quarta-feira, 29 de dezembro de 2010



CENTENÁRIO DA IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA
Vultos da República
11º. Artigo


António Luciano Aresta Branco nasceu no ano de 1862 na vila de Amareleja concelho de Moura, filho de António Aresta Jorge e de sua mulher Pulquéria Branco. Foi jornalista, político, médico, deputado, Governador Civil e Ministro da Marinha. Em 1884, com 22 anos de idade trabalhava numa farmácia da cidade de Beja. Iniciou os seus estudos tardiamente terminando o curso dos liceus em apenas três anos. No ano de 1887 vem para a cidade de Lisboa onde cursou e concluiu com brilhantismo o curso de Medicina na Escola Politécnica com apenas trinta e dois anos. Durante os estudos, fez jornalismo e dedicou parte do seu tempo a actividades académicas e políticas. Enquanto escritor, adoptou o pseudónimo de “Emílio”; de muito novo foi deputado no tempo da monarquia e logo após as constituintes. Implantada a República foi nomeado Governador Civil de Beja, entre 5 de Outubro de 1910 e 4 de Julho de 1911. Com o desmembramento do Partido Republicano Português, no ano de 1911, foi fundador com Brito Camacho e António José de Almeida do Partido Unionista, assim como foi colaborador com as mesmas personagens no Jornal “A Pátria”. Esteve filiado no Partido Republicano Português, no Partido Unionista e no Partido Evolucionista. Casou com Maria Ana Lança da Fonseca de quem teve um filho. Em 1911 foi vogal do Conselho Superior de Administração Financeira do Estado. Foi Presidente da Câmara de Deputados por três legislaturas. No ano de 1915 assume-se como primeiro defensor dos produtores de lã, advogando a liberdade total e incondicional para as exportações. Foi Ministro da Marinha, na Presidência de Sidónio Pais, entre 11 de Setembro de 1917 e 7 de Março de 1918, vivendo a “Revolta dos Marinheiros” do quartel de Alcântara, que se amotinaram por se considerarem humilhados pelo facto de terem sido obrigados a desfilar desarmados na “Parada da Vitória”. Esta amotinação foi sanada no dia seguinte com a intervenção da artilharia a partir do castelo de S. Jorge, que entretanto tinha atingido o cruzador “Vasco da Gama”, que circulava no Tejo apoiando os revoltosos. Faleceu na cidade de Lisboa em Outubro de 1952 com a bonita idade de 90 anos.
F I M
Fontes: avozdaabita. com. ministros da marinha na república. Dicionário. Trechos avulsos.
Óbidos – Setembro de 2010.
Publicado no Jornal das Caldas em 2010-12-29

Artigo 33
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda


CEM ESCUDOS

Duque de Saldanha

Chapa 3

Duque de Saldanha, insigne marechal do exército português, homem de Estado, do século XVIII e século XIX foi a personagem escolhida para figurar na frente da nota, em traje militar. Toda a elaboração desta nota, desde a encomenda do papel, ao fabrico das chapas originais, estampagem e aposição do texto, esteve a cargo da casa inglesa Waterlow & Sons Ltd., de Londres. Na frente da nota observa-se a estampagem calcográfica, a verde-escuro, do retrato do Duque de Saldanha de traje militar, de uma vista panorâmica da Praça dos Restauradores e trabalho de guilhoché em linha branca por toda a cercadura. O fundo é constituído por um desenho geométrico, impresso tipograficamente a duas cores. O verso da nota, também tem uma estampagem calcográfica, a verde-escuro, mas sobre fundo tipográfico simples, a uma só cor. O papel é de origem inglesa, e tem como característica principal a marca de água que, quando vista à transparência pela frente, apresenta por toda a superfície da nota a legenda Banco de Portugal. Dimensões da nota 169 x 102 mm. Foram emitidas 7 240 000 notas. Sucede que devido ao facto do aparecimento possível de perfeitas falsificações e à relativa pequena existência de notas de valores elevados no Banco, seria conveniente conservá-las em reserva. Mais tarde e considerando o facto destas notas transportarem o nome da casa que esteve envolvida num caso de graves implicações, para o erário público, foi deliberado em reunião do Conselho de Administração de 3 de Junho de 1932, que fossem queimadas sem ser emitidas.
Biografia:
João Carlos Gregório Domingos Vicente Francisco de Saldanha Oliveira e Daun, mais conhecido por Duque de Saldanha nasceu em Lisboa a 17 de Novembro de 1790, filho de João Vicente de Saldanha Oliveira e Sousa Juzarte Figueira, conde de Rio Maior e de sua mulher D. Maria Amália Carvalho Daun, condessa, filha do Marquês de Pombal. Foi um militar com excepcionais capacidades de chefia, com uma personalidade impulsiva e agressiva; político ambicioso que estava sempre ao corrente dos acontecimentos do seu tempo. Desempenhou diversos cargos, sendo Marechal general do exército, par do reino, conselheiro de estado efectivo, presidente do Conselho de Ministros, ministro da Guerra e ministro plenipotenciário em Londres, mordomo-mor da Casa Real, vogal do Supremo Conselho de Justiça Militar. Títulos nobiliários: 1º.Conde, 1º. Marquês e 1º. Duque de Saldanha.
No ano de 1805 matriculou-se na Academia Real da Marinha, distinguindo-se como um brilhante aluno, recebendo diversas distinções. Neste mesmo ano ingressou no Regimento de Infantaria nº. 1, com o posto de capitão e com a tenra idade de 16 anos. No ano de 1808, Portugal foi invadido e ocupado pelos franceses, sendo demitido. Junta-se à resistência, onde participa em diversas batalhas, uma das quais a do Buçaco, tendo desempenhado brilhantemente o seu papel de militar, sendo admirado pelos seus homens. Quando a guerra terminou, tinha o posto de tenente-coronel. No ano de 1814 casou com Maria Teresa Horan Fitzggerald, de origem irlandesa. No ano de 1815 é promovido ao posto de coronel e embarca para o Brasil como adido ao Estado-Maior. No ano de 1816 é recebido pelo príncipe regente D. João com as maiores distinções, nomeando-o cavaleiro da ordem de Cristo e comendador da Ordem de Torre Espada. Participou neste ano na campanha de Montevideu, onde mais uma vez se distinguiu. No ano de 1822, e porque os ventos de mudança soavam a independência, pediu a demissão dos cargos que exerceu até então no Brasil e partiu para Portugal. Mal desembarcou foi nomeado comandante de uma expedição militar que ia para o Brasil, o qual recusou, sendo de imediato preso no castelo de S. Jorge, no ano de 1823. Foi libertado alguns meses depois por ordem do rei D. João VI. Foi nomeado governador das armas do Porto, em Abril de 1825. No ano de 1826 é-lhe atribuída a pasta da guerra. No ano de 1827 pediu a demissão, por não concordar com determinados movimentos que estavam a suceder, a qual foi aceite, provocando o abandono dos cargos governativos e a partida para Londres. No ano de 1828 regressou ao Porto, para encabeçar a revolta liberal contra o governo de D. Miguel. Neste mesmo ano organizou uma expedição com cerca de 650 homens (emigrados liberais), para desembarcar na Terceira, a qual foi impedida por uma esquadra inglesa. No ano de 1833 regressou a Portugal juntando-se às tropas de D. Pedro, obtendo notáveis vitórias, sendo promovido ao posto de marechal. Alcançada a paz, tornou-se deputado e chefe de governo. A rainha D. Maria II nomeou-o embaixador em diversas cortes europeias. Desempenhou por quatro vezes o cargo de Primeiro Ministro em condições sempre pautadas pela instabilidade. Foi homem das artes, da ciência, autor romântico, filósofo, escrevendo vários tratados e livros. Ao longo da sua vida foi agraciado com comendas e honrarias militares. Possuía as seguintes honras: grã-cruz das ordens de Cristo, da Torre Espada, de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, de S. Tiago, e de S. João de Jerusalém; das seguintes ordens estrangeiras: S. Fernando, Isabel a Católica e Carlos III de Espanha; da Legião de Honra, de França; de S. Gregório Magno e da Pio IX, de Roma, de Ernesto Pio, de Saxe - Coburgo; de Leopoldo, da Áustria; do Leão, dos Países Baixos; de S. Maurício e S. Lazaro, de Itália; de Leopoldo, da Bélgica; de Alberto, o Valoroso, de Saxónia; do Salvador, da Grécia; da Águia Branca, da Rússia; cavaleiro da ordem do Tosão de Ouro, de Espanha, da Santíssima Anunciada, de Itália; condecorado com as medalhas do Buçaco, de S. Sebastião e de Nive; de 6 batalhas da Guerra Peninsular, da Estrela de Montevideu.
No ano de 1871 tentou um golpe de Estado conhecido pela “Saldanhada”, que terminou mal, por este motivo foi-lhe dado o cargo de embaixador em Londres, onde faleceu a 20 de Novembro de 1876.

F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Wikipedia. História de Portugal de Manuel Pinheiro Chagas. Trechos avulsos.
Publicado no Jornal das Caldas em 2010-12-29.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

CENTENÁRIO DA IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA
Vultos da República
10º. Artigo


