quinta-feira, 13 de janeiro de 2011


Artigo 35
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda
CEM ESCUDOS
João Pinto Ribeiro



Chapa 5

A esta nota foi dada à estampa na parte da frente uma figura marcante das lutas da Restauração da Independência de Portugal, no ano de 1640 – João Pinto Ribeiro. Todo o trabalho de gravação das chapas e estampagem das notas foi feito pela casa Bradbury, Wilkinson, & Cº. Ltd., New Malden, Surrey. Na parte da frente aplicaram-se duas estampagens calcográficas, uma a cor castanha com a figura de João Pinto Ribeiro e outra a verde-escuro, composta por trabalho de guilhoché em linha branca, uma faixa na parte inferior com gravação elaborada na máquina de raiar e linhas paralelas. Está impresso tipograficamente em íris e com aplicação duplex. No verso a gravura principal foi estampada por técnica calcográfica, em tons arroxeados, figurando “O Génio da Independência”, estátua em bronze que integra o Monumento dos Restauradores, em Lisboa, com trabalho de torno geométrico em linha cheia e com linhas oblíquas paralelas, sobre um fundo multicolor em íris de procedimento tipográfico. O fabricante do papel foi a firma Portals Limited, Laverstoke Mills, Whitchurch, Hants, que como característica quando visto à transparência pela frente, apresenta uma marca de água composta por; 1- no lado direito, um espaço não impresso a cabeça da Vitória que ornamenta o Monumento da Restauração; e II – na parte inferior da nota e a todo o comprimento a legenda Banco de Portugal. Dimensões da nota, 170 x 97 mm. Foram emitidas 29 815 000 notas, com as datas de 21 de Fevereiro de 1935 e 13 de Março de 1941. Primeira emissão, 16 de Março de 1937, e última emissão, 3 de Junho de 1948. Foram retiradas de circulação em 31 de Dezembro de 1958.
Biografia:
João Pinto Ribeiro célebre conjurado na Revolução de 1 de Dezembro de 1640, nasceu na última década do século XVI, na cidade de Lisboa, e era filho de Manuel Pinho Ribeiro, natural de Amarante e de sua mulher Helena Gomes da Silva da Lixa. No ano de 1607 até 1612, esteve matriculado na Universidade de Coimbra. No ano de 1612, escreveu um “Elogio de D. João de Castro”, e um livro intitulado “Injustas sucessões dos reis de Castela e de Leão e isenção de Portugal”. Acabou o curso de Direito Canónico no ano de 1615, onde obteve o grau de bacharel. No ano de 1621, foi nomeado juiz de fora da vila de Pinhel por ordem Filipe II. No ano de 1627 teve a nomeação de juiz de fora de Ponte de Lima, por carta régia de Filipe III. Aqui escreveu uma obra “Discurso sobre os fidalgos e soldados portugueses não militarem em conquistas alheias”, a qual foi publicado com enorme êxito no ano de 1632. Pelo ano de 1639, encontrava-se à frente da administração e negócios da Casa de Bragança em Lisboa, entrando no noviciado da Ordem de Cristo. Por alvará de 17 de Setembro de 1639 foi armado cavaleiro, recebido de imediato a comenda de Santa Maria de Gimunde, a pedido do duque de Bragança, anuindo de imediato Filipe III, por carta de 18 de Novembro do mesmo ano, e também porque a dita comenda tinha vagado por morte do seu possuidor Fradique Lopes de Sousa. Em Portugal os fidalgos portugueses começaram a conspirar contra o domínio espanhol, que durava há quase 60 anos, e que tanta destruição e saques tinham praticado, empobrecendo-o. Por estes fidalgos terem dificuldade em fazer chegar à mão do duque de Bragança a correspondência com segurança e a celeridade requerida a Vila Viçosa, local de residência do mesmo, lembraram-se de convocar João Pinto Ribeiro, homem de enorme talento, mas também agente de negócios do duque, para que lhes fizesse chegar as instruções (movimentações, reuniões, etc., com o fim de o colocar ao corrente da situação), às mãos com total segurança. Pinto Ribeiro, no inicio de Outubro de 1640, compareceu `a primeira reunião, mostrando-se de imediato um activíssimo auxiliar. O duque foi informado e pressionado pelos conspiradores pela resolução que entretanto se tinha tomado; este de inicio acedeu depois de muitas irresoluções, mas passados que foram alguns dias, achou-se outra vez hesitante; foi Pinto Ribeiro com a sua inteligência e saber que demoveu o duque de desistir do plano. Foi no dia 25 de Novembro de 1640, que se marcou definitivamente o dia para a revolução, e Pinto Ribeiro foi quem comunicou ao duque de Bragança, numa carta muito ambígua, em que dizia que no 1 de Dezembro é que se devia resolver o caso das freiras de Sacavém. O duque de Bragança foi aclamado rei, como D. João IV iniciando aqui a dinastia de Bragança. A posição de Pinto Ribeiro após colidir a revolução, foi secundada, pelos conspiradores que de imediato se apresentaram como os grandes incitadores à queda do domínio espanhol. Pela sua intervenção foi-lhe dada no ano de 1641, a carta de contador - mor dos contos do reino; a carta de desembargador supernumerário da Mesa do Desembargo do Paço, e por último a carta de guarda-mor da Torre do Tombo. Pinto Ribeiro era um escritor genuíno e um homem de engenho. No ano de 1643 e enquanto desempenhava as funções de juiz de fora em Pinhel, escreveu, “Três relações de alguns pontos de direito”.Em 1644 escreve o folheto “A acção de aclamar el-rei D. João IV foi mais gloriosa e digna de honra, fama e remuneração que a dos que a seguiram aclamado”, dando a entender que não teria sido devidamente recompensado queixando-se como muitos outros, de que não tivessem tido mais em conta os serviços prestados nos preparativos e na aclamação do rei. No ano de 1645, escreveu um livro “Desengano ao parecer enganoso”. Também neste ano escreveu um folheto “Preferência das letras às armas”; insurgia-se contra a demasiada atenção prestada àqueles que defendiam a Pátria com a espada, e não se defendiam de igual modo aqueles que a defendiam com a escrita perante a opinião pública europeia. Escreveu no ano de 1646 um folheto com o seguinte titulo, “À santidade do monarca eclesiástico Inocêncio X, expõe Portugal, as causas do seu sentimento e das suas esperanças”.
Mais, obras escreveu sobre diversos casos e situações que viveu até à sua morte. Casou com D. Maria da Fonseca, sem deixar geração. Faleceu em Lisboa a 11 de Agosto de 1649.
F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Wikipedia. Portugal - Dicionário Histórico. História de Portugal de Manuel Pinheiro Chagas – volume V.
Óbidos Fevereiro de 2010.
Publicado no Jornal das Caldas em 2011-01-12

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