sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Numismática
Moedas Portuguesas Comemorativas do Euro 
20ª. Moeda
Património Mundial da Humanidade
Paisagem Cultural de Sintra
5 Euro



Anv: Apresenta na orla superior a legenda “República Portuguesa”, ao centro o escudo nacional assenta na esfera armilar com a era da cunhagem da moeda à esquerda. Por baixo apresenta a representação esquemática da linha da muralha do Castelo dos Mouros na crista da serra.

Rev: Apresenta na orla superior a legenda “Paisagem Cultural de Sintra”, na inferior a legenda “Património Mundial da UNESCO” e o respectivo símbolo. Apresenta ao centro e em primeiro plano a paisagem de telhados e chaminés do Palácio da Vila, e uma araucária evocando a flor exótica da região; em segundo plano sobressaí o Castelo de Sintra no topo da serra. 
Autora: Eloísa Byrne.
Moeda corrente de prata:
Valor facial 5 Euro; 30 mm de diâmetro; 14 g de peso; toque 500/1000; bordo, serrilhado (100.000 exemplares).
Moedas de Prata proof:
Valor facial 5 Euro; 30 mm de diâmetro; 14 g de peso; toque 925/1000; bordo, serrilhado. (10.000 exemplares).

Resenha histórica
Os mais antigos testemunhos de ocupação humana foram localizados num cume da vertente Norte da Serra de Sintra, apelidada de Penha Verde, compondo-se por abundantes utensílios de tipo microlaminar. Testemunho de uma ocupação do Neolítico é o sítio de ar livre de São Pedro de Canaferrim, junto à Capela do Castelo dos Mouros. Ocupação testemunhada pela presença de cerâmicas decoradas — incisas, impressas e com aplicações — associadas a uma indústria lítica talhada em sílex, datada do início do V milénio a.C. A originalidade deste sítio, enquadrado em termos cronológico-culturais na corrente circum-mediterrânica, consiste na sua implantação na paisagem, em plena montanha. Vestígios vários da Idade do Bronze Atlântico surgiram em diversos locais da Serra de Sintra, quer a nível de habitats (Parque das Merendas, junto à Vila), quer em contextos votivos (Monte do Sereno). Do Bronze Final ou período Orientalizante, séculos IX-VI a.C, de novo e intensamente virado para a Bacia Mediterrânica, existe um importante e vasto povoado localizado sob o Castelo dos Mouro. Ao tempo do Império Romano, toda a região de Sintra se inscreveu no vasto territorium da civitas olisiponense, à qual César cerca de 49 a.C. ou, mais provavelmente, Otaviano cerca de 30 a.C., concedeu o invejável estatuto de Municipium Civium Romanorum. Sob a actual Vila de Sintra detectaram-se vestígios romanos avulsos, que sugerem a presença de um habitat ocupado desde os séculos II/I a.C.- V d.C.. Uma via ligaria este aglomerado à zona rural a sudeste da Serra onde entroncaria na estrada para Olisipo.
Após a Invasão muçulmana do século VIII, a região de Sintra foi ocupada, tendo a povoação recebido o nome de as-Shantara e sido erguida a primitiva fortificação da penedia, entre o século VIII e o IX, para controlar estrategicamente as vias terrestres que ligavam Sintra a Mafra, Cascais e Lisboa.


Durante o domínio muçulmano surgem os primeiros textos que referem explicitamente a Vila de Sintra (Xintara ou Shantara em árabe). Sintra é apresentada no século X pelo geógrafo Al-Bacr, fixada por Al-Munim Al-Himiari, como «uma das vilas que dependem de Lisboa no Andaluz, nas proximidades do mar. Sintra «uma das regiões onde as maçãs são mais abundantes (...) e atingem uma tal espessura que algumas chegam a ter quatro palmos de circunferência» (Al-Bacr), Lisboa. Al-Usbuna, que foi durante o período de ocupação muçulmana um importante centro económico de tal dimensão que o cruzado Osberno, à data da reconquista, se lhe referiu como «o mais opulento centro comercial de toda a África e de uma grande parte da Europa». Principal núcleo urbano e económico logo a seguir a Lisboa, a Vila de Sintra e o seu Castelo, foram durante o século XI, várias vezes assolados pelos exércitos cristãos. O rei Afonso VI de Leão, na sequência da queda do califado de Córdova numa desunião dos muçulmanas da Península e da decisão do rei de Badajoz Al Mutawakkil de se colocar sob sua proteção face à ameaça almorávida, após um período de hesitação entre 1090 e 1091, recebeu deste, na Primavera de 1093 as cidades de Santarém, de Lisboa e o Castelo de Sintra. Afonso VI tomou posse das ditas cidades e do castelo de Sintra entre 30 de Abril e 8 de Maio de 1093.