José Pereira de Sampaio (Bruno) nasceu na cidade do Porto a 30 de Novembro de 1857, filho de José Pais Sampaio, mação, proprietário de uma padaria que mais tarde veio a herdar. Foi escritor, ensaísta, jornalista e filósofo. Nasceu e cresceu num ambiente de fortes ideias liberais que em muito o influenciaram na formação do seu pensamento. Foi um tenaz combatente pelo ideário republicano. De tenra idade com 14 anos iniciou a sua actividade jornalística, adoptando o pseudónimo de “Bruno”, o qual permaneceu para toda a vida. Com 17 anos de idade, publicou o seu primeiro livro, “Análise da Crença Cristã”, suscitando uma onda de revolta e polémica na sociedade conservadora de então, devido ao seu conteúdo ser possuidor de ideias colhidas de Voltaire, Büchner, entre outros. Fez estudos preparatórios para Medicina no Instituto Politécnico do Porto, mas não os concluiu. Foi um acérrimo propagandista dos ideais Republicanos, e toda a sua obra influenciou de certo modo a cultura portuguesa. Frequentou tertúlias com outros notáveis de então, Júlio de Matos, Manuel Teixeira Gomes, Basílio Teles, etc., compartilhando os problemas políticos, onde os espíritos republicanos são evidenciados e enaltecidos. Fundou vários semanários, “O Democrata”, o “O Norte Republicano” e o diário “A Discussão”. Em 1886, coligiu uma série de ensaios sobre os modernos novelistas portugueses no volume “A Geração Nova”. No ano de 1890 elaborou em conjunto com Basílio Teles e Antero de Quental os estatutos da Liga Patriótica do Norte. Participou no ano seguinte na malograda Revolta Republicana de 31 de Janeiro, de cujo manifesto foi seu redactor, partindo para o exílio em Paris com João Chagas. Em França recebeu a influência de diversas personalidades como o pioneiro da aviação Santos Dumont, Benoît Malon e Jules Guesde, socialistas, e dos poetas António Nobre e Paul Verlaine. O seu exílio levou-o além de França, a Espanha e Holanda, provocando-lhe uma depressão que contribuiu para encaminhar as suas pesquisas na direcção do misticismo e do esoterismo, enveredando na literatura gnóstica judaica, na cabala e na ideologia maçónica. Regressou a Portugal no ano de 1893, publicando “As Notas do Exílio”. No na de 1898, publicou “O Brasil Mental”, onde desenvolveu uma acérrima crítica ao positivismo. Em 1902 publicou “A Ideia de Deus”, teve graves desavenças com Afonso Costa, abandonando a militância do Partido Republicano, mas continuando a escrever artigos de índole republicana como independente e crítico. No ano de 1909, foi nomeado director da Biblioteca Pública do Porto, cargo que manteve após a Proclamação da República. O pensamento filosófico de Sampaio Bruno influenciou profundamente Fernando Pessoa, que ainda se correspondeu com este, enviando-lhe no ano de 1915 o primeiro número de “Orfeu”, pedindo-lhe uma opinião. Escreveu mais obras que foram determinantes para a formação do pensamento republicano no início do século XX; 1)- O Encoberto, no ano de 1904; 2)- Portugal e a Guerra das Nações, no ano de 1906; 3)- A Questão Religiosa, no ano de 1907; 4)- Portuenses Ilustres, no ano de 1907; 5)- A Ditadura, Subsídios Morais para o seu Juízo Crítico, no ano de 1909; e 6)- O Porto Culto, no ano de 1912. Faleceu na cidade do Porto a 6 de Novembro de 1915, após uma intervenção cirúrgica a uma hidrocele.
F I M
Fontes: infopedia.pt Sampaio - Bruno; wikipedia.org/wiki Sampaio Bruno. Lello Universal.
Óbidos Setembro de 2010.
Publicado no Jornal das Caldas em 15-12-2010


Artigo 32
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
O Papel-moeda

CEM ESCUDOS

Diogo do Couto


Chapa 2

O retrato de Diogo do Couto, um dos mais notáveis historiadores portugueses do final do século XVI e princípios do século XVII, também cavaleiro professo da Ordem de Cristo, dá a estampa àquela que foi a segunda nota de valor de cem escudos. As técnicas empregues para este tipo de notas foram a calcográfica e a tipográfica. Na frente o desenho reproduzido a talhe-doce, apresenta-se numa cor castanho-avermelhado, com trabalho de guilhoché, em linha branca. Sobre o lado esquerdo da nota, o retrato de Diogo do Couto de autoria e gravação de Armando Pedroso. O fundo de impressão tipográfica é formado por um ornato central policolor de linhas claras e, na restante superfície por linhas paralelas e pontos a violeta, verde-claro e sépia. O fundo do verso é impresso tipograficamente, com cores avermelhadas ao centro, rosa e verde-claro aos lados, com trabalho de guilhoché em linha cheia. A figura central é composta por uma vista do Palácio da Pena, em Sintra, e por um grupo de figuras aladas simbolizando a Literatura, a Arquitectura e a Pintura. As chapas são de fabrico inglês, cabendo à casa Bradbury, Wilkinson & Cº. Ltd., a sua fabricação, a impressão de fundos e a sua estampagem. O papel foi fabricado por Perrigot-Masure, Papeteries d´Arches (Vosges), mostra na frente quando visto à transparência no lado direito, a meio, um oval com uma cabeça alegórica, de perfil para o centro. Dimensões das notas 210 x 135 mm. Foram emitidas 4 245 000 notas com as datas de 31 de Agosto de 1920, 27 de Abril de 1922, 13 de Abril de 1926, 15 de Agosto de 1927 e 28 de Janeiro de 1928. Primeira emissão, 29 de Setembro de 1920 e a última emissão, 30 de Agosto de 1928. Foram retiradas de circulação em 31 de Dezembro de 1933.
Biografia:
Diogo do Couto nasceu em Lisboa no ano de 1542, protegido pelo infante D. Luís, filho de D. Manuel I, teve uma esmerada educação, estudou a disciplina de Latim e Retórica no colégio de Santo Antão e a disciplina de Filosofia no Convento de Benfica. Foi moço de câmara do rei D. João III. Historiador de renome, ficou conhecido pelas obras que escreveu, sempre presente e de cunho crítico relativamente ao que viu e viveu ao longo da vida. No ano de 1559 vai para a Índia onde contacta pela primeira vez com a realidade que se vivia então nesses territórios portugueses. No ano de 1569 e de regresso a Portugal, encontra o poeta Luís de Camões na ilha de Moçambique, carregado de dívidas e sem dinheiro para o regresso a Portugal, Diogo Couto e outros amigos disponibilizam-se para auxiliá-lo, para que desse modo pudesse apresentar na sua Pátria a sua maior obra “Os Lusíadas”. No ano de 1570 chega a Cascais a bordo de uma nau “Santa Clara”; tinha que obter autorização do Rei para entrar na barra do Tejo, pois esta encontrava-se encerrada devido ao surto de peste que aparecera na época na cidade de Lisboa. Após a recepção da ordem aí entrou. Por cá ficou durante cerca de três anos. Volta para o Oriente, onde casa, e aí, desenvolveu a actividade de cronista e guarda - mor da Torre do Tombo da Índia fixando-se em Goa. Uma das missões irmanadas do rei Filipe I para com Digo Couto foi a de prosseguir o trabalho das “Décadas”, iniciado por João de Barros. Escreveu as que vão da IV à XII, mas apenas foram publicadas as IV, V e VII no seu todo, um resumo das VII e IX, a VI segundo consta arderam na Casa da Imprensa, as VIII e IX foram roubadas, a XI perderam-se e XII foi publicada postumamente. Deu-lhes um cunho muito pessoal, dizendo que a história tem a obrigação e o dever de relatar “as verdades”, sem restrições de alguma espécie; acabou por sofrer imensos ataques e restrições, revelando com isenção, como a objectividade incomodava aqueles cujos antepassados estavam implicados nos factos narrados. Como se pode depreender esta obra sendo incómoda, foi profundamente censurada e escamoteada nas suas edições. Além destes trabalhos escreveu orações congratulatórias e comemorativas que proferia no Oriente, o relato do naufrágio da nau S. Tomé, e em especial, a crítica mais celebre foi o “Diálogo do soldado Prático”, em que crítica severamente o Estado da Índia, sobre administração portuguesa, onde denúncia a ambição da riqueza rápida por meios dúbios, o luxo exacerbado, a opressão para com os pobres e débeis e a deslealdade para com o soberano. Assistiu de bem perto à maneira como se procedia à colonização nos territórios portugueses no Oriente, os métodos utilizados de enorme crueldade, de abusos de autoridade, à corrupção, à violência e espancamentos, etc., isto tudo por ele foi denunciado, mostrando a sua verticalidade e honestidade no relato da história, que muitas vezes é arredondada em favor do bom, ou do sempre bom, escamoteando a sua verdade.
Faleceu em Goa a 10 de Dezembro de 1616.

F I M

Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Infopédia. Wikipedia. Trechos avulsos.
Óbidos, Fevereiro de 2010.
Publicado no Jornal das Caldas em 15-12-2010

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

CENTENÁRIO DA IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA
Vultos da República
9º. Artigo

Basílio Teles nasceu na cidade do Porto a 14 de Fevereiro de 1866. Foi escritor, jornalista, professor, economista. Desempenhou um papel fulcral na propaganda democrática. Após a conclusão dos estudos primários e preparatórios, matriculou-se na Academia Politécnica e depois na Escola Médico-cirúrgica. No ano de 1875 abandonou o estudo alegando ter conflitos com um professor desta escola e os mesmos não terem sido ultrapassados. Dedicou-se ao ensino não universitário, leccionando as disciplinas de literatura, ciências naturais e filosofia, ao mesmo tempo que escrevia artigos para diversos jornais e revistas políticas e literárias. No ano de 1891, após os acontecimento do 31 de Janeiro, exila-se visto estar envolvido de certa maneira no movimento de insurreição, regressando do estrangeiro após uma amnistia. Foi um activista e fez parte do Clube de Propaganda Democrática do Norte onde teve uma prestação de serviços muito louvável. Foi membro destacado do partido Republicano, fazendo parte do Directório de 1897 a 1899 e de 1909 a 1911. Recusou pastas ministeriáveis, a das Finanças no ano de 1910 e a da Guerra no ano de 1915. Além dos seus escritos de índole filosófica, política e económica publicados nos jornais e revistas de Lisboa e do Porto, deixou obras de registo, que foram classificadas de elevado mérito e de grande alcance social “Carestia da Vida nos Campos”; Estudos Históricos e Económicos”; Introdução ao Problema do Trabalho Nacional; “Problema Agrícola (crédito e imposto)”e “ Do Ultimatum ao 31 de Janeiro”. Faleceu na cidade do Porto a 10 de Março de 1923.
F I M
Fontes: instituto-camões.pt/figuras públicas; Portugal dicionário histórico;
Óbidos Setembro de 2010.
Publicado no Jornal das Caldas de 08-12-2010

