quinta-feira, 31 de março de 2011



Artigo 45

Centenário da Implantação da República

(1910-2010)


QUINHENTOS ESCUDOS



Infante D. Henrique

Chapa 6


Um dos vultos mais notáveis da história da civilização europeia e do mundo ocidental, o infante D. Henrique, foi o escolhido para dar a estampa à frente da nota da chapa 6, numa reprodução dos painéis atribuídos a Nuno Gonçalves, que se encontram no Museu Nacional de Arte Antiga, de Lisboa. A elaboração das chapas e respectiva estampagem estiveram a cargo da casa Waterlow & Sons.Ltd., de Londres. A frente da nota é composta por duas estampagens calcográficas (talhe-doce); uma a preto, com a figura do infante e outra em tons avermelhados acastanhados, com ornatos trabalhados a guilhoché em linha branca e linha cheia. O fundo da nota é composto por um desenho uniforme, é impresso tipograficamente em íris. O verso da nota contém uma estampagem calcográfica, a verde-escuro, com a gravura do túmulo do Infante no Mosteiro da Batalha, e ornamentação que serve de moldura à área ocupada pela marca de água. O fundo diferente do desenho é de impressão idêntica à da frente da nota; duplex em íris. O papel utilizado na elaboração desta nota é da autoria da firma inglesa Portals Limited, Laverstoke Mills, Whitchurch,Hampshire. Para a sua elaboração foram utilizados novos materiais e técnicas, sendo introduzidos na sua composição fios de seda fluorescentes por toda a superfície e só visíveis com a incidência de determinado tipo de luz. A marca de água quando vista à transparência pela frente é constituída por uma cabeça da época dos descobrimentos, colocada a esquerda e de perfil para o centro. Dimensões da nota 156 x 97 mm. Foram emitidas 2 288 000 notas com a data de 26 de Abril de 1938. A primeira emissão, 6 de Setembro de 1939 e a última emissão, 7 de Setembro de 1943. Foram retiradas de circulação em 31 de Dezembro de 1958. Biografia: O Infante D. Henrique nasceu na cidade do Porto a 4 de Março de 1394, recebendo o nome do seu tio-avô Henrique de Lencastre, que viria a ser o futuro rei Henrique IV de Inglaterra. Era o quinto filho de D. João I e de Dona Filipa de Lencastre, recebendo destes conjuntamente com os seus irmãos uma esmerada educação, a qual ficou conhecida como a “Ínclita Geração dos Altos Infantes”. No ano de 1414 com apenas vinte anos, convenceu o pai levar a efeito uma campanha para a conquista de Ceuta. No ano de 1415 procedeu-se à conquista da cidade de Ceuta, assegurando logo de início ao reino de Portugal o controlo das rotas marítimas do comércio entre o Atlântico e o Levante. Neste mesmo ano foi armado cavaleiro, recebendo os títulos de Duque de Viseu e Senhor da Covilhã. No ano de 1416 foi-lhe encarregue o governo da cidade de Ceuta. No ano de 1418 a cidade de Ceuta sofreu o primeiro cerco, imposto pelo conjunto das forças dos reis de Fez e Granada. D. João, um dos irmãos mais novos do infante e o próprio D. Henrique vão em socorro da cidade o que lhes granjeou uma vitória, pondo de imediato termo ao cerco. Tentou atacar Gibraltar, mas as condições atmosféricas não o permitiram, impedindo-o de desembarcar. Regressou a Ceuta onde recebeu ordens de D. João I para abandonar esse empreendimento, pelo que tornou a Portugal no ano de 1419. Neste mesmo ano montou uma armada de corso “pirataria, pilhagem”, que actuava estrategicamente no estreito de Gibraltar partindo da cidade de Ceuta. Com estas acções permitiu que muitos dos seus homens obtivessem larga experiência náutica e de habituação à vida marítima, servindo-se deles para mais tarde os levar para outras viagens com destinos desconhecidos. Entre os anos 1419 e 1420, alguns dos seus escudeiros, João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira, desembarcaram