quarta-feira, 29 de dezembro de 2010


Artigo 33
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda


CEM ESCUDOS

Duque de Saldanha

Chapa 3

Duque de Saldanha, insigne marechal do exército português, homem de Estado, do século XVIII e século XIX foi a personagem escolhida para figurar na frente da nota, em traje militar. Toda a elaboração desta nota, desde a encomenda do papel, ao fabrico das chapas originais, estampagem e aposição do texto, esteve a cargo da casa inglesa Waterlow & Sons Ltd., de Londres. Na frente da nota observa-se a estampagem calcográfica, a verde-escuro, do retrato do Duque de Saldanha de traje militar, de uma vista panorâmica da Praça dos Restauradores e trabalho de guilhoché em linha branca por toda a cercadura. O fundo é constituído por um desenho geométrico, impresso tipograficamente a duas cores. O verso da nota, também tem uma estampagem calcográfica, a verde-escuro, mas sobre fundo tipográfico simples, a uma só cor. O papel é de origem inglesa, e tem como característica principal a marca de água que, quando vista à transparência pela frente, apresenta por toda a superfície da nota a legenda Banco de Portugal. Dimensões da nota 169 x 102 mm. Foram emitidas 7 240 000 notas. Sucede que devido ao facto do aparecimento possível de perfeitas falsificações e à relativa pequena existência de notas de valores elevados no Banco, seria conveniente conservá-las em reserva. Mais tarde e considerando o facto destas notas transportarem o nome da casa que esteve envolvida num caso de graves implicações, para o erário público, foi deliberado em reunião do Conselho de Administração de 3 de Junho de 1932, que fossem queimadas sem ser emitidas.
Biografia:
João Carlos Gregório Domingos Vicente Francisco de Saldanha Oliveira e Daun, mais conhecido por Duque de Saldanha nasceu em Lisboa a 17 de Novembro de 1790, filho de João Vicente de Saldanha Oliveira e Sousa Juzarte Figueira, conde de Rio Maior e de sua mulher D. Maria Amália Carvalho Daun, condessa, filha do Marquês de Pombal. Foi um militar com excepcionais capacidades de chefia, com uma personalidade impulsiva e agressiva; político ambicioso que estava sempre ao corrente dos acontecimentos do seu tempo. Desempenhou diversos cargos, sendo Marechal general do exército, par do reino, conselheiro de estado efectivo, presidente do Conselho de Ministros, ministro da Guerra e ministro plenipotenciário em Londres, mordomo-mor da Casa Real, vogal do Supremo Conselho de Justiça Militar. Títulos nobiliários: 1º.Conde, 1º. Marquês e 1º. Duque de Saldanha.
No ano de 1805 matriculou-se na Academia Real da Marinha, distinguindo-se como um brilhante aluno, recebendo diversas distinções. Neste mesmo ano ingressou no Regimento de Infantaria nº. 1, com o posto de capitão e com a tenra idade de 16 anos. No ano de 1808, Portugal foi invadido e ocupado pelos franceses, sendo demitido. Junta-se à resistência, onde participa em diversas batalhas, uma das quais a do Buçaco, tendo desempenhado brilhantemente o seu papel de militar, sendo admirado pelos seus homens. Quando a guerra terminou, tinha o posto de tenente-coronel. No ano de 1814 casou com Maria Teresa Horan Fitzggerald, de origem irlandesa. No ano de 1815 é promovido ao posto de coronel e embarca para o Brasil como adido ao Estado-Maior. No ano de 1816 é recebido pelo príncipe regente D. João com as maiores distinções, nomeando-o cavaleiro da ordem de Cristo e comendador da Ordem de Torre Espada. Participou neste ano na campanha de Montevideu, onde mais uma vez se distinguiu. No ano de 1822, e porque os ventos de mudança soavam a independência, pediu a demissão dos cargos que exerceu até então no Brasil e partiu para Portugal. Mal desembarcou foi nomeado comandante de uma expedição militar que ia para o Brasil, o qual recusou, sendo de imediato preso no castelo de S. Jorge, no ano de 1823. Foi libertado alguns meses depois por ordem do rei D. João VI. Foi nomeado governador das armas do Porto, em Abril de 1825. No ano de 1826 é-lhe atribuída a pasta da guerra. No ano de 1827 pediu a demissão, por não concordar com determinados movimentos que estavam a suceder, a qual foi aceite, provocando o abandono dos cargos governativos e a partida para Londres. No ano de 1828 regressou ao Porto, para encabeçar a revolta liberal contra o governo de D. Miguel. Neste mesmo ano organizou uma expedição com cerca de 650 homens (emigrados liberais), para desembarcar na Terceira, a qual foi impedida por uma esquadra inglesa. No ano de 1833 regressou a Portugal juntando-se às tropas de D. Pedro, obtendo notáveis vitórias, sendo promovido ao posto de marechal. Alcançada a paz, tornou-se deputado e chefe de governo. A rainha D. Maria II nomeou-o embaixador em diversas cortes europeias. Desempenhou por quatro vezes o cargo de Primeiro Ministro em condições sempre pautadas pela instabilidade. Foi homem das artes, da ciência, autor romântico, filósofo, escrevendo vários tratados e livros. Ao longo da sua vida foi agraciado com comendas e honrarias militares. Possuía as seguintes honras: grã-cruz das ordens de Cristo, da Torre Espada, de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, de S. Tiago, e de S. João de Jerusalém; das seguintes ordens estrangeiras: S. Fernando, Isabel a Católica e Carlos III de Espanha; da Legião de Honra, de França; de S. Gregório Magno e da Pio IX, de Roma, de Ernesto Pio, de Saxe - Coburgo; de Leopoldo, da Áustria; do Leão, dos Países Baixos; de S. Maurício e S. Lazaro, de Itália; de Leopoldo, da Bélgica; de Alberto, o Valoroso, de Saxónia; do Salvador, da Grécia; da Águia Branca, da Rússia; cavaleiro da ordem do Tosão de Ouro, de Espanha, da Santíssima Anunciada, de Itália; condecorado com as medalhas do Buçaco, de S. Sebastião e de Nive; de 6 batalhas da Guerra Peninsular, da Estrela de Montevideu.
No ano de 1871 tentou um golpe de Estado conhecido pela “Saldanhada”, que terminou mal, por este motivo foi-lhe dado o cargo de embaixador em Londres, onde faleceu a 20 de Novembro de 1876.

F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Wikipedia. História de Portugal de Manuel Pinheiro Chagas. Trechos avulsos.
Publicado no Jornal das Caldas em 2010-12-29.

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