Lisboa foi, pouco depois da entrega a Afonso VI, reconquistada pelos almorávidas, assim como Sintra, só resistindo Santarém devido aos esforços de D. Henrique de Borgonha, nomeado conde de Portucale em 1096, em substituição de Raimundo de Borgonha. É neste contexto de manutenção da fronteira do Tejo que, em Julho de 1109, o conde D. Henrique reconquista o Castelo de Sintra. Esta fortificação foi ainda alvo de surtidas esporádicas. Só após a conquista de Lisboa por D. Afonso Henriques, em 1147, Sintra - cuja guarnição do castelo se entrega ao rei em Novembro — é definitivamente integrada no espaço cristão, no contexto da conquista de Almada e Palmela o que logo após a tomada de posse do Castelo, D. Afonso Henriques aí funda a igreja de São Pedro de Canaferrim. Em 9 de Janeiro de 1154, D. Afonso Henriques outorga Carta de Foral à Vila de Sintra com as respetivas regalias. A Carta de Foral estabelece o Concelho de Sintra, cujo termo passa a abranger um vasto território.


D. Afonso Henriques doou ao mestre da Ordem do Templo, D. Gualdim Pais, várias casas e herdades no termo de Sintra e casas de morada nas proximidades do Paço. O Mosteiro de São Vicente de Lisboa detinha, em 1216, uma vinha na várzea de Colares e, em 1218, herdades em Queluz e Barota. Entre os anos de 1223 e 1245, o Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça possuía vários privilégios nesta área. A Ordem Militar de Santiago possuía, em 1260, uma herdade na Arrifana, a qual aforou nesse ano. Durante a fase de estruturação do poder régio que se prolongou até ao reinado de D. Dinis (1279-1325), Sintra soube assimilar, no âmbito de uma tradição secular, cristãos e mouros. A grande epidemia de peste negra que durante o século XIV dizimou um quarto da população europeia chegou a Sintra em 1348, causando um elevado número de mortes.
Durante o período dos descobrimentos marítimos, ficaram ligados os nomes de alguns naturais de Sintra, como Gonçalo de Sintra, escudeiro da Casa do Infante D. Henrique. Gomes Eanes de Zurara, na Crónica da Guiné, registou os feitos deste Gonçalo de Sintra no Capítulo XXVII, «Como o Infante mandou Gonçalo de Sintra à Guiné, e por que guisa foi morto», assim como João de Barros na Década I de “Ásia” (Cap. IX). A Pedro de Sintra e a Soeiro da Costa se deve o limite máximo de descobrimento da costa atlântica de África na data que mediou entre a morte do Infante D. Henrique em 1460 e o arrendamento desta exploração costeira a Fernão Gomes por D. Afonso. Na transição do Século XV para o Século XVI, D. Manuel I (1495-1521) transformou e enriqueceu a Vila, a Serra e o seu termo com uma nova e vasta campanha de obras no Paço da Vila: da reconstrução da velha igreja gótica de São Martinho; construção do Mosteiro de Nossa Senhora da Pena (1511), no pico mais alto da serra, entregue à Ordem de São Jerónimo.

