segunda-feira, 11 de julho de 2011





Artigo 60
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda




MIL ESCUDOS


Mestre de Avis








Chapa 6



O retrato do Mestre de Avis, através da reprodução de um quadro proveniente do Museu de Viena de Áustria, foi o escolhido para integrar a frente da nota, sendo o verso composto por uma estampagem do Mosteiro da Batalha. O trabalho da execução desta nota esteve a cargo da casa Waterlow & Sons Ltd., de Londres. A frente da nota apresenta sobre um fundo tipográfico de impressão duplex, em íris, duas estampagens calcográficas; uma a preto, contém a figura do Mestre de Avis, e a outra em tons verde-escuro, os ornamentos, as legendas, o escudo das armas de D. João I e linhas ondulantes paralelas. O verso é composto por uma estampagem calcográfica, a castanho-escuro, apresentando a reprodução de uma gravura antiga, do Mosteiro da Batalha, ornamentos efectuados em torno geométrico em linha branca. O papel foi fabricado em Inglaterra pela firma Portals Limited, Laverstoke Mills, Whitchurch, Hampshire, tem como filigrana, quando visto à transparência pela frente, uma cabeça de frade, de perfil para o centro. Dimensões da nota 163 x 104 mm. Foram emitidas 4 058 700 notas com a data de 17 de Junho de 1938. Primeira emissão, 6 de Setembro de 1939, e última emissão, 14 de Agosto de 1944. Foram retiradas de circulação em 30 de Junho de 1966.
Biografia:
O Mestre de Avis, mais tarde rei de Portugal com o nome de D. João I, nasceu em Lisboa em Abril de 1358, filho ilegítimo do rei D. Pedro I e de D. Teresa Lourenço, aia de Dona Inês de Castro, foi Mestre da Ordem de Avis e primeiro rei da dinastia com o mesmo nome, cognominado de O de Boa Memória. Aquando da morte de D. Fernando I, Portugal entrou numa crise para a sua sucessão, apresentando-se como candidatos ao trono; Dona Leonor de Teles de Meneses, viúva do mesmo, impopular e olhada por todos com desconfiança, pois não era bem vista pela sociedade de então a sua ligação amorosa com o conde de Andeiro, personagem influente no Paço e nobre galego; Dona Beatriz filha única de D. Fernando I e de Dona Leonor de Teles, casada com o rei João I de Castela; D. João, príncipe de Portugal, filho de D. Pedro I e de Dona Inês de Castro, era visto por muitos como o legítimo herdeiro, mas dúvidas surgiram com o casamento dos pais; e D. João, filho de D. Pedro I e de Teresa Lourenço aia de Dona Inês de Castro. Na turbulência dos acontecimentos, um grupo de nobres e burgueses, entre eles, Álvaro Pais e Nuno Álvares Pereira, levando em conta o descontentamento generalizado, incitam o Mestre de Avis a assassinar o conde de Andeiro, o que veio a acontecer em Dezembro de 1383. D. João I de Castela, fez-se aclamar em Toledo “Rei de Castela e Portugal”, também no mesmo ano, incorrectamente, tanto mais que a sua proclamação em relação a Portugal ia de encontro ao tratado anti-nupcial, que só conferia a Dona Beatriz o direito de herança de D. Fernando I, mantendo-se os reinos de Castela e Portugal separados, o que o monarca de Castela não pretendia. Invadiu Portugal entrando pela Guarda em Dezembro do mesmo ano. Esta invasão provocou um vazio na governação de Portugal, seguindo-se a crise de 1383-1385, ou “Interregno”, um período marcado pela anarquia e instabilidade política onde as diferentes cidades e vilas portuguesas iam tomando o partido ora de Dona Leonor de Teles, ora de Dona Beatriz e de seu marido ou por fim o partido do Mestre de Avis. Durante estes dois anos um estratega militar se evidenciou, revelando-se um general de grande valor, foi ele D. Nuno Álvares Pereira, que com as suas tácticas de luta militar inovadoras, obteve muitas vitórias e foi personagem fundamental na derrota dos castelhanos em terras portuguesas. Em Abril de 1385 as Cortes reuniram em Coimbra aclamando o Mestre de Avis, como rei de Portugal, dando inicio à dinastia também conhecida por “Joanina”. Mais uma vez D. João de Castela invade Portugal com um enorme exército, que integrava um grande contingente de cavalaria francesa. Foi feita a preparação com Nuno Álvares Pereira, das tácticas a adoptar para a recepção deste exército, montando uma enorme armadilha às forças de Castela, que foram de derrota em derrota, rechaçados até às suas fronteiras. Por curiosidade as batalhas mais significativas deste período forma a palavra “ATAV” – A - Atoleiros; T - Trancoso; A - Aljubarrota e V - Valverde”. No ano de 1387 D. João I casou com Dona Filipa de Lencastre, filha de João de Gaunt, duque de Lencastre, dando-se inicio ao Tratado de Aliança Luso-Britânico. Deste casamento adveio uma geração de nove filhos, alguns dos quais se evidenciaram superiormente na política, na expansão territorial e na cultura. Após a morte de D. João I de Castela no ano de 1390 e sem herdeiros de Dona Beatriz a ameaça castelhana dissipou-se, o que permitiu ao nosso D. João I dedicar-se ao desenvolvimento económico e social do país. Iniciou a era das conquistas do norte de África com a de Ceuta no ano de 1415, praça de importância estratégica para o controle da navegação da costa de África, armando cavaleiros os seus filhos D. Duarte, que seria o futuro “Rei de Portugal, poeta e escritor”; D. Pedro conhecido pelo “das Sete Partidas do mundo”; e D. Henrique conhecido pelo “Navegador”. Foi um rei astuto e cioso, tendo passado para seus filhos todos as suas ideias e conhecimentos. Luís de Camões nos Lusíadas apelidou-os da “Ínclita Geração”. No ano de 1418 são descobertas as ilhas do Porto Santo, e no ano seguinte a ilha da Madeira. Em 1427 são descobertas algumas ilhas do arquipélago dos Açores, além de uma expedição às ilhas do arquipélago das Canárias. Neste mesmo ano iniciou-se a colonização das ilhas da Madeira e dos Açores. D. João I, morreu em Agosto de 1433, e o seu corpo jaz na Capela do Fundador, no Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha.

F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal” Banco de Portugal. Wikipedia org/O rei D. João I de Portugal. Óbidos – Outubro de 2010.

Publicado no Jornal das Caldas de 06-07-2011

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