sexta-feira, 26 de novembro de 2010


Artigo 29
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
O Papel-moeda

CINQUENTA ESCUDOS

Rainha Santa Isabel


Chapa 8

A efígie da Rainha Santa Isabel e os motivos alusivos ao milagre das rosas foram os escolhidos para ilustrar a parte da frente da nota. O fabrico das chapas e a estampagem estiveram a cargo da firma holandesa Joh, Enschedé en Zonen, Grafische Inrichting N.V., de Haarlem. A estampagem executada a talhe-doce da parte da frente da nota, apresenta-se em tons de castanho-avermelhado e engloba além da efígie da Rainha Santa, que teve como modelo uma pintura do primeiro quartel do século XVI, da autoria de Quintino Metsys, exitente em Dusseldorf – Alemanha; dísticos, o escudo nacional e ornatos. No fundo, em “offset”, observa-se uma rosácea, sob o retrato da Rainha, impressa em linhas alaranjadas; no lado esquerdo, um ornato castanho–avermelhado com rosas. O verso apresenta uma estampagem a talhe doce, com tonalidade acastanhada, um grande ornato com trabalho de guilhoché em linha branca e linha escura e ornatos envolvendo o número 50.O fundo em “offset”, é constituído por uma panorâmica da cidade de Coimbra, com rosas verdes e um desenho numismático que se alonga até às margens, com rosas heráldicas, impresso a castanho–avermelhado nas faixas laterais e amarelado na faixa central. O papel é de fabrico francês, executado pela Société Arjomari de Paris, apresenta como marca de água a cabeça da Rainha Santa Isabel, idêntica ao retrato da estampagem na frente da nota. Dimensões da nota 142 x 70 mm. Foram emitidas 130 383 000 notas com a data de 28 de Fevereiro de 1964. A primeira emissão, 21 de Junho de 1965 e a última emissão, 11 de Maio de 1979. Foram retiradas de circulação em 31 de Dezembro de 1982.
Biografia:
Isabel de Aragão, mais conhecida pela Rainha Santa Isabel, beatificada e posteriormente canonizada nasceu no palácio de Aljaferia na cidade de Saragoça, no ano de 1271. Era filha de D. Pedro III e de sua mulher Dona Constança de Navarra. Era seu avô paterno D. Jaime I; por via materna era descendente de Frederico II do Sacro Imperador Romano-Germânico. Era a filha mais velha de uma prole de cinco irmãos, dos quais se destacam os que foram reis aragoneses Afonso III e Jaime II, e Frederico II rei da Sicília. Teve uma educação palaciana, e desde tenra idade mostrava gosto pela meditação, rezas, jejuns, em contra ciclo com as jovens de então, que gostavam de exibir-se, vestindo-se luxuosamente com enfeites e jóias, ouvindo música, passeando e divertindo-se. Dona Isabel era de uma formosura e de grandes virtudes, que lhe granjearam a cobiça da sua mão por parte de diversos príncipes. No ano de 1288 e com 17 anos de idade, Isabel casa-se por procuração com o rei D. Dinis, na cidade de Barcelona. Em Junho desse ano, a boda é celebrada na vila de Trancoso, acrescentando essa vila ao dote que habitualmente era entregue às rainhas, a chamada (Casa das Senhoras Rainhas). Recebeu como dote, além de Trancoso, as vilas de Alenquer, Óbidos, Abrantes e Porto de Mós; mais tarde foi detentora dos castelos de Portel, Montalegre, Monforte, Chaves, Gaia, Ourém, Sintra, Vila Viçosa, para além de rendas em numerário das vilas de Leiria e Arruda, nos anos de 1300, Torres Novas em 1304 e Atouguia da Baleia no ano de 1307, etc… Do seu casamento com D. Dinis, advieram dois filhos; primeiro Dona Constança que nasceu em 1290 e casou mais tarde com Fernando IV de Castela; e depois D. Afonso IV que nasceu no ano de 1291, e que mais tarde herdaria a coroa de Portugal por sucessão do seu pai. Nos primeiros anos de casada acompanhava o marido por todo o país, dando dotes a raparigas