas por Junot.
- Toma posse de juiz de fora na vila de Marvão em 01-03-1809.
- Em 29-03-1813 é nomeado juiz de fora de Setúbal.
- Regressado a Lisboa, é nomeado Provedor de Portalegre, onde se manteve até 02-01-1821.
- Foi nomeado a 28-03-1823, Ministro da Fazenda.
- Na sequência da Abrilada é preso a 30-04-1824, sendo encarcerado no castelo de São Jorge, conjuntamente com outros políticos, sendo libertado em 14-05-1824.
- É elevado às honras de fidalgo cavaleiro da Casa Real, em 08-08-1825.
- É eleito deputado nas eleições de Outubro de 1826, pelo ciclo do Alentejo, integrando a Comissão da Câmara dos Deputados, centrando a actividade parlamentar na fiscalidade e gestão do património.
- No ano de 1828, pede licença para viajar, durante um ano, permanecendo em Paris até ao ano de 1832, onde desenvolveu estudos sobre fiscalidade.
- Foi nomeado em 07-02-1831, membro da comissão consultiva, que substitui o Conselho de Estado, junto da Regência em nome de D. Maria II.
- Pela sua experiência adquirida ao longo da sua vida como fiscalista, foi convocado em 07-03-1831, para fazer parte como membro da Comissão da Fazenda da Câmaras de Deputados, da comissão encarregue de angariar fundos e obter empréstimos para subsidiar a causa liberal.
- Foi convocado para acompanhar D. Pedro IV, nas suas campanhas pela implantação do Liberalismo, em 25-01-1832.
- Toma posse do cargo de Ministro e Secretário dos Negócios da Fazenda e interino dos Negócios Eclesiásticos e da Justiça.
- Acompanha o rei D. Pedro IV, aos Açores, em 23-04-1832, donde parte em 27 de Junho com a força expedicionária para o Mindelo. Enquanto nos Açores vê serem promulgados 24 decretos.
- Desembarca no Mindelo em 09-08-1832, seguindo para o Porto, onde é cercado pelas forças de D. Miguel; durante esse espaço de tempo que vive no Porto, prossegue a sua reforma, sendo publicados mais vinte decretos.
- É acusado pelos seus correligionários de ser austero, radical e insensato; estando em desacordo com o andamento das finanças, pede a demissão de todos os cargos, os quais são aceites e decretados por D. Pedro IV, em 03-12-1832. Neste espaço de tempo, (nove meses), deixou um legado de 44 decretos e duas portarias, que foram o sustentáculo das bases da fiscalidade moderna portuguesa, introduzindo ao mesmo tempo uma reforma profunda no sistema judiciário. Fundou o Supremo Tribunal de Justiça.
- Entre Dezembro de 1832 e 19 de Março de 1833, exila-se em França.
- Regressa a Portugal no ano de 1834 onde vem ocupar um lugar na Câmara de Deputados.
- No ano de 1836, recusa-se a jurar a Constituição de 1822, demitindo-se, tendo sido preso; após a sua libertação exila-se novamente em França.
- Volta a Portugal em 1839, entrando na Câmara de Deputados onde permanece até 1840.
- Perde as eleições por 2 votos no ano de 1842, quando se candidatou a deputado pelo Alentejo.
Foi um verdadeiro lutador; ministro, político (abraçando a causa liberal), reformista, deputado enérgico, legislador de nomeada, juiz, enfim um visionário, apesar das vicissitudes por que passou, desde a prisão e exílios a que foi forçado, até ao desempenho dos mais altos cargos governamentais.