O Palácio de Seteais foi construído no Século XVIII para o cônsul holandês Daniel Gildemeester numa porção de terra cedida pelo marquês de Pombal.
O terramoto de 1755, causou na Vila de Sintra e no seu termo avultados estragos e numerosos mortos. Foi nesta segunda metade do Século XVIII que decorreram no Paço da Vila obras de restauro. O rei-consorte, D. Fernando II, comprou o Mosteiro da Pena e uma vasta área adjacente. No terceiro quartel do século XVIII e, praticamente em todo o Século XIX, o espírito romântico dos viajantes estrangeiros e da aristocracia portuguesa redescobriram a magia de Sintra e dos seus lugares, mas sobretudo o exotismo da sua paisagem e do seu clima. Aqui chegou, no Verão de 1787, William Beckford, hóspede do 5° marquês de Marialva, estribeiro-mor do reino, residente na sua propriedade de Seteais e foi aqui que a ainda princesa D. Carlota Joaquina, mulher do regente D. João, comprou, no princípio do século XIX, a Quinta e o Palácio do Ramalhão.
Entre 1791 e 1793, Gerard Devisme construiu na sua extensa Quinta de Monserrate o palacete neo-gótico cujo desenho se supõe-se ser da autoria de um arquitecto inglês. O grande empreendimento artístico deste Século em Sintra é, sem dúvida, o Palácio da Pena, obra marcante do romantismo português, iniciativa do rei-consorte D. Fernando II, marido da rainha D. Maria II (1834-1853). O Palácio Nacional da Pena, uma das melhores expressões do Romantismo arquitectónico do Século XIX no mundo, foi construído cerca de 30 anos antes do carismático Castelo de Neuschwanstein, de Luís da Baviera.
No princípio do Século XX, Sintra foi um reconhecido lugar de veraneio e residência de aristocratas e de milionários. De entre estes, Carvalho Monteiro, detentor de uma considerável fortuna que lhe valeu a alcunha de "Monteiro dos Milhões", fez construir perto da Vila, na quinta que comprara à baronesa da Regaleira, um luxuoso palacete de arquitectura neo manuelina. O Palácio da Regaleira é rodeado de luxuriantes jardins, lagos, grutas e construções enigmáticas, que ocultam significados alquímicos.
Entre a segunda metade do século XIX e os primeiros decénios do século XX, Sintra tornou-se um lugar privilegiado para artistas: músicos como Viana da Mota e Alfredo Keil; pintores como João Cristino da Silva, autor de uma das mais célebres telas do romantismo português: escritores como Eça de Queiróz ou Ramalho Ortigão, todos eles aqui residiram, trabalharam ou procuraram inspiração.
Por todos estes motivos a cidade de Sintra e toda a sua envolvente foi considerada Património Mundial da Humanidade, com o nome de Paisagem Cultural de Sintra.

Crédito:pt.wikipedia.org/wiki/Sintra‎-www.sintraromantica.net/ - www. portugalvirtual.pt › PortugalTurismo - Documentação avulsa da I.N.C.M. - e colecção particular do autor.
Óbidos, 10 de Novembro de 2013
 F I M

Publicado no Jornal das Caldas em 27.11.2013

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Numismática
Moedas Portuguesas Comemorativas do Euro

19ª. Moeda
Património Mundial da Humanidade
Mosteiro de Alcobaça
5 Euro
   
   
Anv: Apresenta no campo o escudo nacional assente sobre a esfera armilar, por baixo a era “2006” e o valor facial da moeda em duas linhas “5 euro”,, dentro de uma moldura circular, possuindo na orla superior a legenda “República Portuguesa”.



 Rev: Apresenta na orla superior a legenda “Mosteiro de Alcobaça”, sucedendo-se o símbolo do património mundial da UNESCO, e por baixo dentro de uma moldura círcular a imagem estilizada da fachada do Mosteiro de Alcobaça.
Autor: Fernando Conduto.
Moeda corrente de prata:
Valor facial: 5 Euro; 30 mm de diâmetro; 14 g de peso; toque 500/1000; bordo serrilhado (100.000 exemplares).
Moedas de Prata proof:
Valor facial: 5 Euro; 30 mm de diâmetro; 14 g de peso; toque 925/1000; bordo serrilhado. (10.000 exemplares).
  
Resenha histórica

No fim do século X organizou-se em Cluny, na Borgonha, um novo mosteiro beneditino que procurava renovar a Regra de S. Bento. As igrejas cluniacenses eram cheias de belos elementos decorativos. A Regra de São Bento foi sendo "aligeirada" e alguns monges abandonaram o seu mosteiro de Molesmes para fundarem um novo mosteiro em Cister. Os religiosos de Cister deviam viver do seu trabalho, não acumular riquezas, e os mosteiros seriam edificados em lugares ermos, sem qualquer decoração. Bernardo de Claraval, que se recolhera em 1112 em Cister, donde saiu para fundar a Abadia de Claraval, animou bastante esta reforma que restituiu à Regra de S. Bento todo o rigor inicial. Enquanto D. Afonso Henriques se empenhava na conquista, alargando o seu território, chegaram aqui os monges Cistercienses que fundaram o Mosteiro de São João Baptista de Tarouca em 1140.


