quarta-feira, 5 de agosto de 2015

 
Numismática

MOEDAS PORTUGUESAS COMEMORATIVAS DO EURO

63ª. Moeda
100 Anos da Universidade de Lisboa
        2,5 Euro              
Características da moeda
Anv: Apresenta no centro do campo a representação de uma embarcação símbolo da Universidade de Lisboa e as armas nacionais assentes na esfera armilar. Por baixo, e em duas linhas, a designação de 2,5 Euro. Junto à orla superior, a legenda "República Portuguesa".

Rev: Apresenta no campo central uma embarcação com as suas quatro velas infladas, ladeadas por dois corvos, assim como a representação de um capitel, sugerindo a acção civilizadora das Universidades, fazendo referência ao humanismo. Por baixo, e em duas linhas, a legenda "Centenário da Universidade de Lisboa 1911-2011".
Autor: Ana Gorgulho.
Moedas de acabamento normal:
Valor facial 2,5 Euro; CN; Dia. 28 mm; Peso 10 g; Bordo serrilhado. Cunhagem 100.000 exemplares.
Moedas de Prata proof:
Valor facial 2,5 Euro; Ag: 925/100 de toque; Dia. 28 mm; Peso 12 g; Bordo serrilhado. Cunhagem de 5.000 exemplares.
 PRIMEIRA PARTE
 
Historial
A Universidade de Lisboa, a maior universidade do país no que se refere ao número de alunos,  resulta da fusão da antiga Universidade de Lisboa, criada por decreto de 22 de Março de 1911, com a Universidade Técnica de Lisboa, criada por decreto de 2 de Dezembro de 1930 , passando também a englobar o Estádio Universitário de Lisboa (até então uma estrutura na dependência directa do Ministério da Educação e Ciência).
A fusão foi aprovada pelo Decreto-Lei n.º 266-E/2012, de 31 de Dezembro de 2012, tendo sido concretizada com a tomada de posse do primeiro reitor, António Cruz Serra.
A primeira universidade portuguesa viria a ser criada em Lisboa, na data compreendida entre 1288 e 1290, quando D. Dinis promulgou a carta (datada de 1 de Março desse ano), conferindo vários privilégios aos estudantes do Estudo Geral de Lisboa, o que prova que nessa data já estava fundado. Desde logo, houve uma participação activa nesta acção educativa da Coroa portuguesa e do seu rei, através do seu compromisso de parte do subsídio da mesma, pelas rendas fixas da Igreja.
O Papa Nicolau IV reconheceu-a pouco depois, em 9 de Agosto desse mesmo ano através da bula “De statu regni Portugaliae”, com as Faculdades de Artes, Direito Canónico (Cânones), Direito Civil (Leis) e Medicina. Nesta primeira fase da sua existência, a universidade localizava-se no Campo da Pedreira, uma zona no arrabalde ocidental da cidade, entre aquilo que é hoje a Rua Garrett e o Convento da Trindade.
Ao longo do século XIV, a universidade portuguesa conheceu uma grande instabilidade, tendo por diversos motivos sido transferida, várias vezes, de Lisboa para Coimbra e vice-versa. Assim, no ano de 1308 foi transferida para Coimbra. Em 1328 voltou para Lisboa, sendo novamente transferida para Coimbra no ano de 1354. Em 1377 regressou a Lisboa, e finalmente, no de 1537, instalou-se definitivamente em Coimbra.
Durante os 160 anos em que a Universidade se manteve em Lisboa, entre os séculos XIV e XVI, distinguiram-se, entre os seus alunos e professores, importantes nomes da ciência, como Garcia de Orta ou Pedro Nunes, vultos das letras, como André de Resende ou Baltasar Limpo, ou homens da administração, como João Fernandes da Silveira, o 1.º Barão de Alvito.
Um dos protectores da Universidade foi o Infante D. Henrique que lhe concedeu várias casas no ano de 1431. As fundações deste novo edifício da universidade encontram-se num local hoje denominado como Pátio dos Quintalinhos, fazendo-se a entrada pelo n.º 3 da Rua da Escolas Gerais, em Alfama, na antiga freguesia de São Tomé, hoje integrada na de São Vicente.
Datam dessa época as mais antigas referências a estudos de Astronomia na universidade portuguesa, apoiados na Aritmética e Geometria como ferramentas imprescindíveis para os estudos náuticos.
Na década de 1530, apesar da oposição generalizada dos seus membros, D. João III refundou a Universidade em Coimbra, onde ficou instalada, durante perto de três séculos, a única universidade pública portuguesa (entre 1559 e 1759, quando os Jesuítas detiveram o monopólio do ensino na Universidade de Évora).
No ano de 1759, o Marquês de Pombal criou a Aula do Comércio, a mais antiga antecessora do actual Instituto Superior de Economia e Gestão e, no ano de 1781, foi criada a Aula Régia do Desenho e da Figura, primeira antecessora directa das Faculdades de Arquitectura e de Belas-Artes.
No ano de 1825, foi criada a Régia Escola de Cirurgia  instalada no Hospital de São José (a qual esteve na origem da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, criada em 1836 e da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, fundada em 1911). No ano de 1830, foi criada  a Real Escola Veterinária, que deu origem ao Instituto de Agronomia e Veterinária no ano de 1886 e à Escola Superior de Medicina Veterinária  e do Instituto Superior de Agronomia,  ambos no ano de 1911.
(Continua na próxima semana)
Fontes: https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_de_Lisboa: I.N.C.M. e colecção particular do autor.
FIM