F I M



Obra consultada – “O papel-moeda em Portugal” – Banco de Portugal
Óbidos, 01 de Junho de 2009.
Artigo 04
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária – O Papel-moeda

DOIS ESCUDOS E CINQUENTA CENTAVOS



Como se tem vindo a verificar com outros valores de pequena monta, a criação deste tipo de nota foi também ele motivado pela escassez de espécie metálica, que se fez sentir durante e após a I Guerra Mundial (1914-1918).
Características:
Na face da frente, sobre um fundo impresso tipograficamente em íris vertical, verde e lilás na parte central, esbatendo para verde e amarelo nos lados, vê-se estampado em tom escuro, o desenho principal, que é composto pela efígie de D. Nuno Álvares Pereira, o Santo Condestável (1360-1431), as legendas do Banco de Portugal, Dois Escudos e Cinquenta Centavos e ornatos de guilhoché em linha branca. O verso tem um fundo tipográfico, em gravura mecânica, impresso a vermelho ao centro e verde nos lados. Sobre este fundo vê-se estampado calcograficamente todo o desenho, a preto, que inclui a figura simbolizando a Geografia, legendas e ornatos de guilhoché em linha branca.
Mas quem foi esta ilustre personagem portuguesa do século XIV?
D. Nuno Álvares Pereira, nasceu em 24-06-1360, pensa-se que em Cernache do Bonjardim, e faleceu em Lisboa em 01-11-1431; filho de D. Álvares Gonçalves Pereira, prior da Ordem do Hospital, e de Íris Gonçalves. Casou no ano de 1376 com Leonor de Alvim.
Foi um notável estratega militar do século XIV, apoiando logo de inicio as pretensões do Mestre D. João de Avis, à coroa portuguesa, devido à crise que se instalou com a morte do rei D. Fernando I, em virtude de este não ter deixado filho varão. Esta crise provoca uma guerra com Castela, pela sucessão ao trono português (1383-1385), que teve como desenlace cinco batalhas, em que, D. Nuno Álvares Pereira, mostrou as suas capacidades inatas de combatente, de chefe e génio militar, em especial na célebre batalha de Aljubarrota, onde aplicando tácticas e técnicas de guerra, como a defesa em quadrado, lhe permitiu uma estrondosa vitória sobre o inimigo, este, em muito maior número, permitindo assim, o fim do conflito com Castela, e por conseguinte a perda definitiva desta, ao direito à coroa portuguesa. O nome das batalhas por ordem cronológica, formam a palavra ATAV, fácil de memorizar: A- Atoleiros; T- Trancoso; A- Aljubarrota e V- Valverde. Da sua descendência com D. Leonor de Alvim, advieram três filhos, destacando-se Dona Beatriz Pereira de Alvim, que casou com D. Afonso, primeiro Duque de Bragança, que deu origem à Casa de Bragança, que viria a governar Portugal passados que foram três séculos. No ano de 1423, após a morte de sua mulher, ingressa no Convento do Carmo, tornando-se carmelita, adoptando o nome de Irmão Nuno de Santa Maria, aí vivendo até à sua morte, a qual ocorreu no ano de 1431.
Foi beatificado em 23-01-1918, pelo Papa Bento XV, e canonizado, em 26-04-2009, pelo Papa Bento XVI; A curiosidade a reter consiste na coincidência do nome dos papas, nos actos de beatificação e de canonização, passados que foram mais de 90 anos.
Os preparativos da estampagem das notas foram da execução da firma inglesa Bradbury, Wilkinson & Co. Ltd, de Londres, excepto a gravura de D. Nuno Álvares Pereira, que foi fornecida pelo Banco, o papel é do fabrico dos papeleiros franceses Société Anonyme des Papeteries du Marais et de Sainte-Marie, que apresenta como marca de água, à esquerda, uma cabeça alegórica de perfil para o centro. Dimensão da nota de 135x90 mm. Emissão de 10.860.000 notas datadas de 10-07-1920 e 03-02-1922. A primeira emissão de, 22 de Dezembro de 1920, e a última de, 24 de Agôsto de 1923. Retirada de circulação, em 24 de Junho de 1929.
A título de curiosidade esta nota de 2$50 (Dois Escudos e Cinquenta Centavos), seria equivalente a uma moeda de a 1,25 cêntimos de euro.
Uma outra curiosidade, que poderemos ter em relação aos últimos sistemas monetários e às suas equivalências:
O euro como moeda fiduciária entrou em circulação, em 01-01-2002:
O escudo entrou em circulação após a Implantação da República (05-10-1910), com a criação do decreto que o criou, em 22-05-1911; coabitou conjuntamente com as moedas e notas de reis, durante cerca de 30 anos, finalizando o seu ciclo em 28-02-2002, as moedas; as notas em 31-12-2002, o que corresponde a uma coabitação de 58 dias para as moedas e 365 dias para as notas, com as moedas e notas de euro.
- 1 Euro = 200,418 escudos = 200.418,000 reis.


