Numismática
Moedas Portuguesas Comemorativas do Euro
19ª. Moeda
Património Mundial da Humanidade
Mosteiro de Alcobaça
5 Euro
Anv: Apresenta no campo o escudo nacional assente sobre a esfera armilar,
por baixo a era “2006” e o valor facial da moeda em duas linhas “5 euro”,,
dentro de uma moldura circular, possuindo na orla superior a legenda “República
Portuguesa”.
Rev: Apresenta na orla superior a
legenda “Mosteiro de Alcobaça”, sucedendo-se o símbolo do património mundial da
UNESCO, e por baixo dentro de uma moldura círcular a imagem estilizada da
fachada do Mosteiro de Alcobaça.
Autor: Fernando
Conduto.
Moeda
corrente de prata:
Valor
facial: 5 Euro; 30 mm de diâmetro; 14 g de peso; toque 500/1000; bordo
serrilhado (100.000 exemplares).
Moedas
de Prata proof:
Valor
facial: 5 Euro; 30 mm de diâmetro; 14 g de peso; toque 925/1000; bordo
serrilhado. (10.000 exemplares).
Resenha histórica
No fim do século X organizou-se em Cluny, na Borgonha,
um novo mosteiro beneditino que procurava renovar a Regra de S. Bento. As igrejas cluniacenses
eram cheias de belos elementos decorativos. A Regra de São Bento foi sendo
"aligeirada" e alguns monges abandonaram o seu mosteiro de Molesmes
para fundarem um novo mosteiro em Cister. Os religiosos de
Cister deviam viver do seu trabalho, não acumular riquezas, e os
mosteiros seriam edificados em lugares ermos, sem qualquer decoração. Bernardo de Claraval, que se recolhera em 1112 em Cister, donde
saiu para fundar a Abadia de Claraval, animou bastante esta
reforma que restituiu à Regra de S. Bento todo o rigor inicial. Enquanto D. Afonso Henriques se empenhava na conquista,
alargando o seu território, chegaram aqui os monges Cistercienses que fundaram
o Mosteiro de São João Baptista de
Tarouca em 1140.
Os primeiros monges de Alcobaça, monges brancos, tiveram
uma acção civilizadora notável pois no ano de 1269 abriram a primeira
escola pública. Também desempenharam acções de assistência e beneficência
através da botica ou loja, “farmácia”, e da esmola da portaria.
No tempo de Fr. Sebastião de Sotomaior,
tomaram grande incremento as oficinas de imaginária da Abadia. O mosteiro é
constituído por uma igreja,
a seu lado a sacristia e, a norte, por três claustros seguidos, sendo cada um
circundado, na sua totalidade, por dois andares, assim como também por uma ala
a Sul. Os claustros, inclusive o mais antigo, possuem, igualmente, dois
andares. Os edifícios à volta dos claustros mais recentes possuem três andares.
O edifício completo ainda hoje possui uma área de construção de 27.000 m² e uma
área total de pisos de 40.000 m². A fachada principal do Mosteiro, da Igreja e
das alas Norte e Sul tem um comprimento de 221 m.
Entre 1178 e 1240, a igreja e o primeiro claustro foram construídos no
estilo pré-gótico, da passagem do românico, tendo a Igreja sido inaugurada em 1252. Os edifícios do
lado sul foram provavelmente construídos no século
XIV. No último terço do século
XVI, iniciou-se a construção do Claustro da Levada que se ligava ao
claustro medieval norte. Por último, entre o século
XVII e a metade do século XVIII construiu-se o Claustro da Biblioteca (ou
do Rachadoiro).