Artigo 31
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda

CEM ESCUDOS
Pedro Álvares Cabral


Chapa 1

Para a primeira nota de cem escudos e na frente da mesma, foi escolhida a representação de um quadro alegórico da descoberta do Brasil, com a efígie de Pedro Álvares Cabral, exímio navegador e descobridor.
Na frente da nota está estampado o motivo principal composto por uma gravura com a ilustração de indígenas nus e semi-nus, com alguns enfeites na cabeça e na cintura, de expressivo conteúdo artístico de autoria de Eugène Mouchon representando a descoberta de terras de Vera Cruz. A gravação em chapa de aço foi efectuada pelo gravador do Banco de Portugal, Armando Pedroso. A gravura do medalhão com a efígie de Álvares Cabral, foi executada em Inglaterra pela firma Bradbury, Wilkinson & Cº. Ltd., de Londres, firma que também procedeu à elaboração das chapas para o fundo da frente e do verso e à respectiva estampagem da nota. Ainda na frente da nota, este motivo está estampado por calcografia, a azul-escuro sobre fundo de cores esverdeadas, amareladas, rosas e violetas. O verso da nota tem um fundo policromo formado por trechos geométricos de guilhoché, impresso por processo tipográfico em cores de amarelo e violeta ao centro, verde e rosa aos lados, e azul e castanho nas extremidades. Sobre o fundo e num tom mais forte sobressai a estampagem calcográfica da gravura central, que representa a partida de Pedro Álvares Cabral para o Descobrimento do Brasil, na presença do Rei D. Manuel I e parte da corte; e a representação de duas cabeças numismáticas colocadas em cada lado e voltadas para dentro. O papel foi fabricado por Perrigot-Masure, Papeteries d´Arches (Vosges), França, e tem como marca de água visto à transparência pela frente e na parte superior à direita o busto de Álvares Cabral. Dimensões da nota 209 x 130 mm. Foram emitidas 3 805 000 notas com as datas de 13 de Agôsto de 1918 e 5 de Fevereiro de 1920. Primeira emissão, 3 de Dezembro de 1918 e a última emissão, 24 de Dezembro de 1926. Foram retiradas de circulação em 7 de Abril de 1931.
Biografia:
Pedro Álvares Cabral nasceu em Belmonte pelo ano de 1467 filho de Fernão Cabral alcaide mor da mesma localidade e de sua mulher Isabel Gouveia; neto de Fernão Álvares Cabral, que fora guarda mor do Infante D. Henrique. Com 11 anos de idade muda-se para o Seixal, vindo a estudar em Lisboa as disciplinas de Literatura, História e Ciência (Cosmografia), além de aprender artes militares. Na corte de D. João II, entrou como moço fidalgo, aperfeiçoando-se em cosmografia e marinharia.
As experiências de navegação de Álvares Cabral ao que se sabe, foram adquiridas ao longo da costa norte de África. Após o regresso de Vasco da Gama da Índia, este fez o relato dos acontecimentos a el-rei D. Manuel I com a descoberta do caminho marítimo, relatando as dificuldades que ia encontrando pelo caminho, os naufrágios de algumas naus, a ausência de homens e material para de imediato se instalarem; o rei entendeu preparar uma poderosa armada que levasse até tão longínquas partes o nome de Portugal. Foi indigitado para comandar a esquadra Pedro Álvares Cabral, por incumbência de Vasco da Gama, que o indicara a D. Manuel I. A expedição era composta por 13 embarcações, (10 naus e 3 caravelas), sendo capitaneadas por Sancho de Toar, “ O Castelhano”, Simão de Miranda, Aires Gomes da Silva, Nicolau Coelho, companheiro de Vasco da Gama, Bartolomeu Dias, descobridor do cabo da Boa Esperança, Pedro Dias irmão de Bartolomeu, Gaspar de Lemos, Luís Pires, Simão de Pina e Pedro Ataíde Inferno. Compunham a expedição Aires Correia, como feitor da armada, e Gonçalo Gil Barbosa e Pedro Vaz de Caminha, como escrivães. Era capelão mor da armada Francisco Freire que ia acompanhado de outros frades para iniciarem à evangelização; na totalidade a expedição era composta por mil e duzentos homens. No dia 8 de Março do ano de 1500 pela tarde e junto ao ancoradouro de Belém é rezada uma missa solene a que assistiu o rei assim como toda a corte, após a qual, as embarcações devidamente apetrechadas largaram de Lisboa, rumo ao oceano. Passaram junto ao cabo Espichel e desapareceram a pouco e pouco no horizonte. Pelo décimo terceiro dia de navegação sem contrariedades de maior, passando junto às ilhas Canárias, acontece o primeiro naufrágio com uma das naus, prosseguindo as restantes doze oceano fora, afastando-se da costa africana e dirigindo-se para oeste. Esta mudança de rota, ficou a dever-se ao conhecimento e experiência vivida anteriormente por Vasco da Gama, está relacionada com a ausência de ventos, e com a intenção de fugirem às calmarias da Guiné. Álvares Cabral teve sempre a ideia e desde que largou de Lisboa a intenção de descobrir novas terras situadas para ocidente, tanto mais que as correntes traziam objectos de outras bandas que davam às costas nos diversos arquipélagos e eram de todo desconhecidos dos ilhéus. Um concelho dado por Vasco da Gama a Álvares Cabral consistia na navegação para mar alto, por conseguinte longe da costa africana, porque seria mais fácil dobrar o cabo da Boa Esperança. No dia 23 de Abril a armada passou na altura de Cabo Verde, no dia seguinte uma das naus capitaneada por Luís Pires desgarrou-se, não tendo a armada mais conhecimento do seu destino, algum tempo depois regressou a Lisboa. Navegando sempre para oeste, no dia 24, surgiu no horizonte uma montanha rodeada por outras e cobertas de arvoredo, com um aspecto viçosíssimo. Por essa altura, decorriam as festividades pascais, o que concorreu para que essa montanha tivesse recebido o nome de “Monte Pascoal”, devido às ideias devotas daquele tempo. Pedro Álvares Cabral deu o nome de terras de “Vera Cruz” àquela enorme terra situada no Atlântico Meridional, em cuja exploração costeira a armada demoraria cerca de 10 dias, terminando por atracar em Porto Seguro (Estado da Baía). Foi indescritível a impressão causada nos portugueses pelas deslumbrantes vistas das magníficas florestas virgens, povoadas de pássaros de muitas cores exóticas, enormes árvores e cipós pendentes destas, os aromas exalados da floresta, temperaturas amenas, noites calmas. As praias eram percorridas por indígenas nus de estatura elevada. Foram levados dois indígenas à presença de Álvares Cabral, que não se intimidaram pois tinham modos altivos e desdenhosos, como escreveu Pêro Vaz de Caminha, o autor do mais conhecido e impressivo documento relativo à Descoberta do Brasil. A 2 de Maio Pedro Álvares envia a Lisboa uma nau comandada por Gaspar Lemos afim de levar a notícia a el-rei D. Manuel, do descobrimento de terras de Vera Cruz, como baptizara, juntamente com a carta redigida por Pêro Vaz de Caminha. Álvares Cabral continuou a sua viagem para Oriente e na passagem do tenebroso Cabo viria a perder quatro naus, entre as quais a do comandante Bartolomeu Dias. Reduzia a metade a armada aporta em Moçambique, Quíloa e Melinde. As tentativas para estabelecer feitorias na costa de Malabar, traduz-se por um sucesso muito relativo. Não conseguiu fixar-se em Calecute, devido à oposição de comerciantes muçulmanos, o que resultou num assalto à feitoria portuguesa, à morte dos seus ocupantes, entre os quais a de Pêro Vaz de Caminha. Álvares Cabral ordenou de imediato e como represália o bombardeamento da cidade, e incendiamento dos navios muçulmanos ancorados no porto. Necessitando de se afirmar, cria vínculos comerciais com o reino rival de Cochim. Regressou a Portugal, apesar dos contratempos e das perdas de embarcações homens e bens, com apreciável quantidade de especiarias. A descoberta do Brasil de inicio não foi vista como um grande feito pois a ensombrá-la, ficou retido o pouco sucesso da expedição ao oriente, com perdas de homens e bens, da dificuldade de se estabelecer uma feitoria, apesar da quantidade de especiarias que trouxe. No ano de 1502 é convidado pelo rei para comandar nova expedição ao Oriente, o qual por desentendimentos com o monarca rejeitou a missão, sendo substituído por Vasco da Gama. Esta sua atitude valeu-lhe por parte do monarca um total abandono, nunca mais recebendo nenhuma missão oficial. No ano de 1503 casa com D. Isabel de Castro, sobrinha de Afonso de Albuquerque, deixando descendência. No ano de 1518 era Cavaleiro do Conselho Real, sendo ainda Senhor de Belmonte e alcaide-mor de Azurara. Faleceu na cidade de Santarém, esquecido, no ano de 1520, sendo sepultado na Igreja da Graça. No ano de 1903 parte dos restos mortais foram transladados para o Brasil, tendo sido depositados num jazigo da antiga Sé no Rio de Janeiro.
Na história da navegação portuguesa Álvares Cabral, destaca-se; 1º)- por ter comandado a maior frota até então da armada portuguesa; 2)- por ter sido o descobridor do Brasil; e 3º)- por ter sido o líder da primeira expedição que ligou os quatro continentes (Europa, América, África e Ásia).

F I M

Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Wikipedia. Navegações portuguesas – Instituo Camões. História de Portugal de Manuel Pinheiro Chagas, 3º. Volume. Trechos avulsos.
Óbidos, Fevereiro de 2010.
Publicado no Jornal das Caldas de 08-12-2010

terça-feira, 30 de novembro de 2010

CENTENÁRIO DA IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA
Vultos da República
8º. Artigo


Carlos Cândido dos Reis nasceu na cidade de Lisboa a 16 de Janeiro de 1852. Foi um militar, conspirador, republicano convicto que participou nas lutas antimonárquicas, ideólogo anticlerical, elemento de destaque da Carbonária, onde aqui recebeu o nome de código “Morceau”, e estratega militar da revolução de 5 de Outubro. Alistou-se na Armada como voluntário com apenas 17 anos de idade. Teve uma ascensão notável na carreira, até atingir o posto de Vice-almirante, sendo reformado no ano de 1909. Como militar foi comandante de diversas canhoeiras, dirigiu a Escola de Marinheiros do Porto, foi instrutor e professor da Escola Prática de Artilharia Naval, comandou a Escola de Torpedos Fixos e por fim a 2ª.e 4ª.divisões do Corpo de Marinheiros. Ao longo da vida militar foi agraciado com o grau de oficial da Ordem de Avis e a de grau de Cavaleiro da Ordem de Torre Espada. No ano de 1908 fez parte da revolta que levaria à destituição do governo chefiado por João Franco, mas a mesma fracassou. Foi eleito deputado pelas listas republicanas no ano de 1910. Foi-lhe concedida a organização militar da revolta de 5 de Outubro, pois além da experiência adquirida ao longo dos tempos, era um estratega militar que conhecia e se movia com muito à vontade na Armada onde tinha muitas simpatias e era muito conceituado e reconhecido. Tudo estava planeado para que se desse inicio à revolução, no dia 3 de Outubro, mas ao saber-se que o chefe do governo, Teixeira de Sousa, teve conhecimento do referido golpe, de imediato este, pôs de prevenção as forças leais à monarquia. A maioria dos chefes republicanos propuseram um adiamento ao golpe, após terem conhecimento da prevenção das forças monárquicas, tendo obtido uma reacção negativa por parte do Almirante Cândido dos Reis, que impondo a sua vontade, e sendo o chefe militar e dinamizador principal da revolta, fez prevalecer a sua posição de não adiamento. Entretanto o outro estratega da revolta, mas da área civil, o Dr. Miguel Bombarda, fora assassinado na véspera por um seu paciente com problemas do foro psiquiátrico. A notícia correu célere pela cidade chegando às unidades militares comprometidas com o golpe, o que produziu um efeito muito negativo e desmoralizante, dando origem ao abandono por parte dos oficiais do exército, julgando tudo perdido, abandonando o entrincheiramento da Rotunda. Cândido dos Reis, perante a não colaboração dos oficiais do exército, pensando que o golpe fracassara e debaixo de grande frustração, despediu-se dos seus oficiais, e horas mais tarde veio a ser encontrado morto na Azinhaga das Freiras, hoje “zona de Arroios” tendo-se suicidado no dia 4 de Outubro; mal lhe ocorreria que o golpe acabou por triunfar e poucas horas após, era proclamada a República. O dia 6 de Outubro fo o dia escolhido para os funerais tanto do Dr. Miguel Bombarda como o do Almirante Cândido dos Reis, ambos estrategas máximos da revolução que o destino ditou que não vivessem este momento (Proclamação da República), que tanto se empenharam e de si deram para atingir este objectivo. É das figuras portuguesas que mais vezes é apresentado nas toponímias das mais diversas localidades portuguesas, avenidas, ruas e praças.