F I M

Obra consultada – “O papel – Moeda em Portugal”, do Banco de Portugal.
Óbidos, 19 de Maio de 2009.

Artigo 04 - Centenário da Implantação da República


Artigo 04
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária – O Papel-moeda (1910-2010)

terça-feira, 30 de junho de 2009

Artigo 03 - Centenário da Implantação da República - (1910-2010) - Numária - O Papel-moeda

Um Escudo


Tal como o determinado com a emissão da nota de 50 Centavos, também esta nota de 1 Escudo surgiu como que reforço de uma outra de 1000 reis de prata, que tinha sido emitida uns meses atràs, para minorar a falta de moeda metálica que se fez sentir durante a 1ª. Guerra Mundial.
Conforme determinado pela Administração do Banco de Portugal, datado de 10-05-1918, fez saber que para auxiliar a circulação das suas notas e satisfazer as necessidades prementes do comércio, resolveu emitir esta nova de 1 Escudo para circular conjuntamente com as notas de 1000 reis em circulação.
Características:
Na frente apresenta-nos uma figura que simboliza a Literatura, sobre um fundo policromo em íris, composto por linhas ondulantes cruzadas, um ornato central com cores sobrepostas, e um ponteado irisado, estampados com técnica calcográfica.
O verso também com uma estampagem calcográfica, a sépia, que engloba uma figura que simboliza a Poesia, o fundo em íris de castanho claro esbatendo em cor violeta, possui também um espaço ocupado pela marca de água com um ponteado com as mesmas cores.
Depreendemos de que estamos perante um trabalho efectuado por extraordinários gravadores, de elevada técnica e belíssimos designs, patenteando um minucioso e esmerado trabalho.
A estampagem foi efectuada pela firma Bradbury, Wilkinson & Co Ltd. de Londres. O papel fabricado pela Société Anonyme des Papeteries du Marais et de Sainte-Marie. A dimensão da nota é de 125x82 mm. A emissão foi de 32.480.000 notas datadas de 07-09-1917, 29-11-1918 e 25-06-1920. A primeira emissão, é de 26 de Abril de 1918, e a última de 24 de Janeiro de 1929. Foi retirada de circulação, em 30 de Janeiro de 1929, conjuntamente com as notas de 1000 reis.
A título de curiosidade esta nota de 1$00 (1 Escudo), seria equivalente à moeda de hoje, a ½ cêntimo de euro.
Obra consultada – “O Papel-Moeda em Portugal”, autor e editor Banco de Portugal.
Óbidos – 14 de Maio de 2009.

















terça-feira, 2 de junho de 2009

Artigo 02 - Centenário da Implantação da República (1910-2010) - Numária - O papel-moeda

Por: Luís Manuel Tudella

Cinquenta centavos

O Banco de Portugal, determinou que para fazer face à circulação das suas notas, e satisfazer as necessidades comerciais, emitir notas de 50 Centavos, Prata, para circularem em conjunto com as de 500 Reis, Prata. Esta emissão vem colmatar a falta de moeda metálica, que durante a 1ª. Guerra Mundial, se fez sentir, pois este conflito foi um absorvente de todo o género de metais para a fabricação de material de guerra.
Na face A, apresenta-nos uma figura simbolizando a Navegação. O fundo é constituído
por linhas ondulantes paralelas de 2 cores, um ponteado na zona da marca de água, também bicolor, e um ornato central policromo.
No verso apresenta-nos uma figura simbólica da Justiça, e um grande ornato de guilhoché em linha branca estampados a preto. O fundo do verso, impresso tipograficamente em íris laranja e verde, tem o espaço ocupado pela marca de água.
Como podemos depreender, apesar de se tratar de uma nota de pequeno valor, está patenteado um esmerado estudo e apuro técnico.
Trabalhado executado pela casa Bradbury, Wilkinson & Cº. Ltd., de Londres. Papel fabricado por Pierrigot-Masure, Papeteries d’ Arches (Vosges). Dimensão da nota 121 x 75 mm. Emissão de 51 640 000 notas com as datas de 5 de Julho de 1918 e 25 de Junho de 1920. A primeira emissão foi a 24 de Dezembro de 1918, e a última emissão a 24 de Janeiro de 1929. Foi retirada de circulação em 5 de Fevereiro de 1930.
A título de curiosidade esta nota de $50 seria equivalente a uma moeda de valor de ¼ de cêntimo de euro.

