sexta-feira, 29 de abril de 2011





Artigo 50
Centenário da Implantação da República


(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda

QUINHENTOS ESCUDOS

Francisco Sanches





Chapa 11

O vulto de Francisco Sanches é lembrado nesta nota, onde além da efígie extraída de um quadro do século XVII, existente na Universidade de Toulouse, se observam temas ligados à sua actividade do célebre médico, e um aspecto da cidade de Braga, onde foi baptizado. As características técnicas foram executadas com base nas maquetas iniciais do arquitecto João de Sousa Araújo, sendo a estampagem executada pelos estampadores holandeses, Joh Enschedé en Zonen, Grafische Inrichting B.V de Haarlem, que procederam à elaboração das chapas e à estampagem das notas. A parte da frente da nota é composta por uma estampagem a talhe-doce, em que sobressai a castanho-avermelhado, o retrato de Francisco Sanches, o escudo nacional, dísticos e trabalho em guilhoché. O fundo de técnica “offset”, apresenta na parte central um planta da cidade de Braga, datada de 1594, um ornato duplex a azul-lilás e verde e a circundar a ovalóide sem impressão, um desenho numismático com o símbolo da Medicina. O verso apresenta uma estampagem a talhe-doce a castanho-avermelhado como a da frente, uma panorâmica da antiga Praça dos Arcebispos, em Braga, dísticos e ornamentos de guilhoché. O fundo do verso, em “offset”, inclui um trabalho numismático que se estende pelas margens. O ornato que circunda a ovalóide sem impressão, à direita, é idêntico ao da frente. O papel é do fabrico dos papeleiros franceses Société Arjomari-Prioux, de Paris. Apresenta como marca de água no lado esquerdo da frente da nota a imagem de Francisco Sanches, com um filete de segurança, de traço descontínuo, incorporado no papel, situando-se na zona central um pouco descaído para o lado esquerdo. Dimensões da nota 156 x78 mm. Foram emitidas 5 684 000 notas com a data de 4 de Outubro de 1979. Primeira emissão, 18 de Dezembro de 1981. Foram retiradas de circulação a 31 de Maio de 1990.
Biografia:
Francisco Sanches nasceu em Braga no ano de 1550, oriundo de famílias judaicas, convertido à religião católica pelo baptismo, (cristão novo), que ocorreu na Igreja de São João do Souto da mesma cidade em 25 de Julho de 1551. Foi médico, filósofo e matemático português do século XVI e primeiro quartel do século XVII. Com apenas doze anos de idade abandonou Portugal e foi para Bordéus onde deu continuidade aos seus estudos no Colégio Guyenne, até ao ano de 1569. Era um colégio onde a renovação intelectual era patente e onde influíam o reformismo religioso e o renascimento italiano. Com 19 anos foi para Itália onde estudou Medicina aprendendo a investigar cadáveres, estudando e desenvolvendo a Anatomia e estudos cirúrgicos. Regressou de novo a França, onde desempenhou as funções de médico no hospital de Toulouse. Matriculou-se no ano de 1573 na Faculdade de Medicina de Montpellier onde tomou o grau de Doutor e depois de Lente. Em 1577, radicou-se definitivamente em Toulouse onde desempenhou as funções de director do hospital desta localidade durante de 30 anos. No ano de 1585 foi chamado por convite para professor na Faculdade de Artes de Toulouse, onde exerceu esta actividade durante 25 anos. Em 1610 ingressou como professor na Universidade de Medicina onde permaneceu cerca de 11 anos, tendo sido considerado um dos mais brilhantes mestres. A par da Medicina foi um eminente filósofo, contestando na sua obra a filosofia de Aristóteles e o pretenso saber da escolástica, mostrando o falível do testemunho dos sentidos, denunciando a ineficácia dos métodos tradicionais tentando definir o seu próprio ideal de conhecimento. São de sua autoria as seguintes obras: 1)- “Carmen de Cometa”, publicada em 1577; 2)-“Quod nihil scitur” (Que nada se sabe), editado em Lyon no ano de 1581; 3)- “De divinatione per som num, ad Aristotelem”, no ano de 1585; 4)- “Opera Médica”, que inclui vários tratados filosóficos; 5)- “Tractatus Philosophici; e 6)- “Ad C. Clavium epistola”, uma carta consulta a Cristóvão Clávio. A sua figura está patente na Universidade de Toulouse, onde foi colocado um retrato como homenagem póstuma na Sala dos Actos. Também a cidade de Braga o não esqueceu erigindo uma estátua e dando o seu nome a uma escola. Faleceu em Toulouse no ano de 1622.

F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Dicionário Lello Universal; wikipedia.org/Francisco Sanches; Instituto Camões; História de Portugal Pinheiro Chagas.
Óbidos Setembro de 2010.