F I M
Fontes: wikipedia.org/Cândido dos Reis: centenário da republica-personalidades: trechos avulsos. Óbidos – Setembro de 2010.
Publicado no Jornal das Caldas em 30-11-2010.

Artigo 30
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda

CINQUENTA ESCUDOS
Infanta D. Maria



Chapa 9

A figura da Infanta D. Maria foi a escolhida para concluir a emissão de notas no valor de cinquenta escudos. A efígie teve por modelo um pormenor duma pintura atribuída a Gregório Lopes (1540), existente no Museu Condé, em Chantillt, França. A gravação das chapas e a estampagem das notas foram efectuadas pelos ingleses Thomas De La Rue & Cº. Ltd., de Londres e as maquetas de autoria do arquitecto João de Sousa Araújo. A estampagem calcográfica da frente da nota é feita em tons castanhos-escuros e mostra a efígie da Infanta, ornatos trabalhados, o escudo nacional, dísticos e os números 50. O fundo impresso em “offset” com tons de amarelo-torrado, evoluindo para tons castanhos, apresenta diversos ornamentos que envolvem a gravura. O florão do lado esquerdo apresenta cores em amarelo e tonalidades de castanho e verde. O verso tem uma estampagem calcográfica a castanho-escuro, que mostra a reprodução do desenho de autoria de Duarte de Armas (1507) “Sintra tirado natural da parte do Oeste”, ornatos em guilhoché. O fundo também de técnica “offset”, em íris tem uma zona central em amarelo-torrado. Tanto o florão, como o desenho numismático são de composição idêntica aos da frente. O papel é fabrico da firma Portals Limited, Laverstoke Mills, Whitchurch, Hans, de Inglaterra, apresenta como marca de água quando visto à transparência e de frente, o retrato da Infanta D. Maria. Incorporado no papel, na metade esquerda da nota observa-se um filete de segurança a traço descontínuo. Dimensões das notas 142 x 70 mm. Foram emitidas 59 077 000 notas com as datas de 28 de Maio de 1968 e 1 de Fevereiro de 1980. Primeira emissão, 16 de Março. Foram retiradas de circulação em 31 de Dezembro de 1982.
Biografia:
A Infanta D. Maria era filha do rei D. Manuel I e da sua terceira mulher Dona Leonor, irmã de Carlos V; nasceu no Paço da Ribeira, a 8 de Junho de 1521 em Lisboa. Ficou órfã de pai com poucos meses de idade, sendo educada pela camareira-mor da rainha D. Leonor, D. Elvira de Mendonça, sendo posteriormente entregue aos cuidados de sua tia Dona Catarina, irmã de sua mãe, que veio para Portugal para casar com o rei D. João III no ano de 1524. Dona Maria era uma pessoa dotada de uma inteligência fora do comum e com uma excelente memória. Na sua aprendizagem esteve rodeada de professores distintos, entre os quais se evidenciaram Luís Sigeia, que lhe ensinou as letras humanas e o latim; a sua irmã ensinou-a a tocar alguns instrumentos, com especial destaque para aqueles mais usados no culto, como a harpa e o órgão. Quando atingiu a idade de dezasseis anos, ou seja no ano de 1537, o seu irmão ofertou-lhe uma casa fora do Paço com damas e fidalgos sendo tratada com toda a estima como as rainhas. A Infanta foi das mais ricas da Europa, devido aos bens herdados de seu pai e de sua mãe. Foi senhora de cidades, vilas e outras terras, possuindo jurisdições em França, Espanha e Portugal, riquíssimas jóias, baixelas e tapeçarias herdadas de sua mãe. No seu Paço criou uma verdadeira escola de nobres hábitos, onde senhoras ilustres da nobreza, aí se ilustravam e desenvolviam todo o género de conhecimento de ciências e das artes de que foi especial protectora e dinamizadora. A fama da Infanta de ter grande instrução, ilustração e imensas virtudes correu pela Europa, onde alguns dos mais nobres príncipes a pretendiam desposar, o que nunca veio a suceder pelo facto do falecimento destes, antes de se realizar o casamento; ou por motivos de índole pessoal do rei D. João III, (esvaziamento dos cofres), sendo difícil satisfazer à Infanta o muito da sua herança, que teria de levar como dote; manteve-se solteira, consagrando a sua vida ao serviço de Deus; edificou a despensas suas, a Igreja e a Capela-Mor do Convento de Nossa Senhora da Luz, da Ordem de Cristo, o Convento de Santa Helena do Calvário em Évora, o Convento de Nossa Senhora dos Anjos, junto a Torres Vedras, o Convento de S. Bruno e o Convento de Santo Cristo dos Milagres em Santarém; deixando em testamento que se edificasse um Mosteiro para as comendadeiras da ordem de São Bento de Avis, que se construiu na cidade de Lisboa; fundou a Igreja Paroquial de Santa Engrácia em Lisboa, fazendo muito mais obras piedosas e de caridade noutras casas religiosas. No seu testamento podia-se ler o seguinte: determinava muitas obras de caridade por todo o reino, grandes socorros para os pobres, viúvas donzelas e órfãos, enfermos, muitas casas para abrigo dos peregrinos, dotes para casamento de órfãos, etc… Faleceu em Outubro de 1577, sendo sepultada no mosteiro da Madre de Deus, celebrando-se exéquias com grande pompa, a que assistiram o seu sobrinho o rei D. Sebastião, o cardeal D. Henrique e toda a corte.

F I M

Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Portugal – Dicionário Histórico. Trechos avulsos.
Óbidos, Fevereiro de 2010

Publicado no Jornal das Caldas em 30-11-2010

sexta-feira, 26 de novembro de 2010






CENTENÁRIO DA IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA
Vultos da República
7º. Artigo



Bernardino Luís Machado de Guimarães, mais conhecido por Bernardino Machado, era uma personagem de compleição elegante, aprumada, vaidoso, cavalheiro e extremamente ambicioso. Segundo constava tinha um tratamento maléfico para com os seus inimigos, tratando-os por “meu queridíssimo amigo”. Nasceu na cidade do Rio de Janeiro a 28 de Março de 1851, filho de Luís Machado Guimarães português e de sua mulher Praxedes de Sousa Ribeiro, de origem brasileira. Passou a sua infância no Brasil, até aos nove anos de idade, data após a qual a família se estabeleceu numa localidade do concelho de Famalicão, chamada Joanes. No ano de 1866 inscreveu-se na Universidade de Coimbra, cursando matemáticas, tendo-se depois matriculado em filosofia, onde foi um brilhante e exemplar aluno, tendo-se doutorado nestas duas áreas com a idade de vinte e oito anos. Leccionou na Universidade após o doutoramento. Quando atingiu a maioridade no ano de 1872 adoptou pela nacionalidade portuguesa. Foi um lutador incansável, sem deixar de continuar a ter uma postura elegante e educada, descobrindo a cabeça a toda a gente que o cumprimentava. Casou com Elisa Dantas Gonçalves Pereira de quem teve ampla geração, (dezoito filhos). Durante os últimos anos da monarquia Bernardino Machado, foi deputado do Partido Regenerador entre os anos 1882 e 1886, e foi Par do Reino em 1890. Desempenhou o cargo de Ministro das Obras Públicas, Comércio e Indústria entre Fevereiro e Dezembro de 1893, onde se notabilizou com uma acção na reformulação do ensino e procedeu à inovação sectorial da agricultura, comércio e indústria, tendo escrito “A Agricultura” no ano de 1899. No ano de 1895 já tinha aderido à Maçonaria e ocupava o lugar de Grão-mestre. Desiludido com os constantes problemas vividos no seio dos partidos monárquicos, no ano de 1903 aderiu ao Partido Republicano, lutando para que este seguisse um rumo socialista, tendo tido uma ascensão rápida chegando no ano seguinte ao seu Directório. Implantada a República, onde não teve uma acção directa, foi convidado por Afonso Costa para fazer parte do Governo Provisório sendo-lhe incumbida a pasta do Ministério dos Negócios Estrangeiros, onde teve uma acção preponderante no reconhecimento da nova república por parte dos países estrangeiros. Renovou a aliança com a Inglaterra que desde o conflito do Mapa Cor-de-Rosa, tinha sofrido sério revés; promoveu diversos acordos entre Portugal e o Brasil elevando as legações diplomáticas a nível de embaixada, tendo sido o primeiro embaixador de Portugal no Brasil no ano de 1913. Chefiou o 6º.Governo entre 09-02-1914 e 23-06-1914, o 7º. Governo entre 23-06-1914 e 12-12-1914 e o 29º. Governo de 02-03-1921 e 23-05-1921. Foi eleito Presidente da República pela primeira vez em 06 de Agosto de 1915, até 15 de Dezembro de 1917 com larga margem de votos (134). Era um fervoroso adepto da participação de Portugal na 1ª. Guerra Mundial logo que a Alemanha declarou guerra a Portugal no ano de 1916. Foi um período muito difícil devido à escassez de produtos de primeira necessidade que se fez sentir de imediato, generalizou-se tanto em Lisboa como no Porto tumultos e assaltos, greves gerais decretadas pela União Operária Nacional o que provocou grande agitação social. Bernardino Machado foi destituído do cargo por um golpe militar encetado por Sidónio Pais em Dezembro de 1917, que era totalmente oposto à participação de Portugal no conflito (1ª. Guerra Mundial). Recusou resignar à Presidência, mas foi detido no Palácio de Belém durante alguns dias, sendo-lhe imposto o exílio, partindo para França com a família, nunca desistindo de lutar pelo retorno à legitimidade da vida política. Presidiu aos Governos de José Castro (18-06-1915 a 29-11-1915), de Afonso Costa (29-11-1915 a 15-03-1916), de António José de Almeida (15-03-1916 a 25-04-1917), de, novamente Afonso Costa (25-04-1917 a 08-12-1917) e ao Governo da União Sagrada – Junta Revolucionária (08-12-1917 a 11-12-1917). Durante vários anos esteve exilado em França, nunca perdendo o contacto com a realidade dos factos que se passavam em Portugal, sendo um cidadão exemplar no cumprimento dos seus deveres e na defesa dos seus direitos, recusando transmitir os poderes presidenciais aos sidonistas, vencedores da revolução de 5 de Dezembro de 1917. Regressado a Portugal, no ano de 1925 é eleito Presidente da República pela segunda vez com 148 votos. Encontrou uma situação financeira bastante melhor do que a do primeiro mandato, mas em contrapartida encontrou uma enorme crise política, económica e social devido a diversos problemas, destacando-se o dos “Tabacos”, apelando à concórdia política, ao livre jogos das instituições democráticas, esforçando-se por evitar lutas entre poderes. Em Maio de 1926 na cidade de Braga o general Gomes da Costa revolta-se “contra as quadrilhas partidárias”, e em Lisboa foi organizada uma junta revolucionária chefiada por Mendes Cabeçadas, a quem Bernardino Machado, entendeu entregar o poder, pois já não tinha condições para continuar. Desempenhou as funções de Presidente da República entre 11 de Dezembro de 1925 e 28 de Maio de 1926, e presidiu ao governo de António Maria da Silva (17-12-1925 a 30-05-1927). Faleceu em Famalicão no dia 28 de Abril de 1944, com a bonita idade de 93 anos.
F I M
Fontes:wikipedia.org/wiki/BernardinoMachado;leme.pt/biografia/Portugal/presidentes; História da República de Carlos Ferrão.
Óbidos - Setembro 2010
Publicado no Jornal das Caldas em 24-11-2010

