quarta-feira, 16 de setembro de 2009


Artigo 09
Centenário da Implantação da República

Numária
O Papel-moeda (1910-2010)





CINCO ESCUDOS






A última nota de (Cinco escudos) emitida pelo Banco de Portugal, tem como ilustração na sua frente a imagem de D. Álvaro Vaz de Almada, brilhante cavaleiro do século XV.
Características: As chapas e estampagens foram executadas nas oficinas de Waterlow & Sons Ltd., de Londres. Na frente os desenhos são estampados por processo calcográfico; o fundo de técnica tipográfica é constituído por desenhos geométricos e linhas oblíquas paralelas a duas cores, amarelo e lilás, tendo como figura central a imagem de Álvaro Vaz de Almada. O verso é estampado calcograficamente, a azul-escuro, sobre fundo esverdeado, de pontos e linhas oblíquas paralelas. A figura central é composta pelo escudo nacional assente sobre a esfera armilar ladeada de vergônteas de oliveira. Dimensão da nota é de 140x82 mm. Foram emitidas 11 999 999 notas com a data de 13-01-1925. A primeira emissão é datada de 21-05-1929 e a última de 05-05-1932, sendo retirada de circulação em 31-12-1933.
Mas quem foi este notável cavaleiro?
- Álvaro Vaz de Almada, nasceu no ano de 1390, e faleceu no dia 20-05-1449. Foi um cavaleiro de nomeada distinguindo-se superiormente nas suas acções, o que lhe granjeou a concessão de altas condecorações e títulos.
- Foi o primeiro conde de Abranches, à portuguesa, (Avranches no original francês), como se reconhece na carta do título nobiliárquico criado pelo Rei Henrique VI de Inglaterra em 04-05-1445, em favor de D. Álvaro. Segundo Fernandes Mendes no “Portugal História – Dinastia de Aviz”, este D. Álvaro Vaz de Almada, com tal bravura se bateu pelos britânicos contra os franceses, na Guerra dos 100 anos pela posse das suas terras na Normandia, que o rei o fez nomear Cavaleiro da Ordem da Jarreteira; “trata-se de uma ordem militar que foi criada por Eduardo III de Inglaterra, considerada a mais importante comenda do sistema honorífico do Reino Unido”, com o fim de realçar os enormes esforços de guerra, nas diversas cruzadas para a conquista da Terra Santa.
Segundo o mito, foi um dos “Doze de Inglaterra”; cavaleiros portugueses, que responderam ao pedido solicitado pelas damas, (entre eles o D. Álvaro Vaz de Almada) para que estes tomassem a defesa da sua honra, batendo-se em torneio contra os cavaleiros britânicos, pois estes, tinham-nas ofendido e ultrajado, segundo consta, pelas duvidosas condutas sociais, saindo estes derrotados no torneio.
- É o último a usar o título medieval de Rico – Homem em Portugal, tendo exercido o cargo de Capitão - Mor de Lisboa.
- Foi um fiel seguidor das ideias do infante D. Pedro, especialmente, quando este era alvo de constantes ataques e afrontas que lhe eram dirigidas pelos seus adversários, querendo denegrir a sua imagem; não podendo tolerar mais estas agressividades e afrontas, e querendo demonstrar a rectidão das suas atitudes e procedimentos, marcham para sul partindo de Coimbra, onde mais adiante se deparam com as tropas do rei D. Afonso V, tendo-se travado uma batalha, ficando conhecida pela batalha de Alfarrobeira, onde ambos faleceram em 20-05-1449.
- D. Álvaro Vaz de Almada foi casado primeiramente com Isabel da Cunha, e depois com Catarina de Castro, donde proveio uma geração de seis filhos:
- D. João de Abranches; - Dona Isabel da Cunha; - Dona Leonor da Cunha; - Dona Violante da Cunha; - Dona Brites da Cunha; e D. Fernando de Almada, 2º.e último conde Abranches, casado com Dona Constança de Noronha.