Publicado no Jornal das Caldas de 27-04-2011.

quinta-feira, 21 de abril de 2011



Artigo 49
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda



QUINHENTOS ESCUDOS
D. João II






Chapa 10



Na chapa com o número dez, foi inserida a figura do rei D. João II, cognominado de “O Príncipe Perfeito”, para a maior parte dos historiadores, outros definiram-no também “Visionário” pelas posições e atitudes de força assumidas para com os reis católicos de Espanha, então uma força em expansão partilhando o mundo com os portugueses. A nota comporta como principais elementos o retrato da cópia de uma pintura do rei D. João II, existente no museu de Viena “Kunsthistorisches”, um pormenor dos grupos escultóricos que decoram o Padrão dos Descobrimentos, de autoria do mestre Leopoldo de Almeida e uma rosa dos ventos. As maquetas são de autoria do arquitecto João de Sousa Araújo. A totalidade do trabalho referente ao fabrico desta nota, foi executado pela casa holandesa Job. Enschedé en Zonen, Grafische Inrichting N.V., de Haarlem. A estampagem calcográfica da nota tanto na frente como no verso foi realizada pelo processo Giori, que consiste numa estampagem directa a três cores, através de uma chapa de aço gravada em talhe-doce. O fundo da frente e do verso, foi feito em “offset”, e é constituído por três chapas com registos especiais. O papel é de fabrico da Société Arjomari, de Paris, e apresenta uma coloração amarelada, um filete transversal intermitente e a marca de água é composta por um retrato igual ao estampado. Dimensões da nota 156x78 mm. Foram emitidas 111 073 000 notas com as datas de 25 de Janeiro de 1966 e 6 de Setembro de 1979. Primeira emissão, a 17 de Outubro de 1966 e a última emissão a 6 de Abril de 1982. Foram retiradas de circulação em 29 de Janeiro de 1988.


Biografia:


D. João II nasceu em Lisboa, no Paço das Alcáçovas no castelo de S. Jorge a 3 de Maio de 1455, filho de D. Afonso V e de sua mulher D. Isabel de Coimbra, cognominado de “O Príncipe Perfeito”. Foi o 13º. Monarca de Portugal. D. João II foi educado pelo seu pai acompanhando-o nas campanhas do norte de África, tendo sido armado cavaleiro após a tomada de Arzila em Agosto de 1471. No ano de 1473 casou em Setúbal com a sua prima direita D. Leonor de Viseu. Em 1474 recebeu do pai a regência e a direcção política da expansão do reino, enquanto seu pai travava lutas com os castelhanos. No ano seguinte assumiu a regência do Reino, que entretanto entregou a Dona Leonor, para acudir ao pai em Castela. Participou na cruel batalha de Toro, onde se distinguiu pela sua bravura, obtendo uma difícil vitória sobre Fernando o “Católico”. Foi aclamado rei em Santarém por D. Afonso V, por este ter decidido abdicar recolhendo-se em religião, mas só viria a suceder-lhe após a morte em 1481. Desde jovem que D. João não era visto com simpatia junto dos pares do reino, em virtude deste ser imune a influências externas e desprezar a intriga palaciana, recaindo nos nobres muitas reservas à sua governação; demonstrou à nobreza que tinha razões de sobra, pois viviam-se momentos de intrigas e conspirações para retirar poder à aristocracia e concentrá-lo todo em si. No ano de 1482 mandou construir a fortaleza de São João da Mina, na África Ocidental. Começaram a surgir as conspirações, - correspondência trocada entre o duque de Bragança e os reis Católicos, solicitando a intervenção destes que foi interceptada pelos espiões do rei, no ano de 1483. Em consequência, o duque é executado em Évora e a casa de Bragança foi extinta, sendo o seu fabuloso património absorvido pela Coroa. Em 1484, D. Diogo, duque de Viseu e irmão da rainha, foi chamado ao Paço e aí apunhalado pelo cunhado D. João II, por ser suspeito de estar a dirigir uma nova conspiração. Muitas mais pessoas foram executadas, assassinadas ou exiladas para Castela, incluindo o bispo de Évora D. Garcia de Meneses, envenenado na prisão, por sobre ele recair desconfianças em relação ao poder exercido pelo monarca. Diz a tradição que D. João II, comentou em relação a esta “limpeza no país”: “eu sou o senhor dos senhores, não o servo dos servos”. D. João II quis dizer que a partir daquele momento era o centro absoluto do reino. Neste mesmo ano Diogo Cão descobriu a Foz do Rio Zaire. Afonso de Paiva e Pêro da Covilhã iniciam a viagem que os levou aos reinos do Egipto e da Etiópia. Em 1488 o grande navegador Bartolomeu Dias cruzou o Cabo da Boa Esperança, navegando em pleno oceano Índico, façanha nunca dantes alcançada por um europeu. A disputa dos mares entre Portugal e Espanha toma uma dimensão tal, que teve que se proceder à assinatura de Tratados para demarcar o domínio dos mares que competiam a cada um. O príncipe herdeiro D. Afonso casou no ano de 1490 com a princesa Isabel, filha dos reis católicos de Espanha, falecendo este de desastre no ano seguinte. No ano de 1494, foi assinado o Tratado de Tordesilhas, que conferira uma zona exclusiva à Coroa portuguesa, e que consistia no traçado de uma linha imaginária a 360 milhas a ocidente do arquipélago de Cabo Verde. Estabelecida este figura jurídica que ficou conhecida como “mare clausum”, ficou consagrado o direito das duas potências da época condicionar o direito à navegação a outras potências, nomeadamente aos ingleses. Tratou-se de uma conquista nunca dantes alcançada por qualquer outra potência, ficando com o caminho livre para as futuras explorações oceânicas, que se vieram a concretizar; “O Caminho Marítimo para a Índia” e a “Descoberta do Brasil”. Só à astúcia e à visão de D. João II se deve este documento que veio alterar a configuração política do mundo de então. Foi o monarca com o qual Portugal deu passos decisivos na preparação e realização da expansão, erguendo-se ao patamar de potência mundial de primeiro plano. Não deixou sucessão directa, apesar dos esforços encetados para legitimar em Roma um filho bastardo, D. Jorge, pela oposição da rainha e as influências dos seus inimigos. Antes de falecer escolheu Manuel de Viseu, duque de Beja, seu primo direito e cunhado para sucessor. A rainha Isabel a Católica, de Castela, por ocasião da sua morte, terá afirmado “Murió el Hombre!”, referindo-se a D. João II como o “Homem” por alcunha, devido às posições de força que assumira durante o reinado. Faleceu num fim de tarde no dia 25 de Outubro de 1495, no Alvor, Algarve. O seu corpo encontra-se no Mosteiro de Santa Maria da Vitória da vila da Batalha.

