quarta-feira, 29 de setembro de 2010



Artigo 24
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda
1910 – 2010

CINQUENTA ESCUDOS
Cristóvão da Gama

Chapa 3

Esta nota comporta na frente o retrato de D. Cristóvão da Gama, que se distinguiu como um notável guerreiro, tanto na Índia como na expedição levada a efeito pelo seu irmão ao mar vermelho, indo em socorro do soberano da Abissínia. A gravação das notas, assim como a sua estampagem foi efectuada pela casa inglesa Waterlow & Sons Ltd., de Londres. Na frente a estampagem, a azul - escuro, é de talhe doce com um trabalho de torno geométrico, em linha branca em toda a orla. O fundo, tipográfico, a duas cores, é constituído por um desenho a verde e pontos a cor - de - rosa. As figuras principais são compostas pela figura de D. Cristóvão da Gama e por uma vista do Convento de Mafra. O verso tem um fundo tipográfico com desenho geométrico de composição simples, a verde, sobre o qual é estampado calcográficamente, azul - escuro, o motivo principal. O papel é de origem inglesa e encomendado pela firma estampadora. Dimensões da nota 163 x97 mm. Foram emitidas 7 000 000 de notas com a data de 13 de Janeiro de 1925. Primeira emissão, 30 de Agosto de 1928 e a última emissão, 15 de Dezembro 1931. Foram retiradas de circulação em 27 de Julho de 1934.
Biografia:
Cristóvão da Gama nasceu em Évora no ano de 1515, filho do célebre navegador português Vasco da Gama e de sua mulher D. Catarina Ataíde. Foi um guerreiro de nomeada, evidenciando as suas notáveis qualidades de lutador na Índia e no mar vermelho. Foi para a Índia no ano de 1532, na frota de Pedro Vaz do Amaral, onde se distinguiu nas diversas batalhas onde tomou parte. Foi agraciado com o cargo de capitão de Malaca e o de fidalgo da Casa Real, após o regresso da Índia. No ano de 1538, voltou à Índia sob a direcção de seu irmão D. Estêvão da Gama, então governador.
No ano de 1541 D. Estêvão da Gama, encarregou o seu irmão D. Cristóvão da Gama de castigar o arel de Porká por causa de insultos feito aos portugueses; viu os fidalgos disputarem entre si a honra de o acompanharem, tanto estimavam as suas qualidades de verdadeiro guerreiro e fidalgo. A expedição portuguesa ao mar vermelho, comandada por Estêvão da Gama, numa das fases, caracterizou-se pela ajuda prestada por este ao soberano da Abissínia, contra o xeque de Zeilá, e constava de uma guarnição composta por quatrocentos homens escolhidos entre os melhores soldados da armada, cento e cinquenta dos quais sobre o comando de Cristóvão da Gama, general chefe. A artilharia compunha-se de oito peças, dois berços e seis meios berços, seis mosquetes, muitas munições de guerra e armas suplentes. O soberano da Abissínia forneceu camelos, mulas bois e todo o género de meios de transporte. A expedição desembarcou em Massuah, tendo atravessado as intransitáveis montanhas que separam a beira-mar da vasta planície que constituía a Abissínia, tendo que lutar com as dificuldades quase insuperáveis dos desfiladeiros, dos abismos vertiginosos, da aridez do país, que não oferecia recursos de qualidade alguma. As condições de progressão no terreno eram dificultadas pelo calor que se fazia sentir, pela falta de água potável e de víveres, e em especial pelo desconhecimento do terreno. Os quatrocentos portugueses que sustentaram bastantes combates com diferentes destacamentos das tropas do xeque Zeilá, saíram sempre vitoriosos; até que, o próprio xeque auxiliado por mil turcos, que mandara pedir ao pachá de Zebid para sua ajuda, atacou as tropas portuguesas, que reduzidas à sua própria força e sem ter tido qualquer apoio dos homens do soberano da Abissínia, depois de renhida luta e actos de abnegada heroicidade, foram destroçados, caindo D. Cristóvão da Gama no poder dos inimigos, que o torturaram e insultaram até à sua morte. Desta derrota, salvaram-se 130 portugueses, que se juntaram de seguida ao exército que o soberano da Abissínia pode reunir. A vitória entretanto alcançada por estes, ficou a dever-se à bravura, coragem, perícia, energia, disciplina, organização e ao abnegado esforço dos portugueses; conforme relatos dos cronistas de então. Mais disseram: “Os Portugueses salvaram no século XVI, a dinastia abissinica”. Este grupo de soldados portugueses foram recompensados com a dádiva de terras e outros bens, onde se radicaram e prosperaram.

F I M

Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. História de Portugal, volume IV de Manuel Pinheiro Chagas. Trechos avulsos.
Óbidos - Fevereiro de 2010
Publicado no Jornal das Caldas em 29-09-2010.

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