segunda-feira, 10 de janeiro de 2011



Artigo 34
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda

CEM ESCUDOS
Gomes Freire


Chapa 4

O retrato de Gomes Freire de Andrade, distinto general e figura dedicada à causa liberal, foi escolhido para a frente da nota de cem escudos com a chapa 4. Na frente da nota, sobre fundo impresso por procedimento calcográfico, constituído por trabalho em duplex e linhas ondulantes que se cruzam, assenta a estampagem calcográfica, a azul-escuro, com os motivos principais, o retrato do general Gomes Freire, um ornato, tirado da sala do Parlamento em Lisboa, com duas figuras de cada lado do escudo, e o Templo de Diana de Évora. Ao retrato de Gomes Freire, serviu de modelo um desenho de Domingos A. Sequeira. O verso apresenta uma estampagem calcográfica, de cor castanha, com uma gravura de uma vista parcial da cidade de Évora, sobre fundo tipográfico de protecção em íris. O trabalho de elaboração das chapas e a estampagem foi efectuado pela casa Bradbury Wilkinson & Cº. Ltd., New Malden, Surrey. O papel foi de fabrico da firma inglesa Portals Limited, Laverstoke Mills, Whitchurch, Hants, apresenta, em marca de água quando visto pela frente e à transparência, do lado direito e de perfil para dentro a cabeça simbólica da República. Dimensões da nota 170 x 97 mm. Foram emitidas 10 213 000 notas com as datas de 4 de Abril de 1928 e 12 de Agosto de 1930. Primeira emissão, 20 de Agosto de 1929 e a última, em 16 de Março de 1937. Foram retiradas de circulação em 27 de Março de 1945.
Biografia:
Gomes Freire de Andrade nasceu na cidade de Viena de Áustria em 27 de Janeiro de 1757, filho de Ambrósio Freire de Andrade, embaixador em Viena e de sua mulher uma aristocrata de origem alemã, a condessa von Schaffgotsch, oriunda de uma antiga e ilustre família nobre da Boémia. Teve uma educação primorosa, que naquele tempo era ministrada a filhos da nobreza. Em Viena foi feito comendador da Ordem de Cristo. No ano de 1781, com 24 anos de idade, vem para Portugal pela mão do embaixador de Viena, o conde de Oyenhausen e de sua mulher D. Leonor de Almeida Portugal, mais conhecida por marquesa de Alorna celebre poetisa. Neste mesmo ano ingressa no regimento de Peniche, assentando praça como cadete. No ano seguinte em 1782 é promovido a alferes. No ano de 1784 embarca na esquadra que foi prestar auxílio às forças navais de Espanha, sobre o domínio de Carlos III, no bombardeamento de Argel. Regressado a Portugal é promovido a tenente do mar da Armada Real, em Abril de 1788. Neste mesmo ano consegue obter licença para servir no exército de Catarina II, da Rússia, em guerra com a Turquia. Segundo consta, uma vez em S. Petersburgo, foi alvo das maiores simpatias na corte e da imperatriz. Na campanha de 1788-1789, distingue-se na Guerra da Crimeia; nas planícies do Danúbio e no cerco de Oczakow, sendo o primeiro a entrar na frente do regimento, quando a praça se rendeu em Outubro de 1788; tomou parte nas batalhas de Moscovo e Wagram. Perante este feito, a imperatriz promove-o ao posto de coronel do seu exército, que um ano mais tarde, (1790) lhe é confirmado pelo exército português. Integrado na esquadra do príncipe de Nassau, salva-se por milagre durante a batalha naval de Schwensk, quando os canhões inimigos (suecos), fazem ir a pique a “bateria flutuante” sobre o seu comando; toda a tripulação se perdeu, salvando-se Gomes Freire, vindo a receber uma das Ordens mais importantes da Rússia (O hábito de São Jorge). Regressado a Portugal, criou uma Legião de Tropas Ligeiras, com o comando entregue ao marquês de Alorna. No ano de 1795 é promovido a marechal de campo, sendo conhecido no exército como general russo. Mantém o comando da guarnição de Lisboa até ao ano de 1801, ano em que é promovido a marechal efectivo. No ano de 1803 faz parte dos distúrbios de Campo de Ourique, acontecimento que tivera o condão de impossibilitar a aplicação de reformas militares propostas pelo general Forbes e seus apoiantes no governo. No ano de 1805, é envolvido na tentativa de colocar a princesa Carlota Joaquina no poder, tratando-se de uma conspiração de índole aristocrática. No ano de 1807 com a patente de tenente-general e durante a primeira invasão francesa foi encarregue do comando da divisão que defendia a margem Sul do Tejo a Setúbal, contra um ataque britânico; aí recebeu o general Solana, aceitando o cargo de desmobilizar a parte do exército português aquartelado no sul do País e desarmar regimentos de milícias. A colaboração de Gomes Freire com os ocupantes espanhóis e franceses fizeram-no ser nomeado para o 2º. Comandante do exército português. No ano de 1808 volta para França onde é reformado de acordo com os regulamentos franceses e integrado no exército com o título de Légion Portugaise. Em Espanha combateu a insurreição espanhola contra os invasores franceses, sendo enviado para o cerco de Saragoça. No ano de 1813 foi o comandante de campanha das campanhas de libertação da Alemanha, sendo nomeado governador de Dresden por Napoleão Bonaparte. Regressa Portugal no ano de 1815, onde vem a ser Grão Mestre da Maçonaria. É acusado de ser conspirador liberal e traidor da Pátria. No dia 25 de Maio de 1817, é preso conjuntamente com outros. É encarregado de o prender, um coronel por conseguinte um militar de patente inferior ao de Gomes Freire, que a casa deste se dirigiu devidamente escoltado, e por detrás dos soldados deu-lhe ordem de prisão, ao que Gomes Freire retorquiu indignado: “Assim se entra com tanta insolência e desaforo na casa de um tenente-general?” E mais disse – que não pode prender-me porque não tem a minha patente, e acabou dizendo-lhe que o seu comportamento não era nem de um oficial nem de um cavalheiro, mas sim de um esbirro, aguazil, ou vil agarrador. Gomes Freire meteu-se numa sege foi para a Torre de São Julião. O julgamento estava carregado de irregularidades, ao ponto de Gomes Freire ter um tratamento distinto de outros, que nem sequer foi acareado com as testemunhas, nem soube o que elas contra ele depuseram, conservando-se em segredo total. A sentença condenou-o à morte por enforcamento. Gomes Freire foi executado na esplanada da Torre de S. Julião da Barra eram nove horas da manhã do18 de Outubro de 1817. Os outros presos foram executados pelo meio dia no Campo de Santana. Quando Gomes Freire soube que iria ser enforcado, revoltou-se contra esse procedimento e pediu para ser fuzilado, sendo-lhe recusada esta consolação assim como lhe foi recusada a intenção de escrever algo aos seus parentes nos últimos momentos de vida. De carácter impulsivo, irrequieto, de espírito indisciplinado por vezes desordeiro, foi um estratega militar do inicio do século XIX, tendo combatido em Portugal, Espanha, França, Alemanha e Rússia, sendo condecorado com as altas condecorações desses reinos.

F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Wikipedia. Arqnet.pt . História de Portugal Manuel Pinheiro Chagas VIII volume. Trechos avulsos.
Óbidos, Fevereiro de 2010.
Publicado no Jornal das Caldas em 2011-01-05

1 comentário:

Louisette disse...

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