sexta-feira, 29 de abril de 2011





Artigo 50
Centenário da Implantação da República


(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda

QUINHENTOS ESCUDOS

Francisco Sanches





Chapa 11

O vulto de Francisco Sanches é lembrado nesta nota, onde além da efígie extraída de um quadro do século XVII, existente na Universidade de Toulouse, se observam temas ligados à sua actividade do célebre médico, e um aspecto da cidade de Braga, onde foi baptizado. As características técnicas foram executadas com base nas maquetas iniciais do arquitecto João de Sousa Araújo, sendo a estampagem executada pelos estampadores holandeses, Joh Enschedé en Zonen, Grafische Inrichting B.V de Haarlem, que procederam à elaboração das chapas e à estampagem das notas. A parte da frente da nota é composta por uma estampagem a talhe-doce, em que sobressai a castanho-avermelhado, o retrato de Francisco Sanches, o escudo nacional, dísticos e trabalho em guilhoché. O fundo de técnica “offset”, apresenta na parte central um planta da cidade de Braga, datada de 1594, um ornato duplex a azul-lilás e verde e a circundar a ovalóide sem impressão, um desenho numismático com o símbolo da Medicina. O verso apresenta uma estampagem a talhe-doce a castanho-avermelhado como a da frente, uma panorâmica da antiga Praça dos Arcebispos, em Braga, dísticos e ornamentos de guilhoché. O fundo do verso, em “offset”, inclui um trabalho numismático que se estende pelas margens. O ornato que circunda a ovalóide sem impressão, à direita, é idêntico ao da frente. O papel é do fabrico dos papeleiros franceses Société Arjomari-Prioux, de Paris. Apresenta como marca de água no lado esquerdo da frente da nota a imagem de Francisco Sanches, com um filete de segurança, de traço descontínuo, incorporado no papel, situando-se na zona central um pouco descaído para o lado esquerdo. Dimensões da nota 156 x78 mm. Foram emitidas 5 684 000 notas com a data de 4 de Outubro de 1979. Primeira emissão, 18 de Dezembro de 1981. Foram retiradas de circulação a 31 de Maio de 1990.
Biografia:
Francisco Sanches nasceu em Braga no ano de 1550, oriundo de famílias judaicas, convertido à religião católica pelo baptismo, (cristão novo), que ocorreu na Igreja de São João do Souto da mesma cidade em 25 de Julho de 1551. Foi médico, filósofo e matemático português do século XVI e primeiro quartel do século XVII. Com apenas doze anos de idade abandonou Portugal e foi para Bordéus onde deu continuidade aos seus estudos no Colégio Guyenne, até ao ano de 1569. Era um colégio onde a renovação intelectual era patente e onde influíam o reformismo religioso e o renascimento italiano. Com 19 anos foi para Itália onde estudou Medicina aprendendo a investigar cadáveres, estudando e desenvolvendo a Anatomia e estudos cirúrgicos. Regressou de novo a França, onde desempenhou as funções de médico no hospital de Toulouse. Matriculou-se no ano de 1573 na Faculdade de Medicina de Montpellier onde tomou o grau de Doutor e depois de Lente. Em 1577, radicou-se definitivamente em Toulouse onde desempenhou as funções de director do hospital desta localidade durante de 30 anos. No ano de 1585 foi chamado por convite para professor na Faculdade de Artes de Toulouse, onde exerceu esta actividade durante 25 anos. Em 1610 ingressou como professor na Universidade de Medicina onde permaneceu cerca de 11 anos, tendo sido considerado um dos mais brilhantes mestres. A par da Medicina foi um eminente filósofo, contestando na sua obra a filosofia de Aristóteles e o pretenso saber da escolástica, mostrando o falível do testemunho dos sentidos, denunciando a ineficácia dos métodos tradicionais tentando definir o seu próprio ideal de conhecimento. São de sua autoria as seguintes obras: 1)- “Carmen de Cometa”, publicada em 1577; 2)-“Quod nihil scitur” (Que nada se sabe), editado em Lyon no ano de 1581; 3)- “De divinatione per som num, ad Aristotelem”, no ano de 1585; 4)- “Opera Médica”, que inclui vários tratados filosóficos; 5)- “Tractatus Philosophici; e 6)- “Ad C. Clavium epistola”, uma carta consulta a Cristóvão Clávio. A sua figura está patente na Universidade de Toulouse, onde foi colocado um retrato como homenagem póstuma na Sala dos Actos. Também a cidade de Braga o não esqueceu erigindo uma estátua e dando o seu nome a uma escola. Faleceu em Toulouse no ano de 1622.

F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Dicionário Lello Universal; wikipedia.org/Francisco Sanches; Instituto Camões; História de Portugal Pinheiro Chagas.
Óbidos Setembro de 2010.

Publicado no Jornal das Caldas de 27-04-2011.

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