Artigo 27
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda
CINQUENTA ESCUDOS
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda
CINQUENTA ESCUDOS
Chapa 6
Nesta nota a figura de vulto representada é o retrato de um notável homem de letras da língua portuguesa – Ramalho Ortigão. A gravação das chapas assim como a estampagem das notas é um trabalho executado por Bradbury, Wilkinson & Co. Ltd., New Malden, Surrey. Na parte da frente da nota, foram usadas duas estampagens calcográficas; uma, a verde-escuro com a efígie de Ramalho Ortigão, e outra em tom avermelhado, apresenta um trabalho de guilhoché em linha branca em parte da cercadura, uma banda de linha em contínua em baixo. No verso, estampado por calcografia directamente sobre o branco do papel, observa-se um aspecto do Mosteiro de Leça do Balio e uma cabeça numismática representando uma minhota. O papel fabricado em Inglaterra pela firma Portals Limited, Laverstoke Mills, Whitchurch, Hampshire, tem um filigrana especial, que visto à transparência pelo frente e no lado esquerdo, uma cabeça de minhota de perfil para o centro. Dimensões da nota 142 x 83 mm. Foram emitidas com a chapa 6, 8 415 000 notas com a data de 3 de Março de 1938. Primeira emissão, 29 de Agosto de 1938, e a última emissão, 16 de Outubro de 1942. Foram retiradas de circulação em 31 de Dezembro de 1963, conjuntamente com as da chapa 6A. Com a chapa 6A foram emitidas 47 480 000 notas com as datas de 25 de Novembro de 1941, 31 de Outubro de 1944, 11 de Março de 1947 e 28 de Junho de 1949. Primeira emissão, 26 de Outubro de 1942, e a última emissão, 4 de Fevereiro de 1954. Foram retiradas de circulação em 31 de Dezembro de 1963, conjuntamente com as notas da chapa 6.
Biografia:
José Duarte Ramalho Ortigão mais conhecido por Ramalho Ortigão nasceu no Porto em 24 de Outubro de 1836, filho de Joaquim da Costa Ramalho Ortigão e de sua mulher D. Antónia Alves Duarte Silva Ramalho Ortigão; era o mais velho de uma prole de nove irmãos. Foi escritor de nomeada, jornalista, bibliotecário da Biblioteca da Ajuda, oficial da secretaria da Academia Real das Ciências.
Ramalho Ortigão viveu a infância com a avó materna, numa quinta do Porto, tendo a sua educação ficado a cargo de seu tio-avô e padrinho Frei José do Sacramento. Os estudos foram feitos em Coimbra onde frequentou o curso de Direito. Iniciou a vida profissional, começando a trabalhar como professor da língua francesa no colégio da Lapa, na cidade do Porto, propriedade de seu pai. Entre outros, leccionou a disciplina de francês a alguns que vieram a ser grandes vultos da nossa história, como Eça de Queirós e Ricardo Jorge. É por esta altura que se inicia na vida jornalística, colaborando no Jornal do Porto. No ano de 1859 casa com D. Emília Isaura Vilaça de Araújo Vieira, donde advém uma geração de três filhos. No ano de 1866, adere, ou melhor envolve-se na “Questão Coimbrã” – (É o primeiro sinal de renovação ideológica do século XIX, entre elementos defensores do “statu quo”, estado desactualizado das coisas em relação à cultura europeia, e um grupo de jovens estudantes e escritores de Coimbra, com novas ideias, de visões e horizontes mais latos). Escreve o folheto “Literatura hoje”, que lhe veio causar bastantes transtornos, tendo defrontado Antero de Quental num duelo de espadas, por ter insultado um outro escritor de nomeada, António Feliciano de Castilho. Desta contenda saiu ferido Ramalho Ortigão. No ano de 1867 visita a Exposição Universal de Paris, resultando desta viagem o livro “Em Paris”. Seria o inicio de uma série de livros de viagens. Devido à sua insatisfação do modo de vida que levava na cidade do Porto, muda-se para Lisboa, onde reencontra o seu ex-aluno Eça de Queirós. No ano de 1870 escreve o livro “Mistérios da estrada de Sintra”, e “Histórias cor-de-rosa”. Entre os anos de 1870-1871 publica “Correio de Hoje”. Em 1871 e conjuntamente com Eça de Queirós surgem os primeiros folhetos de “As Farpas”. No ano seguinte, e pelo cargo assumido por Eça de Queirós em Havana, continua