quinta-feira, 31 de março de 2011



Artigo 43 Centenário da Implantação da República

(1910-2010)

QUINHENTOS ESCUDOS Duque de Palmela

Chapa 4

O retrato de Duque de Palmela ilustre diplomata, estadista e militar dos fins do século XVIII e dos dois primeiros quartéis do século XIX, foi o escolhido para figurar na frente da nota com a chapa 4. A elaboração das chapas para estas notas e respectivas estampagens foram efectuadas pela firma inglesa Bradbury, Wilkinson & Cº. Ltd., New Malden, Surrey. A parte da frente da nota tem duas estampagens calcográficas; uma a azul, com o retrato do duque, que é a reprodução de uma pintura a óleo de Thomas Lawrence, e outra a tons arroxeados, com a gravura da Capela de S. Brás, em Évora, dísticos e a cercadura, esta com trabalho de guilhoché em linha branca e cheia. O fundo, multicolor, é impresso por processo tipográfico. O verso da nota tem uma estampagem calcográfica a verde-escuro, uma gravura alusiva à extracção da cortiça, sobre fundo de íris, composto por um entrelaçado de linhas ondulantes. O papel é de fabrico da firma Portals Limited, Laverstoke Mills, Whitchurch, Hampshire, e tem como marca de água, no ângulo superior esquerdo quando visto à transparência pela frente, a cabeça do Duque de Palmela, de perfil para a direita e a legenda do Banco de Portugal. Dimensões da nota 176 x 104 mm. Foram emitidas 1 962 000 notas com as datas de 4 de Abril de 1928 e 19 de Abril de 1929. A primeira emissão, a 7 de Junho de 1929 e a última a 31 de Agosto de 1934. Foram retiradas de circulação em 27 de Março de 1945. Biografia: Pedro de Sousa Holstein, mais conhecido por Duque de Palmela nasceu na cidade de Turim em 8 de Maio de 1781 oriundo de uma família da mais alta aristocracia, pois descendia da família real de ambos os progenitores, e também por via paterna dos reis da Dinamarca, era filho de D. Alexandre de Sousa Holstein e de sua mulher D. Juliana de Sousa Coutinho Monteiro Paim. Foi um destacado político da facção cartista, militar de nomeada, desempenhou cargos ministeriáveis; embaixador em diversas cidades europeias, Ministro dos Negócios Estrangeiros e nomeado 1º. Ministro por várias vezes. Desde a sua nascença até 1790, viveu em diversas cidades europeias, acompanhando a sua família, devido ao facto de seu pai servir o País como diplomata. Entre os anos de 1791 e 1795 frequentou na cidade de Genebra um internato, regressando depois a Portugal, onde estudou na Universidade de Coimbra não concluindo o curso que frequentava, pois os deveres hierárquicos obrigaram-no a alistar-se no exército, por ser primogénito de uma casa nobre. No ano de 1796 assentou praça no regimento de cavalaria. No ano seguinte é promovido a capitão e nomeado ajudante de ordens do conde de Lafões. No ano de 1806 foi despachado conselheiro da embaixada de Roma, onde seu pai era embaixador. Neste mesmo ano e no mês de Dezembro faleceu seu pai, sendo o lugar ocupado por ele, D. Pedro com apenas 21 anos de idade. O tempo que viveu em Roma foi-lhe muito grato pois aqui conheceu e conviveu com diversas personalidades como Guay Lussac, célebre químico, madame de Stael, que viria a exercer forte influência na sua vida. Após a sua exoneração do cargo de embaixador, passou uma temporada em Coppet, na casa da ilustre escritora Stael, com quem tinha trocado correspondência. Nesta cidade frequentavam a casa da escritora homens eminentes, como, Mathieu de Montmorency, Frederico e Guilherme Schlegelm Barante, Benjamin Constant, entre outros, personagens das letras e das ciências. Durante a sua estada em Itália iniciou a tradução de “Os Lusíadas” para o francês. Regressou a Portugal dirigindo os negócios de família