Artigo 29
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
O Papel-moeda

CINQUENTA ESCUDOS

Rainha Santa Isabel


Chapa 8

A efígie da Rainha Santa Isabel e os motivos alusivos ao milagre das rosas foram os escolhidos para ilustrar a parte da frente da nota. O fabrico das chapas e a estampagem estiveram a cargo da firma holandesa Joh, Enschedé en Zonen, Grafische Inrichting N.V., de Haarlem. A estampagem executada a talhe-doce da parte da frente da nota, apresenta-se em tons de castanho-avermelhado e engloba além da efígie da Rainha Santa, que teve como modelo uma pintura do primeiro quartel do século XVI, da autoria de Quintino Metsys, exitente em Dusseldorf – Alemanha; dísticos, o escudo nacional e ornatos. No fundo, em “offset”, observa-se uma rosácea, sob o retrato da Rainha, impressa em linhas alaranjadas; no lado esquerdo, um ornato castanho–avermelhado com rosas. O verso apresenta uma estampagem a talhe doce, com tonalidade acastanhada, um grande ornato com trabalho de guilhoché em linha branca e linha escura e ornatos envolvendo o número 50.O fundo em “offset”, é constituído por uma panorâmica da cidade de Coimbra, com rosas verdes e um desenho numismático que se alonga até às margens, com rosas heráldicas, impresso a castanho–avermelhado nas faixas laterais e amarelado na faixa central. O papel é de fabrico francês, executado pela Société Arjomari de Paris, apresenta como marca de água a cabeça da Rainha Santa Isabel, idêntica ao retrato da estampagem na frente da nota. Dimensões da nota 142 x 70 mm. Foram emitidas 130 383 000 notas com a data de 28 de Fevereiro de 1964. A primeira emissão, 21 de Junho de 1965 e a última emissão, 11 de Maio de 1979. Foram retiradas de circulação em 31 de Dezembro de 1982.
Biografia:
Isabel de Aragão, mais conhecida pela Rainha Santa Isabel, beatificada e posteriormente canonizada nasceu no palácio de Aljaferia na cidade de Saragoça, no ano de 1271. Era filha de D. Pedro III e de sua mulher Dona Constança de Navarra. Era seu avô paterno D. Jaime I; por via materna era descendente de Frederico II do Sacro Imperador Romano-Germânico. Era a filha mais velha de uma prole de cinco irmãos, dos quais se destacam os que foram reis aragoneses Afonso III e Jaime II, e Frederico II rei da Sicília. Teve uma educação palaciana, e desde tenra idade mostrava gosto pela meditação, rezas, jejuns, em contra ciclo com as jovens de então, que gostavam de exibir-se, vestindo-se luxuosamente com enfeites e jóias, ouvindo música, passeando e divertindo-se. Dona Isabel era de uma formosura e de grandes virtudes, que lhe granjearam a cobiça da sua mão por parte de diversos príncipes. No ano de 1288 e com 17 anos de idade, Isabel casa-se por procuração com o rei D. Dinis, na cidade de Barcelona. Em Junho desse ano, a boda é celebrada na vila de Trancoso, acrescentando essa vila ao dote que habitualmente era entregue às rainhas, a chamada (Casa das Senhoras Rainhas). Recebeu como dote, além de Trancoso, as vilas de Alenquer, Óbidos, Abrantes e Porto de Mós; mais tarde foi detentora dos castelos de Portel, Montalegre, Monforte, Chaves, Gaia, Ourém, Sintra, Vila Viçosa, para além de rendas em numerário das vilas de Leiria e Arruda, nos anos de 1300, Torres Novas em 1304 e Atouguia da Baleia no ano de 1307, etc… Do seu casamento com D. Dinis, advieram dois filhos; primeiro Dona Constança que nasceu em 1290 e casou mais tarde com Fernando IV de Castela; e depois D. Afonso IV que nasceu no ano de 1291, e que mais tarde herdaria a coroa de Portugal por sucessão do seu pai. Nos primeiros anos de casada acompanhava o marido por todo o país, dando dotes a raparigas pobres e educando os filhos de cavaleiros sem posses. Devido à sua bondade e saber, foi cativando a simpatia do povo. Segundo constam as crónicas da época, o seu marido humilhava-a profundamente com as conquistas extra-conjugais. Foi uma apaziguadora de ânimos exaltados entre o marido e o filho, futuro rei D. Afonso IV, que se guerrearam por este considerar que o pai demonstrava imenso afecto pelo filho bastardo Afonso Sanches. Durante a sua vida e enquanto o marido foi vivo, esforçou-se por manter uma postura digna de rainha de alta linhagem e esmerada educação. Segundo a história, D. Dinis das diversas vezes que se deslocava para visitar as suas damas, e a rainha sendo sabedora dessas atitudes, respondia-lhe com esta evasiva”Ide vê-las, Senhor”. D. Dinis faleceu no ano de 1325, tendo a rainha D. Isabel recolhido ao Convento de Santa Clara-a-Velha, em Coimbra, vestindo o hábito da Ordem das Clarissas. Após o ingresso, entregou-se inteiramente às obras de assistência que durante a vida de seu marido tinha fundado; mais tarde, não podendo vestir o hábito das clarissas e professar os votos no mosteiro que tinha fundado, fez-se terciária franciscana, depondo a coroa real no Santuário de Santiago de Compostela e ofertou os seus bens aos mais necessitados. Foi viver para Coimbra, onde fixou residência junto ao convento de Santa Clara, mandando edificar o hospital de Coimbra, o de Santarém e o de Leiria para recolher os enjeitados e abandonados.
Somente uma vez saiu do Convento, e isso aconteceu no ano de 1336, quando seu filho D. Afonso IV declarou guerra ao seu sobrinho, D. Afonso XI de Castela, neto da Rainha D. Isabel, porque segundo consta, se deveu aos maus tratos que infligia à sua mulher D. Maria filha do rei português. Mais uma vez a Rainha Santa Isabel usou da sua inteligência, saber e bondade, evitando a guerra entre os dois exércitos, colocando-se entre eles, proporcionando a paz. A história mais popular da Rainha Santa Isabel é sem sombra de dúvida o “Milagre das Rosas”. Segundo a lenda portuguesa, a rainha saiu do castelo de Sabugal para fazer a caridade aos mais desprotegidos da sociedade, numa manhã invernosa, levando no seu regaço pedaços de pão e outros víveres, sendo interpelada de imediato pelo rei seu marido, que a questionou; que levais no regaço? De imediato respondeu: “São rosas, Senhor”!: desconfiado D. Dinis de novo inquiriu-a “Rosas de Inverno”? a rainha mostrou então o conteúdo do regaço do seu vestido e nele só haviam rosas, ao contrário do pães que aí colocara. O primeiro registo escrito do milagre das rosas encontra-se na Crónica dos Frades Menores; no entanto com o passar dos tempos a tradição popular, introduziu variantes, como moedas de ouro que se transformaram em rosas e vice-versa. O povo criou à sua volta uma lenda de santidade, atribuindo-lhe diversos milagres. A sua imagem é venerada pela Igreja Católica. Foi beatificada no ano de 1516 pelo Papa Leão X e canonizada no ano de 1625 pelo papa Urbano VIII. O principal templo de veneração é a Igreja do Convento de Santa Clara-a-Nova em Coimbra e a capela do Castelo de Estremoz; a festa litúrgica realiza-se a 4 de Julho, sendo as suas atribuições – representada como rainha de Portugal, com rosas no regaço do vestido. Faleceu no dia 4 de Julho de 1336, deixando no seu testamento grandes legados a hospitais e conventos, visando sempre o amparo dos mais desprotegidos.