pobres e educando os filhos de cavaleiros sem posses. Devido à sua bondade e saber, foi cativando a simpatia do povo. Segundo constam as crónicas da época, o seu marido humilhava-a profundamente com as conquistas extra-conjugais. Foi uma apaziguadora de ânimos exaltados entre o marido e o filho, futuro rei D. Afonso IV, que se guerrearam por este considerar que o pai demonstrava imenso afecto pelo filho bastardo Afonso Sanches. Durante a sua vida e enquanto o marido foi vivo, esforçou-se por manter uma postura digna de rainha de alta linhagem e esmerada educação. Segundo a história, D. Dinis das diversas vezes que se deslocava para visitar as suas damas, e a rainha sendo sabedora dessas atitudes, respondia-lhe com esta evasiva”Ide vê-las, Senhor”. D. Dinis faleceu no ano de 1325, tendo a rainha D. Isabel recolhido ao Convento de Santa Clara-a-Velha, em Coimbra, vestindo o hábito da Ordem das Clarissas. Após o ingresso, entregou-se inteiramente às obras de assistência que durante a vida de seu marido tinha fundado; mais tarde, não podendo vestir o hábito das clarissas e professar os votos no mosteiro que tinha fundado, fez-se terciária franciscana, depondo a coroa real no Santuário de Santiago de Compostela e ofertou os seus bens aos mais necessitados. Foi viver para Coimbra, onde fixou residência junto ao convento de Santa Clara, mandando edificar o hospital de Coimbra, o de Santarém e o de Leiria para recolher os enjeitados e abandonados.
Somente uma vez saiu do Convento, e isso aconteceu no ano de 1336, quando seu filho D. Afonso IV declarou guerra ao seu sobrinho, D. Afonso XI de Castela, neto da Rainha D. Isabel, porque segundo consta, se deveu aos maus tratos que infligia à sua mulher D. Maria filha do rei português. Mais uma vez a Rainha Santa Isabel usou da sua inteligência, saber e bondade, evitando a guerra entre os dois exércitos, colocando-se entre eles, proporcionando a paz. A história mais popular da Rainha Santa Isabel é sem sombra de dúvida o “Milagre das Rosas”. Segundo a lenda portuguesa, a rainha saiu do castelo de Sabugal para fazer a caridade aos mais desprotegidos da sociedade, numa manhã invernosa, levando no seu regaço pedaços de pão e outros víveres, sendo interpelada de imediato pelo rei seu marido, que a questionou; que levais no regaço? De imediato respondeu: “São rosas, Senhor”!: desconfiado D. Dinis de novo inquiriu-a “Rosas de Inverno”? a rainha mostrou então o conteúdo do regaço do seu vestido e nele só haviam rosas, ao contrário do pães que aí colocara. O primeiro registo escrito do milagre das rosas encontra-se na Crónica dos Frades Menores; no entanto com o passar dos tempos a tradição popular, introduziu variantes, como moedas de ouro que se transformaram em rosas e vice-versa. O povo criou à sua volta uma lenda de santidade, atribuindo-lhe diversos milagres. A sua imagem é venerada pela Igreja Católica. Foi beatificada no ano de 1516 pelo Papa Leão X e canonizada no ano de 1625 pelo papa Urbano VIII. O principal templo de veneração é a Igreja do Convento de Santa Clara-a-Nova em Coimbra e a capela do Castelo de Estremoz; a festa litúrgica realiza-se a 4 de Julho, sendo as suas atribuições – representada como rainha de Portugal, com rosas no regaço do vestido. Faleceu no dia 4 de Julho de 1336, deixando no seu testamento grandes legados a hospitais e conventos, visando sempre o amparo dos mais desprotegidos.

F I M

Bibliografia:”O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Wikipedia. História de Portugal de Manuel Pinheiro Chagas. Trechos avulsos.
Óbidos, Fevereiro de 2010
Publicado no Jornal de Caldas em 24-11-2010

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