quinta-feira, 23 de julho de 2015

 
Numismática

MOEDAS PORTUGUESAS COMEMORATIVAS DO EURO

62ª. Moeda
Património da Humanidade
Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico
         2,50 Euro               
Características da moeda
Anv: Apresenta no centro do campo uma vide emergindo das paredes vulcânicas; sobre o lado direito apresenta o valor facial da moeda em duas linhas "2,50 euro", no lado oposto figuram as armas nacionais assentes na esfera armilar e, em toda a orla superior, a legenda "República Portuguesa - 2011".
Rev: Apresenta no campo central como elemento de fundo, o cone vulcânico da ilha do Pico, parcialmente coberto por uma nuvem, mais abaixo figura um conjunto de "Curraletas", do qual ressalta uma folha de vide. Na orla do lado direito figura a designação "Unesco" e na restante orla, a envolver a moeda, a legenda "Açores" e o logótipo do Património Mundial - seguida da legenda "Vinhas da Ilha do Pico".
 Autor: Paula Lourenço.
Moedas com acabamento normal:
Valor facial 2,50 Euro; CN; Dia. 28 mm; Peso 10 g; Bordo serrilhado. Cunhagem 100.000 exemplares.
Moedas de Prata proof:
Valor facial 2,50 Euro; Ag: 925/1000 de toque; Dia. 28 mm; Peso 12 g; Bordo serrilhado. Cunhagem de 3.000 exemplares.
 
A Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico é um sítio classificado pela UNESCO desde 2004, compreendendo uma área de 987 hectares na ilha do Pico, a segunda maior do arquipélago dos Açores.
A zona classificada inclui um notável padrão de muros lineares paralelos e perpendiculares à linha de costa rochosa, onde as vinhas são cultivadas em chão de lava negra.
A cultura da vinha na Ilha do Pico começou no final do séc. XV, quando se iniciou o povoamento da ilha. Graças ao solo vulcânico, rico em nutrientes, ao micro clima seco e quente das encostas protegidas do vento por muros de pedra áspera e escura e aquecidas pelos raios do sol, as vinhas, da casta verdelho, conseguiram aqui condições excepcionais de maturação. Mais tarde, o vinho foi exportado para muitos países da Europa e América e chegou até a mesa da corte russa. As vinhas, que marcam a paisagem da ilha, produzem ainda um fresco vinho frutado, seco e leve, que é o aconselhado a acompanhar pratos de marisco ou peixe e também o vinho de cheiro, cuja presença é obrigatória nas mesas em dias de festa.
Os muros foram construídos para protecção dos milhares de pequenos e contíguos lotes rectangulares (designados currais ou curraletas) da resalga proveniente da água do mar e do vento marítimo, mas deixando entrar o sol necessário à maturação das uvas.
A diversidade da fauna e da flora aqui presente está directamente associada a uma rica presença de espécies endémicas das florestas de Laurissilva características da Macaronésia, algumas muito raras e protegidas por lei, como é o caso da Myrica faya, frequentemente utilizada para fazer abrigos.
Registos desta vinicultura, cujas origens datam do século XV, manifestam-se na extraordinária colecção existente em casas particulares, solares do início do século XIX, adegas, igrejas e portos. A belíssima paisagem construída pelo homem neste local é remanescente de uma prática antiga, muito mais vasta na região açoriana.
Após a sua classificação pelas UNESCO, o Governo Regional dos Açores procedeu à criação do Gabinete Técnico da Paisagem Protegida de Interesse Regional da Cultura da Vinha da Ilha do Pico.