a redigir sozinho As Farpas. Ramalho Ortigão torna-se numa das figuras de charneira da “Geração 70” – (ou Geração de Coimbra – movimento académico que veio revolucionar a cultura portuguesa, da política à literatura, sendo vector principal da sua renovação, a introdução do realismo). Acontece que, pretendendo aproximar Portugal das sociedades modernas europeias, numa primeira fase sem o conseguirem, voltam à estaca inicial; é nesta segunda fase que se constitui o grupo “Os Vencidos da Vida”, da qual faziam parte, além de Ramalho, o Conde de Ficalho, Carlos Lobo de Ávila, Carlos de Lima Mayer, António Cândido, Antero de Quental, Conde de Arnoso, Oliveira Martins, Guerra Junqueiro e Marquês de Soveral. No ano de 1908, e após o regicídio, escreve “D. Carlos Martirizado”. Em 1910 e após a implantação da República, movimento a que não adere, solicita a Teófilo Braga, então responsável pelo primeiro Governo Provisório, a sua demissão do cargo de bibliotecário da Real Biblioteca da Ajuda. Entre os anos de 1911 e 1914, Ramalho exila-se voluntariamente em Paris, onde inicia a escrita das “Últimas Farpas”, direccionadas ao regime Republicano e de uma profunda acutilância. “As Farpas”, foi a obra que o notabilizou, pela qualidade da sua escrita, num português rico, muito crítico revelando enorme capacidade de observação e com intuitos pedagógicos. Dizia Eça de Queirós, que o seu amigo Ramalho, em “As Farpas”, estudou e pintou o seu país na alma e no corpo; este trabalho mais tarde foi reunido em quinze volumes. Regressa a Portugal em 1912.
Colaborou nos jornais Revolução de Setembro, Diário de Notícias, Diário Popular, Jornal do Comércio, Diário da Manhã, entre outros.
Obras publicadas: -1870 - O Mistério da Estrada de Sintra (com Eça de Queirós). -1870-71 - Correio de Hoje. Em Paris. Biografia de Emília Adelaide Pimentel. 1871-72 – As Farpas (com Eça de Queirós) 1871-1882 - As Farpas. 1875 - Banhos de Caldas e Águas Minerais. 1876 - As Praias de Portugal: Teófilo Braga, Esboço Biográfico. Notas de Viagem. Pela Terra Alheia: Notas de Viagem. A Lei da Instrução Secundária na Câmara dos Deputados de Portugal. 1883 - A Holanda. 1887 - John Bull - Depoimento de uma testemunha acerca de alguns aspectos da vida e da civilização inglesa. 1896 - O Culto da Arte em Portugal. 1908 - D. Carlos o Martirizado. 1911-14 - Últimas Farpas. 1914 - Carta de um Velho a um Novo. Títulos e cargos: Foi Comendador da Ordem de Cristo e Comendador da Ordem da Rosa, no Brasil. Além de bibliotecário na Real Biblioteca da Ajuda, foi Secretário e Oficial da Academia Nacional de Ciências, Vogal do Conselho dos Monumentos Nacionais, Membro da Sociedade Portuguesa de Geografia, da Academia das Belas-Artes de Lisboa, do Grémio Literário, do Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro e da Sociedade de Concertos Clássicos do Rio de Janeiro. Em Espanha, foi Grã-Cruz da Ordem de Isabel a Católica, membro da Academia de História de Madrid, da Sociedade Geográfica de Madrid, da Real Academia de Bellas Artes de San Fernando, da Unión Iberoamericana e da Real Academia Sevillana de Buenas Letras.
Diz um dos seus biógrafos:
É o mesmo artista de sempre, fazendo referência à sua idade avançada; o burilador delicioso da frase, o anotador pitoresco e alegre, o crítico austero e delicado, o ironista delicioso e brilhante. Duma grande exuberância de fantasia e conhecendo perfeitamente a sua língua, que maneja com abundância e gosto, Ramalho é um dos escritores mais notáveis da sua geração. A sua prosa elegante, tersa, plástica, cheia de cor e de harmonia, é inconfundível como a sua personalidade. Alto, direito, forte, duma solidez perfeita e duma robustez magnífica, Ramalho com mais de 70 anos é ainda um rapaz, ágil, vibrante e com o mesmo espírito e a mesma vivacidade dos anos juvenis.
Ramalho Ortigão faleceu vítima de um cancro na cidade de Lisboa, no dia 27 de Setembro de 1915.
F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Wikipedia.org. Ramalho Ortigão Portugal – Dicionário Histórico. Trechos avulsos.