Obra consultada – “O Papel - Moeda em Portugal” do Banco de Portugal.
Óbidos – 27 de Abril de 2009. Publicado no Jornal das Caldas em 27-05-2009

terça-feira, 19 de maio de 2009

Artigo 01 - Centenário da Implantação da República (1910-2010) - Numária - O Papel-moeda 1910 – 2010

Quando em 05-10-1910, foi implantado o novo regime “ A República”, das várias divisas que a caracterizaram foi a criação de: “Uma nova bandeira; Um novo hino; e Uma nova moeda”. É precisamente neste último lema que me irei debruçar ao longo de algum tempo, mais concretamente na vertente do papel – moeda.
Está em marcha um grande plano e envolvimento a nível nacional, para se proceder às Comemorações do Centenário da Implantação da República, sendo aceite pela comissão que entretanto foi criada, ideias, pareceres, documentação, fotografias, objectos, com o fim de dar a conhecer a todos, e a nível nacional, o ideal republicano, conjuntamente com os momentos menos agradáveis porque passou, principalmente desde o seu inicio, com o seu principal inimigo “a monarquia”, aliada ou não, a fazer jus à sua restauração, tentando derrubá-la através de diversos golpes de Estado, sem contudo o conseguir.
O ano que se aproxima vai ser um ano dedicado em especial ao Centenário da Implantação da República, com todas as suas virtudes e contra censos, vindo a ser conhecidos pormenores e episódios que pouca ou nenhuma divulgação foi dada ao povo, e que nos ajudará a ajuizar melhor o quão foram tão conturbados esses primeiros anos.
Mas o que é o papel-moeda, vulgo, notas de banco? É simplesmente o papel representativo de um determinado valor, emitido por um banco emissor, devidamente autorizado a fazê-lo, “Banco de Portugal”, entre nós, Banco Central Europeu, a nível europeu, destinado a substituir a moeda metálica ou a criar novo papel, de valor mais elevado.
- As primeiras notas bancárias europeias, foram criadas pelo Banco de Estocolmo no ano de 1661.
- No reinado de D. Pedro II, surgiu a primeira utilização de papel como forma de dinheiro, (recibos e escritos da Casa da Moeda).
- No reinado de D. José, o Marquês de Pombal, grande criador das grandes Companhias, como a de Pernambuco e Paraíba, fez circular as acções como papel-moeda, e depois também as apólices de baixo valor.
- As primeiras notas emitidas e a circular em Portugal, foram as notas do Banco de Lisboa, no ano de 1822.
- Após a fusão do Banco de Lisboa com a Companhia Confiança Nacional, no ano de 1846, criou-se o Banco de Portugal, com poderes de emissão de papel-moeda, que emitiu as suas primeiras notas no ano de 1847.
- Após a Implantação da República (05-10-1910), entendeu-se reformular de vez o velho sistema monetário, pois não só apresentava grandes defeitos, como também se aproveitava para dar uma nova imagem à República, a exemplo da Nova bandeira e do Novo hino nacional.
- No ano de 1911, é criado o Decreto Fundador do Escudo Republicano, datado de 22-05-1911, que nos diz o seguinte:
“Com este decreto foi adoptada como nova unidade monetária “O Escudo” de ouro, moeda que conterá o mesmo peso de ouro fino que a moeda de 1 000 reis em ouro.
O escudo divide-se em 100 partes iguais, denominadas centavos, correspondendo assim, 1 centavo a 10 reis.
Como múltiplos do escudo, serão cunhadas moedas de 2, 5 e 10 escudos, as quais equivalerão às moedas de 2 000, 5 000 e 10 000 reis; como submúltiplos, as moedas de prata de valor legal de 50, 20 e 10 centavos, corresponderão às moedas de 500, 200 e 100 reis; como moedas subsidiárias de bronze níquel, de valor legal de 4, 2, 1 e 0,5 centavos, correspondem as moedas de 30, 20, 10 e 5 reis.
Sem dúvida que as notas foram e são actualmente um veículo de transmissão cultural, pois nelas vimos inseridos, as personagens mais relevantes do nosso país, os nossos melhores monumentos, dos mais diversos estilos e épocas, os momentos mais relevantes da nossa tão rica e longa história, encontrando-se aí retratados e perpetuados, para que as futuras gerações se possam orgulhar dos seus antepassados.
Estas notas dão-nos a conhecer a minuciosidade e belo trabalho dos gravadores portugueses, em especial nas notas confeccionadas nos primeiros anos da República.