Obra consultada – “O papel-moeda em Portugal” – Banco de Portugal. Trechos avulsos.
Óbidos, 15 de Julho de 2009

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Artigo 08
Centenário da Implantação da República (1910-2010)
Numária
O Papel-moeda
1910 – 2010

CINCO ESCUDOS


Frente

Verso


Esta nota de Cinco Escudos foi elaborada sem possuir na parte da frente qualquer figura da nossa
história, monumento, ou outro elemento relevante, ao contrário das outras; no entanto estão representadas duas figuras alegóricas, ambas relacionadas com a agricultura. No verso está representada uma gravura com a vista do Palácio da Bolsa do Porto.
Características: As chapas e estampagens destas notas estiveram a cargo da casa Bradbury, Wilkinson & Co. Ltd. de Londres. Na parte da frente apresenta-nos duas figuras alegóricas e os demais componentes a verde-escuro são estampados calcográficamente; o fundo é policromado em íris em duplex. O verso da nota tem uma estampagem calcográfica a azul-escuro, em fundo irisado; ao centro apresenta-nos uma gravura com a vista do Palácio da Bolsa do Porto, da autoria do gravador do Banco de Portugal Armando Pedroso. O papel é do fabrico dos papeleiros franceses Société Anonyme des Papeteries du Marais et de Sainte-Marie, tem como marca de água, uma cabeça alegórica no canto superior direito. A dimensão da nota é de 147x96 mm. Desconhece-se a quantidade de notas emitidas.
Entendeu o Banco de Portugal depois de ouvir o Conselho de Administração, proceder à destruição destas notas, alegando que existiam cerca de 12 000 000 de igual valor, cuja circulação ainda não tinha sido autorizada, não podendo esta nota ser colocada no circuito, devido essencialmente ao seu aspecto, acabamento e tonalidades muito más; em suma, notas de fraca qualidade. Estas notas eram datadas de 10-11-1924.
O Palácio da Bolsa, ou o Palácio da Associação Comercial do Porto, fica situado na zona nobre da cidade do Porto. O inicio da sua construção é datado de Outubro de 1842, ficando concluído, após 80 anos, já em pleno século XX, no ano de 1909. Ao longo da sua construção teve como responsáveis, 4 arquitectos principais, dezenas de mestres dos mais diversos ofícios. O Palácio caracteriza-se por uma mistura de estilos arquitectónicos, apresentando todo o edifício no seu esplendor, traços do neoclássico oitocentista e arquitectura toscana. De destacar entre os diversos salões que o compõe o Salão Árabe, pelos estuques do século XIX, legendados a ouro com os caracteres arábicos que se espelham nas paredes e no tecto.
É este o salão nobre por excelência das altas individualidades que visitam “A Invicta”, “A Sempre Leal e Nobre Cidade do Porto”.

FIM


Obra consultada – “O papel-moeda em Portugal” – Banco de Portugal. Trechos avulsos.
Óbidos, 30 de Junho de 2009.

Artigo 07
Centenário da Implantação da República (1910-2010)
Numária
O Papel-moeda
1910 – 2010


