segunda-feira, 20 de abril de 2015

 
Numismática

Moedas Portuguesas Comemorativas do Euro

 

56ª. Moeda
VIII Série Ibero Americana
Moedas Históricas
“O Escudo”
        10 Euro               
Características da moeda
Anv: Apresenta diversos círculos que representam o percurso do Escudo ao longo do seu ciclo de vida. Do lado esquerdo, entra uma forma circular com a representação da alegoria da República, moeda de 50 centavos de escudo de 1913. O círculo seguinte representa o percurso da nau, moeda de 2$50 de 1944, e por fim, a moeda de um Escudo do ano de 1981.

Rev: Apresenta, no centro do campo e no círculo interior, o escudo das armas nacionais sobreposto à esfera armilar, circundado pela legenda “República Portuguesa e o valor facial *10 EURO*; no círculo exterior, a heráldica dos países ibéricos e ibero-americanos aderentes a este evento: Portugal, Espanha, Argentina, Cuba, Equador, Guatemala, México, Nicarágua Paraguai e Peru.
Autor: Victor Santos.
Moedas de Prata com acabamento normal:
Valor facial 10 Euro; Ag: 500/1000 de toque; Dia. 40 mm; Peso 27 g.; Bordo serrilhado; Cunhagem 100.000 exemplares.
Moedas de Prata com acabamento proof:
Valor facial 10 Euro; Ag: 925/1000 de toque; Dia. 40 mm; Peso 27 g.; Bordo serrilhado. Cunhagem de 12.000 exemplares.
Aquando da Implantação da República, os três lemas que iriam vincar e eternizar-se como símbolos marcantes da mesma foram a criação de um novo Hino Nacional, uma nova Bandeira e  um novo Sistema Monetário (uma nova moeda).
No ano de 1904, a moeda portuguesa apresentava em relação aos outros países da Europa uma desvalorização enorme, o que dificultava a realização de transacções comerciais com avultadas quantidades de dinheiro envolvidas e os registos nos livros comerciais com elevado número de algarismos, o que também dificultava o exercício. Pensou-se proceder a uma modificação do sistema monetário, criando uma nova unidade monetária denominada “Luso”, lembrando a toda a gente a moeda da antiga Lusitânia; a mesma seria dividida na forma decimal até aos centésimos. A conversão de 200 reis para um luso. Tal reforma não se veio a concretizar devido às crises económicas e financeiras que se seguiram. Após a Implantação da República, e depois de elaborados estudos, foi criado o Decreto Fundador do Escudo Republicano, datado de 22 de Maio de 1911, que nos diz o seguinte:
Além da razão apontada, outras que já tinham sido anunciadas em Outubro de 1904, na sua proposta de modificação do sistema monetário, foi adoptada como nova unidade monetária, o (Escudo) de ouro, cuja moeda conterá o mesmo peso de ouro fino que a actual moeda de 1 000 reis em ouro. O escudo dividir-se-á em 100 partes iguais, denominadas centavos, correspondendo assim um centavo a 10 reis. Como múltiplos do escudo, serão cunhadas moedas de 2, 5 e 10 escudos em ouro, as quais equivalerão  às moedas de 2, 5 e 10 mil reis; como submúltiplos, moedas de prata de valor legal de 50, 20 e 10 centavos, que corresponderão às moedas de 500, 200 e 100 reis; como moedas subsidiárias de bronze níquel, de valor legal de 4, 2, 1, e 0,5 centavos, correspondentes às moedas de 40, 20, 10 e 5 reis. A conversão será de 1 000 reis para 1 escudo”.
A nova moeda foi buscar o nome ao início da II Dinastia. O Rei D. Duarte, quando decidiu retomar a cunhagem em ouro, mandou bater os primeiros escudos, dado que era esta a figura que aparecia representada na moeda. Ao longo da história da monarquia, outros reis mandaram cunhar moedas de ouro com esta denominação. O escudo era, assim, uma moeda nobre por ser fabricada naquele metal precioso. Deverá ter sido esta uma das razões que levou os responsáveis do regime republicano a designarem a nova unidade monetária desta forma.
Segundo o preâmbulo do decreto de 22/05/1911, encontravam-se, na altura, em circulação cerca de 34 400 contos de moedas de prata e 3 900 contos de moedas de cuproníquel e de bronze. O mesmo diploma mandou substituir estes valores por 35 500 contos de moedas de prata de 1$00, $50, $20 e $10 e por 3 750 contos de bronze níquel de $04, $02, $01 e $005, mas este plano nunca foi integralmente cumprido. As primeiras moedas só foram cunhadas em 1912 e até 1917 apenas foram emitidos cerca de 13 000 contos de novas moedas em prata.
