quinta-feira, 7 de abril de 2011




Artigo 47

Centenário da Implantação da República (1910-2010)

(1910-2010)


QUINHENTOS ESCUDOS


D. JOÃO IV






QUINHENTOS ESCUDOS Dom João IV Chapa 8 A efígie de D. João IV, foi a escolhida para a frente da nota, tendo no verso uma gravura da sua aclamação como rei de Portugal após a Restauração da Independência. A gravação das chapas e a estampagem das notas foram efectuadas pela firma inglesa, Bradbury, Wilkinson & Cº. Ltd., New Malden, Surrey. A frente da nota é composta por duas estampagens calcográficas, sendo uma a preto - esverdeado, com a efígie do rei D. João IV e a outra a vermelho escuro, com a cercadura trabalhada a guilhoché e linhas paralelas de protecção à efígie. O fundo, impresso em íris com trabalho em duplex, contém um desenho em relevo que se estende pelas margens. O verso tem uma estampagem calcográfica a vermelho escuro, representando a aclamação de D. João IV, como rei de Portugal, com trabalho a guilhoché em linha branca e linha cheia, sendo o fundo de composição idêntica ao da frente da nota. Os espaços destinados à marca de água, na frente e no verso da nota são protegidos com impressões tipográficas. O fabrico do papel ficou a cargo da firma Portals Limited, Laverstoke, Mills, Whitchurch, Hampshire. A marca de água quando vista a transparência pela frente, e no lado esquerdo, apresenta uma cabeça alegórica de perfil para o centro. Dimensões da nota 156 x 97 mm. Foram emitidas 6 570 000 notas com as datas de 28 de Novembro de 1944 e 11 de Março de 1952. A primeira emissão de 16 de Fevereiro de 1955 e a última emissão, 19 de Dezembro de 1961. Foram retiradas de circulação em 30 de Junho de 1979. Biografia: D. João IV nasceu em Vila Viçosa a 19 de Março de 1604, sendo o vigésimo primeiro rei de Portugal, e o primeiro da quarta dinastia, também conhecida pela dinastia de Bragança. Filho de D. Teodósio, 7º. Duque de Bragança e da duquesa D. Ana de Velasco y Girón, nobre senhora oriunda da corte espanhola. D. João herdou o senhorio da casa ducal no ano de 1630; foi o 8º. Duque de Bragança; 5º. Duque de Guimarães; 3º Duque de Barcelos; 7º. Marquês de Vila Viçosa; e ainda Conde de Arraiolos, Ourém, Neiva, Guimarães e Barcelos. Por via paterna era trineto do Rei D. Manuel I, através da duquesa D. Catarina, infanta de Portugal, e sua avó paterna. Foi-lhe dado o cognome do “Restaurador”, por ter sido restaurada a independência nacional, anteriormente dominada pela Casa de Habsburgo. Segundo alguns historiadores, como Joaquim Veríssimo Serrão, D. João IV recebeu uma esmerada educação e o gosto pela montaria, pela mão do seu aio D. Diogo de Melo; Jerónimo Soares, indica-nos que o rei recebeu uma profunda preparação para as letras clássicas e em teologia, estudando ao mesmo tempo música, recebendo lições do inglês Robert Tornar, que tinha sido contratado para mestre da capela de Vila Viçosa. D. João IV casou com Dona Luísa de Gusmão, mulher oriunda da Casa de Medina Sidónia, em 13 de Outubro de 1633 em cerimónia de grande fausto. No ano de 1634 foi pai pela primeira vez, de um filho a quem foi dado o nome de Teodósio, o qual veio a falecer no ano de 1653; príncipe de capacidade intelectual notável, foi Duque de Bragança e Príncipe do Brasil. Foi sepultado em São Vicente de Fora. No ano de 1635 nasceu e morreu em Vila Viçosa aquela a quem foi dado o nome de Ana de Bragança. Em 1636 nasceu o seu terceiro filho de sexo feminino, a quem foi dado o nome Joana de Bragança, que viveu somente dezassete anos, a quem foi dado o título de princesa das Beiras. No ano de 1638 foi pai daquela que foi rainha de Inglaterra, Catarina de Bragança (1638-1705), por casamento com o rei Carlos II de Inglaterra. No ano de 1640 foi novamente pai do seu quinto filho, nascido morto, a quem deram o nome de Manuel de Bragança. No mesmo ano de 1640 quando a burguesia e aristocracia portuguesas, cansadas e descontentes com o já longo domínio castelhano (60 anos), sobre Portugal, foi D. João o escolhido para encabeçar o movimento, o qual a muito custo e por influência de sua mulher D. Luísa de Gusmão e em especial do secretário João Pinto Ribeiro, aceitou tamanha responsabilidade. Após a concretização do golpe palaciano e com a morte do representante castelhano em Portugal, o detestado Miguel de Vasconcelos, D. João foi aclamado rei de Portugal, no dia 15 de Dezembro. A aclamação do rei em todo o território foi feita pacífica e alegremente, desde Bragança ao Algarve, passando pela totalidade das colónias espalhadas por todo o mundo, através de mensageiros encarregues de entregar documentação (cartas) para as autoridades de cada terra a dar a boa nova e seguir os preceitos nelas indicados; por todo o lado houve manifestações de imensa alegria e felicidade. Após estes acontecimentos realizaram-se festejos e procissões por