 O Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, ou Real Abadia de Santa Maria de Alcobaça ou mais conhecido como Mosteiro de Alcobaça, é a primeira obra plenamente gótica erguida em solo português. Foi iniciada a construção no ano de 1178 pelos monges de Cister. D. Afonso Henriques primeiro rei de Portugal, doou e coutou muitas terras na região de Alcobaça a S. Bernardo, em cumprimento da promessa feita, em 1147, quando da conquista de Santarém. É datada de cerca de 1152 o começo da construção provisória do mosteiro em Alcobaça, sendo conhecida no mesmo ano uma referência ao seu abade. A carta de doação foi assinada por D. Afonso Henriques no ano seguinte, 1153. A planta da igreja do Mosteiro de Alcobaça e a da igreja de Claraval têm quase a mesma dimensão e disposição espacial.

Os primeiros monges de Alcobaça, monges brancos, tiveram uma acção civilizadora notável pois no ano de 1269 abriram a primeira escola pública. Também desempenharam acções de assistência e beneficência através da botica ou loja, “farmácia”, e da esmola da portaria.
No tempo de Fr. Sebastião de Sotomaior, tomaram grande incremento as oficinas de imaginária da Abadia. O mosteiro é constituído por uma igreja, a seu lado a sacristia e, a norte, por três claustros seguidos, sendo cada um circundado, na sua totalidade, por dois andares, assim como também por uma ala a Sul. Os claustros, inclusive o mais antigo, possuem, igualmente, dois andares. Os edifícios à volta dos claustros mais recentes possuem três andares. O edifício completo ainda hoje possui uma área de construção de 27.000 m² e uma área total de pisos de 40.000 m². A fachada principal do Mosteiro, da Igreja e das alas Norte e Sul tem um comprimento de 221 m.  
Entre 1178 e 1240, a igreja e o primeiro claustro foram construídos no estilo pré-gótico, da passagem do românico, tendo a Igreja sido inaugurada em 1252. Os edifícios do lado sul foram provavelmente construídos no século XIV. No último terço do século XVI, iniciou-se a construção do Claustro da Levada que se ligava ao claustro medieval norte. Por último, entre o século XVII e a metade do século XVIII construiu-se o Claustro da Biblioteca (ou do Rachadoiro).
Fachada barroca da Igreja da abadia
A Igreja é constituída por uma nave central, duas naves laterais, e um transepto, criando a imagem de uma cruz - planta de cruz latina. É discutível se a Igreja foi construída, em relação ao altar, ao deambulatório e ao transepto, na forma actual ou se se desviou de forma semelhante àquela desenvolvida no mesmo período por Claraval, tendo um transepto mais curto e sem deambulatório. Todas as naves têm cada 20 m de altura. A sala do altar é limitada a Oriente por um caminho com nove capelas radiais. As outras quatro capelas vão dar, pelos dois lados, ao transepto. O comprimento total é de 106 m, a largura média é de 22 m e a largura do transepto é de 52 m, sendo uma das maiores abadias cistercienses. A arquitectura da igreja de Alcobaça é um reflexo da regra beneditina que procura ser modesta, humilde, do isolamento do mundo e do serviço a Deus. Os cistercienses partilhavam estas ideias, ornamentando e construindo a estrutura das suas igrejas de forma simples e poupada. Apesar da sua enorme dimensão, o edifício apenas sobressai através dos seus elementos de estrutura que se dirigem ao céu. As cadeiras do coro, originárias do século XVI, arderam em 1810, durante as Invasões Francesas. A fachada principal do Mosteiro, a Ocidente foi alterada entre 1702 e 1725 com elementos do estilo barroco. Desde aí, a fachada da igreja é ladeada, em direcção à praça, por alas de dois andares com um comprimento de 100 m cada. A própria igreja adquiriu dois campanários barrocos e possui uma fachada de 43 m, ornamentada por várias estatuetas. A escadaria da entrada, com as suas decorações barrocas, data, igualmente, deste tempo. Da fachada antiga apenas restam o portal gótico e a rosácea. É difícil conhecer-se o aspecto da fachada original, pois foi destruída em 1531. Provavelmente, a igreja não possuiria campanários, correspondendo, deste modo, ao ideal cisterciense da simplicidade.