Desde 1911, data do I Governo Constitucional, vivia-se em Portugal um forte clima de instabilidade política, agravado, em 1914, pela Primeira Guerra Mundial e pela participação de Portugal neste conflito a partir de 1916. As consequências internas foram gravosas. O período de 1917 a 1924 caracterizou-se pela escassez de moeda, coexistindo as de bronze com as de ferro e cuproníquel. Para as substituir, registou-se uma avalanche de cédulas e outro numerário de papel. A subida dos preços que acompanhou a Primeira Guerra Mundial e se prolongou até 1924, fez com que o escudo nesse ano passasse a valer menos 25 vezes do que aquando da sua criação, tendo o valor intrínseco da moeda metálica ultrapassado o respectivo valor nominal, provocando o seu   entesouramento, nomeadamente através de depósitos no estrangeiro.
Em 1924, tomaram-se medidas para travar a queda do escudo, nomeadamente a venda de reservas de prata do Banco de Portugal. Neste ano, o executivo reformou também a moeda metálica, aumentando o teor da liga e reduzindo o seu valor real. As cédulas foram sendo recolhidas e retiradas de circulação, sendo substituídas por moedas de 1 escudo de 50 centavos em bronze e alumínio, de 20, 10 e 0,5 centavos em cobre.  Em 1930, o ministério das Finanças acabou com a dupla circulação monetária em Portugal, retirando a divisa monárquica (reis). A partir de 1931, assistiu-se a um novo período na história da moeda portuguesa marcado pela transformação oficial do escudo de ouro em simples padrão teórico. O escudo conheceu entre 1920 e 1940, apesar dos percalços da economia portuguesa, um período de "relativa estabilidade" com "apenas" 20 desvalorizações. Até ao fim da Segunda Guerra Mundial, 1945, o escudo não evitou algumas derrapagens e oscilações devido ao conflito, mas depois recuperou a estabilidade, que se manteve até à década de 60. Outra faceta curiosa marcou a evolução do escudo no Estado Novo: o uso de notas e moedas como complemento populista dos manuais de história e da propaganda oficial do regime. Registou-se na Ditadura também uma normalização de emissões de notas e moedas "patrióticas", de glorificação dos heróis nacionais e dos Descobrimentos.
Na década de 60, o Império começou a ruir. O escudo coabitava nas colónias com moedas locais; aí a guerra estalava e ameaçava perdurar, como veio a suceder. Na economia portuguesa, a inflação, pela primeira vez na história da Ditadura, conheceu um crescimento desmesurado, com o poder de compra em queda e as convulsões sociais a ameaçarem crises políticas. Em 1971, na Europa comunitária, entretanto, começava a construir-se a moeda única europeia. Em Portugal, depois do 25 de Abril de 1974, acabou a chamada "zona do escudo", processo que se concluiria nas ex-colónias no ano de 1977, com a implementação das novas moedas nacionais. Crises económicas e inflação permanente em níveis elevados assolaram o País desde a Revolução, principalmente entre 1977 e 1986, conhecendo-se depois, graças à adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia, um período de crescimento económico. Foram cunhadas novas moedas de 1, 5 e 10 escudos de latão níquel e de 20, 25, 50, 100 e 200 em cuproníquel, para além de edições especiais. Entretanto, desde Julho de 1990 que existia a União Económica e Monetária, que visava a coordenação das políticas monetárias europeias e a criação a médio prazo de uma moeda única na União Europeia (UE, nova designação da CEE desde 1992). Desde 1994, os estados-membros da UE adoptaram políticas de combate ao défice e de convergência económica. Em 1995, criou-se a designação de "euro" para a nova moeda única, em substituição do ECU. Entretanto, o escudo preparava-se para desaparecer: em 1999, valia menos 2 500 vezes do que quando foi criado. Portugal foi um dos países criadores do Euro que adoptariam a nova moeda única, graças ao facto de ter conseguido cumprir os critérios de convergência para a nova divisa. O euro começou a circular em 1 de Janeiro de 2002 coabitando com o escudo até 28 de Fevereiro desse ano, quando a velha moeda republicana portuguesa, com 90 anos, desapareceu para sempre.
Fontes:  http://www.infopedia.pt/$historia-do-escudo: I.N.C.M.; colecção particular do autor.
 
