sexta-feira, 26 de novembro de 2010






CENTENÁRIO DA IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA
Vultos da República
7º. Artigo



Bernardino Luís Machado de Guimarães, mais conhecido por Bernardino Machado, era uma personagem de compleição elegante, aprumada, vaidoso, cavalheiro e extremamente ambicioso. Segundo constava tinha um tratamento maléfico para com os seus inimigos, tratando-os por “meu queridíssimo amigo”. Nasceu na cidade do Rio de Janeiro a 28 de Março de 1851, filho de Luís Machado Guimarães português e de sua mulher Praxedes de Sousa Ribeiro, de origem brasileira. Passou a sua infância no Brasil, até aos nove anos de idade, data após a qual a família se estabeleceu numa localidade do concelho de Famalicão, chamada Joanes. No ano de 1866 inscreveu-se na Universidade de Coimbra, cursando matemáticas, tendo-se depois matriculado em filosofia, onde foi um brilhante e exemplar aluno, tendo-se doutorado nestas duas áreas com a idade de vinte e oito anos. Leccionou na Universidade após o doutoramento. Quando atingiu a maioridade no ano de 1872 adoptou pela nacionalidade portuguesa. Foi um lutador incansável, sem deixar de continuar a ter uma postura elegante e educada, descobrindo a cabeça a toda a gente que o cumprimentava. Casou com Elisa Dantas Gonçalves Pereira de quem teve ampla geração, (dezoito filhos). Durante os últimos anos da monarquia Bernardino Machado, foi deputado do Partido Regenerador entre os anos 1882 e 1886, e foi Par do Reino em 1890. Desempenhou o cargo de Ministro das Obras Públicas, Comércio e Indústria entre Fevereiro e Dezembro de 1893, onde se notabilizou com uma acção na reformulação do ensino e procedeu à inovação sectorial da agricultura, comércio e indústria, tendo escrito “A Agricultura” no ano de 1899. No ano de 1895 já tinha aderido à Maçonaria e ocupava o lugar de Grão-mestre. Desiludido com os constantes problemas vividos no seio dos partidos monárquicos, no ano de 1903 aderiu ao Partido Republicano, lutando para que este seguisse um rumo socialista, tendo tido uma ascensão rápida chegando no ano seguinte ao seu Directório. Implantada a República, onde não teve uma acção directa, foi convidado por Afonso Costa para fazer parte do Governo Provisório sendo-lhe incumbida a pasta do Ministério dos Negócios Estrangeiros, onde teve uma acção preponderante no reconhecimento da nova república por parte dos países estrangeiros. Renovou a aliança com a Inglaterra que desde o conflito do Mapa Cor-de-Rosa, tinha sofrido sério revés; promoveu diversos acordos entre Portugal e o Brasil elevando as legações diplomáticas a nível de embaixada, tendo sido o primeiro embaixador de Portugal no Brasil no ano de 1913. Chefiou o 6º.Governo entre 09-02-1914 e 23-06-1914, o 7º. Governo entre 23-06-1914 e 12-12-1914 e o 29º. Governo de 02-03-1921 e 23-05-1921. Foi eleito Presidente da República pela primeira vez em 06 de Agosto de 1915, até 15 de Dezembro de 1917 com larga margem de votos (134). Era um fervoroso adepto da participação de Portugal na 1ª. Guerra Mundial logo que a Alemanha declarou guerra a Portugal no ano de 1916. Foi um período muito difícil devido à escassez de produtos de primeira necessidade que se fez sentir de imediato, generalizou-se tanto em Lisboa como no Porto tumultos e assaltos, greves gerais decretadas pela União Operária Nacional o que provocou grande agitação social. Bernardino Machado foi destituído do cargo por um golpe militar encetado por Sidónio Pais em Dezembro de 1917, que era totalmente oposto à participação de Portugal no conflito (1ª. Guerra Mundial). Recusou resignar à Presidência, mas foi detido no Palácio de Belém durante alguns dias, sendo-lhe imposto o exílio, partindo para França com a família, nunca desistindo de lutar pelo retorno à legitimidade da vida política. Presidiu aos Governos de José Castro (18-06-1915 a 29-11-1915), de Afonso Costa (29-11-1915 a 15-03-1916), de António José de Almeida (15-03-1916 a 25-04-1917), de, novamente Afonso Costa (25-04-1917 a 08-12-1917) e ao Governo da União Sagrada – Junta Revolucionária (08-12-1917 a 11-12-1917). Durante vários anos esteve exilado em França, nunca perdendo o contacto com a realidade dos factos que se passavam em Portugal, sendo um cidadão exemplar no cumprimento dos seus deveres e na defesa dos seus direitos, recusando transmitir os poderes presidenciais aos sidonistas, vencedores da revolução de 5 de Dezembro de 1917. Regressado a Portugal, no ano de 1925 é eleito Presidente da República pela segunda vez com 148 votos. Encontrou uma situação financeira bastante melhor do que a do primeiro mandato, mas em contrapartida encontrou uma enorme crise política, económica e social devido a diversos problemas, destacando-se o dos “Tabacos”, apelando à concórdia política, ao livre jogos das instituições democráticas, esforçando-se por evitar lutas entre poderes. Em Maio de 1926 na cidade de Braga o general Gomes da Costa revolta-se “contra as quadrilhas partidárias”, e em Lisboa foi organizada uma junta revolucionária chefiada por Mendes Cabeçadas, a quem Bernardino Machado, entendeu entregar o poder, pois já não tinha condições para continuar. Desempenhou as funções de Presidente da República entre 11 de Dezembro de 1925 e 28 de Maio de 1926, e presidiu ao governo de António Maria da Silva (17-12-1925 a 30-05-1927). Faleceu em Famalicão no dia 28 de Abril de 1944, com a bonita idade de 93 anos.
F I M
Fontes:wikipedia.org/wiki/BernardinoMachado;leme.pt/biografia/Portugal/presidentes; História da República de Carlos Ferrão.
Óbidos - Setembro 2010
Publicado no Jornal das Caldas em 24-11-2010

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