Os primeiros túmulos reais.
Dentro da igreja encontram-se os túmulos dos reis D. Afonso II (1185-1223; túmulo datado de 1224) e de D. Afonso III (1210-1279). Os túmulos situam-se dos dois lados da Capela de São Bernardo (contendo a representação da sua morte) no transepto a Sul. Diante destes túmulos, numa sala lateral, posicionam-se oito outros túmulos, nos quais se encontram D. Beatriz, mulher de D. Afonso III, e três dos seus filhos. Um outro sarcófago pertence a D. Urraca, a primeira mulher de D. Afonso II. Não se conhece a história dos outros sarcófagos, estando estes, hoje em dia, vazios. Os túmulos de D. Pedro I (1320-1367), cognominado de “O Justiceiro” e o de D. Inês de Castro (1320-1355), que se encontram em cada lado do transepto, conferem um grande significado e esplendor à igreja. Os túmulos pertencem a uma das maiores esculturas tumulares da Idade Média. Quando subiu ao trono, D. Pedro I tinha dado ordem de construção destes túmulos para que lá fosse sepultado o seu grande amor, D. Inês, que tinha sido cruelmente assassinada a mando do pai de D. Pedro I, D. Afonso IV (1291-1357).

O claustro do lado oriental, o Claustro do Capítulo, inicia-se no seu lado sul com uma porta de ligação à igreja, através da qual os monges brancos passavam para entrar na igreja, e engloba a sacristia medieval, a Sala do Capítulo, o Parlatório, a escada de acesso ao dormitório e o acesso à Sala dos Monges, tem uma forma quadrada de 17,5 m x 17,5 m, havendo espaço para 200 monges.
No ano de 1834, os monges foram obrigados a abandonar o mosteiro, na sequência do decreto que suprimiu todas as ordens religiosas de Portugal.
Curiosidade: Quando a Rainha Isabel II de Inglaterra visitou Portugal na década de cinquenta do século passado foi-lhe oferecido um banquete em sua honra, o qual foi servido na nave principal do mosteiro.
Está classificado como Património da Humanidade pela UNESCO desde Dezembro de 1989 e como Monumento Nacional desde 1910.
Créditos: www.igespar.pt. - wikipédia.otg/wiki/Mosteiro de Alcobaça - ‎ História de Portugal da autoria de Manuel Pinheiro Chagas. - Documentação avulsa da I.N.C.M. - e colecção particular do autor.
Óbidos, 8 de Novembro de 2013
 F I M
Publicado no Jornal das Caldas de 20-11-2013

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Numismática
Moedas Portuguesas Comemorativas do Euro

18ª. Moeda
Série Portugal Universal
“D. Afonso Henriques”
¼ de Euro
         
Características da moeda


Anv: Apresenta no centro do campo o escudo das armas nacionais, sobre a esfera armilar, e o valor facial da moeda em duas linhas “1/4 euro”, e ocupando ¾ da orla a legenda “República Portuguesa”.

Rev: Apresenta no campo central a figura estilizada do Rei empunhando a espada em riste e o elmo com a cruz de cristo, sobre o lado esquerdo a era em duas linhas “1109 – 1185”, orlada pela legenda “D. Afonso Henriques . 2006”. 
Autor: Raul de Sousa Machado.

Moeda de Ouro com acabamento Flor do Cunho: Valor facial 1/4 Euro; Au: 999/1000 de toque; Dia 14 mm; Peso 1,56 g.; Bordo serrilhado. Cunhagem 30.000 exemplares.

