domingo, 30 de janeiro de 2011

CENTENÁRIO DA IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA
Vultos da República
15º. Artigo

António José de Almeida foi médico, mas essencialmente um político dos mais relevantes e populares dirigentes do partido republicano. Por força do seu pensamento e abnegada devoção aos ideais republicanos, foi eleito Presidente da República. Nasceu em Vale da Vinha, Penacova a 17 de Julho de 1866, filho de José António Almeida e de sua mulher D. Maria Rita Neves. Após a conclusão dos estudos secundários, matriculou-se na Faculdade de Medicina, na Universidade de Coimbra. Como estudante fez publicar no jornal académico “Ultimatum”, um artigo contundente dirigido ao rei D. Carlos, intitulado “Bragança, o último”, que teve como defensor Manuel de Arriaga, acabando condenado a três meses de prisão. Terminou o curso de Medicina no ano de 1895, indo para a Angola e depois para S. Tomé e Príncipe onde se estabeleceu até ao ano de 1903. Neste mesmo ano regressou a Portugal onde pouco se demorou, indo estagiar em diversas clínicas até ano de 1904 em França. Regressado de França montou consultório em Lisboa, entrando definitivamente na política. Foi candidato do Partido Republicano no ano de 1905 e 1906, sendo eleito deputado somente no ano de 1906. Em 1907 adere à Maçonaria. Os seus discursos acutilantes fizeram dele um orador muito popular nos comícios republicanos, sendo preso no ano de 1908, na tentativa revolucionária, dias antes do regicídio do rei D. Carlos e do príncipe Luís Filipe. Após a sua libertação a sua acção extremamente demolidora tanto na imprensa como na palavra, foi um contributo essencial para apresentar e reforçar os seus ideais republicanos, tanto mais que era director do jornal Alma Nacional. Em 1910 após a implantação da República, desempenhou o cargo de Ministro do Interior do Governo Provisório. Neste mesmo ano casou com D. Maria Joana Morais Perdigão Queiroga, no dia 14 de Dezembro. No ano de 1912 funda no mês de Fevereiro o partido Evolucionista de índole republicana moderado do qual foi seu dirigente, opondo-se ao Partido Democrático de Afonso Costa, mas com o qual se aliou no governo da União Sagrada, no ano de 1917. Em 6 de Agôsto do ano de 1919 foi eleito Presidente da República, até 5 de Outubro de 1923, com 123 votos expressos, contra 31 de Teixeira Gomes e 3 de Afonso Costa. Foi o único presidente da 1ª. República que concluiu o seu mandato. Durante o seu mandato fez uma visita oficial ao Brasil, para participar no Centenário da Independência. A sua maneira de ser, a sua afabilidade a sua eloquência e o seu trato foram condições essenciais para o êxito desta visita. No ano de 1921, deu-se um levantamento radical que teve como corolário a “Noite sangrenta” de 19 de Outubro, em que foram assassinados por opositores ao regime republicano, o chefe do governo de então António Granjo, Machado Santos o herói da rotunda e Carlos da Maia. O seu mandato caracterizou-se por ter nomeado 16 governos. Alguns amigos reuniram os seus principais artigos e discursos em três volumes, intitulados “Quarenta anos de vida literária e política”, obra publicada a título póstumo no ano de 1934 e erigiram-lhe uma estátua na cidade de Lisboa da autoria do escultor Leopoldo de Almeida e do escultor Pardal Monteiro. Faleceu na cidade de Lisboa a 31 de Outubro de 1929.
F I M
Óbidos – Janeiro de 2011
Publicado no Jornal das Caldas em 2011-01-26

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