F I M

Bibliografia:”O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Wikipedia. História de Portugal de Manuel Pinheiro Chagas. Trechos avulsos.
Óbidos, Fevereiro de 2010
Publicado no Jornal de Caldas em 24-11-2010

sexta-feira, 19 de novembro de 2010




Artigo 28
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)

O Papel-moeda
CINQUENTA ESCUDOS
Fontes Pereira de Melo




Chapa 7

O retrato de Fontes Pereira de Melo, notável estadista, orador, parlamentar e governante foi o escolhido para integrar a parte da frente desta nota. O trabalho foi realizado em calcografia e “offset” pela casa britânica Thomas De La Rue & Cº. Ltd., de Londres. As duas estampagens calcográficas da frente, a azul-escuro com a moldura em guilhoché, finos traços paralelos que protegem a efígie de Fontes Pereira de Melo, e a gravura numismática no inferior, assentam sobre fundo em “offset”, impresso pelo sistema de íris que se alongam até às margens. No verso, o fundo também em “offset” irisado, projecta-se uma estampagem calcográfica de desenhos a verde-escuro. A representação do verso da nota é uma reprodução da estátua “O Pensador” de autoria do Mestre Leopoldo de Almeida. O papel foi produzido pelos franceses Office Français des Papiers Fiduciaires et Surfins, de Paris, apresenta no lado esquerdo, a cabeça de Fontes Pereira de Melo, de perfil para o centro. Dimensões da nota 142 x 83 mm. Foram emitidas com a chapa 7, 28 309 800 notas com as datas de 28 de Abril de 1953 e 24 de Junho de 1955. Primeira emissão, 10 de Fevereiro de 1954 e a última emissão, 3 de Maio de 1961. Foram retiradas da circulação em 31 de Dezembro de 1978, conjuntamente com as notas da chapa 7A. Com a Chapa 7A foram emitidas 19 220 000 notas com a data de 24 de Junho de 1960. Primeira emissão, 5 de Maio de 1961 e última emissão, 15 de Junho de 1965. Foram retiradas da circulação, também em 31 de Dezembro de 1978, conjuntamente com as notas da chapa 7.
Biografia:
António Maria de Fontes Pereira de Melo, mais conhecido por Fontes Pereira de Melo, foi um dos principais políticos da segunda metade do século XIX. Nasceu em Lisboa a 8 de Setembro de 1819 filho de João de Fontes Pereira de Melo. No ano de 1834, com apenas 15 anos assentou praça na Armada onde fez os seus primeiros estudos, transitando para a arma de Engenharia do Exército. Com o posto de cadete participou nas lutas liberais. No ano de 1847 já oficial, prestou serviço sobre as ordens do Duque de Saldanha durante a revolta da Maria da Fonte. No ano de 1848 abraça a vida política, tendo sido eleito deputado por Cabo Verde. Em 1851 após a Regeneração ascendeu a funções governativas; de inicio foi Ministro da Marinha e do Ultramar, acumulando pouco depois a pasta da Fazenda. De 1852 a 1856, torna-se Ministro da Obras Públicas, Comércio e Indústria. Em 1856 circula o primeiro comboio entre Lisboa e o Carregado. Em virtude da queda do governo de Saldanha devido à crise económica e financeira, passa para a oposição, onde se manteve por 3 anos. No ano de 1858 foi Ministro da Guerra no governo de Joaquim António de Aguiar, e conselheiro de Estado. No ano de 1870 é par do Reino. Foi 1º. Ministro por três vezes; a primeira vez de 1871-1877; em 1872 constrói-se o caminho de ferro do Barreiro a Vendas Novas; no ano seguinte constrói-se o caminho-de-ferro do Porto à Galiza; em 1876 faz aprovar contratos de navegação para o Algarve e para as Ilhas; também neste ano se constrói um cais, docas e o caminho-de-ferro na marginal do rio Tejo; da 2ª.vez é nomeado 1º. Ministro de 1878 a 1879; e a 3ª e última vez de 1881 a 1886. Surge no ano de 1880 um meio de comunicação que veio revolucionar o relacionamento entre as pessoas ”o telefone”.
Pelas funções que ocupou, pela dinâmica empregue na vertente económica e financeira, pelo cunho empregue nos melhoramentos materiais, é-lhe atribuído o papel de líder e impulsionador da transformação do país, dotando-o de meios de comunicação mais capazes, como estradas, pontes, caminhos-de-ferro, navegação, serviços postais e as redes telefónicas, etc. Também na área financeira, tomou medidas inovadores e sensatas, que se revelaram fundamentais para a economia e desenvolvimento do país; 1- o empréstimo nacional para a consolidação da dívida pública; 2- o aumento das receitas ordinárias, introduzindo uma reforma fiscal. A promoção destas obras públicas ficou conhecida como o “Fontismo”.
Além da belíssima folha de serviços como político e governante, também foi general do exército, governador da Companhia de Crédito Predial Português e por último Presidente do Supremo Tribunal Administrativo. Na toponímica de Lisboa existe uma avenida no centro da cidade que liga o Largo de Saldanha à Praça Marquês de Pombal com o seu nome; na gíria popular chamam-lhe Avenidas Fontes.
Fontes Pereira de Melo, faleceu em Lisboa a 22 de Janeiro de 1887, pobre e na solidão, porque enquanto ministeriável destacou-se com uma postura honesta, adjacente aos seus princípios, o que não lhe permitia enriquecimentos ilícitos. O país durante os governos de Fontes Pereira de Melo, viveu uma liberdade de expressão ímpar.
F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Wikipedia.org. Fontes Pereira de Melo. Infopedia. Trechos avulsos.
Óbidos, Fevereiro de 2010.
Publicado no Jornal das Caldas de 17-11-2010.
CENTENÁRIO DA IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA
Vultos da República
6º. Artigo



Miguel Augusto Bombarda nasceu na cidade do Rio de Janeiro a 06 de Março de 1851, filho de António Pedro Bombarda e de sua mulher Maria Teresa Correia de Andrade. Foi um médico psiquiatra conhecido e admirado por toda a Europa e também professor e político republicano português. Estudou na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa. No ano de 1877 fez uma tese sobre “O delírio das perseguições”. Foi professor da Escola Médica Cirúrgica de Lisboa e director do Hospital de Rilhafoles, onde criou o Laboratório de Histologia no ano de 1887. Tendo granjeado além fronteira enorme fama, valeu-lhe essa notoriedade para realizar no ano de 1906, na cidade de Lisboa, um Congresso Internacional de Medicina, ao qual presidiu. Bombarda notabilizou-se com a divulgação de numerosos documentos escritos, que versavam os principais problemas de natureza clínica que atingiam os portugueses, executando estudos meritórios sobre distrofia por lesão nervosa, menopausa viril, delírio do ciúme, epilepsia, psiquiatria forense, etc… Criou a Liga Nacional contra a Tuberculose e fundou a revista semanal “Medicina Contemporânea” da qual foi director. Além da sua actividade principal, foi um exímio político tendo-se destacado pelo ardor combativo que pôs na luta contra o obscurantismo clerical e contra o poder monárquico. A ele se deve a fundação da Junta Liberal. No ano de 1909 era um dos membros mais activos do Comité Revolucionário Republicano, que exigiu a abdicação daquele que foi o último soberano português. Era um dos membros da Junta Revolucionária para a proclamação da República. Miguel Bombarda foi assassinado no dia 3 de Outubro de 1910, por um antigo paciente, o tenente do exército português Aparício Rebelo, que empunhando uma pistola “Browning”, o alvejou à queima-roupa com dois tiros; ainda foi levado para o hospital de São José perfeitamente lúcido, onde em conjunto com os colegas discutiu as medidas a adoptar para o seu caso cirúrgico, contudo não resistiu aos ferimentos sofridos falecendo poucas horas depois, sem ter podido saborear a vitória republicana, para a qual muito se empenhou e apadrinhou. Deixou publicados diversos escritos do foro médico: 1)- Dos Hemisférios Cerebrais e Suas Funções Psíquicas (1877); 2)- Distrofias por Lesão Nervosa (1880); 3)- Lições sobre Epilepsia e as Pseudo-Epilepsias (1896); 4)- O Delírio do Ciúme (1896); 5)- Consciência e Livre Arbítrio (1896); A Contribuição para o Estudo dos Microcéfalos. Foi sepultado no dia 6 de Outubro de 1910 conjuntamente com o Almirante Cândido dos Reis, o outro paladino da República, que tinha por incumbência a acção militar a desenvolver.
FIM
Fontes: wikipedia.org/wiki/Miguel Bombarda; invitaminervas45;
“Óbidos, - Setembro de 2010
Publicado no Jornal das Caldas em 17-11-2010

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

CENTENÁRIO DA IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA
Vultos da República
5º. Artigo