Resenha Histórica
 D. Afonso I de Portugal, mais conhecido por D. Afonso Henriques nasceu em Guimarães, Coimbra ou Viseu, não se sabendo exactamente em qual destas localidades no ano de 1109 e faleceu em Coimbra a 6 de Dezembro de 1185. Foi o fundador do Reino de Portugal e o seu primeiro rei, com o cognome O Conquistador, O Fundador ou O Grande pela fundação do reino e pelas muitas conquistas. Era filho de D. Henrique de Borgonha e de D. Teresa de Leão, condes de Portucale, condado vassalo do reino de Leão. Após a morte de seu pai, Afonso tomou uma posição política oposta à da mãe, que se tinha aliado a um nobre galego, de nome Fernão Peres de Trava. Pretendendo assegurar o domínio do condado armou-se cavaleiro após vencer a sua mãe na batalha de S. Mamede no ano de 1128, assumindo a liderança do Condado Portucalense. Concentrou então os esforços em obter o reconhecimento como reino. Em 1139, depois da vitória na batalha de Ourique contra um contingente mouro, D. Afonso Henriques proclamou-se rei de Portugal com o apoio das suas tropas. O Tratado de Zamora que tornou o Condado Portucalense independente do Reino de Leão. A independência portuguesa foi reconhecida, em 1179, pelo papa Alexandre III, através da bula Manifestis Probatum, adquirindo D. Afonso Henriques o título de rei. Com o apoio de cruzados do norte da Europa, conquistou Lisboa em 1147. Com a pacificação interna, prosseguiu as conquistas aos mouros, empurrando as fronteiras para sul, desde Leiria ao Alentejo, aumentando em muito o seu território. Os muçulmanos, em sinal de respeito, apelidaram-no de Ibn-Arrik «filho de Henrique».
Afonso Henriques era filho de D. Henrique de Borgonha e de D. Teresa, infanta de Leão, como acima se refere, esta, filha ilegítima do rei Afonso VI de Leão e Castela a quem Afonso VI doou o Condado de Portucale pelo casamento. Foram já defendidas diversas datas e locais para o nascimento do primeiro rei de Portugal, como o ano de 1106 ou de 1111 (hipótese avançada por Alexandre Herculano após a sua leitura da "Crónica dos Godos”). Tradicionalmente, acredita-se que terá nascido e sido criado em Guimarães onde viveu até ao ano de 1128; Outros autores, ainda, referem Coimbra como local provável para o seu nascimento.
Em 1120, D. Afonso Henriques, sob a direcção do arcebispo de Braga D. Paio Mendes, tomou uma posição política oposta à da mãe (que apoiava o partido de Peres de Trava que pretendia tomar a soberania do Condado). O arcebispo, forçado a emigrar, levou consigo o infante que em 1122 se armou cavaleiro em Tui ou, segundo outras fontes, em Zamora.
Restabelecida a paz, voltaram ao condado. Entretanto, novos incidentes provocaram a invasão do Condado Portucalense por Afonso VII de Leão e Castela que, em 1127, cercou Guimarães, onde se encontrava Afonso Henriques. Sendo-lhe prometida a lealdade deste pelo seu aio Egas Moniz, Afonso VII desistiu de conquistar a cidade.
Mas alguns meses depois, em 1128, as tropas de Teresa de Leão e Fernão Peres de Trava defrontaram-se com as de Afonso Henriques na batalha de São Mamede, tendo as tropas do infante saído vitoriosas – o que consagrou a sua autoridade no território portucalense, levando-o a assumir o governo do condado. Em 1139, depois de uma estrondosa vitória na batalha de Ourique contra um forte contingente mouro, D. Afonso Henriques autoproclamou-se rei de Portugal, com o apoio das suas tropas. Segundo a tradição, a independência foi confirmada mais tarde, nas célebres cortes de Lamego quando recebeu a coroa de Portugal do arcebispo de Braga, D. João Peculiar. Em 1140 Afonso assina pela primeira vez "Ego Alfonsus portugalensium Rex".
O reconhecimento do Reino de Leão e de Castela chegou em 1143, com o tratado de Zamora. Desde então, D. Afonso Henriques procurou consolidar a independência por si declarada. Fez importantes doações à Igreja e fundou diversos conventos.
