Artigo 48
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda
QUINHENTOS ESCUDOS
Dom Francisco de Almeida
Chapa 9
A esta nota foi a atribuída a efígie de Dom Francisco de Almeida para englobar a frente da nota, recaindo no verso uma vinheta representando o primeiro Vice-rei da Índia a receber a embaixada do rei de Narsinga. A gravação e a estampagem das notas foram de autoria da casa inglesa Bradbury, Wilkinson & Cº. Ltd., New Malden, Surrey. A frente da nota apresenta duas estampagens calcográficas; uma a castanho-escuro com a efígie de Dom Francisco de Almeida, e a outra em tons de castanho esverdeado, constituída pela cercadura com trabalho de guilhoché em linha branca e linha cheia e linhas paralelas a proteger a efígie. O fundo da frente da nota é impresso em máquina “offfset”, com distribuição das cores pelo sistema íris; nas margens utilizam-se desenhos do tipo gravura numismática de cor avermelhada e de cor acinzentada na parte central. No verso da nota existe uma única estampagem calcográfica de cor acastanhado escuro, contendo uma vinheta representando a recepção de Dom Francisco de Almeida ao rei de Narsinga assentando sobre um fundo com características idênticas às da frente da nota. Trata-se de um trabalho de elaborada qualidade técnica, que tiveram uma existência relativamente curta, em consequência do assalto à agência do Banco de Portugal na Figueira da Foz, em 17 de Maio de 1967. Nesse assalto foram roubadas 12 000 notas, o que deu origem à sua retirada de circulação de toda a emissão. As notas roubadas não foram postas em circulação, em virtude do aviso público de Junho de 1967, que as fez perder o curso legal, poder liberatório, e nem sequer eram susceptíveis de reembolso ou de troca. O papel foi fabricado pela firma Portals Limited, Laverstoke Mills, Whitchurch, Hampshire, e apresenta como marca de água à esquerda, quando visto à transparência de frente, o retrato de Dom Francisco de Almeida, reprodução ampliada. Dimensões da nota: 156 x 97 mm. Foram emitidas 8 452 000 notas com a data de 27 de Maio de 1958. A primeira emissão, 22 de Dezembro de 1961 e a última emissão de 30 de Setembro de 1966. Foram retiradas de circulação em 31 de Agôsto de 1967. Biografia: Dom Francisco de Almeida nasceu em Lisboa no ano de 1450. Foi um brilhante militar português dotado de notáveis estratégias que o auguraram a importantes vitórias no extremo oriente. Era filho de D. Lopo de Almeida 1º. Conde de Abrantes e de sua mulher Dª. Beatriz da Silva, dama da corte de D. Duarte e camareira-mor de Dona Isabel, esposa de D. Afonso V. Recebeu esmerada educação na corte de D. Afonso V, onde se depreende desde jovem um elevado espírito militar; ao serviço do mesmo monarca, D. Francisco de Almeida demonstrou os seus dotes militares na Batalha de Toro (1476) que, embora de resultados negativos para Portugal, foi reveladora das suas capacidades militares. Já no reinado de D. João II, notabilizou-se ao serviço dos reis católicos na conquista de Granada. D. João II como agradecimento pelos seus serviços, distinguiu-o com a sua confiança, atribuindo-lhe o desempenho de tarefas importantes. Nomeou-o capitão - mor de uma armada, que tinha como função reivindicar a pertença dos territórios americanos descobertos por Cristóvão Colombo, para Portugal. Com o Tratado de Tordesilhas (1494), delimitando a área de influência dos dois países ibéricos; o problema foi resolvido pela via diplomática e a armada não chegou a partir. No ano de 1505 D. Manuel I, manda-o chamar para desempenhar funções de vice-rei das Índias com todos os plenos poderes para proceder e impor de imediato o domínio português no Índico. Em Março do mesmo ano, partiu para o Indico uma armada composta por 1 500 soldados, distribuídos por 16 naus e 6 caravelas, tendo como capitães, homens de linhagem e de vasta experiência de navegação. Nos diversos regimentos que se teriam de cumprir, o primeiro que se dava a conhecer, consistia, na construção de fortalezas tanto na costa ocidental como oriental de África, assim como estreitar laços de amizade com chefes tribais, xeques e reis, mas em especial guerrear o rei de Calecut. Partindo de Belém em Março, aportou em Julho ao porto de Dale, na costa da Guiné, chegando a Quiloa, coroando Mohamed Anconij rei de Quiloa, fazendo-o jurar lealdade a Portugal, entregando-lhe o reino, de que mandou fazer instrumentos públicos. Seguindo o seu trajecto foi conquistando praças e erguendo fortalezas que assegurem a presença e o domínio português. Após tomar Quiola, incendiou Mombaça, na costa oriental de África. Construiu fortalezas em Cananor e Cochim, favorecendo, auxiliando e criando amizades com estes soberanos. Em Agosto de 1508 sofreu um rude golpe, num ataque dos mouros a Chaul, onde é morto o seu filho D. Loureço de Almeida conjuntamente com mais 80 homens, que foram entretanto incumbidos pelo vice-rei de se deslocarem à ilha das Maldivas, que distava 50 léguas de Cochim, percorrendo a costa de Malabar. Com a morte do filho o seu carácter moldou-o como um homem muito cruel e vingativo. Em Dezembro de 1508 partiu de Cananor para Diu em busca de Mirhocem, capitão do sultão da Babilónia, com uma armada composta por 19 velas, guerreando contra ele e a armada de Calecut e de Miliquias, senhor de Diu, onde os venceu e os desbaratou, fazendo entretanto as pazes com Miliquias, regressando a Cochim, vingando assim a morte do seu filho. Segundo os cronistas Dom Francisco de Almeida recebeu cartas de el-rei mandando entregar a governação da Índia a Afonso de Albuquerque, o que lhe custou imenso esta atitude; em Novembro do mesmo ano partiu de Cochim para Cananor, navegando para sul, até que no primeiro dia de Dezembro aportou à aguada de Saldanha junto ao Cabo da Boa Esperança. Foi morto pelos indígenas, a quem apelidavam de cafres, com um zaguncho ou zagaia de ferro na garganta que lha atravessou de lés a lés, em Março de 1510; faleceu também nas mesmas circunstâncias Diogo Pires que tinha sido aio do seu filho. Exerceu o cargo de vice-rei da Índia desde 1505 a 1509. A sua governação caracterizou-se, graças ao seu valor como homem do mar e governante esclarecido e incorruptível, no domínio absoluto português no Oriente. Foi considerado pela nobreza como um valente soldado, hábil almirante, estadista, político astuto, perspicaz e forte, sábio administrador e feitor inteligente. Casou com Dª. Joana Pereira, filha de Vasco Martins Moniz, comendador de Panóias, da qual tiveram; D. Lourenço de Almeida, que acompanhou o seu pai e faleceu na Índia; Dª. Leonor de Almeida, que casou em primeiras núpcias com Francisco de Mendonça e em segundas com D. Rodrigo de Melo, conde de Tentúgal e primeiro Marquês de Ferreira; e D. Susana de Almeida que casou com Diogo de Barbuda, alcaide - mor de Seia. No seu túmulo, em Abrantes, está escrito: “Aqui jaz D. Francisco de Almeida, primeiro Vice-rei da Índia, que nunca mentiu nem fugiu”.
FIM
Bibliografia: O papel-moeda em Portugal. Banco de Portugal. Wikipedia. Org./Francisco de Almeida. Trechos avulsos. Óbidos – Agosto de 2010.
Artigo publicado no Jornal das Caldas em 13-04-2011.
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