Área Protegida da Cultura da Vinha

Dada a sua distribuição geográfica ao longo do litoral da ilha, estes campos de vinha foram divididos da seguinte forma:
 
Fontes
1 - https://pt.wikipedia.org/.../Paisagem_da_Cultura_da_Vinha_da_Ilha_do...;
2 - Imprensa Nacional Casa da moeda;
3- Colecção particular do autor.
Publicado no Jornal das Caldas de 22 de Julho de 2015 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


sábado, 18 de julho de 2015

 
Numismática

Moedas Portuguesas Comemorativas do Euro

 
61ª. Moeda
100º. Aniversário do Instituto dos Pupilos do Exército
        2,5 Euro               
Características da moeda

Anv: Apresenta, na orla da esquerda, a legenda “100º Aniversário do Instituto dos Pupilos do Exército”,  o escudo das armas portuguesas assente na esfera armilar, o valor facial da moeda em duas linhas "2,5 Euro" e a ponta de uma espada que separa o escudo das armas portuguesas do valor facial da moeda.
Rev: Apresenta no campo central os dois elementos que simbolizam esta instituição militar, a barretina e a espada, na orla esquerda a legenda  “Querer é poder” e na orla da direita a  legenda “Portugal - 2011".
 
Autor: José Viriato.
Valor facial: 2,50 Euro.
Moedas em cuproníquel com acabamento normal:
Valor facial 2,50 Euro; CN; Dia. 28 mm; Peso 10 g; Bordo serrilhado. Cunhagem 100 000 exemplares.
Moedas de Prata proof:
Valor facial 2,50 Euro; Ag. 925/1000 de toque; Dia. 28 mm; Peso 12 g; Bordo serrilhado. Cunhagem de 3000 exemplares.


O Instituto dos Pupilos do Exército foi criado em Maio de 1911 e, ao longo dos seus 100 anos de existência, tem acompanhado a história e a evolução do ensino em Portugal enquanto instituição dedicada a formar cidadãos, tanto física como intelectualmente, de acordo com a sua divisa - “Querer é Poder”.
 O Instituto dos Pupilos do Exército (IPE)  é um estabelecimento militar de ensino em que é ministrado o Ensino Básico (2.º e 3.º ciclos) e o Ensino Secundário, a par de actividades militares, físicas e culturais. Funciona em regime de:
1 - Internato (Apenas para os jovens do sexo masculino);
2 - Externato.
Embora integrado na tutela do Exército Português, os seus Cursos são, para todos os efeitos, considerados equivalentes aos Cursos correspondentes do ensino oficial do Ministério da Educação.
O IPE é, a par do Colégio Militar e do Instituto de Odivelas, uma das três escolas dependentes do Exército, e é frequentado por alunas e alunos filhos de profissionais da classe militar bem como de civis.
Os alunos do IPE são conhecidos por "Pilões" e usam um uniforme cerimonial de cor azul, com um vistoso penacho branco na barretina. O Lema do IPE é "Querer é Poder" e tem como patrono D. João de Castro. Os símbolos do IPE são o Brasão de Armas e a "Barretina".
Os antecedentes do IMPE remontam a 1911, quando, por Decreto-Lei de 25 de Maio e por inspiração do General António Xavier Correia Barreto, ao tempo Ministro da Guerra, foi criado o Instituto Profissional dos Pupilos do Exército de Terra e Mar. Desde 1911 até hoje, os planos de estudos sofreram sucessivas reformas, ditadas pela necessidade de acompanhar, internamente, a evolução geral do ensino em Portugal. Tais reformas, porém, sempre tiveram presentes quatro aspectos característicos deste Instituto, dignos de relevo:
1 - A coexistência de vários cursos e de diferentes níveis de ensino;
2 - A equiparação, para todos os efeitos, dos cursos ministrados aos correspondentes cursos dos estabelecimentos civis de ensino;
3 - A instrução militar, ministrada em função da idade e/ou preparação académica;
4 - O papel importante da educação física no desenvolvimento global dos alunos.
O IPE lecciona cursos dos 2.º e 3.º Ciclos do Ensino Básico. Existem ainda Cursos de Ensino Profissional de Nível 5 em Técnico de Gestão, e em Técnico de Manutenção Industrial (nas vertentes de Mecânica e Electromecânica), assim como Cursos de Educação e Formação de Adultos.
 
