Artigo 44
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
QUINHENTOS ESCUDOS
José da Silva Carvalho
Chapa 5
Esta nota apresenta na parte da frente o retrato de um dos fundadores do Sinédrio, foi um dos mais notáveis vultos da Revolução de 1820, José da Silva Carvalho. A gravação das estampagens e das chapas das notas estiveram ao cargo da casa Bradbury, Wilkinson & Cº. Ltd., New Malden, Surrey. A frente é composta por duas estampagens calcográficas; sendo uma a preto, com a figura de José da Silva Carvalho, e outra em tom avermelhado, com a fachada do Palácio de Queluz e respectiva cercadura. O fundo em duplex multicolor, é protegido por linhas finas paralelas gravadas na chapa de aço (talhe-doce). O verso é composto com uma estampagem calcográfica a verde-escuro, apresenta um trecho do lago do Palácio de Queluz e uma cabeça numismática simbolizando a “Liberdade”. O fundo em íris é em tudo muito semelhante à composição da frente da nota. O papel foi fabricado pela firma Portals Limited, Laverstoke Mills, Whitchurch, Hampshire, possuindo como marca de água, quando visto à transparência pela frente e sobre o lado direito, a cabeça de Homero, poeta épico da Grécia antiga, de perfil para o centro. Dimensões da nota 177 x 104 mm. Foram emitidas 2 185 600 notas com a data de 18 de Novembro de 1932. A primeira emissão, de 3 de Setembro de 1934 e a última emissão datada de 1 de Setembro de 1939. Foram retiradas de circulação em 30 de Junho de 1948. Biografia: José da Silva Carvalho, obreiro da Revolução Liberal de 1820 nasceu em São João das Areias, Santa Comba Dão em 19 de Dezembro de 1782. Era oriundo de uma família de lavradores humildes que a muito custo conseguiram que frequentasse o Colégio das Artes em Coimbra. No ano de 1800 ingressou na Universidade de Coimbra, concluindo o curso no ano de 1805. No ano de 1810 foi colocado na vila de Recardães, como juiz de fora. No ano de 1814 foi nomeado Juiz dos Órfãos da cidade do Porto; ingressando por esta altura na vida política. No ano de 1818 com o descontentamento provocado pela sistemática interferência inglesa na vida política portuguesa, fundam com outros o “Sinédrio” (associação revolucionária e secreta criada em Portugal por Manuel F. Tomás, Ferreira Borges, o próprio José S. Carvalho e por J. Ferreira Viana, no ano de 1818 na cidade do Porto, que antecedeu à implantação do liberalismo em Portugal, com a Revolução Liberal de 1820). Após a vitoriosa revolta, Silva Carvalho foi eleito membro da Junta Provisional preparatória das Cortes, entre os anos de 1820-1823. Fez parte de Regência do Reino, até ao regresso do rei D. João VI do Brasil. No ano de 1821 foi-lhe confiada a pasta dos Negócios Eclesiásticos e da Justiça. No ano de 1823 foi obrigado a exilar-se em Inglaterra, em virtude da implantação do absolutismo. No ano de 1826 D. Pedro é aclamado rei e outorgou a Carta Constitucional, a que se seguiu uma larga amnistia, regressando a Portugal muitos dos exilados, entre outros Silva Carvalho. No ano de 1828 D. Miguel, após jurar a Carta regressa a Portugal, onde deveria casar com sua sobrinha Maria da Glória, filha de D. Pedro, que abdicou do trono em favor desta. Quando D. Miguel chegou a Portugal, vindo de Viena de Áustria, rompeu com o juramento e proclamou-se rei absoluto, movendo forte perseguição aos liberais. Silva Carvalho foi obrigado a exilar-se pela segunda vez em Inglaterra. No exílio os liberais formam um partido que tinha como ideal a defesa da Carta Constitucional, que conjuntamente com a vinda de D. Pedro do Brasil, formaram a frente liberal, comandada por este; fizeram uma expedição comandada pelo duque da Terceira aos Açores. No ano de 1832 Silva Carvalho foi nomeado Auditor Geral do Exército Libertador. A expedição saiu de S. Miguel e em princípios de Julho desembarcou na praia do Mindelo, tomando de imediato a cidade do Porto. A reacção de D. Miguel não se fez esperar, fazendo um cerco ao Porto por largo tempo, provocando enormes dissabores às populações. No fim do ano de 1832 D. Pedro IV nomeia Silva Carvalho ministro da Fazenda e no ano de 1833 ministro da Defesa, distinguindo-o pela atitude patriótica que teve na defesa do cerco, pela coragem e inteligência, incutindo ânimo aos mais descrentes e desanimados. Os miguelistas vão sofrendo derrotas umas atrás das outras, primeiro no cerco do Porto; logo de seguida a sua esquadra é derrotada no cabo de S. Vicente pelo duque da Terceira; em Almoster são derrotados pelo duque de Saldanha; por fim o duque da Terceira derrota-os na Asseiceira, pondo fim à guerra civil com a assinatura no ano de 1834 da Convenção de Évora - Monte e com a partida para o exílio de D. Miguel. No ano de 1834 morreu D. Pedro IV, o que desde logo debilitou a acção de Silva Carvalho até que a Revolução de 1836 a aniquilou na totalidade, sendo obrigado mais uma vez a exilar-se pela terceira vez. No ano de 1836, regressou a Portugal, para jurar a Constituição; dotado de um enorme carácter fez as pazes com os adversários, continuando a sua carreira de legislador e de magistrado até ao ano da sua morte. Recusou títulos de nobreza por diversas vezes, aludindo que ia de encontro às suas origens plebeias. Foi Ministro nos reinados de D. João VI, D. Pedro IV e de D. Maria II. Honras de que foi alvo e cargos exercidos: No ano de 1822 foi Ministro da Justiça; Foi o Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano, de 1822 a 1839; Foi Ministro da Fazenda entre 1832 e 1836, nos governos do duque de Saldanha e do duque da Terceira; No ano de 1833 acumulou as pastas da Marinha e da Justiça até ao ano de 1834; Foi Membro da Associação Eleitoral do Centro; Foi o primeiro Presidente do Supremo Tribunal de Justiça; Foi Deputado às Cortes por diversas vezes; Par do Reino; Conselheiro do Estado; Condecorado com a Grã-Cruz em Portugal com a Ordem de S. Tiago e em Espanha com a Ordem de Carlos III; e por fim Sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa e do Instituto Histórico do Brasil. A sua obra é bastante vasta, tendo sido publicada por um seu descendente. Faleceu em 5 de Setembro de 1856 e foi sepultado no Cemitério dos Prazeres em Lisboa.
F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Wikipedia.org.J. da Silva Carvalho. Maçons e políticos de Portugal. Trechos avulsos.Óbidos, Abril de 2010.
Publicado no Jornal das Caldas em 16-03-2011.
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