Óbidos - Fevereiro de 2010
Nesta nota a figura de vulto representada é o retrato de um notável homem de letras da língua portuguesa – Ramalho Ortigão. A gravação das chapas assim como a estampagem das notas é um trabalho executado por Bradbury, Wilkinson & Co. Ltd., New Malden, Surrey. Na parte da frente da nota, foram usadas duas estampagens calcográficas; uma, a verde-escuro com a efígie de Ramalho Ortigão, e outra em tom avermelhado, apresenta um trabalho de guilhoché em linha branca em parte da cercadura, uma banda de linha em contínua em baixo. No verso, estampado por calcografia directamente sobre o branco do papel, observa-se um aspecto do Mosteiro de Leça do Balio e uma cabeça numismática representando uma minhota. O papel fabricado em Inglaterra pela firma Portals Limited, Laverstoke Mills, Whitchurch, Hampshire, tem um filigrana especial, que visto à transparência pelo frente e no lado esquerdo, uma cabeça de minhota de perfil para o centro. Dimensões da nota 142 x 83 mm. Foram emitidas com a chapa 6, 8 415 000 notas com a data de 3 de Março de 1938. Primeira emissão, 29 de Agosto de 1938, e a última emissão, 16 de Outubro de 1942. Foram retiradas de circulação em 31 de Dezembro de 1963, conjuntamente com as da chapa 6A. Com a chapa 6A foram emitidas 47 480 000 notas com as datas de 25 de Novembro de 1941, 31 de Outubro de 1944, 11 de Março de 1947 e 28 de Junho de 1949. Primeira emissão, 26 de Outubro de 1942, e a última emissão, 4 de Fevereiro de 1954. Foram retiradas de circulação em 31 de Dezembro de 1963, conjuntamente com as notas da chapa 6.
Biografia:
José Duarte Ramalho Ortigão mais conhecido por Ramalho Ortigão nasceu no Porto em 24 de Outubro de 1836, filho de Joaquim da Costa Ramalho Ortigão e de sua mulher D. Antónia Alves Duarte Silva Ramalho Ortigão; era o mais velho de uma prole de nove irmãos. Foi escritor de nomeada, jornalista, bibliotecário da Biblioteca da Ajuda, oficial da secretaria da Academia Real das Ciências.
Ramalho Ortigão viveu a infância com a avó materna, numa quinta do Porto, tendo a sua educação ficado a cargo de seu tio-avô e padrinho Frei José do Sacramento. Os estudos foram feitos em Coimbra onde frequentou o curso de Direito. Iniciou a vida profissional, começando a trabalhar como professor da língua francesa no colégio da Lapa, na cidade do Porto, propriedade de seu pai. Entre outros, leccionou a disciplina de francês a alguns que vieram a ser grandes vultos da nossa história, como Eça de Queirós e Ricardo Jorge. É por esta altura que se inicia na vida jornalística, colaborando no Jornal do Porto. No ano de 1859 casa com D. Emília Isaura Vilaça de Araújo Vieira, donde advém uma geração de três filhos. No ano de 1866, adere, ou melhor envolve-se na “Questão Coimbrã” – (É o primeiro sinal de renovação ideológica do século XIX, entre elementos defensores do “statu quo”, estado desactualizado das coisas em relação à cultura europeia, e um grupo de jovens estudantes e escritores de Coimbra, com novas ideias, de visões e horizontes mais latos). Escreve o folheto “Literatura hoje”, que lhe veio causar bastantes transtornos, tendo defrontado Antero de Quental num duelo de espadas, por ter insultado um outro escritor de nomeada, António Feliciano de Castilho. Desta contenda saiu ferido Ramalho Ortigão. No ano de 1867 visita a Exposição Universal de Paris, resultando desta viagem o livro “Em Paris”. Seria o inicio de uma série de livros de viagens. Devido à sua insatisfação do modo de vida que levava na cidade do Porto, muda-se para Lisboa, onde reencontra o seu ex-aluno Eça de Queirós. No ano de 1870 escreve o livro “Mistérios da estrada de Sintra”, e “Histórias cor-de-rosa”. Entre os anos de 1870-1871 publica “Correio de Hoje”. Em 1871 e conjuntamente com Eça de Queirós surgem os primeiros folhetos de “As Farpas”. No ano seguinte, e pelo cargo assumido por Eça de Queirós em Havana, continua a redigir sozinho As Farpas. Ramalho Ortigão torna-se numa das figuras de charneira da “Geração 70” – (ou Geração de Coimbra – movimento académico que veio revolucionar a cultura portuguesa, da política à literatura, sendo vector principal da sua renovação, a introdução do realismo). Acontece que, pretendendo aproximar Portugal das sociedades modernas europeias, numa primeira fase sem o conseguirem, voltam à estaca inicial; é nesta segunda fase que se constitui o grupo “Os Vencidos da Vida”, da qual faziam parte, além de Ramalho, o Conde de Ficalho, Carlos Lobo de Ávila, Carlos de Lima Mayer, António Cândido, Antero de Quental, Conde de Arnoso, Oliveira Martins, Guerra Junqueiro e Marquês de Soveral. No ano de 1908, e após o regicídio, escreve “D. Carlos Martirizado”. Em 1910 e após a implantação da República, movimento a que não adere, solicita a Teófilo Braga, então responsável pelo primeiro Governo Provisório, a sua demissão do cargo de bibliotecário da Real Biblioteca da Ajuda. Entre os anos de 1911 e 1914, Ramalho exila-se voluntariamente em Paris, onde inicia a escrita das “Últimas Farpas”, direccionadas ao regime Republicano e de uma profunda acutilância. “As Farpas”, foi a obra que o notabilizou, pela qualidade da sua escrita, num português rico, muito crítico revelando enorme capacidade de observação e com intuitos pedagógicos. Dizia Eça de Queirós, que o seu amigo Ramalho, em “As Farpas”, estudou e pintou o seu país na alma e no corpo; este trabalho mais tarde foi reunido em quinze volumes. Regressa a Portugal em 1912.
Colaborou nos jornais Revolução de Setembro, Diário de Notícias, Diário Popular, Jornal do Comércio, Diário da Manhã, entre outros.
Obras publicadas: -1870 - O Mistério da Estrada de Sintra (com Eça de Queirós). -1870-71 - Correio de Hoje. Em Paris. Biografia de Emília Adelaide Pimentel. 1871-72 – As Farpas (com Eça de Queirós) 1871-1882 - As Farpas. 1875 - Banhos de Caldas e Águas Minerais. 1876 - As Praias de Portugal: Teófilo Braga, Esboço Biográfico. Notas de Viagem. Pela Terra Alheia: Notas de Viagem. A Lei da Instrução Secundária na Câmara dos Deputados de Portugal. 1883 - A Holanda. 1887 - John Bull - Depoimento de uma testemunha acerca de alguns aspectos da vida e da civilização inglesa. 1896 - O Culto da Arte em Portugal. 1908 - D. Carlos o Martirizado. 1911-14 - Últimas Farpas. 1914 - Carta de um Velho a um Novo. Títulos e cargos: Foi Comendador da Ordem de Cristo e Comendador da Ordem da Rosa, no Brasil. Além de bibliotecário na Real Biblioteca da Ajuda, foi Secretário e Oficial da Academia Nacional de Ciências, Vogal do Conselho dos Monumentos Nacionais, Membro da Sociedade Portuguesa de Geografia, da Academia das Belas-Artes de Lisboa, do Grémio Literário, do Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro e da Sociedade de Concertos Clássicos do Rio de Janeiro. Em Espanha, foi Grã-Cruz da Ordem de Isabel a Católica, membro da Academia de História de Madrid, da Sociedade Geográfica de Madrid, da Real Academia de Bellas Artes de San Fernando, da Unión Iberoamericana e da Real Academia Sevillana de Buenas Letras.
Diz um dos seus biógrafos:
É o mesmo artista de sempre, fazendo referência à sua idade avançada; o burilador delicioso da frase, o anotador pitoresco e alegre, o crítico austero e delicado, o ironista delicioso e brilhante. Duma grande exuberância de fantasia e conhecendo perfeitamente a sua língua, que maneja com abundância e gosto, Ramalho é um dos escritores mais notáveis da sua geração. A sua prosa elegante, tersa, plástica, cheia de cor e de harmonia, é inconfundível como a sua personalidade. Alto, direito, forte, duma solidez perfeita e duma robustez magnífica, Ramalho com mais de 70 anos é ainda um rapaz, ágil, vibrante e com o mesmo espírito e a mesma vivacidade dos anos juvenis.
Ramalho Ortigão faleceu vítima de um cancro na cidade de Lisboa, no dia 27 de Setembro de 1915.
F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Wikipedia.org. Ramalho Ortigão Portugal – Dicionário Histórico. Trechos avulsos.
Óbidos - Fevereiro de 2010
Publicado no Jornal das Caldas em 03-11-2010
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