Fontes: www.exercito.pt/Noticias/Paginas/comemoraçõesdoipe;I.N.C.M.; e colecção paerticular do autor.
F I M
Publicado no Jornal das Caldas em 15-07-2015


quinta-feira, 9 de julho de 2015

 
 
Numismática
Moedas Comemorativas do Euro
  60ª. Moeda
Exploradores Europeus
“Capelo e Ivens”
          2,50 Euro               
 Características da moeda


Anv: Apresenta sobre o lado direito da moeda ramos de uma árvore africana, o embondeiro, acompanhados por baixo deste símbolos etnográficos daquele continente, a legenda "Portugal" e a era "2011". Sobre o lado esquerdo o escudo das armas portugueses assente na esfera armilar, por baixo deste o valor facial da moeda 2,50 Euro.
Rev: Apresenta no campo central a figura de dois exploradores e parte de um embondeiro e sua ramagem, que completa o anverso da moeda. Na orla superior consta a legenda "Exploradores Portugueses", sobre a orla esquerda o logótipo da série Europa e na orla inferior a legenda "Capelo e Ivens".
 
Autor: Baiba Sime.
Moedas em cuproníquel com acabamento normal:
Valor facial 2,50 Euro; Cn; Dia. 28 mm; Peso 10 g,; Bordo serrilhado. Cunhagem 100 000 exemplares.
Moedas de Prata proof:
Valor facial 2,50 Euro; Ag. 925/1000 de toque; Dia 28 mm; Peso 12 g.; Bordo serrilhado. Cunhagem de 9 000 exemplares.
Moedas de Ouro proof:
Valor facial 2,50; Euro; Au 999/1000 de toque; Dia. 28 mm; Peso 15,55 g. ; Bordo serrilhado; Cunhagem 1 500 exemplares.
 
Hermenegildo Carlos de Brito Capelo nasceu no Castelo de Palmela, a 4 de Fevereiro de 1841 onde o seu pai, major Félix António Gomes Capelo, era governador. Quando faleceu ocupava o posto de vice-almirante. Era o mais novo de seis irmãos, dos quais três outros são também ilustres – Félix António de Brito Capelo, biólogo (1828- 1879), João Carlos de Brito Capelo, vice-almirante da Marinha e engenheiro hidrográfico (1831-1891), Guilherme Augusto de Brito Capelo, vice-almirante da Marinha e cientista (5 de Agosto de 1839 - 21 de Março de 1926).
Assentou praça na Marinha no ano de 1855 terminando o curso 4 anos depois. Em 1860 embarcou como guarda-marinha para Angola a bordo da corveta D. Estefânia, comandada pelo príncipe D. Luís, mais tarde rei, permanecendo durante três anos na estação naval de África Ocidental. Em 1863 regressou a Lisboa e no ano seguinte foi promovido ao posto de segundo tenente. Nesse ano voltou a África de onde regressou em 1866 para voltar logo de seguida a Angola, onde aí permaneceu até ao ano de 1869, altura em que seguiu para Moçambique, regressando a Lisboa em 1870 para logo partir em Direcção a Cabo Verde. No ano de 1871 foi integrado numa expedição enviada à Guiné e em 1872 foi para a China de onde regressou a Lisboa no ano de 1876.
Em 1875, Luciano Cordeiro fundou a Sociedade de Geografia de Lisboa, reunindo em seu redor uma elite intelectual, civil e militar. Embora a sua actuação não fosse direccionada exclusivamente para o continente africano, logo nos primeiros anos da sua existência criou a Comissão Nacional Portuguesa de Exploração e Civilização da África, mais conhecida por Comissão de África que assumiu a função de despertar a opinião pública para as questões do Ultramar e que preparou as primeiras grandes expedições de exploração científico-geográfica. Estas expedições destinavam-se a efectuar o reconhecimento do Cuango e as suas relações com o Zaire, e ainda a comparar a bacia hidrográfica deste rio com a do Zambeze, concluindo, assim, a carta da África centro-austral, o famoso Mapa Cor-de-Rosa. Estas expedições integravam-se num contexto político marcado por um forte surto expansionista europeu, nos domínios do continente africano, que anteciparam a histórica Conferência de Berlim, realizada em 1885. Exploradores de todas as grandes potências europeias, lançaram-se numa verdadeira rivalidade pela prospecção de territórios, obrigando Portugal a rever urgentemente a sua política colonial e a efectivar a sua presença nestes locais, mas as pretensões portuguesas de ocupação do espaço entre Angola e Moçambique chocaram com as pretensões inglesas, que se materializaram na consequente reivindicação dessa zona para o império inglês através do Ultimato Britânico a Portugal.