A primeira nota emitida e a circular foi a de 5$00, com a efígie de Alexandre Herculano, cuja primeira emissão, foi em 29-07-1913.


Os trabalhos posteriores, englobarão reproduções das notas, explicações técnicas, dimensões da nota, emissões e retirada de circulação e explicações sobre o tema inserido.
Neste trabalhado vamos optar pelo valor crescente e por ordem cronológica das notas.
Obra consultada – “O Papel - Moeda em Portugal” do Banco de Portugal.
Óbidos – 27 de Março de 2009.
Publicado no Jornal das Caldas, em 13-05-2009 – Opinião.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Moeda de Ouro de Kustav Klimt


Coleccionismo
Numismática
Por: Luís Manuel Tudella


Moeda de Ouro
Kustav Klimt












Se há países que viveram uma época de ouro, e que foi marcante para o resto das nações europeias, esse foi sem dúvida a Áustria, criando grandes génios, nas artes, na música, na escultura, na pintura e constituindo estilos e escolas que se notabilizaram por toda a Europa. A Áustria é um dos países que restam do grandioso Império Austro – Húngaro, atingindo o seu apogeu nos séculos, XVII, XVIII, XIX e inicio do século XX, extinguindo-se, após o fim do maior conflito que existiu até então, na Europa, a 1ª. Guerra Mundial (1914-1918).
De entre os génios que este país produziu na vertente de pintura, recaí um acolhimento muito especial em Kustav Klimt, que no meu entender, foi aquele que melhor se debruçou sobre a condição da mulher, pintando-a em todos os seus estádios, desde a mais tenra idade até à velhice.
Foi um exímio artista retratando nus, tanto masculinos, mas em especial femininos.
Era um dos artistas mais importantes do seu tempo, sendo possuidor de uma personalidade, carismática e dominante, incutindo-a nas suas obras.
Era um artista que teve forte influência nos assuntos culturais e monárquicos.
A casa da moeda austríaca, tem-se imposto a nível internacional com a qualidade dos seus gravadores, sendo o seu trabalho de exigência, de elevado nível de execução das suas obras, que nos surpreendem com as magnificas reproduções dos mais belos quadros, e outros temas, com um rigor inigualável, tornando-se seu apanágio.
Kustav Klimt, sendo um dos grandes pintores do fim do século XIX e inicio do século XX, viu uma das suas obras mais emblemáticas escolhida para ser evocada e perpetuada na numismática; o célebre quadro a óleo sobre tela “O Beijo”, obra pintada entre os anos de 1907-1908, considerada por todos como a mais famosa e a mais difundida graças a um elevado número de reproduções de diversas formas. Este quadro foi executado na fase designada por dourada, porque nessa época o artista utilizou as cores douradas e a verdadeira folha de ouro.
Mas quem foi afinal Gustav Klimt?, as escolas que frequentou, os trabalhos que efectuou, as exposições que executou, os prémios que ganhou, enfim… tudo aquilo que fez, para se tornar num dos grandes artistas do fim do século, sendo cobiçado pela alta aristocracia de diversos países para a execução de trabalhos de relevo???
Biografia de Gustav Klimt.
- Nasceu em 14 de Julho de 1862, em Baumgarten, próximo de Viena, filho de Ernst Klimt e de Anna Klimt, ele gravador de profissão. Era o segundo dos sete filhos do casal.
- Ingressa no ano de 1876, na Escola das Artes Decorativas do Museu Austríaco Imperial e Real de Arte e Indústria de Viena, onde frequenta aulas de pintura.
- No ano de 1879, inicia com a colaboração do seu irmão Ernst e colega Franz, os trabalhos de esgrafito para o Museu da História de Arte de Viena.