Abílio Manuel Guerra Junqueiro nasceu em Freixo de Espada à Cinta, distrito de Bragança, em 17 de Setembro de 1850, filho de José António Junqueiro, negociante e abastado lavrador e de sua mulher D. Ana Guerra, família muito crente e fervorosos católicos. Foi bacharel formado em direito pela Universidade de Coimbra, funcionário administrativo, político, deputado, jornalista, escritor e poeta. Como poeta panfletário foi um dos obreiros que ajudou a criar um ambiente revolucionário que conduziu à implantação da República, tornando-se o mais popular da sua época e o mais conhecido da chamada “Escola Nova”. No ano de 1853 ficou órfão de mãe. No ano de 1864 publicou o seu primeiro escrito “Duas páginas dos quatorze anos” volume de poesias. Efectuou os seus estudos preparatórios na cidade de Bragança até 1866. Neste mesmo ano matriculou-se no Curso de Teologia da Universidade de Coimbra, onde permaneceu até 1868, abandonando-o por ter reconhecido que não tinha vocação para a vida religiosa. No ano de 1867 escreveu “Vozes Sem Eco”, tendo-se matriculado no ano seguinte no curso de Direito na Universidade de Coimbra. Aqui iniciou a sua carreira literária no jornal literário “A Folha”, pertença do poeta João Penha, do qual mais tarde foi redactor. Relacionou-se com os melhores escritores e poetas do seu tempo, o grupo da “Geração de 70”. Escreveu neste ano a obra intitulada “Baptismo de Amor”, preambulada por Camilo Castelo Branco. Terminou o curso de Direito, no ano de 1873; neste mesmo ano tendo sido proclamada a República na vizinha Espanha, escreveu um pequeno poema alusivo ao facto “Espanha Livre”, que foi publicado no jornal A Folha. Em 1874 escreveu um poema intitulado “A Morte de D. João” que foi editado pela casa Moré do Porto, alcançando grande êxito, sendo alvo dos mais rasgados elogios por parte de Camilo Castelo Branco e por Oliveira Martins, na revista “Artes e Letras”. Foi residir para a cidade de Lisboa no ano de 1875, onde colaborou com os seus escritos no primeiro número de “A Lanterna Mágica”, jornal de índole política e artística, que teve a colaboração de Rafael Bordalo Pinheiro; escreveu o “O Crime”, relacionado com o assassínio do alferes Palma de Brito; a poesia “Aos Veteranos da Liberdade”, e o volume de “Contos para a infância”. Noutro jornal, “Diário de Notícias” publicou o poema “Fiel”, e o conto “Na Feira da Ladra”. No ano de 1878 foi nomeado Secretário Geral do Governo Civil de Angra do Heroísmo; escreveu o poema “Tragédia Infantil”; foi eleito deputado pelo círculo de Macedo de Cavaleiros. No ano seguinte foi transferido de Angra do Heroísmo para Viana do Castelo; Aderiu ao Partido Progressista neste mesmo ano, grande parte das suas composições foram reunidas num volume intitulado “A Musa em férias”; também publicou o poemeto “O Melro”, que mais tarde foi incluído na obra “Velhice do Padre Eterno”, cuja edição se processou no ano de 1885; publicou ainda neste ano “Idílios e Sátiras”; e por fim traduziu e coleccionou um volume de contos de Hans Christian Andersen entre outros. No inicio do ano de 1880 casou com Filomena Augusta da Silva Neves; no fim do ano é pai de um indivíduo do sexo feminino a quem foi dado o nome de Maria Isabel. No ano de 1881 é pai pela segunda vez e de outro indivíduo também do sexo feminino a quem foi dado o nome de Júlia. Em 1885 é publicada a obra “O Crime do Padre Eterno”, que provocou incontidas e acerbadas réplicas por parte da opinião clerical. Foi criado um movimento “Vida Nova”, do qual Guerra Junqueiro foi simpatizante. Viajou até Paris onde contactou e conviveu com a realidade que se vivia no momento. No ano de 1888 foi constituído o grupo “Vencidos da Vida”, do qual faziam parte elementos dos diversos quadrantes das artes e letras, descontentes com os movimentos culturais que então se viviam em Portugal; escreveu “A Legítima”. Foi eleito deputado pelo círculo de Quelimane, no ano de 1890. Aquando do problema do Mapa Cor-de-Rosa, que culminou com o ultimato inglês, provocando uma enorme crise na sociedade nacional, escreveu o opúsculo “Finis Patriae” e a “Canção do Ódio”; publicou o poema “Pátria” composição que teve forte repercussão, contribuindo assim para o aumento do descrédito e declínio das instituições monárquicas. No ano de 1895, desconhecendo-se qual o motivo, desfez-se de todo o seu património artístico que entretanto tinha acumulado ao longo dos tempos, tendo novamente partido para Paris no ano seguinte. Visitou a Academia Politécnica do Porto, fixando-se nesta cidade. Em 1908 foi candidato pelo Partido Republicano pelo Porto. No ano de 1910 e após a implantação da República é nomeado Enviado Extraordinário e Ministro Plenipotenciário da República Portuguesa, junto da Confederação Suíça, na cidade de Berna. Foi um trabalho árduo pois teve que se empenhar a fundo para esclarecer os estados Europeus da situação entretanto vivida em Portugal, fazendo-os acreditar que a Implantação da República foi instaurada e segue o seu rumo normal, apesar das repetidas e nefastas posições tomadas pelos monárquicos, conservadores e pela igreja. Em 1911 foi homenageado na cidade do Porto, e exonerou-se das funções Ministeriáveis, no ano de 1914. Escreveu “Prosas Dispersas”, em 1920, e deixou vasta obra das quais se enumera as principais: 01)- A Viagem à Roda da Parvónia; 02)- A Morte de D. João (1874); 03)- Contos para a Infância (1875); 04)- A Musa em Férias (1879); 05)- A Velhice do Padre Eterno (1885); 06)- Finis Patriae (1890); 07)- Os Simples (1892); 08)- Oração ao Pão (1903); 09)- Oração à Luz (1904); 10)- Pátria (1915) e 11)- Poesias Dispersas, etc… Faleceu na cidade de Lisboa em 07 de Julho de 1923.
FIM
Fontes:wikipedia.org/wiki/GuerraJunqueiro;Dicionário-Luso-Brasileiro“LeloUniversal” .
Publicado no Jornal das Caldas a 10-11-2010

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

CENTENÁRIO DA IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA
Vultos da República
4º. Artigo


Anselmo Braamcamp Freire nasceu na cidade de Lisboa em 01 de Fevereiro de 1849, era filho de Manuel Nunes Freire da Rocha, 1º. Barão de Almeirim e de sua mulher e parente D. Luísa Maria Joana Braamcamp de Almeida Castelo Branco. Era oriundo de uma família holandesa com tradições liberais, que em muito influenciou a formação política de Braamcamp Freire. A família Braamcamp Freire teve um passado histórico na vida política portuguesa: 1-Hermano José Braamcamp foi embaixador prussiano em Lisboa no reinado do rei D. José I; o seu avô foi Ministro dos Negócios Estrangeiros no ano de 1882; seu tio Anselmo José B. Freire, desempenhou diversos cargos ministeriáveis, entre os quais o de Primeiro - Ministro. Braamcamp Freire foi um homem de elevada cultura, escritor, historiador, político e exímio coleccionador e estudioso de obras de arte. No ano de 1867 matriculou-se no curso de Matemática da Universidade de Coimbra, tendo desistido passados poucos meses. Em 1869 casou com sua prima, Maria Luísa da Cunha Menezes. No ano seguinte estriou-se a escrever para o Jornal Diário Ilustrado. Em 1875 sofreu um desgosto com o desaparecimento de seu filho. No ano de 1886 é nomeado Par do Reino pelo Rei D. Luís. No ano seguinte foi eleito Presidente da Câmara de Loures cargo que ocupou entre os anos de 1887 a 1889, tendo sido reeleito no ano 1893 para novo mandato. Entre os anos de 1893 e 1895 foi vereador pelo Partido Republicano à Câmara de Lisboa. No ano de 1899 publicou o 1º.volume dos Brasões da Sala de Sintra, tendo no ano de 1901 publicado o 2º.volume da mesma obra a qual lhe granjeou um enorme prestígio, baseando todas as suas afirmações em fontes fidedignas, sendo os seus artigos e documentos inéditos, publicados na revista Arquivo Histórico Português. No ano de 1903 foi por ele fundado o Arquivo Histórico Português. No ano de 1905 publicou o 3º.volume dos Brasões da Sala de Sintra. Em 1907 aderiu ao Partido Republicano. Entre os anos de 1908 e 1913 desempenhou o cargo de Presidente da Câmara de Lisboa, tendo publicado no ano de 1910 um estudo sobre Críticas e História. Em 1911 é eleito deputado por Lisboa e 1º. Presidente do Parlamento – à Assembleia Nacional Constituinte, cargo este que teve de abandonar para assumir a Presidência do Senado. Neste mesmo ano foi indigitado para 1º. Presidente da República, que de imediato recusou, aludindo às lutas internas partidárias que envolveram o seu nome em campanhas injuriosas. Também neste ano tornou-se sócio correspondente da Academia de Ciências de Lisboa. No ano de 1912 foi Presidente da Grande Comissão das Comemorações dos Centenários de Ceuta e Albuquerque. Posteriormente em 1913 foi eleito Presidente da Sociedade de Geografia de Lisboa, cargo de grande prestígio, de grande amplitude cultural e social, disputado pelas personagens mais proeminentes da sociedade de então. No ano de 1914 tornou-se sócio efectivo da Academia das Ciências de Lisboa, e no ano seguinte foi nomeado Director dos Portugalie Monumenta Histórica. Também exerceu o cargo de Vice-Presidente da 2ª. Classe da Academia das Ciências de Lisboa. Em 1917 foi eleito Presidente da 2ª. Classe da Academia das Ciências de Lisboa. No ano seguinte tornou-se sócio da Royal Historical Society of England, e ascende à Presidência da Academia das Ciências de Lisboa. Foi um grande coleccionador de arte, deixando um vasto património em quadros, e também um bibliófilo de nomeada, deixando um legado de cerca de dez mil livros, tendo doado o seu vasto e riquíssimo património à cidade de Santarém. A casa onde viveu é hoje a Biblioteca Municipal de Santarém., Deixou as seguintes obras: 01)- O Conde de Vila Franca e a Inquisição (1899); 02)- As Sepulturas do Espinheiro (1901); 03)- Em volta de uma carta de Garcia de Resende (1905); 04)- A honra de Resende (1906); 05)- Amarrado ao pelourinho (1907); 06)- Ementa da Casa da Índia (1907); 07)- Crítica e história; estudos (1910); 08)- Um aventureiro na empresa de Ceuta (1913); 09)- Gil Vicente, poeta e ourives (1914); 10)- Expedições e armadas nos anos de 1488 e 1489 (1915). 11)- Maria Brandoa, a do Crisfal (1916); 12)- Nos Centenários de Ceuta e Albuquerque – discursos (1916); 13)- Condados de Moncorvo e da Feira: ousada falsificação de documentos (1919); 14)- Almirantado do mar da Índia, data da sua criação (1920); 15)- Ida da Imperiatriz D. Isabel para Castela (1920); 16)- A Censura e o Cancioneiro Geral (1921); Armaria portuguesa (1989); 17)- Brasões da Sala de Sintra, vários volumes (1919), etc… Além deste riquíssimo espólio que nos deixou, colaborou também noutras obras de igual valor. Braamcamp Freire faleceu na cidade de Lisboa em 21 de Dezembro de 1921.
FIM
Fontes: Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira “Braamcamp Freire”; wikipedia.org/wiki/Anselmo Braamcamp Freire; fias/f.
Óbidos, Setembro de 2010.
Publicado no Jornal das Caldas em 03-11-2010