CINCO ESCUDOS




Frente

Verso

Entendeu o Banco de Portugal atribuir a imagem do Dr. João das Regras, iminente português do século XIV, à sua segunda nota de 5$00, recordando
e perpetuando, aquele que teve um papel preponderante e decisivo na resolução da crise de 1383-1385, sendo quase desconhecido da maioria de todos nós.
Na frente a nota apresenta-nos o retrato de João das Regras, gravação do professor José de Lacerda, e todo o conjunto em tons escuros que o emoldura. O fundo, impresso em cores esbatidas é composto por linhas ondulantes. Sobre a direita uma cabeça numismática simbolizando a República. O verso tem uma estampagem a azul-escuro, apresentando-nos uma gravura do Convento da Batalha de autoria de Armando Pedroso. As chapas foram efectuadas nas oficinas de Bradbury,Wilkinson & Co. Ltd, de Londres, onde se procedeu também à respectiva impressão. O papel foi fabricado pelos papeleiros Perrigot-Masure, Papeteries d´Arches. Dimensão da nota é de 146 x 96 mm. Foram emitidas 19 800 000 notas datadas de 10-07-1920, 02-12-1921, 14-06-1922, 08-08-1922 e 13-01-1925. A primeira emissão é datada de 10-05-1921 e a última em 01-09-1927. Retirada de circulação em 07-04-1931.
Excerto biográfico de João das Regras:
- João das Aregas ou João das Regras, nasceu na cidade de Lisboa, entre os anos de 1340 e 1345, oriundo de famílias nobres. Recebeu esmerada educação de Álvaro Pais, rico burguês, natural de Lisboa, que casou em segundas núpcias com sua mãe, desempenhando este, as funções de chanceler de D. Pedro I e de D. Fernando.
João das Regras, formou-se em Leis na prestigiada Universidade de Bolonha; regressado a Portugal torna-se professor na Universidade de Lisboa, onde alguns anos depois desempenhou o cargo de “encarregado” ou “protector”, idêntico ao cargo de hoje de reitor, por carta régia de 25-10-1400.
Teve um papel de grande relevo nas Cortes de Coimbra de 1385, demonstrando que, após a morte de D. Fernando, o trono se encontrava vago, e que nenhum dos pretendentes era considerado herdeiro legítimo. Assim, a inteligente intervenção de João das Regras foi decisiva para a eleição do Mestre de Avis para rei de Portugal, argumentando as nulidades dos outros pretendentes, como abaixo se descreve:
- A Dona Beatriz, filha do falecido rei de Portugal (D. Fernando), é negada pelo jurisconsulto, quaisquer direitos por nulidade do casamento de D. Fernando com Dona Leonor de Teles, que era já casada com o fidalgo João Lourenço da Cunha quando o rei a desposou; por incerteza quanto à paternidade de D. Fernando, dado o comportamento pouco singular de Dona Leonor de Teles; por ter contraído casamento com o rei D. João I de Castela, seu parente, (A mãe de D. João I de Castela, era tia avó de Dona Beatriz), sem a dispensa do papa legítimo Urbano IV, em vez do anti-papa Clemente VII:
- A D. João I, rei de Castela, por ser herege, o direito de ser rei de Portugal, pois reconhecendo o anti-papa, fora excomungado pelo legítimo; pelo parentesco com o falecido rei D. Fernando que se dava pela linha feminina (as mães eram irmãs), o que pelo direito hispânico da época não dava direitos de sucessão.
- Aos infantes D. Dinis e D. João, filhos de el-rei D. Pedro I e de Inês de Castro, portanto meios irmãos de D. Fernando, não poderiam ter direito ao trono por serem ilegítimos, pois nunca se consumara o casamento de D. Pedro com Dona Inês de Castro; além desta circunstância, manifestaram-se e tomaram posições contra Portugal, aliando-se a Henrique II e a D. João I de Castela.
Por esta hábil e astuta estratégia, entendeu que deveria caber ao povo a escolha de um novo rei, enumerando as qualidades que deveria possuir, as quais, segundo se veio a provar, recaíram na pessoa do Mestre de Avis.
O novo rei D. João I, como reconhecimento e gratidão, concedeu-lhe muitas mercês, fazendo-o cavaleiro da sua casa; senhor das vilas de Castelo Rodrigo, Tarouca, Cascais e seu termo; do reguengo de Oeiras; das dizimas das sentenças condenatórias de Évora; da jurisdição da Lourinhã; das rendas da portagem de Beja e por fim nomeou-o Chanceler-mor do reino e seu especial Conselheiro.
Faleceu na cidade de Lisboa a 3 de Maio de 1404, sendo sepultado no Convento de S. Domingos.

FIM

Obra consultada – “O papel-moeda em Portugal” – Banco de Portugal. Trechos avulsos.
Óbidos, 21 de Junho de 2009.
Artigo 06
Centenário da Implantação da República (1910-2010)
Numária
O Papel-moeda
1910 – 2010