Procurou também conquistar terreno a sul, povoado então por mouros: Leiria em 1135 (1145, conquista final) usando a técnica de assalto; Santarém em 1146 (1147, conquista final), também utilizando a técnica de assalto; Lisboa (onde utilizou o cerco como táctica de conquista, graças à ajuda dos cruzados), Almada e Palmela em 1147, Alcácer em 1160 e depois quase todo o Alentejo, que posteriormente seria recuperado pelos mouros, pouco antes de D. Afonso falecer (em 1185).
Em 1179 o Papa Alexandre III reconheceu Portugal como país independente e vassalo da Igreja, através da bula Manifestis Probatum.
De 1166 a 1168, D. Afonso Henriques apoderou-se de várias praças pertencentes à coroa leonesa, a qual estava a repovoar Ciudad Rodrigo, e D. Afonso, suspeitando que o seu genro estava a fortificar a cidade para o atacar, enviou um exército comandado pelo seu filho, o infante D. Sancho, contra aquela praça. O rei leonês foi em auxílio da cidade ameaçada e derrotou as tropas portuguesas, fazendo um grande número de prisioneiros.
Em resposta, D. Afonso Henriques entrou pela Galiza, tomou Tui e vários outros castelos, e em 1169 atacou Cáceres, depois voltou-se contra Badajoz na posse dos sarracenos, mas que era pertença do reino de Leão, conforme o acordado no Tratado de Sahagún assinado entre aquele reino e Castela.
Não obstante, sem respeitar estas convenções nem os laços de parentesco que o uniam a Fernando, o rei português cercou Badajoz para a conquistar para Portugal. Quando os muçulmanos já estavam cercados na alcáçova, Fernando de Leão apresentou-se com as suas hostes e atacou D. Afonso nas ruas da cidade. Percebendo a impossibilidade de manter a luta, D. Afonso Henriques terá tentado fugir a cavalo, mas ao passar pelas portas ter-se-à ferido numa das coxas contra um dos ferros que a guarneciam. Fernando tratou o seu sogro prisioneiro com nobreza e generosidade, chamando os seus melhores médicos para o tratar.
Esta campanha teve como resultado um Tratado de Paz entre ambos os reinos, assinado em Pontevedra, em virtude do qual D. Afonso foi libertado, com a única condição de devolver a Fernando cidades (da Estremadura espanhola) tais como Cáceres, Badajoz, Trujillo, Santa Cruz, Monfrague e Montánchez, que havia conquistado a Leão. Estabeleciam-se assim as Fronteiras de Portugal com Leão e a Galiza. E mais tarde, quando os muçulmanos sitiaram Santarém, o leonês auxiliou imediatamente o rei português.
Após ao derrota de Badajoz, a carreira militar de D. Afonso Henriques praticamente terminou. A partir daí, dedicou-se à administração dos territórios com a regência do seu filho D. Sancho. Procurou fixar a população, promoveu o municipalismo e concedeu forais. Contou com a ajuda da ordem religiosa dos cistercienses para o desenvolvimento da economia predominantemente agrária.
Uma das principais iniciativas do reinado de D. Afonso Henriques foi o diálogo que este encetou com os judeus, encontrando-se estes muito bem organizados num sistema muito fechado, representado politicamente pelo grão rabino, sendo a sua nomeação efectuda pelo rei. O grão-rabino Yahia Bem Yahia foi mesmo escolhido para ministro das Finanças de Afonso Henriques, responsável pela colecta de impostos no reino. Com esta escolha teve início uma tradição de escolher judeus para a área financeira e de manter um bom entendimento com as comunidades judaicas que foi seguida por seus sucessores.
Deixou-nos como legado:
1-      A fundação da nacionalidade, devidamente reconhecida pelo Papa e outros reinos da Europa:
2-      A pacificação do reino e o alargamento do território para sul do Condado Portucalense através das conquistas feitas aos mouros.
3-      A fundação do Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra.
D. Afonso Henriques casou com D. Mafalda de Sabóia, da qual adveio a seguinte descendência:
1- D. Henrique; 2- D. Urraca; 3- D. Teresa; 4- D. Mafalda; 5- D. Sancho I; 6- D. João e 7- D. Sancha.
A par deste casamento, também teve uma larga prole de filhos ilegítimos de Chamôa Gomes, Elvira Gualter, e outras. 

