quarta-feira, 8 de dezembro de 2010


Artigo 31
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda

CEM ESCUDOS
Pedro Álvares Cabral


Chapa 1

Para a primeira nota de cem escudos e na frente da mesma, foi escolhida a representação de um quadro alegórico da descoberta do Brasil, com a efígie de Pedro Álvares Cabral, exímio navegador e descobridor.
Na frente da nota está estampado o motivo principal composto por uma gravura com a ilustração de indígenas nus e semi-nus, com alguns enfeites na cabeça e na cintura, de expressivo conteúdo artístico de autoria de Eugène Mouchon representando a descoberta de terras de Vera Cruz. A gravação em chapa de aço foi efectuada pelo gravador do Banco de Portugal, Armando Pedroso. A gravura do medalhão com a efígie de Álvares Cabral, foi executada em Inglaterra pela firma Bradbury, Wilkinson & Cº. Ltd., de Londres, firma que também procedeu à elaboração das chapas para o fundo da frente e do verso e à respectiva estampagem da nota. Ainda na frente da nota, este motivo está estampado por calcografia, a azul-escuro sobre fundo de cores esverdeadas, amareladas, rosas e violetas. O verso da nota tem um fundo policromo formado por trechos geométricos de guilhoché, impresso por processo tipográfico em cores de amarelo e violeta ao centro, verde e rosa aos lados, e azul e castanho nas extremidades. Sobre o fundo e num tom mais forte sobressai a estampagem calcográfica da gravura central, que representa a partida de Pedro Álvares Cabral para o Descobrimento do Brasil, na presença do Rei D. Manuel I e parte da corte; e a representação de duas cabeças numismáticas colocadas em cada lado e voltadas para dentro. O papel foi fabricado por Perrigot-Masure, Papeteries d´Arches (Vosges), França, e tem como marca de água visto à transparência pela frente e na parte superior à direita o busto de Álvares Cabral. Dimensões da nota 209 x 130 mm. Foram emitidas 3 805 000 notas com as datas de 13 de Agôsto de 1918 e 5 de Fevereiro de 1920. Primeira emissão, 3 de Dezembro de 1918 e a última emissão, 24 de Dezembro de 1926. Foram retiradas de circulação em 7 de Abril de 1931.
Biografia:
Pedro Álvares Cabral nasceu em Belmonte pelo ano de 1467 filho de Fernão Cabral alcaide mor da mesma localidade e de sua mulher Isabel Gouveia; neto de Fernão Álvares Cabral, que fora guarda mor do Infante D. Henrique. Com 11 anos de idade muda-se para o Seixal, vindo a estudar em Lisboa as disciplinas de Literatura, História e Ciência (Cosmografia), além de aprender artes militares. Na corte de D. João II, entrou como moço fidalgo, aperfeiçoando-se em cosmografia e marinharia.
As experiências de navegação de Álvares Cabral ao que se sabe, foram adquiridas ao longo da costa norte de África. Após o regresso de Vasco da Gama da Índia, este fez o relato dos acontecimentos a el-rei D. Manuel I com a descoberta do caminho marítimo, relatando as dificuldades que ia encontrando pelo caminho, os naufrágios de algumas naus, a ausência de homens e material para de imediato se instalarem; o rei entendeu preparar uma poderosa armada que levasse até tão longínquas partes o nome de Portugal. Foi indigitado para comandar a esquadra Pedro Álvares Cabral, por incumbência de Vasco da Gama, que o indicara a D. Manuel I. A expedição era composta por 13 embarcações, (10 naus e 3 caravelas), sendo capitaneadas por Sancho de Toar, “ O Castelhano”, Simão de Miranda, Aires Gomes da Silva, Nicolau Coelho, companheiro de Vasco da Gama, Bartolomeu Dias, descobridor do cabo da Boa Esperança, Pedro Dias irmão de Bartolomeu, Gaspar de Lemos, Luís Pires, Simão de Pina e Pedro Ataíde Inferno. Compunham a expedição Aires Correia, como feitor da armada, e Gonçalo Gil Barbosa e Pedro Vaz de Caminha, como escrivães. Era capelão mor da armada Francisco Freire que ia acompanhado de outros frades para iniciarem à evangelização; na totalidade a expedição era composta por mil e duzentos homens. No dia 8 de Março do ano de 1500 pela tarde e junto ao ancoradouro de Belém é rezada uma missa solene a que assistiu o rei assim como toda a corte, após a qual, as embarcações devidamente apetrechadas largaram de Lisboa, rumo ao oceano. Passaram junto ao cabo Espichel e desapareceram a pouco e pouco no horizonte. Pelo décimo terceiro dia de navegação sem contrariedades de maior, passando junto às ilhas Canárias, acontece o primeiro naufrágio com uma das naus, prosseguindo as restantes doze oceano fora, afastando-se da costa africana e dirigindo-se para oeste. Esta mudança de rota, ficou a dever-se ao conhecimento e experiência vivida anteriormente por Vasco da Gama, está relacionada