quinta-feira, 31 de março de 2011



CENTENÁRIO DA IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA

Vultos da República

20 º Artigo


António Maria de Azevedo Machado Santos, também conhecido por Machado Santos nasceu na cidade de Lisboa em 10 de Janeiro de 1875. Foi militar, político, considerado o fundador da República Portuguesa pelo valor e bravura com que se bateu na Revolução de 5 de Outubro de 1910 e também na defesa do regime contra as intentonas monárquicas de Janeiro de 1919. Nada se sabe da sua infância ou juventude. No ano de 1891, alistou-se na Marinha iniciando uma carreira de comissário naval. No ano seguinte é aspirante de 2ª. classe, ou 2º.comissário. Em 1895 é nomeado 3º. Comissário. Inicia-se na Carbonária no ano de 1908, afirmando-se como um conspirador, presente em todos os movimentos revolucionários que precederam a queda da monarquia, distinguindo-se na Revolta de 28 de Janeiro de 1908. No ano de 1910, tem o posto de 2º. Tenente, e na altura da Revolução de 5 de Outubro é o principal estratega e protagonista. A revolução republicana era composta por dois chefes; um civil, o Dr. Miguel Bombarda e o outro militar o Almirante Cândido dos Reis. Estava tudo preparado para a execução do golpe, mas este sofre um revés devido ao desaparecimento quase em simultâneo destes dois estrategas; o Dr. Miguel Bombarda foi assassinado na manhã do dia 3 de Outubro por um militar alienado que o tratara, e o Almirante Cândido dos Reis suicidou-se na madrugada de 4, pouco depois da eclosão do movimento por terra e mar. Machado Santos acompanhado por um grupo de civis, assaltou e tomou o quartel de Campo de Ourique, o qual tivera na preparação, um papel de relevo apesar de seu nome não ser do conhecimento público. Após revoltado o regimento de Infantaria 16, Machado Santos e os demais dirigem-se de imediato para o quartel de Artilharia 1 em Campolide, onde já se encontravam outros revolucionários armados com peças de artilharia. Daqui partiram duas colunas que constituíam a principal força revolucionária. Após fracassadas algumas missões de que estavam incumbidos, retiraram-se e reorganizaram-se encaminhando-se pela rua Alexandre Herculano para a Rotunda na Avenida, instalando-se na parte mais elevada, esperando aí pelo ataque das forças monárquicas, que sob o comando do general Rafael Gorjão, com a Guarda Municipal e a Polícia se preparavam para a luta, encontrando-se em superioridade numérica, o que permitia desde logo dominar os revolucionários, mas estes tinha um factor primordial a seu favor que se tornou decisivo “O povo de Lisboa”. Comandava as tropas revolucionárias o comissário Machado dos Santos o oficial de mais elevada patente, que auxiliado por centenas de civis, soldados e sargentos, se manteve firme, ao invés dos outros oficiais de patente mais elevada que abandonaram o local convencidos como o almirante Cândido dos Reis de que a derrota era inevitável, o que não aconteceu, permanecendo Machado Santos com mais oito sargentos, até ao fim, que terminou a contento dos revolucionários. Perante esta situação as forças monárquicas e as demais pouco lutaram ao aperceberem-se que o povo estava de certo modo com os revolucionários, evitando assim um banho de sangue para ambos os lados, apesar de ter havido feridos e mortes mas em número reduzido. Ficou para a história como o fundador da República em Portugal. No mesmo ano funda o jornal “O Intransigente”. Em 1911 é eleito deputado para a Assembleia Constituinte, e galardoado com o posto de capitão - de - mar e guerra. Mantendo sempre um espírito revolucionário e conspirativo do período anterior à revolução republicana, passa a ser um elemento extremamente activo, organizando ou participando nos movimentos de Abril de 1913, de 26 de Janeiro de 1914, e no Movimento das Espadas, no ano de 1915, que se caracterizou pelo descontentamento de oficiais militares com o estado de país; estes tentando simbolicamente entregar as suas espadas ao então Presidente da República Manuel de Arriaga. Machado dos Santos teve um papel determinante; já que ao deslocar-se ao Palácio de Belém para entregar a espada que usara nos combates da Rotunda, deitou por terra a acusação de pró - monárquicos com que o Partido Democrático Republicano (no poder) justificara a prisão dos oficiais amotinados. No mesmo ano é preso e deportado para os Açores durante a ditadura de Pimenta de Castro. No ano de 1916 em Dezembro chefia a revolta de Tomar, sendo novamente preso, indo para a prisão do Fontelo em Viseu. Durante a ditadura de Sidónio Pais foi Ministro do Interior no ano de 1917. Secretário de Estado das Subsistências e Transportes, no segundo governo de Sidónio, até 11 de Maio de 1918, altura em que rompe com este. No ano de 1919 organiza um grupo de combatentes que se bate contra os revoltosos monárquicos em Lisboa. Recolhe à vida privada, retirando-se da política. No fatídico dia 19 de Outubro de 1921, é brutalmente assassinado conjuntamente com Manuel da Maia, António Granjo e outros relevantes republicanos, naquele que ficou marcado como “A Noite Sangrenta”. Nunca foram descobertos os cabecilhas desta matança, mas segundo elementos recolhidos pela viúva de Machado dos Santos, junto do autor confesso dos crimes, estes foram organizados pelos monárquicos e acompanhados por uma facção da igreja. Tem fundamento este depoimento, em virtude de nunca ter sido reaberto o processo – crime, apesar de ter sido informada a viúva pelo o general Carmona, que iriam proceder à sua reabertura, para apuramento dos factos, o que não aconteceu, pelo motivo das personagens envolvidas.

F I M

Bibliografia: História da 1ª. República de Carlos Ferrão; Vidaslusofonas.pt/machado santos; wikipedia.org/Maria de Azevedo Machado dos Santos. Óbidos, Fevereiro de 2011.

Publicado no Jornal das Caldas em 02-03-2011

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