CINCO ESCUDOS

Frente

Verso

A efígie de Alexandre Herculano de Carvalho Araújo, vulgo Alexandre Herculano, é a escolhida para a primeira nota emitida na nova unidade monetária, no valor de cinco escudos, fazendo-se jus a uma personagem ímpar das letras do século XIX. Tal como outras notas de pequeno valor emitidas durante o conflito da 1ª. Guerra Mundial (1914-1918), também esta foi criada para minimizar os problemas ocorridos pela falta de moeda metálica.
As chapas utilizadas nestas notas foram gravadas pela Casa Bradbury, Wilkinson & Cº. Ltd., de Londres, assim como a sua estampagem, com excepção do retrato de Alexandre Herculano na face A, e da vinheta do verso com a Torre de Belém, que foram da autoria do gravador Armando Pedroso. A frente tem uma estampagem calcográfica, a violeta, sobre fundo tipográfico, azul e amarelo de linhas ondeadas. No verso todo o desenho a cor castanha de técnica calcográfica.
O papel é fabricado pelo papeleiro francês Perrigot-Masure, Papeteries d!Arches, tem como marca de água na parte inferior direita, uma cabeça de Minerva de perfil para o centro. Dimensões 146 x 95 mm. Foram emitidas 21 740 000 notas com as datas de 29-07-1913, 30-10-1914, 31-10-1916, 26-03-1918, 27-06-1919, 25-06-1920 e 01-02-1923. Primeira emissão foi em 10-04-1914 e a última em 22-08-1928. Retirada de circulação em 07-04-1931.
Curiosidade, esta nota de valor de 5$00, seria equivalente hoje a 0,025 cêntimos de euro.
Alexandre Herculano nasceu na cidade de Lisboa, em 28-03-1810, e veio a falecer em Santarém a 13-09-1877; oriundo de uma família modesta; a mãe era filha e neta de pedreiros da Casa Real, o pai era, funcionário da Junta de Juros. A sua infância e adolescência são profundamente marcadas pelos dramáticos acontecimentos da época; as invasões francesas, o domínio inglês, e de certo modo com os ideais liberais oriundos de França que nos conduziram à Revolução de 1820.
- Foi político, escritor, romancista, poeta, e um eminente historiador.
- Desde tenra idade até atingir os 15 anos de idade, frequentou o Colégio dos Padres Oratorianos de S. Filipe Nery, onde recebeu formação iminentemente clássica, com uns laivos aos novos ideais cientificos. Problemas familiares com o falecimento do pai, impediram-no de continuar os estudos superiores, ficando no entanto disponível para se debruçar na sua formação literária, estudando afincadamente as línguas, inglesa, francesa, italiana e alemã, as quais foram decisivas para a elaboração da sua grande obra literária.
- Em 21-08-1831, participa na revolta do Regimento nº. 4, de Infantaria de Lisboa, contra o governo ditatorial de D. Miguel, o qual fracassou, vindo a refugiar-se num navio francês atracado no rio Tejo, passando para Inglaterra e depois para França, indo juntar-se ao exército liberal de D. Pedro IV, no arquipélago dos Açores.