com a ausência de ventos, e com a intenção de fugirem às calmarias da Guiné. Álvares Cabral teve sempre a ideia e desde que largou de Lisboa a intenção de descobrir novas terras situadas para ocidente, tanto mais que as correntes traziam objectos de outras bandas que davam às costas nos diversos arquipélagos e eram de todo desconhecidos dos ilhéus. Um concelho dado por Vasco da Gama a Álvares Cabral consistia na navegação para mar alto, por conseguinte longe da costa africana, porque seria mais fácil dobrar o cabo da Boa Esperança. No dia 23 de Abril a armada passou na altura de Cabo Verde, no dia seguinte uma das naus capitaneada por Luís Pires desgarrou-se, não tendo a armada mais conhecimento do seu destino, algum tempo depois regressou a Lisboa. Navegando sempre para oeste, no dia 24, surgiu no horizonte uma montanha rodeada por outras e cobertas de arvoredo, com um aspecto viçosíssimo. Por essa altura, decorriam as festividades pascais, o que concorreu para que essa montanha tivesse recebido o nome de “Monte Pascoal”, devido às ideias devotas daquele tempo. Pedro Álvares Cabral deu o nome de terras de “Vera Cruz” àquela enorme terra situada no Atlântico Meridional, em cuja exploração costeira a armada demoraria cerca de 10 dias, terminando por atracar em Porto Seguro (Estado da Baía). Foi indescritível a impressão causada nos portugueses pelas deslumbrantes vistas das magníficas florestas virgens, povoadas de pássaros de muitas cores exóticas, enormes árvores e cipós pendentes destas, os aromas exalados da floresta, temperaturas amenas, noites calmas. As praias eram percorridas por indígenas nus de estatura elevada. Foram levados dois indígenas à presença de Álvares Cabral, que não se intimidaram pois tinham modos altivos e desdenhosos, como escreveu Pêro Vaz de Caminha, o autor do mais conhecido e impressivo documento relativo à Descoberta do Brasil. A 2 de Maio Pedro Álvares envia a Lisboa uma nau comandada por Gaspar Lemos afim de levar a notícia a el-rei D. Manuel, do descobrimento de terras de Vera Cruz, como baptizara, juntamente com a carta redigida por Pêro Vaz de Caminha. Álvares Cabral continuou a sua viagem para Oriente e na passagem do tenebroso Cabo viria a perder quatro naus, entre as quais a do comandante Bartolomeu Dias. Reduzia a metade a armada aporta em Moçambique, Quíloa e Melinde. As tentativas para estabelecer feitorias na costa de Malabar, traduz-se por um sucesso muito relativo. Não conseguiu fixar-se em Calecute, devido à oposição de comerciantes muçulmanos, o que resultou num assalto à feitoria portuguesa, à morte dos seus ocupantes, entre os quais a de Pêro Vaz de Caminha. Álvares Cabral ordenou de imediato e como represália o bombardeamento da cidade, e incendiamento dos navios muçulmanos ancorados no porto. Necessitando de se afirmar, cria vínculos comerciais com o reino rival de Cochim. Regressou a Portugal, apesar dos contratempos e das perdas de embarcações homens e bens, com apreciável quantidade de especiarias. A descoberta do Brasil de inicio não foi vista como um grande feito pois a ensombrá-la, ficou retido o pouco sucesso da expedição ao oriente, com perdas de homens e bens, da dificuldade de se estabelecer uma feitoria, apesar da quantidade de especiarias que trouxe. No ano de 1502 é convidado pelo rei para comandar nova expedição ao Oriente, o qual por desentendimentos com o monarca rejeitou a missão, sendo substituído por Vasco da Gama. Esta sua atitude valeu-lhe por parte do monarca um total abandono, nunca mais recebendo nenhuma missão oficial. No ano de 1503 casa com D. Isabel de Castro, sobrinha de Afonso de Albuquerque, deixando descendência. No ano de 1518 era Cavaleiro do Conselho Real, sendo ainda Senhor de Belmonte e alcaide-mor de Azurara. Faleceu na cidade de Santarém, esquecido, no ano de 1520, sendo sepultado na Igreja da Graça. No ano de 1903 parte dos restos mortais foram transladados para o Brasil, tendo sido depositados num jazigo da antiga Sé no Rio de Janeiro.
Na história da navegação portuguesa Álvares Cabral, destaca-se; 1º)- por ter comandado a maior frota até então da armada portuguesa; 2)- por ter sido o descobridor do Brasil; e 3º)- por ter sido o líder da primeira expedição que ligou os quatro continentes (Europa, América, África e Ásia).

F I M

Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Wikipedia. Navegações portuguesas – Instituo Camões. História de Portugal de Manuel Pinheiro Chagas, 3º. Volume. Trechos avulsos.
Óbidos, Fevereiro de 2010.
Publicado no Jornal das Caldas de 08-12-2010

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