Publicado no Jornal das Caldas em 15-04-2015
 
F I M


segunda-feira, 13 de abril de 2015

 
 
Numismática

Moedas Portuguesas Comemorativas do Euro

 
 
55ª. Moeda
Tesouros Numismáticos
“O Justo de D. João II”
5 Euro               
Características da moeda
Anv: Apresenta no centro do campo o novo escudo, tornando as quinas pendentes e fixando em sete o numero de castelos o qual quis simbolizar na Europa um novo Portugal,  poderoso e próspero.  Na parte exterior junto à orla e envolvendo toda a moeda, a legenda "República Portuguesa : 2010 + 5 €".
Rev: Apresenta no campo central a figura do monarca sentado de frente no trono, simbolizando a concentração de todo o seu poder, orlado pela legenda "IVSTVS:VT:DALMA.FLOREBIT".  
Autor: José Viriato.
Moedas de Cuproníquel com acabamento normal:
Valor facial 5 Euro; Dia. 30 mm; Peso 14 g.; Bordo serrilhado. Cunhagem 150.000 exemplares.
Moedas de Ouro proof:
Valor facial 5 Euro; Au: 999/1000 de toque; Dia. 30 mm; Peso 15,55 g.; Bordo serrilhado. Cunhagem de 2.500 exemplares.
D. João II de Portugal nasceu no Paço das Alcáçovas, no Castelo de São Jorge. Era filho do rei D. Afonso V de Portugal e de Isabel de Coimbra, princesa de Portugal. D. João II sucedeu ao seu pai após a sua morte no ano de 1481. Como príncipe, D. João II acompanhou o seu pai nas campanhas em África e aí foi armado cavaleiro pelo seu pai, depois da tomada de Arzila, a 21 de Agosto de 1471. No início desse ano, a 22 de Janeiro, em Setúbal, casou com D. Leonor de Viseu, princesa de Portugal e sua prima direita, filha do infante D. Fernando. Fruto desta união, nasceu em 1475 o infante D. Afonso. Em 1474 assumiu a direcção da política da expansão enquanto o seu pai travava luta com os castelhanos e, a 25 de Abril do ano seguinte, assumiu a regência do reino que, por ir socorrer o pai a Espanha, passara para o encargo de D. Leonor. Participou, na célebre batalha de Toro.
Dom João II de Portugal sucedeu ao seu pai após a sua abdicação. Concentrou então o poder em si, retirando-o à aristocracia. Nas conspirações que se seguiram, suprimiu o poder da casa de Bragança e apunhalou pelas suas próprias mãos o seu primo Diogo, Duque de Viseu. Governando desde então sem oposição, D. João II foi um grande defensor da política de exploração atlântica, dando prioridade à busca de um caminho marítimo para a Índia. Após ordenar as viagens de Bartolomeu Dias e de Pêro da Covilhã, foi D. João II que delineou o projecto da primeira viagem.
Nesta altura iniciaram-se conspirações, mas o rei adoptou uma posição de mero observador. Cartas de reclamação e pedidos de intervenção foram trocadas entre o duque de Bragança e os reis católicos de Espanha. O escrivão da sua Fazenda em Vila Viçosa e um mensageiro entregaram ao rei correspondência comprometedora com os Reis Católicos em 1483. Foi o próprio monarca quem prendeu o duque de Bragança, no fim de uma conversa a sós, em Évora. Foi julgado ao longo de 22 dias, numa sala à volta de uma mesa onde se encontravam  juízes, fidalgos e cavaleiros, com o rei sentado no topo e, em algumas sessões, com o réu a seu lado. A votação, iniciada com um discurso do monarca, consumiu dois dias e terminou com a condenação do duque à morte. No dia seguinte, 20 de Junho de 1483, o duque foi executado "degolado" na praça de Évora, diante do povo.
No ano seguinte, o duque de Viseu, D. Diogo, primo e cunhado de João II (irmão da rainha D. Leonor), concebeu um plano para apunhalar o soberano na praia, em Setúbal. Um dos envolvidos avisou o monarca, inviabilizando o plano dos conspiradores. Mandou então chamar ao palácio o duque e apunhalou-o pessoalmente. Depois de eliminar o cunhado, o rei enviou dois emissários à mãe do duque, comunicando o ocorrido. Chamou ainda um irmão do falecido, D. Manuel, e explicou-lhe que tinha esfaqueado o duque porque ele "o quisera matar", prometendo-lhe que, se o príncipe D. Afonso viesse a falecer, e não tivesse mais nenhum filho legítimo, ficaria ele, D. Manuel, como herdeiro de todos os seus reinos e senhorios. [
No Natal de 1489, o rei D. João II enviou uma carta aos Corregedores de Justiça, Vereadores e Procuradores que ficaria para a história do reino e da numismática. O seu objectivo resume-se em duas palavras: fama e respeito. Pretendia alcançá-lo com uma moeda de ouro "de peso de dois cruzados cada peça e daquele mesmo toque e fineza e que tenha nome de "Justos" e por cunho de uma parte o escudo de nossas armas com a coroa em cima dele e da outra parte de nós armado." Nasceu assim o "Justo", uma moeda de prestígio "nobre e rica", batida em pequenas quantidade e destinada a projectar o poder do rei e de Portugal. São raros os exemplares que chegaram até aos nossos dias e foi só em 1999 que se descobriu um "Justo".
Fontes:  pt.wikipedia.org/wiki/João_II_de_Portugal; http://arlloufill.com/pages/o-justo#sthash.2tAftQu1.dpuf; I.N.C.M.; colecção particular do autor.
Publicado no Jornal das Caldas em 8 de Abril de 2015
 
