terça-feira, 30 de novembro de 2010


Artigo 30
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda

CINQUENTA ESCUDOS
Infanta D. Maria



Chapa 9

A figura da Infanta D. Maria foi a escolhida para concluir a emissão de notas no valor de cinquenta escudos. A efígie teve por modelo um pormenor duma pintura atribuída a Gregório Lopes (1540), existente no Museu Condé, em Chantillt, França. A gravação das chapas e a estampagem das notas foram efectuadas pelos ingleses Thomas De La Rue & Cº. Ltd., de Londres e as maquetas de autoria do arquitecto João de Sousa Araújo. A estampagem calcográfica da frente da nota é feita em tons castanhos-escuros e mostra a efígie da Infanta, ornatos trabalhados, o escudo nacional, dísticos e os números 50. O fundo impresso em “offset” com tons de amarelo-torrado, evoluindo para tons castanhos, apresenta diversos ornamentos que envolvem a gravura. O florão do lado esquerdo apresenta cores em amarelo e tonalidades de castanho e verde. O verso tem uma estampagem calcográfica a castanho-escuro, que mostra a reprodução do desenho de autoria de Duarte de Armas (1507) “Sintra tirado natural da parte do Oeste”, ornatos em guilhoché. O fundo também de técnica “offset”, em íris tem uma zona central em amarelo-torrado. Tanto o florão, como o desenho numismático são de composição idêntica aos da frente. O papel é fabrico da firma Portals Limited, Laverstoke Mills, Whitchurch, Hans, de Inglaterra, apresenta como marca de água quando visto à transparência e de frente, o retrato da Infanta D. Maria. Incorporado no papel, na metade esquerda da nota observa-se um filete de segurança a traço descontínuo. Dimensões das notas 142 x 70 mm. Foram emitidas 59 077 000 notas com as datas de 28 de Maio de 1968 e 1 de Fevereiro de 1980. Primeira emissão, 16 de Março. Foram retiradas de circulação em 31 de Dezembro de 1982.
Biografia:
A Infanta D. Maria era filha do rei D. Manuel I e da sua terceira mulher Dona Leonor, irmã de Carlos V; nasceu no Paço da Ribeira, a 8 de Junho de 1521 em Lisboa. Ficou órfã de pai com poucos meses de idade, sendo educada pela camareira-mor da rainha D. Leonor, D. Elvira de Mendonça, sendo posteriormente entregue aos cuidados de sua tia Dona Catarina, irmã de sua mãe, que veio para Portugal para casar com o rei D. João III no ano de 1524. Dona Maria era uma pessoa dotada de uma inteligência fora do comum e com uma excelente memória. Na sua aprendizagem esteve rodeada de professores distintos, entre os quais se evidenciaram Luís Sigeia, que lhe ensinou as letras humanas e o latim; a sua irmã ensinou-a a tocar alguns instrumentos, com especial destaque para aqueles mais usados no culto, como a harpa e o órgão. Quando atingiu a idade de dezasseis anos, ou seja no ano de 1537, o seu irmão ofertou-lhe uma casa fora do Paço com damas e fidalgos sendo tratada com toda a estima como as rainhas. A Infanta foi das mais ricas da Europa, devido aos bens herdados de seu pai e de sua mãe. Foi senhora de cidades, vilas e outras terras, possuindo jurisdições em França, Espanha e Portugal, riquíssimas jóias, baixelas e tapeçarias herdadas de sua mãe. No seu Paço criou uma verdadeira escola de nobres hábitos, onde senhoras ilustres da nobreza, aí se ilustravam e desenvolviam todo o género de conhecimento de ciências e das artes de que foi especial protectora e dinamizadora. A fama da Infanta de ter grande instrução, ilustração e imensas virtudes correu pela Europa, onde alguns dos mais nobres príncipes a pretendiam desposar, o que nunca veio a suceder pelo facto do falecimento destes, antes de se realizar o casamento; ou por motivos de índole pessoal do rei D. João III, (esvaziamento dos cofres), sendo difícil satisfazer à Infanta o muito da sua herança, que teria de levar como dote; manteve-se solteira, consagrando a sua vida ao serviço de Deus; edificou a despensas suas, a Igreja e a Capela-Mor do Convento de Nossa Senhora da Luz, da Ordem de Cristo, o Convento de Santa Helena do Calvário em Évora, o Convento de Nossa Senhora dos Anjos, junto a Torres Vedras, o Convento de S. Bruno e o Convento de Santo Cristo dos Milagres em Santarém; deixando em testamento que se edificasse um Mosteiro para as comendadeiras da ordem de São Bento de Avis, que se construiu na cidade de Lisboa; fundou a Igreja Paroquial de Santa Engrácia em Lisboa, fazendo muito mais obras piedosas e de caridade noutras casas religiosas. No seu testamento podia-se ler o seguinte: determinava muitas obras de caridade por todo o reino, grandes socorros para os pobres, viúvas donzelas e órfãos, enfermos, muitas casas para abrigo dos peregrinos, dotes para casamento de órfãos, etc… Faleceu em Outubro de 1577, sendo sepultada no mosteiro da Madre de Deus, celebrando-se exéquias com grande pompa, a que assistiram o seu sobrinho o rei D. Sebastião, o cardeal D. Henrique e toda a corte.

F I M

Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Portugal – Dicionário Histórico. Trechos avulsos.
Óbidos, Fevereiro de 2010

Publicado no Jornal das Caldas em 30-11-2010

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