- Termina os seus estudos de formação das Artes Decorativas em Viena no ano de 1883. Cria um atelier conjuntamente com o irmão e o colega Franz, a que lhe chamam “Companhia dos Artista”.
-Entre 1883 e 1885, aceitam e executam trabalhos de decoração no Teatro Municipal de Fiume, na ex - Jugoslávia.
- No ano de 1886, inicia os trabalhos de decoração nas escadarias do Teatro Imperial.
- Em 1887, é contratado pela Câmara Municipal de Viena para pintar uma vista interior do antigo Teatro Imperial.
- Nos anos de 1888 e 1889, viaja para Cracóvia, Trieste, Veneza e Munique, onde contacta com obras renascentistas e com diversos artistas de diversas escolas e estilos.
- No ano de 1890, recebe o primeiro Prémio Imperador, pelo quadro “Sala dos Espectadores”, guache sobre papel, do antigo Teatro Imperial.
- Em 1891 adere à Cooperativa dos Artistas das Artes Decorativas de Viena, sendo proposto para o cargo de professor na Academia, mas não foi nomeado.
Conjuntamente com o seu irmão Ernst e o seu colega Franz, são agraciados com “o mais alto reconhecimento”, pelos trabalhos de decoração do Museu da História de Arte.
- No ano de 1892, sofre um choque enorme com as mortes do seu pai e do seu irmão e companheiro de trabalho Ernst.
- Em 1893, torna a viajar, desta vez para a Hungria onde pinta aí o Teatro de Totis, contratado pelo príncipe Esterhazy.
- Em 1894, ele o seu colega Matsch, são contratados pelo ministro da Educação para realizarem o trabalho “ Os Quadros das Faculdades”.
- No ano de 1897, abandona a Cooperativa dos Artistas das Artes Decorativas de Viena. É criada a Fundação da Secessão vienense por Joseph Maria Olbrich, Josef Hoffmann e Gustav Klimt, o qual é nomeado o seu primeiro presidente.
Pinta os primeiros quadros paisagísticos e trabalha nos “Quadros das Faculdades”
- No ano de 1898, é feita a primeira exposição da Secessão. É fundada a revista da Secessão “Ver Sacrum”. Após diversos diálogos e disputas acérrimas, celebre finalmente o contrato para Os Quadros das Faculdades. É inaugurado o pavilhão de exposições da Secessão. Gustav Klimt é aceite na International Society of Painters, Sculptors and Engraves de Londres, e como membro correspondente da Secessão em Munique, que lhe granjeiam enorme prestigio. Foi um ano muito enriquecedor para Klimt, pois viu o reconhecimento internacional dos seus trabalhos.
- No ano de 1899 finaliza os trabalhos de decoração para o salão da música do Palácio Dumba.
- Em 1900, expõe na Casa da Secessão, quadros paisagísticos e expõe também a inacabada “A Filosofia”, os quais são alvo de fortes críticas e protestos.
Na exposição Universal de Paris, recebe a Medalha de Ouro por este quadro.
Torna-se membro da Secessão de Berlim.
- No ano de 1902, expõe sobre Beethoven na Secessão com o trabalho “O Friso de Beethoven”. A Colecção Gráfica de Albertina, em Viena, adquire os primeiros desenhos.
- Em 1903, conjuntamente com outros, expõe 80 obras suas no Pavilhão da Secessão em Viena.
Viagem para Ravena e Florença. Continua com os trabalhos de Os Quadros das Faculdades, executando profundas alterações.
- No ano de 1904 é contratado para executar os projectos de O Friso de Stoclet em Bruxelas. Participa em exposições nas cidades de Dresden e Munique.
- Em 1905, saída do grupo Klimt da Secessão. Viagem para Berlim onde expõe 15 quadros na Exposição da Aliança dos Artistas Alemães, sendo galardoado com o “Prémio Villa Romana”.
- No ano de 1907, acaba o trabalho “Os Quadros das Faculdades”, expondo-os em Viena e Berlim. São publicados os primeiros desenhos eróticos.