A primeira Viagem - De Benguela às Terras de Iaca

Brito Capelo, quando da sua permanência em Angola fez o reconhecimento científico daquela zona, facto que o fez ser escolhido, por Decreto de 11 de Maio de 1877, para dirigir uma expedição científica à África Central da qual também faziam parte o oficial da marinha Roberto Ivens e o major do exército Serpa Pinto. Segundo o decreto foram nomeados «para comporem e dirigirem a expedição que haviam de explorar, no interesse da ciência e da civilização, os territórios compreendidos entre as províncias de Angola e Moçambique, e estudar as relações entre as bacias hidrográficas do Zaire e do Zambeze.
A 7 de Julho de 1877 Brito Capelo, Roberto Ivens e Serpa Pinto iniciam a expedição. Feito o trajecto Benguela-Bié, divergências entre Serpa Pinto e Brito Capelo levaram a expedição a dividir-se, com Serpa Pinto, por sua iniciativa a tentar a travessia até Moçambique. Desde o princípio da viagem Serpa Pinto tentou desviar os objectivos da expedição. Capelo e Ivens recusaram-se ao que consideraram ser “os desvarios de Serpa Pinto” e cognominando-o de falsário e participam a separação. Serpa Pinto acabou por falhar o seu objectivo, pois não o conseguiu como pretendia, atingir qualquer ponto da costa moçambicana, como foi sua declarada intenção. Chegou, no entanto, a Pretória, e posteriormente a Durban.
Brito Capelo e Roberto Ivens mantiveram-se fiéis ao projecto inicial concentrando a atenção na missão para que haviam sido nomeados, ou seja nas relações entre as bacias hidrográficas do Zaire e do Zambeze. Mais tarde explicavam que não tinham "o direito de divagar nos sertões, por onde quiséssemos, dirigindo o nosso itinerário para leste ou norte". Percorreram as regiões de Benguela até às terras de Iaca, tendo delimitado os cursos dos rios Cubango, Luando e Tohicapa.
A 1 de Março de 1880, Lisboa recebeu triunfalmente Brito Capelo e Roberto Ivens, tendo o êxito da expedição ficado perpetuado no livro De Benguela às Terras de Iaca.