Fachada barroca da
Igreja da abadia
A Igreja é constituída por uma nave central, duas
naves laterais, e um transepto, criando a imagem de uma cruz - planta de cruz
latina. É discutível se a Igreja foi construída, em relação ao altar, ao
deambulatório e ao transepto, na forma actual ou se se desviou de forma
semelhante àquela desenvolvida no mesmo período por Claraval, tendo um
transepto mais curto e sem deambulatório. Todas as naves têm cada 20 m de
altura. A sala do altar é limitada a Oriente por um caminho com nove capelas
radiais. As outras quatro capelas vão dar, pelos dois lados, ao transepto. O
comprimento total é de 106 m, a largura média é de 22 m e a largura do
transepto é de 52 m, sendo uma das maiores abadias cistercienses. A
arquitectura da igreja de Alcobaça é um reflexo da regra beneditina que procura ser modesta, humilde, do
isolamento do mundo e do serviço a Deus. Os cistercienses partilhavam estas
ideias, ornamentando e construindo a estrutura das suas igrejas de forma
simples e poupada. Apesar da sua enorme dimensão, o edifício apenas sobressai
através dos seus elementos de estrutura que se dirigem ao céu. As cadeiras do
coro, originárias do século XVI, arderam em 1810, durante as Invasões
Francesas. A fachada principal do Mosteiro, a Ocidente foi alterada entre 1702
e 1725 com elementos do estilo barroco. Desde aí, a fachada da igreja é
ladeada, em direcção à praça, por alas de dois andares com um comprimento de
100 m cada. A própria igreja adquiriu dois campanários barrocos e possui uma
fachada de 43 m, ornamentada por várias estatuetas. A escadaria da entrada, com
as suas decorações barrocas, data, igualmente, deste tempo. Da fachada antiga
apenas restam o portal gótico e a rosácea. É difícil conhecer-se o aspecto da
fachada original, pois foi destruída em 1531. Provavelmente, a igreja não possuiria
campanários, correspondendo, deste modo, ao ideal cisterciense da simplicidade.
Os primeiros
túmulos reais.
Dentro da igreja
encontram-se os túmulos dos reis D. Afonso II (1185-1223; túmulo datado de
1224) e de D. Afonso III (1210-1279). Os túmulos situam-se dos dois lados da
Capela de São Bernardo (contendo a representação da sua morte) no transepto a Sul.
Diante destes túmulos, numa sala lateral, posicionam-se oito outros túmulos,
nos quais se encontram D. Beatriz, mulher de D. Afonso III, e três dos seus
filhos. Um outro sarcófago pertence a D. Urraca, a primeira mulher de D. Afonso
II. Não se conhece a história dos outros sarcófagos, estando estes, hoje em
dia, vazios. Os túmulos de D. Pedro I (1320-1367), cognominado de “O
Justiceiro” e o de D. Inês de Castro (1320-1355), que se encontram em cada
lado do transepto, conferem um grande significado e esplendor à igreja. Os
túmulos pertencem a uma das maiores esculturas tumulares da Idade Média. Quando
subiu ao trono, D. Pedro I tinha dado ordem de construção destes túmulos para
que lá fosse sepultado o seu grande amor, D. Inês, que tinha sido cruelmente
assassinada a mando do pai de D. Pedro I, D. Afonso IV (1291-1357).
O claustro do lado oriental, o Claustro do Capítulo,
inicia-se no seu lado sul com uma porta de ligação à igreja, através da qual os
monges brancos passavam para entrar na igreja, e engloba a sacristia medieval,
a Sala do Capítulo, o Parlatório, a escada de acesso ao dormitório e o acesso à
Sala dos Monges, tem uma forma quadrada de 17,5 m x 17,5 m, havendo espaço para
200 monges.
No ano de 1834, os monges foram obrigados a
abandonar o mosteiro, na sequência do decreto que suprimiu todas as ordens
religiosas de Portugal.
Curiosidade: Quando a Rainha Isabel II de
Inglaterra visitou Portugal na década de cinquenta do século passado foi-lhe
oferecido um banquete em sua honra, o qual foi servido na nave principal do
mosteiro.
Está classificado como Património da Humanidade pela UNESCO desde
Dezembro de 1989 e como Monumento Nacional desde 1910.
Créditos: www.igespar.pt. - wikipédia.otg/wiki/Mosteiro
de Alcobaça - História de Portugal da autoria de Manuel Pinheiro Chagas. - Documentação
avulsa da I.N.C.M. - e colecção
particular do autor.
Óbidos, 8 de Novembro de 2013
F I M
Publicado no Jornal das Caldas de 20-11-2013
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