- No ano de 1908, é o ano da sua glorificação com mostra de Arte de Viena, numa grande exposição, onde estão incluídas todas as áreas artísticas; com 16 quadros de Klimt, sendo um deles o celebre “O Beijo” e “As três Idades da Vida”, recebendo por estes quadros a Medalha de Ouro. Viagem para Munique.
- No ano de 1909, participa na Mostra de Arte Internacional de Viena. Participa na Exposição Internacional de Arte da Secessão de Berlim.
Viaja para Praga, Paris e Espanha. É o fim do Período Dourado.
- Em 1911 participa na Exposição Internacional de Arte de Roma, onde recebe o 1º. Prémio pelo quadro Morte e Vida, um óleo sobre tela, o qual representa a evolução do homem desde o seu nascimento até à sua morte. Viaja para Roma e Florença.
- No ano de 1912 é nomeado presidente da Aliança dos Artistas Austríacos. Participação na exposição de Dresden.
- No ano de 1913, vamos assistir a uma nova faceta de Klimt, depois de expor em Munique, Budapeste e Mannheim, vai passar o verão nas margens do lago de Garda em Itália, onde se dedica à pintura paisagística.
- No ano de 1917 é membro honorário da Academia das Artes Decorativas de Viena.
- A 11 de Janeiro de 1918, sofre um ataque cerebral na sua residência de Viena, vindo a falecer no dia 6 de Fevereiro desse ano, deixando um sem número de obras incompletas.
Pelo que atrás se expõe, pode-se deduzir que teve uma vida muito rica e cheia de actividades; exposições, onde ganhou diversos prémios de elevado prestigio, exposições colectivas com os expoentes máximos da pintura da Europa de então, presidente e professor de Academias de Arte, e Cooperativas de Artistas de Artes Decorativas, fundador e simultaneamente Presidente da Fundação da Secessão Vienense, foi um apaixonado por viagens, percorrendo as cidades culturais mais em voga de então, e vivências com a mais alta aristocracia europeia.
A moeda alusiva à sua tela “O Beijo” tem as seguintes características:
No anverso, apresenta-nos ao centro a figura estilizada de Gustav Klimt, no seu atelier, com um trajo exótico, de bata até aos pés, ladeado entre dois cavaletes, apreciando um dos trabalhos. Por baixo do cavalete que se encontra nas suas costas, está inserido o valor facial da moeda de 100 Euro, ladeado da esquerda para a direita a legenda Republic Österreich, e na parte oposta a legenda Gustav Klimt e a era 1862 – 1918. Esta face está muito bem conseguida, ocupando o seu campo equitativamente, com simples traços clássicos dando-nos a compreender na perfeição, aquilo que o artista nos quis transmitir.
No reverso, apresenta-nos uma estilização do célebre quadro “O Beijo”, onde de fácil leitura, se pode ver o corpo feminino da mulher enlaçado pelos braços do homem, com a cabeça debruçada sobre o ombro, onde as mãos dele afagam a face docilmente e se debruça sobre o seu corpo dando-lhe um beijo na face.
O impacto que nos transmite a imagem, é de uma qualidade enorme, realçando o fervor e a intensidade com que os amantes se beijam.
De linhas clássicas pouco vincadas no seu conjunto, surte um efeito muito equilibrado e de uma riqueza enorme, pois abarca todo o campo da moeda na sua amplitude.
Estamos perante uma moeda de exímio trabalho, realçando a sua beleza e elegância, que foi objecto de enorme procura entre os numismatas, e não só, aquando da sua emissão, e que se tem vindo a valorizar pela procura de que tem sido alvo, ao longo dos anos.
Foram cunhadas 30.000 moedas, em ouro, com a permilagem de 986/1000, de 16 grs. de peso, 30 mm de diâmetro, de autoria de H.Wähner.






















O quadro “O Beijo” Gustav Klimt

Biografia consultada: Livro de Klimt da autoria de Gottfried Fliedl,.


Fevereiro de 2009.