mas longe da corte. Em Novembro de 1807 Portugal é invadido pelos franceses. No ano de 1808 apresentou-se para servir no exército que deveria libertar Portugal; com o posto de major foi nomeado ajudante de ordens do coronel Trant, encarregado no ano seguinte de organizar as milícias portuguesas. No ano de 1810 foi nomeado ministro em Cádiz, em virtude da sua força residir mais na arte da diplomacia do que na das armas, onde se conservou até quase ao fim da Guerra Peninsular. Casou em Junho do mesmo ano com D. Eugénia Teles da Gama, filha dos marqueses da Niza. O desempenho de Pedro de Sousa, valeu-lhe o título de conde de Palmela no ano de 1812. Neste mesmo ano foi transferido para a cidade de Londres como embaixador, sendo considerado o lugar mais importante da nossa diplomacia por essa altura. No ano de 1814 foi publicada a primeira edição dos Lusíadas em língua francesa. No ano de 1815 terminada a guerra, o conde de Palmela, foi nomeado nosso plenipotenciário no famoso congresso de Viena; aqui munido de todos os poderes defendeu incansavelmente a causa de Olivença, sem conseguir obter do referido congresso o apoio necessário à restituição desta praça ocupada pelos espanhóis; também viu gorado todos os esforços com o recebimento das indemnizações a que Portugal tinha direito com a repartição pelas potências aliadas da indemnização de guerra, no valor de 2 milhões de francos, aproximadamente o valor de 360 mil escudos, o equivalente hoje a mais ou menos 1 800 euro. No ano de 1816 regressou a Londres e posteriormente a Portugal, onde foi recebido com entusiasmo e louvado pela sua persistência na condução da resolução dos conflitos que não conseguiu resolver, pois a própria Inglaterra votava sempre contra a posição portuguesa. No ano de 1817 foi nomeado Ministro dos Negócios Estrangeiros, o que não lhe agradou, pois mais preferiria a sua acção como embaixador junto dos grandes centros intelectuais da Europa, do que partir para a cidade do Rio de Janeiro, então capital e onde se encontrava instalada a corte desde as invasões francesas no ano de 1807. No ano de 1820, e após diversas diligências do rei D. João VI, o conde de Palmela foi obrigado a deixar Londres e partir para Lisboa e daqui para o Brasil; entretanto rebentara neste ano a revolução na cidade do Porto e pouco depois em Lisboa. Em Outubro de 1820, o conde de Palmela seguiu de imediato para o Rio de Janeiro levando a notícia dos acontecimentos de Lisboa. No ano de 1821 a corte regressou a Portugal conjuntamente com o conde de Palmela. No ano de 1824 e na sequência da tentativa do golpe conhecido como “Abrilada”, promovida pela rainha Carlota Joaquina e pelo seu filho o infante D. Miguel, Palmela foi feito prisioneiro e enclausurado na Torre de Belém sob a acusação de ser o líder das forças liberais; pouco tempo depois o rei D. João VI viria a libertá-lo. No ano de 1825 recompensou-o com o título de Marquês e o cargo de embaixador em Londres. Nesta cidade recebeu sucessivamente as notícias da morte de D. João VI, da abdicação ao trono de seu filho D. Pedro IV, a favor de sua filha D. Maria da Glória, que deveria casar com o seu tio o infante D. Miguel, e por fim a usurpação do trono por este último no ano de 1828. Palmela resignou ao cargo de embaixador neste ano de 1828 e dirigiu-se ao Porto onde conjuntamente com o duque de Saldanha, encabeçaram um movimento revolucionário contra os absolutistas – conhecido pela “Belfastada”, que viria a fracassar; compreendendo que as forças liberais teriam que se apetrechar e equipar convenientemente para levar de vencida D. Miguel, abandonou Portugal, com destino a Londres, mas desta feita como exilado político. No