- Em 08-07-1832, fez parte da expedição comandada por D. Pedro IV; alistado como soldado do Regimento Voluntário da Rainha, conjuntamente com Almeida Garrett, é um dos 7.500 bravos do Mindelo, que desembarcaram perto desta localidade a fim de cercar a cidade do Porto.
- Pelo seu desempenho como notável soldado, foi designado por D. Pedro IV bibliotecário da Biblioteca do Porto.
- Foi convidado para dirigir a Revista Panorama de Lisboa de índole artística e científica pertencente à Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Úteis, patrocinada directamente pela Rainha D. Maria II, de que foi redactor entre 1837 a 1839.
- Em 1842 retomando o papel de redactor principal publica o livro “Eurico o Presbítero”, considerada uma das maiores obras do Romance Histórico do século XIX.
- No ano de 1846, edita o primeiro volume da História de Portugal, que o granjeia como o melhor português do século XIX. Esta obra não deixou de criar enorme polémica, especialmente nos conservadores mais acérrimos, encabeçados pelo clero, que, por entre outras coisas, não ter admitido como verdade histórica o célebre “Milagre de Ourique”, acabando por vir a terreiro na defesa da verdade cientifica da sua obra, desferindo muitos ataques e golpes sobre o clero, exprimidos nos opúsculos “Eu e o Clero e Solemnia Verba”.
- No ano de 1852, pelo prestígio enorme que a “História de Portugal” lhe granjeia, é nomeado sócio da Academia de Ciências de Lisboa, encarregando-o da recolha de documentação valiosa espalha por todo o país, durante os anos de 1853-1854.
- Foi deputado às Cortes e preceptor do futuro rei D. Pedro V; recusou fazer parte do Primeiro Governo da Regeneração, chefiado pelo Duque de Saldanha; recusou honrarias e condecorações.
- Casa em 1857 com D. Mariana Meira, retirando-se para a sua quinta em Vale de Lobos, onde aí se dedica à agricultura e a uma vida de recolhimento espiritual.
- Descrevem-se algumas das suas obras mais emblemáticas
- Na Poesia – A Voz do Profeta, A Harpa do Crente e Poesias dispersas.
- No Teatro – O Fronteiro de África ou três noites aziagas - Os infantes de Ceuta.
- No romance – O Pároco de Aldeia – O Galego.
- No romance histórico – O Bobo – Eurico, o Presbítero – O Monge de Cister – Lendas e Narrativas – O Alcaide de Santarém – Aras por Foro de Espanha – O Castelo de Faria – A Abóbada.
- Na História – História de Portugal: 1ª. época desde o inicio da monarquia até ao reinado de D. Afonso III – História das Origens e Estabelecimento da Inquisição em Portugal.
- Opúsculos, que integram num numeroso conjunto de trabalhos direccionados a questões públicas; controvérsias e estudos históricos e essencialmente literatura.