Artigo 27
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda

CINQUENTA ESCUDOS



Chapa 6

Nesta nota a figura de vulto representada é o retrato de um notável homem de letras da língua portuguesa – Ramalho Ortigão. A gravação das chapas assim como a estampagem das notas é um trabalho executado por Bradbury, Wilkinson & Co. Ltd., New Malden, Surrey. Na parte da frente da nota, foram usadas duas estampagens calcográficas; uma, a verde-escuro com a efígie de Ramalho Ortigão, e outra em tom avermelhado, apresenta um trabalho de guilhoché em linha branca em parte da cercadura, uma banda de linha em contínua em baixo. No verso, estampado por calcografia directamente sobre o branco do papel, observa-se um aspecto do Mosteiro de Leça do Balio e uma cabeça numismática representando uma minhota. O papel fabricado em Inglaterra pela firma Portals Limited, Laverstoke Mills, Whitchurch, Hampshire, tem um filigrana especial, que visto à transparência pelo frente e no lado esquerdo, uma cabeça de minhota de perfil para o centro. Dimensões da nota 142 x 83 mm. Foram emitidas com a chapa 6, 8 415 000 notas com a data de 3 de Março de 1938. Primeira emissão, 29 de Agosto de 1938, e a última emissão, 16 de Outubro de 1942. Foram retiradas de circulação em 31 de Dezembro de 1963, conjuntamente com as da chapa 6A. Com a chapa 6A foram emitidas 47 480 000 notas com as datas de 25 de Novembro de 1941, 31 de Outubro de 1944, 11 de Março de 1947 e 28 de Junho de 1949. Primeira emissão, 26 de Outubro de 1942, e a última emissão, 4 de Fevereiro de 1954. Foram retiradas de circulação em 31 de Dezembro de 1963, conjuntamente com as notas da chapa 6.
Biografia:
José Duarte Ramalho Ortigão mais conhecido por Ramalho Ortigão nasceu no Porto em 24 de Outubro de 1836, filho de Joaquim da Costa Ramalho Ortigão e de sua mulher D. Antónia Alves Duarte Silva Ramalho Ortigão; era o mais velho de uma prole de nove irmãos. Foi escritor de nomeada, jornalista, bibliotecário da Biblioteca da Ajuda, oficial da secretaria da Academia Real das Ciências.
Ramalho Ortigão viveu a infância com a avó materna, numa quinta do Porto, tendo a sua educação ficado a cargo de seu tio-avô e padrinho Frei José do Sacramento. Os estudos foram feitos em Coimbra onde frequentou o curso de Direito. Iniciou a vida profissional, começando a trabalhar como professor da língua francesa no colégio da Lapa, na cidade do Porto, propriedade de seu pai. Entre outros, leccionou a disciplina de francês a alguns que vieram a ser grandes vultos da nossa história, como Eça de Queirós e Ricardo Jorge. É por esta altura que se inicia na vida jornalística, colaborando no Jornal do Porto. No ano de 1859 casa com D. Emília Isaura Vilaça de Araújo Vieira, donde advém uma geração de três filhos. No ano de 1866, adere, ou melhor envolve-se na “Questão Coimbrã” – (É o primeiro sinal de renovação ideológica do século XIX, entre elementos defensores do “statu quo”, estado desactualizado das coisas em relação à cultura europeia, e um grupo de jovens estudantes e escritores de Coimbra, com novas ideias, de visões e horizontes mais latos). Escreve o folheto “Literatura hoje”, que lhe veio causar bastantes transtornos, tendo defrontado Antero de Quental num duelo de espadas, por ter insultado um outro escritor de nomeada, António Feliciano de Castilho. Desta contenda saiu ferido Ramalho Ortigão. No ano de 1867 visita a Exposição Universal de Paris, resultando desta viagem o livro “Em Paris”. Seria o inicio de uma série de livros de viagens. Devido à sua insatisfação do modo de vida que levava na cidade do Porto, muda-se para Lisboa, onde reencontra o seu ex-aluno Eça de Queirós. No ano de 1870 escreve o livro “Mistérios da estrada de Sintra”, e “Histórias cor-de-rosa”. Entre os anos de 1870-1871 publica “Correio de Hoje”. Em 1871 e conjuntamente com Eça de Queirós surgem os primeiros folhetos de “As Farpas”. No ano seguinte, e pelo cargo assumido por Eça de Queirós em Havana, continua a redigir sozinho As Farpas. Ramalho Ortigão torna-se numa das figuras de charneira da “Geração 70” – (ou Geração de Coimbra – movimento académico que veio revolucionar a cultura portuguesa, da política à literatura, sendo vector principal da sua renovação, a introdução do realismo). Acontece que, pretendendo aproximar Portugal das sociedades modernas europeias, numa primeira fase sem o conseguirem, voltam à estaca inicial; é nesta segunda fase que se constitui o grupo “Os Vencidos da Vida”, da qual faziam parte, além de Ramalho, o Conde de Ficalho, Carlos Lobo de Ávila, Carlos de Lima Mayer, António Cândido, Antero de Quental, Conde de Arnoso, Oliveira Martins, Guerra Junqueiro e Marquês de Soveral. No ano de 1908, e após o regicídio, escreve “D. Carlos Martirizado”. Em 1910 e após a implantação da República, movimento a que não adere, solicita a Teófilo Braga, então responsável pelo primeiro Governo Provisório, a sua demissão do cargo de bibliotecário da Real Biblioteca da Ajuda. Entre os anos de 1911 e 1914, Ramalho exila-se voluntariamente em Paris, onde inicia a escrita das “Últimas Farpas”, direccionadas ao regime Republicano e de uma profunda acutilância. “As Farpas”, foi a obra que o notabilizou, pela qualidade da sua escrita, num português rico, muito crítico revelando enorme capacidade de observação e com intuitos pedagógicos. Dizia Eça de Queirós, que o seu amigo Ramalho, em “As Farpas”, estudou e pintou o seu país na alma e no corpo; este trabalho mais tarde foi reunido em quinze volumes. Regressa a Portugal em 1912.
Colaborou nos jornais Revolução de Setembro, Diário de Notícias, Diário Popular, Jornal do Comércio, Diário da Manhã, entre outros.
Obras publicadas: -1870 - O Mistério da Estrada de Sintra (com Eça de Queirós). -1870-71 - Correio de Hoje. Em Paris. Biografia de Emília Adelaide Pimentel. 1871-72 – As Farpas (com Eça de Queirós) 1871-1882 - As Farpas. 1875 - Banhos de Caldas e Águas Minerais. 1876 - As Praias de Portugal: Teófilo Braga, Esboço Biográfico. Notas de Viagem. Pela Terra Alheia: Notas de Viagem. A Lei da Instrução Secundária na Câmara dos Deputados de Portugal. 1883 - A Holanda. 1887 - John Bull - Depoimento de uma testemunha acerca de alguns aspectos da vida e da civilização inglesa. 1896 - O Culto da Arte em Portugal. 1908 - D. Carlos o Martirizado. 1911-14 - Últimas Farpas. 1914 - Carta de um Velho a um Novo. Títulos e cargos: Foi Comendador da Ordem de Cristo e Comendador da Ordem da Rosa, no Brasil. Além de bibliotecário na Real Biblioteca da Ajuda, foi Secretário e Oficial da Academia Nacional de Ciências, Vogal do Conselho dos Monumentos Nacionais, Membro da Sociedade Portuguesa de Geografia, da Academia das Belas-Artes de Lisboa, do Grémio Literário, do Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro e da Sociedade de Concertos Clássicos do Rio de Janeiro. Em Espanha, foi Grã-Cruz da Ordem de Isabel a Católica, membro da Academia de História de Madrid, da Sociedade Geográfica de Madrid, da Real Academia de Bellas Artes de San Fernando, da Unión Iberoamericana e da Real Academia Sevillana de Buenas Letras.
Diz um dos seus biógrafos:
É o mesmo artista de sempre, fazendo referência à sua idade avançada; o burilador delicioso da frase, o anotador pitoresco e alegre, o crítico austero e delicado, o ironista delicioso e brilhante. Duma grande exuberância de fantasia e conhecendo perfeitamente a sua língua, que maneja com abundância e gosto, Ramalho é um dos escritores mais notáveis da sua geração. A sua prosa elegante, tersa, plástica, cheia de cor e de harmonia, é inconfundível como a sua personalidade. Alto, direito, forte, duma solidez perfeita e duma robustez magnífica, Ramalho com mais de 70 anos é ainda um rapaz, ágil, vibrante e com o mesmo espírito e a mesma vivacidade dos anos juvenis.
Ramalho Ortigão faleceu vítima de um cancro na cidade de Lisboa, no dia 27 de Setembro de 1915.

F I M

Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Wikipedia.org. Ramalho Ortigão Portugal – Dicionário Histórico. Trechos avulsos.
Óbidos - Fevereiro de 2010
Publicado no Jornal das Caldas em 03-11-2010

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

CENTENÁRIO DA IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA
Vultos da República
3º. Artigo


Francisco Teixeira de Queirós natural de Arcos de Valdevez, distrito de Viana do Castelo, nasceu a 3 de Maio de 1848, filho de José Maria Teixeira de Queirós e de sua mulher Antónia Joaquina Pereira Machado, notabilizou-se como romancista, contista, médico, exímio político, deputado e Ministro dos Negócios Estrangeiros. Era oriundo de famílias de poucos haveres, tendo exercido a pastorícia até aos 16 anos de idade. Por incumbência de um tio abastado deu início aos seus estudos formando-se mais tarde em medicina na Universidade de Coimbra, onde conviveu com João Penha e Eça de Queirós. Foi discípulo do realismo de Balzac e do naturalismo de Emílio Zola, que por vezes o contradiziam. Cultivou uma escrita de feição realista, fazendo críticas constantes e cerradas à alta sociedade lisboeta, evidenciando em especial os seus costumes, modos, maneiras de ser e agir perante a sociedade portuguesa. Por outro lado, nalgumas obras retrata de uma forma saudosa o seu tempo de infância vivido na sua terra, recordando a sua vida rural de pastor. Publicou o seu primeiro romance no ano de 1876 sob o pseudónimo de Bento Moreno, “Amor Divino”. A sua obra literária foi previamente elaborada, com a iniciação de duas séries de contos e romances, a que deu os títulos “Comédia do Campo”, onde retratava a vida rural e tudo o que a ela diz respeito, e Comédia Burguesa”, relacionada com a vida citadina, com uma tenacidade e insistência notáveis. Destaque de algumas das suas obras:
“Série Comédia do Campo”: Publica no ano de 1876 os “Os Meus Primeiros Contos”; em 1877, “Amor Divino”; 1882 ”António Fogueira”; 1887 “Novos Contos”; 1897 “Amores, Amores…”; 1899 “A Nossa Gente”; 1913 “A Cantadeira”; e em 1915 “Ao Sol e à Chuva”.
“Série Comédia Burguesa”: Publica no ano de 1879 “Os Noivos”; em 1883 “O Salústio Nogueira”; 1894 “D. Agostinho”; 1895 “Morte de D. Agostinho”; 1898 “O Famoso Galrão”; 1901 “A Caridade em Lisboa”; 1906 “Cartas de Amor”; e em 1919 no fim de sua vida “A Grande Quimera”. Além destas séries publicou, “O Grande Homem”, no ano de 1891, que veio a ser adoptado como peça de teatro.
Casou com Teresa Narcisa de Oliveira David, donde adveio uma geração de seis filhos.
Foi vereador no ano de 1885 na cidade de Lisboa. Foi deputado na legislatura de 1893. Fez parte integrante das Cortes Constituintes no ano de 1911 como deputado, pelo círculo da antiga “Aldeia Galega”, hoje “Montijo”, cargo que renunciou uns meses após tomar posse. Foi nomeado Ministro dos Negócios Estrangeiros na governação de Pimenta de Castro, no ano de 1915.
Faleceu na vila de Sintra em 22 de Julho de 1919.
FIM
Óbidos, Agôsto de 2010

Publicado no Jornal das Caldas de 27-10-2010