sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

CENTENÁRIO DA IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA
Vultos da República
10º. Artigo


José Pereira de Sampaio (Bruno) nasceu na cidade do Porto a 30 de Novembro de 1857, filho de José Pais Sampaio, mação, proprietário de uma padaria que mais tarde veio a herdar. Foi escritor, ensaísta, jornalista e filósofo. Nasceu e cresceu num ambiente de fortes ideias liberais que em muito o influenciaram na formação do seu pensamento. Foi um tenaz combatente pelo ideário republicano. De tenra idade com 14 anos iniciou a sua actividade jornalística, adoptando o pseudónimo de “Bruno”, o qual permaneceu para toda a vida. Com 17 anos de idade, publicou o seu primeiro livro, “Análise da Crença Cristã”, suscitando uma onda de revolta e polémica na sociedade conservadora de então, devido ao seu conteúdo ser possuidor de ideias colhidas de Voltaire, Büchner, entre outros. Fez estudos preparatórios para Medicina no Instituto Politécnico do Porto, mas não os concluiu. Foi um acérrimo propagandista dos ideais Republicanos, e toda a sua obra influenciou de certo modo a cultura portuguesa. Frequentou tertúlias com outros notáveis de então, Júlio de Matos, Manuel Teixeira Gomes, Basílio Teles, etc., compartilhando os problemas políticos, onde os espíritos republicanos são evidenciados e enaltecidos. Fundou vários semanários, “O Democrata”, o “O Norte Republicano” e o diário “A Discussão”. Em 1886, coligiu uma série de ensaios sobre os modernos novelistas portugueses no volume “A Geração Nova”. No ano de 1890 elaborou em conjunto com Basílio Teles e Antero de Quental os estatutos da Liga Patriótica do Norte. Participou no ano seguinte na malograda Revolta Republicana de 31 de Janeiro, de cujo manifesto foi seu redactor, partindo para o exílio em Paris com João Chagas. Em França recebeu a influência de diversas personalidades como o pioneiro da aviação Santos Dumont, Benoît Malon e Jules Guesde, socialistas, e dos poetas António Nobre e Paul Verlaine. O seu exílio levou-o além de França, a Espanha e Holanda, provocando-lhe uma depressão que contribuiu para encaminhar as suas pesquisas na direcção do misticismo e do esoterismo, enveredando na literatura gnóstica judaica, na cabala e na ideologia maçónica. Regressou a Portugal no ano de 1893, publicando “As Notas do Exílio”. No na de 1898, publicou “O Brasil Mental”, onde desenvolveu uma acérrima crítica ao positivismo. Em 1902 publicou “A Ideia de Deus”, teve graves desavenças com Afonso Costa, abandonando a militância do Partido Republicano, mas continuando a escrever artigos de índole republicana como independente e crítico. No ano de 1909, foi nomeado director da Biblioteca Pública do Porto, cargo que manteve após a Proclamação da República. O pensamento filosófico de Sampaio Bruno influenciou profundamente Fernando Pessoa, que ainda se correspondeu com este, enviando-lhe no ano de 1915 o primeiro número de “Orfeu”, pedindo-lhe uma opinião. Escreveu mais obras que foram determinantes para a formação do pensamento republicano no início do século XX; 1)- O Encoberto, no ano de 1904; 2)- Portugal e a Guerra das Nações, no ano de 1906; 3)- A Questão Religiosa, no ano de 1907; 4)- Portuenses Ilustres, no ano de 1907; 5)- A Ditadura, Subsídios Morais para o seu Juízo Crítico, no ano de 1909; e 6)- O Porto Culto, no ano de 1912. Faleceu na cidade do Porto a 6 de Novembro de 1915, após uma intervenção cirúrgica a uma hidrocele.
F I M
Fontes: infopedia.pt Sampaio - Bruno; wikipedia.org/wiki Sampaio Bruno. Lello Universal.
Óbidos Setembro de 2010.
Publicado no Jornal das Caldas em 15-12-2010

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