FIM

Obra consultada – “O papel-moeda em Portugal” – Banco de Portugal
Óbidos, 03 de Junho de 2009.
Artigo 05
Centenário da Implantação da República (1910-2010)
Numária
O Papel-moeda
1910 – 2010
Por: Luís Manuel Tudella


DOIS ESCUDOS E CINQUENTA CENTAVOS


É a segunda nota a ser emitida com o valor de Dois Escudos e Cinquenta Centavos, evocando a figura de José Xavier Mouzinho da Silveira, (1780-1849), estadista português do século XIX, uma das figuras marcantes da implantação do sistema constitucional.
Características:
Na frente é evocada a figura de Mouzinho da Silveira, num desenho estampado a azul, com o fundo a duas cores amarelo e laranja, sendo o verso estampado a laranja com ornatos de guilhoché. O trabalho foi efectuado pela firma inglesa Waterlow § Sons. Ltd. de Londres e o papel é de fabrico inglês encomendado pela casa estampadora, possuindo uma marca de água de leitura frontal com a legenda repetida Banco de Portugal, disposta na horizontal. Dimensões 130 x 73 mm. Foram emitidas 16 000 000 de notas, com as datas de 17-11-1922 e 18-11-1925. A primeira emissão, é de 27-07-1925, e a última de 05-05-1932. Foi retirada de circulação em 31-12-1933.
- Mouzinho da Silveira nasceu em Castelo de Vide, a 12-06-1780, e faleceu na cidade de Lisboa a 04-04-1849. Foi um eminente estadista, jurisconsulto e político de nomeada, considerado um das maiores personalidades da revolução liberal; operou profundas modificações na área da fiscalidade e da justiça com a sua obra de legislador.
- Nasce no seio de uma família de abastados proprietários rurais.
- Em 1796, parte para Coimbra, afim de frequentar os preparatórios no Curso de Leis.
- No ano de 1802, termina a sua formatura.
- Em finais de 1804 parte para Lisboa, onde continua a gerir bens de família deixados pela morte de seu pai.
- No ano de 1807, assiste à entrada das forças napoleónicas em Lisboa, comandadas por Junot.
- Toma posse de juiz de fora na vila de Marvão em 01-03-1809.
- Em 29-03-1813 é nomeado juiz de fora de Setúbal.
- Regressado a Lisboa, é nomeado Provedor de Portalegre, onde se manteve até 02-01-1821.
- Foi nomeado a 28-03-1823, Ministro da Fazenda.
- Na sequência da Abrilada é preso a 30-04-1824, sendo encarcerado no castelo de São Jorge, conjuntamente com outros políticos, sendo libertado em 14-05-1824.
- É elevado às honras de fidalgo cavaleiro da Casa Real, em 08-08-1825.
- É eleito deputado nas eleições de Outubro de 1826, pelo ciclo do Alentejo, integrando a Comissão da Câmara dos Deputados, centrando a actividade parlamentar na fiscalidade e gestão do património.
- No ano de 1828, pede licença para viajar, durante um ano, permanecendo em Paris até ao ano de 1832, onde desenvolveu estudos sobre fiscalidade.
- Foi nomeado em 07-02-1831, membro da comissão consultiva, que substitui o Conselho de Estado, junto da Regência em nome de D. Maria II.
- Pela sua experiência adquirida ao longo da sua vida como fiscalista, foi convocado em 07-03-1831, para fazer parte como membro da Comissão da Fazenda da Câmaras de Deputados, da comissão encarregue de angariar fundos e obter empréstimos para subsidiar a causa liberal.
- Foi convocado para acompanhar D. Pedro IV, nas suas campanhas pela implantação do Liberalismo, em 25-01-1832.
- Toma posse do cargo de Ministro e Secretário dos Negócios da Fazenda e interino dos Negócios Eclesiásticos e da Justiça.
- Acompanha o rei D. Pedro IV, aos Açores, em 23-04-1832, donde parte em 27 de Junho com a força expedicionária para o Mindelo. Enquanto nos Açores vê serem promulgados 24 decretos.
- Desembarca no Mindelo em 09-08-1832, seguindo para o Porto, onde é cercado pelas forças de D. Miguel; durante esse espaço de tempo que vive no Porto, prossegue a sua reforma, sendo publicados mais vinte decretos.
- É acusado pelos seus correligionários de ser austero, radical e insensato; estando em desacordo com o andamento das finanças, pede a demissão de todos os cargos, os quais são aceites e decretados por D. Pedro IV, em 03-12-1832. Neste espaço de tempo, (nove meses), deixou um legado de 44 decretos e duas portarias, que foram o sustentáculo das bases da fiscalidade moderna portuguesa, introduzindo ao mesmo tempo uma reforma profunda no sistema judiciário. Fundou o Supremo Tribunal de Justiça.
- Entre Dezembro de 1832 e 19 de Março de 1833, exila-se em França.
- Regressa a Portugal no ano de 1834 onde vem ocupar um lugar na Câmara de Deputados.
- No ano de 1836, recusa-se a jurar a Constituição de 1822, demitindo-se, tendo sido preso; após a sua libertação exila-se novamente em França.
- Volta a Portugal em 1839, entrando na Câmara de Deputados onde permanece até 1840.
- Perde as eleições por 2 votos no ano de 1842, quando se candidatou a deputado pelo Alentejo.
Foi um verdadeiro lutador; ministro, político (abraçando a causa liberal), reformista, deputado enérgico, legislador de nomeada, juiz, enfim um visionário, apesar das vicissitudes por que passou, desde a prisão e exílios a que foi forçado, até ao desempenho dos mais altos cargos governamentais.

F I M



Obra consultada – “O papel-moeda em Portugal” – Banco de Portugal
Óbidos, 01 de Junho de 2009.
Artigo 04
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária – O Papel-moeda

