quinta-feira, 21 de abril de 2011



Artigo 49
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda



QUINHENTOS ESCUDOS
D. João II






Chapa 10



Na chapa com o número dez, foi inserida a figura do rei D. João II, cognominado de “O Príncipe Perfeito”, para a maior parte dos historiadores, outros definiram-no também “Visionário” pelas posições e atitudes de força assumidas para com os reis católicos de Espanha, então uma força em expansão partilhando o mundo com os portugueses. A nota comporta como principais elementos o retrato da cópia de uma pintura do rei D. João II, existente no museu de Viena “Kunsthistorisches”, um pormenor dos grupos escultóricos que decoram o Padrão dos Descobrimentos, de autoria do mestre Leopoldo de Almeida e uma rosa dos ventos. As maquetas são de autoria do arquitecto João de Sousa Araújo. A totalidade do trabalho referente ao fabrico desta nota, foi executado pela casa holandesa Job. Enschedé en Zonen, Grafische Inrichting N.V., de Haarlem. A estampagem calcográfica da nota tanto na frente como no verso foi realizada pelo processo Giori, que consiste numa estampagem directa a três cores, através de uma chapa de aço gravada em talhe-doce. O fundo da frente e do verso, foi feito em “offset”, e é constituído por três chapas com registos especiais. O papel é de fabrico da Société Arjomari, de Paris, e apresenta uma coloração amarelada, um filete transversal intermitente e a marca de água é composta por um retrato igual ao estampado. Dimensões da nota 156x78 mm. Foram emitidas 111 073 000 notas com as datas de 25 de Janeiro de 1966 e 6 de Setembro de 1979. Primeira emissão, a 17 de Outubro de 1966 e a última emissão a 6 de Abril de 1982. Foram retiradas de circulação em 29 de Janeiro de 1988.


Biografia:


D. João II nasceu em Lisboa, no Paço das Alcáçovas no castelo de S. Jorge a 3 de Maio de 1455, filho de D. Afonso V e de sua mulher D. Isabel de Coimbra, cognominado de “O Príncipe Perfeito”. Foi o 13º. Monarca de Portugal. D. João II foi educado pelo seu pai acompanhando-o nas campanhas do norte de África, tendo sido armado cavaleiro após a tomada de Arzila em Agosto de 1471. No ano de 1473 casou em Setúbal com a sua prima direita D. Leonor de Viseu. Em 1474 recebeu do pai a regência e a direcção política da expansão do reino, enquanto seu pai travava lutas com os castelhanos. No ano seguinte assumiu a regência do Reino, que entretanto entregou a Dona Leonor, para acudir ao pai em Castela. Participou na cruel batalha de Toro, onde se distinguiu pela sua bravura, obtendo uma difícil vitória sobre Fernando o “Católico”. Foi aclamado rei em Santarém por D. Afonso V, por este ter decidido abdicar recolhendo-se em religião, mas só viria a suceder-lhe após a morte em 1481. Desde jovem que D. João não era visto com simpatia junto dos pares do reino, em virtude deste ser imune a influências externas e desprezar a intriga palaciana, recaindo nos nobres muitas reservas à sua governação; demonstrou à nobreza que tinha razões de sobra, pois viviam-se momentos de intrigas e conspirações para retirar poder à aristocracia e concentrá-lo todo em si. No ano de 1482 mandou construir a fortaleza de São João da Mina, na África Ocidental. Começaram a surgir as conspirações, - correspondência trocada entre o duque de Bragança e os reis Católicos, solicitando a intervenção destes que foi interceptada pelos espiões do rei, no ano de 1483. Em consequência, o duque é executado em Évora e a casa de Bragança foi extinta, sendo o seu fabuloso património absorvido pela Coroa. Em 1484, D. Diogo, duque de Viseu e irmão da rainha, foi chamado ao Paço e aí apunhalado pelo cunhado D. João II, por ser suspeito de estar a dirigir uma nova conspiração. Muitas mais pessoas foram executadas, assassinadas ou exiladas para Castela, incluindo o bispo de Évora D. Garcia de Meneses, envenenado na prisão, por sobre ele recair desconfianças em relação ao poder exercido pelo monarca. Diz a tradição que D. João II, comentou em relação a esta “limpeza no país”: “eu sou o senhor dos senhores, não o servo dos servos”. D. João II quis dizer que a partir daquele momento era o centro absoluto do reino. Neste mesmo ano Diogo Cão descobriu a Foz do Rio Zaire. Afonso de Paiva e Pêro da Covilhã iniciam a viagem que os levou aos reinos do Egipto e da Etiópia. Em 1488 o grande navegador Bartolomeu Dias cruzou o Cabo da Boa Esperança, navegando em pleno oceano Índico, façanha nunca dantes alcançada por um europeu. A disputa dos mares entre Portugal e Espanha toma uma dimensão tal, que teve que se proceder à assinatura de Tratados para demarcar o domínio dos mares que competiam a cada um. O príncipe herdeiro D. Afonso casou no ano de 1490 com a princesa Isabel, filha dos reis católicos de Espanha, falecendo este de desastre no ano seguinte. No ano de 1494, foi assinado o Tratado de Tordesilhas, que conferira uma zona exclusiva à Coroa portuguesa, e que consistia no traçado de uma linha imaginária a 360 milhas a ocidente do arquipélago de Cabo Verde. Estabelecida este figura jurídica que ficou conhecida como “mare clausum”, ficou consagrado o direito das duas potências da época condicionar o direito à navegação a outras potências, nomeadamente aos ingleses. Tratou-se de uma conquista nunca dantes alcançada por qualquer outra potência, ficando com o caminho livre para as futuras explorações oceânicas, que se vieram a concretizar; “O Caminho Marítimo para a Índia” e a “Descoberta do Brasil”. Só à astúcia e à visão de D. João II se deve este documento que veio alterar a configuração política do mundo de então. Foi o monarca com o qual Portugal deu passos decisivos na preparação e realização da expansão, erguendo-se ao patamar de potência mundial de primeiro plano. Não deixou sucessão directa, apesar dos esforços encetados para legitimar em Roma um filho bastardo, D. Jorge, pela oposição da rainha e as influências dos seus inimigos. Antes de falecer escolheu Manuel de Viseu, duque de Beja, seu primo direito e cunhado para sucessor. A rainha Isabel a Católica, de Castela, por ocasião da sua morte, terá afirmado “Murió el Hombre!”, referindo-se a D. João II como o “Homem” por alcunha, devido às posições de força que assumira durante o reinado. Faleceu num fim de tarde no dia 25 de Outubro de 1495, no Alvor, Algarve. O seu corpo encontra-se no Mosteiro de Santa Maria da Vitória da vila da Batalha.

F I M

Bibliografia: wikipedia.org. D. João II de Portugal; vidas lusófonas D. João II; Dicionário Lello Universal; História de Portugal de Pinheiro Chagas; “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal.Óbidos Setembro de 2010.

Publicado no Jornal das Caldas de 20-04-2011

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