FIM


quinta-feira, 2 de abril de 2015

 
Numismática

   MOEDAS PORTUGUESAS COMEMORATIVAS DO EURO

 

54ª. Moeda
Bicentenário das Linhas de Torres
200 Anos das Guerras Peninsulares
         2,50 Euro               
Características da moeda
 
Anv: Apresenta no centro do campo o escudo nacional assente sobre a esfera armilar, ladeado de cada lado por um conjunto de bombardas e o valor facial da moeda "2,50 euro". Junto à orla superior, a legenda "República Portuguesa 2010". 

Rev: Apresenta no campo central a figura de um oficial e de uma peça de artilharia que se sobrepõem a um diagrama das linhas de Torres, onde se encontram assinaladas as localidades de Pêro Negro e Torres Vedras. Junto à orla superior apresenta a legenda "Bicentenário das Linhas de Torres".
Autor: João José de Brito.
Moedas de cuproníquel com acabamento normal:
Valor facial 2,50 Euro; Cn; Dia 28 mm; Peso 10 g.; Bordo serrilhado. Cunhagem 120.000 exemplares.
Moedas de Prata proof:
Valor facial 2,50 Euro; Ag: 925/1000 de toque; Dia 28 mm; Peso 12 g.; Bordo serrilhado. Cunhagem de 5.000 exemplares.
Descrição das Linhas de Torres Vedras
As Linhas de Torres Vedras, ou simplesmente Linhas de Torres, são um conjunto de fortificações e outros trabalhos defensivos situados na região de Lisboa. No contexto da Guerra Peninsular, foram concebidas com a finalidade de impedir um exército invasor de atingir a capital do Reino de Portugal ou, em caso de derrota, permitir o embarque, em segurança, do Exército Britânico em retirada. A ordem para a sua construção foi dada em Outubro de 1809 por Arthur Wellesley, então comandante do exército anglo-luso. Na Terceira Invasão Francesa, as Linhas de Torres Vedras impediram o exército de André Massena de atingir Lisboa e acabaram por provocar a sua retirada de Portugal.
A norte do Tejo foram, portanto, organizadas três linhas defensivas. Não se tratava de uma barreira contínua como a Muralha de Adriano ou a Grande Muralha da China. Era, antes, um misto de obras defensivas e de formações naturais do terreno. Ao todo eram 153 fortificações que, estando completamente guarnecidas, implicavam a utilização de 39.475 homens e 628 bocas de fogo de artilharia. Este conjunto de três linhas estava dividido em 8 distritos, cada um com o seu comando militar :
A Primeira Linha era guarnecida por 18 683 homens e 319 bocas de fogo e estava dividida em quatro distritos:
1º. Distrito - Tinha uma guarnição de 6 280 homens e 96 bocas de fogo de artilharia. Este distrito partia desde uma linha assente sobre o rio Tejo, que atravessa a planície de Alhandra, até ao Moinho do Céu, por cima da estrada da Arruda.
2º. Distrito - Tinha uma guarnição de 3 090 homens e 55 bocas de fogo de artilharia. Este distrito compreendia o forte do Passo, na escarpa rochosa por cima da estrada da Arruda, até ao forte avançado, à direita da estrada que segue para o Sobral de Monte Agraço.
3º. Distrito - Tinha uma guarnição de 1 900 homens e 24 bocas de fogo de artilharia. Este distrito partia da Patameira até perto de Enxara do Bispo.