Créditos: pt.wikipedia.org/wiki/Afonso_I_de_Portugal‎; Pt.wikipedia.org/wiki/História_de_Portugal_de_Alexandre_Herculano‎; Históri de Portugal da autoria de  Manuel Pinheiro Chagas;Documentação avulsa da I.N.C.M; Colecção particular do autor.
Óbidos, 6 de Outubro de 2013
F I M
Publicado no Jornal das Caldas em 13-11-2013

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Numismática
Moedas Portuguesas Comemorativas do Euro

17ª. Moeda
VI Série Ibero-Americana
Sé do Porto
10 Euro


                     

Anv: Apresenta no centro do campo e no círculo interior o escudo das armas nacionais sobreposto à esfera armilar, circundado pela legenda “República Portuguesa e o valor facial *10 EURO*, no círculo exterior a heráldica dos países ibéricos e ibero-americanos, aderentes a este evento: Portugal, Espanha, Argentina, Cuba, Equador, Guatemala, México, Nicarágua Paraguai e Perú.


Rev: Apresenta no campo central a fachada majestosa da Igreja-Fortaleza, cujo papel se caracterizou na reconquista Cristã; por baixo a legenda “Sé do Porto”, e na orla superior a legenda “Arquitectura e Monumentos *2005”.

Autor: Victor Nogueira da Silva.
Moedas de Prata com acabamento normal: Valor facial 10 Euro; Ag: 500/1000 de toque; Dia 40 mm; Peso 27 g.; Bordo serrilhado. Cunhagem 300.000 exemplares.
Moedas de Prata proof: Valor facial 10 Euro; Ag: 925/1000 de toque; Dia 40 mm; Peso 27 g.; Bordo serrilhado. Cunhagem de 20.000 exemplares.

Resenha histórica

A Catedral (Sé) da cidade do Porto, fica situada no coração do centro histórico da cidade do Porto, no monte da Penaventosa, também chamado de Terreiro da Sé, e é um dos principais e mais antigos monumentos de Portugal.


O início da sua construção data da primeira metade do século XII, após a eleição do Bispo D. Hugo, Arcediago da Sé de Compostela. Foi a este que em 1120 a rainha Dª Teresa, doou o burgo portucalense e o seu respectivo couto de onde proveio a dita catedral.

D. Hugo, foi além de restaurador desta nobre cidade, o mentor deste honroso património que a Comissão Mundial denominou de Património Mundial, e prolongou-se até ao princípio do século XIII. Conta-se que a primeira pedra foi assente pela rainha Dª Teresa viúva do conde D. Henrique, só vindo a ser concluída já no reinado de D. Dinis.
Esse primeiro edifício, em estilo românico, sofreu muitas alterações ao longo dos séculos.
Catedral de construção românico-gótica como igreja com planta em cruz latina, composta por três naves escalonadas de cinco tramos definidos por pilares cruciformes fasciculados, transepto saliente e cabeceira tripartida.
Da época românica datam o carácter geral da fachada com as torres e a bela rosácea, além do corpo da igreja de três naves coberto por abóbada de canhão. A abóbada da nave central é sustentada por arcobotantes, sendo a Sé do Porto um dos primeiros edifícios portugueses em que se utilizou esse elemento arquitectónico.
Na época gótica, cerca do ano de 1333, construiu-se a capela funerária de João Gordo, cavaleiro da Ordem dos Hospitalários e colaborador de D. Dinis, sepultado num túmulo com jacente. Também da época gótica, data o claustro (séc XIV-XV), construído no reinado de D. João I. Este rei casou-se com D. Filipa de Lencastre na Sé do Porto em 1387.



O exterior da Sé foi muito modificado na época barroca. Cerca de 1736, o arquitecto italiano Nicolau Nasoni adicionou uma bela galilé barroca à fachada lateral da Sé. Cerca de 1772, construiu-se um novo portal em substituição ao românico original. As balaustradas e cúpulas das torres também são barrocas. À esquerda da capela-mor, encontra-se um magnífico altar de prata, construído na segunda metade do século XVII por vários artistas portugueses. Este foi salvo das tropas francesas em 1809 por meio de uma parede de gesso construída apressadamente.
Ainda nesta área esquerda é especialmente notável a imagem medieval de Nossa Senhora de Vandoma (padroeira da cidade).
 No século XVII a capela-mor original românica (que era dotada de um deambulatório) foi substituída por uma maior em estilo barroco. O altar-mor, construído entre 1727-1729, é uma importante obra do barroco joanino, projectado por Santos Pacheco e esculpido por Miguel Francisco da Silva. As pinturas murais da capela-mor são de Nasoni. O transepto sul dá acesso aos claustros do século XIV e à Capela de São Vicente. Uma graciosa escadaria do século XVIII de Nasoni conduz aos pisos superiores, onde os painéis de azulejos exibem a vida da Virgem e as Metamorfoses de Ovídio.
Classificado como MN - Monumento Nacional pelo Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136, de 23-06-1910.


Créditos: www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=1086; pt.wikipedia.org/wiki/Sé do Porto‎; Documentação avulsa da I.N.C.M; e colecção particular do autor.
Óbidos, 5 de Outubro de 2013
Publicado no Jornal das Caldas em 06-11-2013