segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Artigo 06
Centenário da Implantação da República (1910-2010)
Numária
O Papel-moeda
1910 – 2010


CINCO ESCUDOS

Frente

Verso

A efígie de Alexandre Herculano de Carvalho Araújo, vulgo Alexandre Herculano, é a escolhida para a primeira nota emitida na nova unidade monetária, no valor de cinco escudos, fazendo-se jus a uma personagem ímpar das letras do século XIX. Tal como outras notas de pequeno valor emitidas durante o conflito da 1ª. Guerra Mundial (1914-1918), também esta foi criada para minimizar os problemas ocorridos pela falta de moeda metálica.
As chapas utilizadas nestas notas foram gravadas pela Casa Bradbury, Wilkinson & Cº. Ltd., de Londres, assim como a sua estampagem, com excepção do retrato de Alexandre Herculano na face A, e da vinheta do verso com a Torre de Belém, que foram da autoria do gravador Armando Pedroso. A frente tem uma estampagem calcográfica, a violeta, sobre fundo tipográfico, azul e amarelo de linhas ondeadas. No verso todo o desenho a cor castanha de técnica calcográfica.
O papel é fabricado pelo papeleiro francês Perrigot-Masure, Papeteries d!Arches, tem como marca de água na parte inferior direita, uma cabeça de Minerva de perfil para o centro. Dimensões 146 x 95 mm. Foram emitidas 21 740 000 notas com as datas de 29-07-1913, 30-10-1914, 31-10-1916, 26-03-1918, 27-06-1919, 25-06-1920 e 01-02-1923. Primeira emissão foi em 10-04-1914 e a última em 22-08-1928. Retirada de circulação em 07-04-1931.
Curiosidade, esta nota de valor de 5$00, seria equivalente hoje a 0,025 cêntimos de euro.
Alexandre Herculano nasceu na cidade de Lisboa, em 28-03-1810, e veio a falecer em Santarém a 13-09-1877; oriundo de uma família modesta; a mãe era filha e neta de pedreiros da Casa Real, o pai era, funcionário da Junta de Juros. A sua infância e adolescência são profundamente marcadas pelos dramáticos acontecimentos da época; as invasões francesas, o domínio inglês, e de certo modo com os ideais liberais oriundos de França que nos conduziram à Revolução de 1820.
- Foi político, escritor, romancista, poeta, e um eminente historiador.
- Desde tenra idade até atingir os 15 anos de idade, frequentou o Colégio dos Padres Oratorianos de S. Filipe Nery, onde recebeu formação iminentemente clássica, com uns laivos aos novos ideais cientificos. Problemas familiares com o falecimento do pai, impediram-no de continuar os estudos superiores, ficando no entanto disponível para se debruçar na sua formação literária, estudando afincadamente as línguas, inglesa, francesa, italiana e alemã, as quais foram decisivas para a elaboração da sua grande obra literária.
- Em 21-08-1831, participa na revolta do Regimento nº. 4, de Infantaria de Lisboa, contra o governo ditatorial de D. Miguel, o qual fracassou, vindo a refugiar-se num navio francês atracado no rio Tejo, passando para Inglaterra e depois para França, indo juntar-se ao exército liberal de D. Pedro IV, no arquipélago dos Açores.
- Em 08-07-1832, fez parte da expedição comandada por D. Pedro IV; alistado como soldado do Regimento Voluntário da Rainha, conjuntamente com Almeida Garrett, é um dos 7.500 bravos do Mindelo, que desembarcaram perto desta localidade a fim de cercar a cidade do Porto.
- Pelo seu desempenho como notável soldado, foi designado por D. Pedro IV bibliotecário da Biblioteca do Porto.
- Foi convidado para dirigir a Revista Panorama de Lisboa de índole artística e científica pertencente à Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Úteis, patrocinada directamente pela Rainha D. Maria II, de que foi redactor entre 1837 a 1839.
- Em 1842 retomando o papel de redactor principal publica o livro “Eurico o Presbítero”, considerada uma das maiores obras do Romance Histórico do século XIX.
- No ano de 1846, edita o primeiro volume da História de Portugal, que o granjeia como o melhor português do século XIX. Esta obra não deixou de criar enorme polémica, especialmente nos conservadores mais acérrimos, encabeçados pelo clero, que, por entre outras coisas, não ter admitido como verdade histórica o célebre “Milagre de Ourique”, acabando por vir a terreiro na defesa da verdade cientifica da sua obra, desferindo muitos ataques e golpes sobre o clero, exprimidos nos opúsculos “Eu e o Clero e Solemnia Verba”.
- No ano de 1852, pelo prestígio enorme que a “História de Portugal” lhe granjeia, é nomeado sócio da Academia de Ciências de Lisboa, encarregando-o da recolha de documentação valiosa espalha por todo o país, durante os anos de 1853-1854.
- Foi deputado às Cortes e preceptor do futuro rei D. Pedro V; recusou fazer parte do Primeiro Governo da Regeneração, chefiado pelo Duque de Saldanha; recusou honrarias e condecorações.
- Casa em 1857 com D. Mariana Meira, retirando-se para a sua quinta em Vale de Lobos, onde aí se dedica à agricultura e a uma vida de recolhimento espiritual.
- Descrevem-se algumas das suas obras mais emblemáticas
- Na Poesia – A Voz do Profeta, A Harpa do Crente e Poesias dispersas.
- No Teatro – O Fronteiro de África ou três noites aziagas - Os infantes de Ceuta.
- No romance – O Pároco de Aldeia – O Galego.
- No romance histórico – O Bobo – Eurico, o Presbítero – O Monge de Cister – Lendas e Narrativas – O Alcaide de Santarém – Aras por Foro de Espanha – O Castelo de Faria – A Abóbada.
- Na História – História de Portugal: 1ª. época desde o inicio da monarquia até ao reinado de D. Afonso III – História das Origens e Estabelecimento da Inquisição em Portugal.
- Opúsculos, que integram num numeroso conjunto de trabalhos direccionados a questões públicas; controvérsias e estudos históricos e essencialmente literatura.

FIM

Obra consultada – “O papel-moeda em Portugal” – Banco de Portugal
Óbidos, 03 de Junho de 2009.

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