toda a parte. Após a oração de praxe da aclamação, documento político enunciando os direitos da casa de Bragança ao trono português, coube a um notável jurista, Francisco de Almeida Leitão, em uníssono com todos os presentes em alta voz, o triplo brado tradicional “Real, Real, por El-Rei Dom João de Portugal”. A notícia correu célere e rapidamente chegou ao conhecimento do destronado rei D. Filipe III, o qual de certo modo demorou enviar tropas castelhanas em socorro da situação entretanto vivida em Portugal devido às suas tropas estarem demasiado ocupadas e dispersas nos teatros da Guerra dos Trinta Anos, e nomeadamente com a revolta da Catalunha, o que permitiu aos portugueses reorganizar os exércitos e organizar a defesa. No acto de coroação de Dom João IV, este, coroou rainha de Portugal a Nossa Senhora da Conceição, colocando-lhe a seus pés a respectiva coroa, ficando estabelecido que de agora em diante seria a padroeira de Portugal. Foi difícil e dificultada por parte de alguma nobreza e de alguns prelados a rebelião que deu origem à restauração da Independência de Portugal, sendo por estes considerado uma traição, versão espalhada por todas as capitais europeias a partir de Madrid. Uma outra nobreza que se encontrava em Madrid, recusou a oferta de regresso e do perdão do monarca português, o que veio criar uma grave cisão no corpo da nobreza. Neste mesmo ano cria o Conselho de Guerra. No ano de 1641 houve uma tentativa de assassinar D. João IV, no Rossio, em Lisboa a qual fracassou, tendo pago os riscos da conspiração o marquês de Vila Real, o duque de Caminha, o conde de Armamar, o clérigo D. Agostinho Manuel, o guarda-mor da Torre do Tombo, Pedro de Beça e muitos mais notáveis. A guerra com Espanha não se fez esperar, estendendo-se esta até às colónias, onde Portugal obteve apoio de Inglaterra, França e Suécia, adversários dos espanhóis na Guerra dos Trinta Anos. D. João IV, aproveitou esta situação para enviar diplomatas por toda a Europa com o objectivo de reconhecerem a independência e obter apoios financeiros e militares. Com esta tomada de situação D. João teve de criar novos impostos, desvalorizar a moeda e recrutar voluntários para fazer face ao confronto militar que se adivinhava muito próximo. Neste ano de 1641 verificaram-se as primeiras escaramuças, no Alentejo, sendo a parte mais vulnerável do reino e principal domínio da Casa de Bragança. O conde de Vimioso concentrou as suas forças na praça de Elvas, mas o conde de Monterrey, que se tinha fortalecido em Badajoz, atacou Campo Maior e Olivença. No ano de 1642, um outro ataque surgiu no sotavento algarvio, mais concretamente em Alcoutim e Castro Marim, tendo os espanhóis sido rechaçados. No ano de 1643 nasceu o filho Afonso, o qual viria a ser o futuro rei de Portugal “Afonso VI”. Criou a Junta dos Três Estados e do Conselho Ultramarino. A Beira Alta e a província do Minho foram alvo de várias escaramuças as quais não sortiram o efeito desejado no ano de 1644. Também neste ano de 1644 os espanhóis concentram os seus exércitos em Badajoz, mas são derrotados pelas tropas portuguesas na Batalha do Montijo, naquela que foi considerada a mais brilhante vitória da Restauração da Independência de Portugal, sobre o comando de Matias de Albuquerque, recebendo por este acto o título de conde de Alegrete. No ano de 1646 nasceu o seu último filho Pedro, que viria a ser o rei de Portugal “ D. Pedro II”. Entre os anos de 1648-1649, foram anos de potencial risco para D. João IV, pois as nossas colónias estavam a ser absorvidas em especial por holandeses e espanhóis, reconquistando a colónia de Angola e São Tomé e Príncipe, por intermédio de Salvador Correia de Sá. Aos holandeses foi reconhecida pelos espanhóis a posse das capitanias do Brasil, mas foi desta imensa colónia que veio a solução militar, que iria por cobro ao domínio flamengo; acontecendo com a vitória dos Guararapas sobre estes, o que provocou a expulsão dos mesmos. Criou a Companhia da Junta do Comércio. Foi um reformador em toda a extensão, promulgando muita legislação, para a satisfação das carências dos governos da Metrópole e nas Colónias. Era um rei artista e letrado, exímio amador da música, compondo diversas peças, que no seu tempo, estiveram à altura dos maiores de Portugal. Foi com ele que se iniciou a 4ª. e última dinastia, a qual durou 270 anos, sendo cognominada a dinastia de Bragança. D. João IV faleceu a 6 de Novembro de 1656, no Paço da Ribeira em Lisboa, estando sepultado no Panteão, no Mosteiro de São Vicente de Fora.

F I M

Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal. Banco de Portugal. Wikipedia. org. João IV de Portugal. Trechos avulsos. História de Portugal de Pinheiro Chagas20 de Maio de 2010.


Publicado no Jornal das Caldas de 06-04-2011

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