ano de 1830 chegou a Londres vindo de Portugal D. Tomás de Mascarenhas com ordens de D. Pedro IV para que o Marquês fosse organizar a regência em conjunto com o conde de Vila Flor, o que sucedeu de imediato. Em 1832 o marquês tomou posse do Ministério dos estrangeiros e interinamente do reino. Ainda no decorrer do ano de 1832, e apesar de ser general, deixa as pastas do estrangeiro e do reino, pois a função era a de diplomata e não a de armas; o marquês vai para o estrangeiro com o intento de obter apoios para a causa liberal. Conseguido o auxílio necessário e em conjunto com outros organizou-se uma expedição ao Algarve com o fim de dar o golpe mortal na causa do despotismo. No ano de 1833, o marquês entra triunfal na cidade do Porto, onde é recebido e aclamado com os maiores triunfos e louvores. Neste mesmo ano, D. Pedro dá-lhe o título de duque do Faial, o qual foi substituído pelo de duque de Palmela. Por morte de D. Pedro sucedeu-lhe sua filha D. Maria II, a qual nessa altura tinha 15 anos de idade; esta mandou chamar o duque de Palmela, dando-lhe o cargo de Presidente de ministros. Foi demitido após ter pedido a demissão por diversas vezes em virtude das intrigas que a oposição política lhe fazia. Fez parte de diversos governos de autoria do marquês de Saldanha, e de Passos Manuel. No ano de 1836 rebentou a revolução de 9 de Setembro, e o duque de Palmela teve de se exilar. No ano de 1837, o mesmo governo que o obrigou ao exílio pediu-lhe que aceitasse o cargo de embaixador extraordinário em Londres, para assistir à coroação, no ano de 1838, daquela que foi a soberana que mais tempo reinou na Europa, a rainha Vitória. No ano de 1841, regressou a Portugal e após a sua eleição como senador, foi indigitado presidente da câmara dos mesmos. No ano de 1842 desempenhou o cargo de presidente do conselho. No ano de 1846 viajou até Itália com sua mulher, onde ficou um ano. Enviuvou no ano de 1848 e, nos restantes anos de vida que ainda lhe restaram, conservou-se afastado da política, organizando a sua correspondência oficial, recebendo os seus amigos na sua quinta do Lumiar. Das suas obras e escritos realço as seguintes: Manifesto dos direitos de sua Majestade Fidelíssima, a senhora D. Maria II; Discursos parlamentares, proferidos nas Câmaras Legislativas; Carta ao editor do Diário de Governo; e muito mais escreveu ao longo da sua vida, como artigos em jornais nacionais e estrangeiros sobre assuntos políticos e económicos de Portugal. Títulos e honrarias de que foi alvo durante a sua vida: - 13º. Senhor do morgado de Calhariz, Monfalim e Fonte do Anjo; Capitão da Guarda Real dos Archeiros; Alcaiade - mor da Sertã; Condecorado com a Grã - Cruz das Ordens de Cristo e Torre Espada; Cavaleiro da Ordem do Tosão de Ouro; Grã-Cruz das Ordens de Carlos III de Espanha; da Legião de Honra, de França; de Santo Alexandre Newsky, na Rússia; Cavaleiro da Ordem de S. João de Jerusalém; Par do Reino e Presidente da respectiva Câmara; Presidente da Câmara dos Senadores; Conselheiro de Estado; Embaixador Extraordinário; Ministro Plenipotenciário; Ministro e Secretário de Estado; Presidente do Conselho de Ministros; Marechal de Campo; Sócio honorário da Academia Real das Ciências e por fim Presidente da Sociedade Arqueológica de Setúbal. Faleceu na Quinta do Lumiar em 12 de Outubro de 1850, sendo sepultado no cemitério dos Prazeres num mausoléu familiar, sendo a sua morte muito sentida por todos.

F I M.

Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Wikipedia/Pedro S. Holstein. Arqnet-dicionário Palmela.Óbidos, Abril de 2010.

Publicado no Jornal das Caldas em 09-03-2011.

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