4º. Distrito - Tinha uma guarnição de 7 413 homens e 144 bocas de fogo. Este distrito ia desde o Forte Novo da Ordasqueira, por cima da localidade de Matacães, para defender a estrada de Runa, até à foz do rio Sizandro.
A Segunda Linha era guarnecida por 15.442 homens e 215 bocas de fogo. Estava dividida em três distritos:
1º. Distrito - Tinha uma guarnição de 3 502 homens e 72 bocas de fogo de artilharia. Este distrito expandia-se desde o reduto do Salgado na margem do Tejo, à direita da posição de Vialonga, até ao reduto na Serra da Ajuda. 
Distrito nº 2 - Tinha uma guarnição de 5 640 homens e 73 bocas de fogo de artilharia. Este distrito localizava-se no desfiladeiro do Freixial, até ao reduto na estrada de Mafra, Casal do Conto. ´
Distrito nº 3 - Tinha uma guarnição de 6 300 homens e 70 bocas de fogo de artilharia, ocupando o Casal da Pedra, no desfiladeiro de Mafra, até ao reduto de S. Julião, junto à costa atlântica, a sul da Ericeira.
 A Terceira Linha era constituída por um único distrito, o Distrito de Oeiras, e era guarnecida da seguinte forma:
Distrito  único - Era composta pela guarnição de 5 350 homens e 94 bocas de fogo de artilharia. Esta distrito ia desde a fortificação principal "Alto do Algueirão", até à linha que se estende para a direita do forte das Maias.
As duas primeiras linhas estavam, assim, concebidas para barrar os quatro eixos definidos pelas quatro estradas que as atravessavam e por onde poderiam avançar as tropas francesas: Torres Vedras - Mafra, Torres Vedras - Montachique, Sobral - Bucelas e a estrada ao longo da margem do Tejo, passando por Alhandra. Fora destes itinerários, tornava-se impossível, em muitas extensões de terreno, a passagem da artilharia e de carros de apoio, ou mesmo da cavalaria.
Os trabalhos foram cuidadosamente localizados de forma a tirar vantagem do terreno rochoso, muito irregular e, por vezes, constituindo só por si um obstáculo. Os redutos variavam em tamanho e forma, de acordo com a importância que era dada à sua utilização e à morfologia do terreno em que se situavam. Esta adequação ao terreno mostra uma extraordinária adaptabilidade por parte dos engenheiros britânicos.
As estradas que conduziam às linhas e as que estavam traçadas paralelamente a estas, foram destruídas, assim como as pontes que nelas se situavam. Todos os vales e passagens foram bloqueados com represas, muros de pedra. Em algumas colinas, a aproximação já íngreme foi transformada, tornando-se quase vertical, pela remoção de muitas centenas de toneladas de terra. Muitas colinas ficaram com o seu perfil alterado.
Para facilitar os movimentos das tropas e as comunicações laterais foram construídas estradas nalgumas encostas, protegidas da vista do inimigo. Estas estradas permitiam o rápido movimento de forças e dos abastecimentos entre qualquer ponto das linhas, do Tejo ao Atlântico. A transmissão de mensagens estava também assegurada por um conjunto de estações que permitia enviar informação, entre qualquer ponto das linhas e o quartel general de Wellington, num curto espaço de tempo.
 
Fontes: pt.wikipedia.org/wiki/Linhas_de_Torres_Vedras; I.N.C.M.; colecção particular do autor.
 F I M
Publicado no Jornal das Caldas em 01 de Abril 2015