segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Artigo 04
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária – O Papel-moeda

DOIS ESCUDOS E CINQUENTA CENTAVOS



Como se tem vindo a verificar com outros valores de pequena monta, a criação deste tipo de nota foi também ele motivado pela escassez de espécie metálica, que se fez sentir durante e após a I Guerra Mundial (1914-1918).
Características:
Na face da frente, sobre um fundo impresso tipograficamente em íris vertical, verde e lilás na parte central, esbatendo para verde e amarelo nos lados, vê-se estampado em tom escuro, o desenho principal, que é composto pela efígie de D. Nuno Álvares Pereira, o Santo Condestável (1360-1431), as legendas do Banco de Portugal, Dois Escudos e Cinquenta Centavos e ornatos de guilhoché em linha branca. O verso tem um fundo tipográfico, em gravura mecânica, impresso a vermelho ao centro e verde nos lados. Sobre este fundo vê-se estampado calcograficamente todo o desenho, a preto, que inclui a figura simbolizando a Geografia, legendas e ornatos de guilhoché em linha branca.
Mas quem foi esta ilustre personagem portuguesa do século XIV?
D. Nuno Álvares Pereira, nasceu em 24-06-1360, pensa-se que em Cernache do Bonjardim, e faleceu em Lisboa em 01-11-1431; filho de D. Álvares Gonçalves Pereira, prior da Ordem do Hospital, e de Íris Gonçalves. Casou no ano de 1376 com Leonor de Alvim.
Foi um notável estratega militar do século XIV, apoiando logo de inicio as pretensões do Mestre D. João de Avis, à coroa portuguesa, devido à crise que se instalou com a morte do rei D. Fernando I, em virtude de este não ter deixado filho varão. Esta crise provoca uma guerra com Castela, pela sucessão ao trono português (1383-1385), que teve como desenlace cinco batalhas, em que, D. Nuno Álvares Pereira, mostrou as suas capacidades inatas de combatente, de chefe e génio militar, em especial na célebre batalha de Aljubarrota, onde aplicando tácticas e técnicas de guerra, como a defesa em quadrado, lhe permitiu uma estrondosa vitória sobre o inimigo, este, em muito maior número, permitindo assim, o fim do conflito com Castela, e por conseguinte a perda definitiva desta, ao direito à coroa portuguesa. O nome das batalhas por ordem cronológica, formam a palavra ATAV, fácil de memorizar: A- Atoleiros; T- Trancoso; A- Aljubarrota e V- Valverde. Da sua descendência com D. Leonor de Alvim, advieram três filhos, destacando-se Dona Beatriz Pereira de Alvim, que casou com D. Afonso, primeiro Duque de Bragança, que deu origem à Casa de Bragança, que viria a governar Portugal passados que foram três séculos. No ano de 1423, após a morte de sua mulher, ingressa no Convento do Carmo, tornando-se carmelita, adoptando o nome de Irmão Nuno de Santa Maria, aí vivendo até à sua morte, a qual ocorreu no ano de 1431.
Foi beatificado em 23-01-1918, pelo Papa Bento XV, e canonizado, em 26-04-2009, pelo Papa Bento XVI; A curiosidade a reter consiste na coincidência do nome dos papas, nos actos de beatificação e de canonização, passados que foram mais de 90 anos.
Os preparativos da estampagem das notas foram da execução da firma inglesa Bradbury, Wilkinson & Co. Ltd, de Londres, excepto a gravura de D. Nuno Álvares Pereira, que foi fornecida pelo Banco, o papel é do fabrico dos papeleiros franceses Société Anonyme des Papeteries du Marais et de Sainte-Marie, que apresenta como marca de água, à esquerda, uma cabeça alegórica de perfil para o centro. Dimensão da nota de 135x90 mm. Emissão de 10.860.000 notas datadas de 10-07-1920 e 03-02-1922. A primeira emissão de, 22 de Dezembro de 1920, e a última de, 24 de Agôsto de 1923. Retirada de circulação, em 24 de Junho de 1929.
A título de curiosidade esta nota de 2$50 (Dois Escudos e Cinquenta Centavos), seria equivalente a uma moeda de a 1,25 cêntimos de euro.
Uma outra curiosidade, que poderemos ter em relação aos últimos sistemas monetários e às suas equivalências:
O euro como moeda fiduciária entrou em circulação, em 01-01-2002:
O escudo entrou em circulação após a Implantação da República (05-10-1910), com a criação do decreto que o criou, em 22-05-1911; coabitou conjuntamente com as moedas e notas de reis, durante cerca de 30 anos, finalizando o seu ciclo em 28-02-2002, as moedas; as notas em 31-12-2002, o que corresponde a uma coabitação de 58 dias para as moedas e 365 dias para as notas, com as moedas e notas de euro.
- 1 Euro = 200,418 escudos = 200.418,000 reis.


F I M

Obra consultada – “O papel – Moeda em Portugal”, do Banco de Portugal.
Óbidos, 19 de Maio de 2009.

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