A segunda viagem - De Angola à Contra-Costa

Depois de concretizado o importante percurso entre o Bié e o Zambeze, e atingidas as cataratas Vitória, Capelo e Ivens são estimulados a prosseguir com as suas expedições.
Dada a necessidade de ser criado um atlas geral das colónias portuguesas, Manuel Joaquim Pinheiro Chagas, ao tempo Ministro da Marinha e do Ultramar, criou por decreto de 19 de Abril de 1883 a Comissão de Cartografia, para a qual nomeou como vogais os dois exploradores. Por outro lado, pretendendo a criação de um caminho comercial que ligasse Angola e Moçambique nomeou-os a 5 de Novembro do mesmo ano para procederem aos necessários reconhecimentos e explorações. A escolha de dois oficiais de Marinha para a concretização desta importante missão, prendeu-se com o facto de se tratarem de territórios desconhecidos, não cartografados, nos quais era necessário avançar, recorrendo aos princípios da navegação marítima, tão familiares a estes exploradores.
Entre 1884 e 1885, Capelo e Ivens realizaram nova exploração em África, primeiro entre a costa e o planalto de Huíla e depois através do interior até Quelimane, em Moçambique. Continuaram, então, os seus estudos hidrográficos, efectuando registos geográfico-naturais mas, também, de carácter etnográfico e linguístico. Estabeleceram assim a tão desejada ligação por terra entre as costas de Angola e de Moçambique, explorando as vastas regiões do interior situadas entre estes dois territórios e descrevendo-as num livro em dois volumes: de Angola à Contra-Costa. Partiram para esta missão a 6 de Janeiro de 1884  e regressaram a 20 de Setembro de 1885 sendo recebidos triunfalmente pelo rei D. Luís.
Posteriormente, Brito Capelo, foi nomeado para outras missões, tais como a de vice-presidente do Instituto Ultramarino, do qual foi primeiro Presidente a Rainha Dona Amélia. Faziam igualmente parte da sua primeira Direcção eminentes vultos da História de Portugal, como Roberto Ivens, Andrade Corvo, Luciano Cordeiro, Pinheiro Chagas, António Enes e Oliveira Martins, o que revela bem da importância que as autoridades governamentais da época quiseram atribuir àquela obra social.
Fontes: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_portugueses;https://pt.wikipedia.org/wiki/Hermenegildo_Capelo; I.N.C.M; colecção particular do autor.
Publicado no Jornal das Caldas em 9 de Julho de 2015
 
 
                                                                        F I M


quarta-feira, 8 de julho de 2015

 
Numismática

Moedas Comemorativas do Euro

59ª. Moeda
XXV Aniversário da Adesão de Portugal e Espanha à União Europeia

0,25 Euro


Anv: Apresenta como elemento de fundo, duas folhas de papel a unirem-se, do lado direito constam as legendas "Portugal", "2011" e o escudo
Rev:  É apresentado o mesmo elemento de fundo do anverso, onde figura o valor facial da moeda, uma calote esférica com as estrelas que simbolizam a União Europeia sobre cada folha de papel, representando cada um dos países, e na orla, inscreve-se a frase "XXV Aniversário da Adesão de Portugal e Espanha à União Europeia".
Autor: João Duarte
Moedas de ouro FDC
Valor facial 0,25 Euro; Ag: 999/1000 de toque; Dia 14 mm; Peso 1,56 g; Bordo serrilhado. Cunhagem 2 500 exemplares.
Portugal e Espanha celebram no ano de 2011 o XXV Aniversário da Adesão à União Europeia, um acontecimento que marcou o percurso recente de ambos países, habituados a caminhar lado a lado ao longo da história.
A União Europeia de hoje, com 27 países, (Áustria, Alemanha, Bélgica, Bulgária, Chipre, República Checa, Dinamarca, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Polónia, Portugal, Roménia, Eslováquia, Estónia, Espanha Suécia e Reino Unido) tem uma dimensão mais alargada do que aquela que tinha em 1986, contudo prosseguem os desígnios e os propósitos de progresso em comum de então, nos quais continuam envolvidos Portugal e Espanha.
Para comemorar esta efeméride, reforçando também os laços que unem as duas nações, a Imprensa Nacional Casa da Moeda e a Real Casa de la Moneda associaram-se para cunhar uma moeda comemorativa da Adesão à União Europeia, que exibe no anverso da moeda portuguesa um trabalho da autoria do escultor João Duarte, sendo o reverso da moeda comum aos dois países.
 Fontes: I.N.C.M.; colecção particular do autor.
 