nas ilhas do arquipélago da Madeira, já conhecidas dos portugueses desde do século anterior. Aqui iniciaram o desenvolvimento do arquipélago com a cultura de cereais que vieram minimizar a escassez deste produto que afligia Portugal. No ano de 1420 D. Henrique foi nomeado dirigente da Ordem de Cristo, sucedânea da Ordem dos Templários, cargo que exerceu durante toda a sua vida. Pelo ano de 1427 alguns dos seus navegadores (Gonçalo Velho), chegaram até aquele que é hoje o arquipélago dos Açores, procedendo de imediato à sua colonização. No ano de 1433 o arquipélago da Madeira é doado ao infante D. Henrique, pelo seu irmão D. Duarte, que entretanto subira ao trono por morte do pai. Na Europa de então o ponto conhecido mais meridional da costa africana era o Cabo Bojador. No ano de 1434 Gil Eanes é o primeiro europeu a passá-lo, eliminando de vez os mitos, os medos e as lendas que se contavam acerca do mesmo. No ano de 1437 é o principal dinamizador e organizador da conquista de Fez, a qual se saldou num fracasso militar enorme, já que o seu irmão mais novo D. Fernando, mais tarde cognominado “O Infante Santo”, foi feito prisioneiro durante 11 anos, até aí falecer. Por morte do seu irmão D. Duarte, auxilia o seu irmão D. Pedro na regência, durante a menoridade do sobrinho D. Afonso V. No ano de 1441 e com a evolução de novas técnicas de marear as embarcações foram também de certo modo acompanhando a evolução, surgiu a caravela, uma embarcação de maior porte e com três a cinco velas, o que permitia um melhor manuseamento e maior velocidade. Neste ano de 1441 Nuno Tristão e Antão Gonçalves atingiram o Cabo Branco. No ano de 1443 chegaram à Baía de Arguim, e aqui procederam à construção de um forte que ficou concluído no ano de 1448. O navegador Dinis Dias chegou ao rio Senegal no ano de 1444, entrando em território guineense; assim os limites sul do grande deserto do Sara são ultrapassados, o que permite ao Infante D. Henrique cumprir um dos seus objectivos; desviar as rotas do comércio do deserto e aceder às riquezas na África Meridional. No ano de 1446 cerca de quatro dezenas de embarcações levantaram âncora de Lagos com destino à costa meridional africana. Em 1450 descobriu-se o arquipélago de Cabo Verde. Foi por esta época encomendada a Fra Mauro, um monge veneziano a elaboração de um mapa - mundo do velho continente e onde reflectisse a costa meridional africana. No ano de 1452 chegou o primeiro ouro da costa africana em quantidade tal, que permitiu a cunhagem dos primeiros cruzados nesse metal. Pelo ano de 1460 e com a continuidade de forte implementação e entusiasmo incutido pelo Infante, Pêro de Sintra chegou à Serra Leoa. D. Henrique ficou conhecido para a história como o Infante de Sagres ou o Navegador, sendo-lhe atribuída a responsabilidade de ter sido o obreiro e iniciador das descobertas. Segundo Gomes Eanes de Zurara, na crónica do descobrimento e conquista da Guiné, dizia que as expedições organizadas e realizadas pelo Infante tinham cinco motivações: 1- conhecer a terra além Canárias e do cabo Bojador; 2- trazer ao reino mercadorias (riqueza); 3- saber até onde chegava o poder muçulmano; e 4- a expansão da fé Cristã. D. Henrique faleceu no ano de 1460, deixando um legado enorme às gerações vindouras, as quais souberam servir-se dele, para mais tarde descobriram o caminho marítimo para Índia, a descoberta do Brasil, a descoberta dos mares da China e Japão.

F I M

Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Wikipedia.org.J.wiki/Infante D. Henrique. Trechos avulsos. História de Portugal Manuel Pinheiro Chagas. Óbidos, Maio de 2010.

Publicado no Jornal das Caldas em 23-03-2011

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