DOIS ESCUDOS E CINQUENTA CENTAVOS



Como se tem vindo a verificar com outros valores de pequena monta, a criação deste tipo de nota foi também ele motivado pela escassez de espécie metálica, que se fez sentir durante e após a I Guerra Mundial (1914-1918).
Características:
Na face da frente, sobre um fundo impresso tipograficamente em íris vertical, verde e lilás na parte central, esbatendo para verde e amarelo nos lados, vê-se estampado em tom escuro, o desenho principal, que é composto pela efígie de D. Nuno Álvares Pereira, o Santo Condestável (1360-1431), as legendas do Banco de Portugal, Dois Escudos e Cinquenta Centavos e ornatos de guilhoché em linha branca. O verso tem um fundo tipográfico, em gravura mecânica, impresso a vermelho ao centro e verde nos lados. Sobre este fundo vê-se estampado calcograficamente todo o desenho, a preto, que inclui a figura simbolizando a Geografia, legendas e ornatos de guilhoché em linha branca.
Mas quem foi esta ilustre personagem portuguesa do século XIV?
D. Nuno Álvares Pereira, nasceu em 24-06-1360, pensa-se que em Cernache do Bonjardim, e faleceu em Lisboa em 01-11-1431; filho de D. Álvares Gonçalves Pereira, prior da Ordem do Hospital, e de Íris Gonçalves. Casou no ano de 1376 com Leonor de Alvim.
Foi um notável estratega militar do século XIV, apoiando logo de inicio as pretensões do Mestre D. João de Avis, à coroa portuguesa, devido à crise que se instalou com a morte do rei D. Fernando I, em virtude de este não ter deixado filho varão. Esta crise provoca uma guerra com Castela, pela sucessão ao trono português (1383-1385), que teve como desenlace cinco batalhas, em que, D. Nuno Álvares Pereira, mostrou as suas capacidades inatas de combatente, de chefe e génio militar, em especial na célebre batalha de Aljubarrota, onde aplicando tácticas e técnicas de guerra, como a defesa em quadrado, lhe permitiu uma estrondosa vitória sobre o inimigo, este, em muito maior número, permitindo assim, o fim do conflito com Castela, e por conseguinte a perda definitiva desta, ao direito à coroa portuguesa. O nome das batalhas por ordem cronológica, formam a palavra ATAV, fácil de memorizar: A- Atoleiros; T- Trancoso; A- Aljubarrota e V- Valverde. Da sua descendência com D. Leonor de Alvim, advieram três filhos, destacando-se Dona Beatriz Pereira de Alvim, que casou com D. Afonso, primeiro Duque de Bragança, que deu origem à Casa de Bragança, que viria a governar Portugal passados que foram três séculos. No ano de 1423, após a morte de sua mulher, ingressa no Convento do Carmo, tornando-se carmelita, adoptando o nome de Irmão Nuno de Santa Maria, aí vivendo até à sua morte, a qual ocorreu no ano de 1431.
Foi beatificado em 23-01-1918, pelo Papa Bento XV, e canonizado, em 26-04-2009, pelo Papa Bento XVI; A curiosidade a reter consiste na coincidência do nome dos papas, nos actos de beatificação e de canonização, passados que foram mais de 90 anos.
Os preparativos da estampagem das notas foram da execução da firma inglesa Bradbury, Wilkinson & Co. Ltd, de Londres, excepto a gravura de D. Nuno Álvares Pereira, que foi fornecida pelo Banco, o papel é do fabrico dos papeleiros franceses Société Anonyme des Papeteries du Marais et de Sainte-Marie, que apresenta como marca de água, à esquerda, uma cabeça alegórica de perfil para o centro. Dimensão da nota de 135x90 mm. Emissão de 10.860.000 notas datadas de 10-07-1920 e 03-02-1922. A primeira emissão de, 22 de Dezembro de 1920, e a última de, 24 de Agôsto de 1923. Retirada de circulação, em 24 de Junho de 1929.
A título de curiosidade esta nota de 2$50 (Dois Escudos e Cinquenta Centavos), seria equivalente a uma moeda de a 1,25 cêntimos de euro.
Uma outra curiosidade, que poderemos ter em relação aos últimos sistemas monetários e às suas equivalências:
O euro como moeda fiduciária entrou em circulação, em 01-01-2002:
O escudo entrou em circulação após a Implantação da República (05-10-1910), com a criação do decreto que o criou, em 22-05-1911; coabitou conjuntamente com as moedas e notas de reis, durante cerca de 30 anos, finalizando o seu ciclo em 28-02-2002, as moedas; as notas em 31-12-2002, o que corresponde a uma coabitação de 58 dias para as moedas e 365 dias para as notas, com as moedas e notas de euro.
- 1 Euro = 200,418 escudos = 200.418,000 reis.


F I M

Obra consultada – “O papel – Moeda em Portugal”, do Banco de Portugal.
Óbidos, 19 de Maio de 2009.

Artigo 04 - Centenário da Implantação da República


Artigo 04
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária – O Papel-moeda (1910-2010)