Publicado no jornal das Caldas de 1 de Julho de 2015
 
F I M


domingo, 28 de junho de 2015

 

Numismática

MOEDAS PORTUGUESAS COMEMORATIVAS DO EURO

 
  58ª. Moeda
500º. Aniversário do Nascimento de Fernão Mendes Pinto  2 Euro
Características da moeda

Anv: Na face comum é utilizado o desenho europeu constante da comunicação da Comissão Europeia nº. 2006/c225/05.
Rev: Apresenta no campo central a estilização de uma caravela sulcando os mares de perfil à direita, encimada com a legenda "República Portuguesa", tendo por baixo da caravela uma legenda composta por uma conjugação de países e cidades ocidentais e orientais, "Portugal, Moçambique, Tanegashima, Japão, Lisboa, Índia, Diu, Goa, Birmânia, Peregrinação, Tartário, China, Malaca, Ormuz, Jondanacau, Papene, Sião, Camboja, e Léquio", circundado por doze estrelas.
Autores: Luc Luycx, Raul de Sousa Machado.
Moeda bimetálica com acabamento normal:
Valor facial 2 Euro; Bimetálica; Dia 25,75 mm; Peso 8,5 g; Bordo serrilhado. Cunhagem 500.000 exemplares.
Moeda BNC:
Valor facial: 2  Euro; Bimetálica; Dia 25,75 mm; Peso 8,5 g; Bordo serrilhado. Cunhagem 12.500 exemplares.
Moeda Proof:
Valor facial: 2  Euro; Bimetálica; Dia 25,75 mm; Peso 8,5 g; Bordo serrilhado. Cunhagem 7.500 exemplares
Biografia
Fernão Mendes Pinto nasceu em Montemor-o-Velho entre os anos de 1510 e 1514, vindo a falecer no Pragal, Almada no dia 8 de Julho de 1583.
Ainda pequeno, um tio seu levou-o para Lisboa onde o colocou ao serviço na casa de D. Jorge de Lencastre, Duque de Aveiro, filho do rei D. João II. Manteve-se aqui durante cerca de cinco anos, dois dos quais como moço de câmara do próprio D. Jorge, facto que contradizia a precária situação económica que se dizia que a família então detinha.
Em 1537, partiu para a Índia, ao encontro dos seus dois irmãos. De acordo com os relatos da sua obra, Peregrinação, foi durante uma expedição ao mar Vermelho no ano de 1538 que  Mendes Pinto participou num combate naval contra os otomanos, onde foi feito prisioneiro e vendido a um grego e, por este, a um judeu que o levou para Ormuz, onde foi resgatado por portugueses.
Acompanhou Pedro de Faria a Malaca, de onde fez o ponto de partida para as suas aventuras, tendo percorrido, durante 21 acidentados anos, as costas da Birmânia, Sião, arquipélago de Sunda, Molucas, China e Japão, grande parte desse tempo ao lado do pirata António de Faria. Numa das suas viagens a este país, conheceu S. Francisco Xavier e, influenciado pela personalidade, decidiu entrar para a Companhia de Jesus e promover uma missão jesuíta no Japão.
Em 1554, depois de libertar os seus escravos, foi para o Japão como noviço da Companhia de Jesus e como embaixador do vice-rei D. Afonso de Noronha junto do daimyo de Bungo. Esta viagem constituiu um desencanto para ele, no que respeita ao comportamento da própria Companhia. Desgostoso, abandonou o noviciado e regressou a Portugal.
Com a ajuda do ex-governador da Índia, Francisco Barreto, conseguiu arranjar documentos comprovativos dos sacrifícios realizados pela pátria, que lhe deram direito a uma tença, que nunca recebeu. Desiludido, foi para a sua Quinta de Palença, em Almada, onde se manteve até à morte e onde escreveu, entre 1570 e 1578, a obra que nos legou, a sua inimitável Peregrinação. Esta só viria a ser publicada 20 anos após a morte do autor, receando-se que o original tenha sofrido alterações às quais não seriam alheios os Jesuítas.
Deixou-nos um relato tão fantástico do que viveu (a Peregrinação, publicada postumamente em 1614), que durante muito tempo não se acreditou na sua veracidade; de tal modo que até se fazia um jocoso dito com o seu nome: Fernão Mendes Minto, ou então ainda: Fernão, mentes? Minto!.
Esta ideia de que o que contava era demasiado fantasioso para poder realmente ter-lhe acontecido parte do princípio que se pode julgar um texto do séc. XVI com os critérios de hoje, mas na verdade o texto é uma inestimável fonte de informação para conhecermos o que sucedia aos navegadores e aventureiros que iam a caminho do extremo oriente nas caravelas portuguesas.
Fontes: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fern%C3%A3o_Mendes_Pinto; INCM; Colecção particular do autor
 F I M
Publicado no Jornal das Caldas em 24 de Junho de 2015