F I M

Bibliografia: wikipedia.org. D. João II de Portugal; vidas lusófonas D. João II; Dicionário Lello Universal; História de Portugal de Pinheiro Chagas; “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal.Óbidos Setembro de 2010.

Publicado no Jornal das Caldas de 20-04-2011

sexta-feira, 15 de abril de 2011



Artigo 48

Centenário da Implantação da República

(1910-2010)

Numária

O Papel-moeda


QUINHENTOS ESCUDOS


Dom Francisco de Almeida






Chapa 9


A esta nota foi a atribuída a efígie de Dom Francisco de Almeida para englobar a frente da nota, recaindo no verso uma vinheta representando o primeiro Vice-rei da Índia a receber a embaixada do rei de Narsinga. A gravação e a estampagem das notas foram de autoria da casa inglesa Bradbury, Wilkinson & Cº. Ltd., New Malden, Surrey. A frente da nota apresenta duas estampagens calcográficas; uma a castanho-escuro com a efígie de Dom Francisco de Almeida, e a outra em tons de castanho esverdeado, constituída pela cercadura com trabalho de guilhoché em linha branca e linha cheia e linhas paralelas a proteger a efígie. O fundo da frente da nota é impresso em máquina “offfset”, com distribuição das cores pelo sistema íris; nas margens utilizam-se desenhos do tipo gravura numismática de cor avermelhada e de cor acinzentada na parte central. No verso da nota existe uma única estampagem calcográfica de cor acastanhado escuro, contendo uma vinheta representando a recepção de Dom Francisco de Almeida ao rei de Narsinga assentando sobre um fundo com características idênticas às da frente da nota. Trata-se de um trabalho de elaborada qualidade técnica, que tiveram uma existência relativamente curta, em consequência do assalto à agência do Banco de Portugal na Figueira da Foz, em 17 de Maio de 1967. Nesse assalto foram roubadas 12 000 notas, o que deu origem à sua retirada de circulação de toda a emissão. As notas roubadas não foram postas em circulação, em virtude do aviso público de Junho de 1967, que as fez perder o curso legal, poder liberatório, e nem sequer eram susceptíveis de reembolso ou de troca. O papel foi fabricado pela firma Portals Limited, Laverstoke Mills, Whitchurch, Hampshire, e apresenta como marca de água à esquerda, quando visto à transparência de frente, o retrato de Dom Francisco de Almeida, reprodução ampliada. Dimensões da nota: 156 x 97 mm. Foram emitidas 8 452 000 notas com a data de 27 de Maio de 1958. A primeira emissão, 22 de Dezembro de 1961 e a última emissão de 30 de Setembro de 1966. Foram retiradas de circulação em 31 de Agôsto de 1967. Biografia: Dom Francisco de Almeida nasceu em Lisboa no ano de 1450. Foi um brilhante militar português dotado de notáveis estratégias que o auguraram a importantes vitórias no extremo oriente. Era filho de D. Lopo de Almeida 1º. Conde de Abrantes e de sua mulher Dª. Beatriz da Silva, dama da corte de D. Duarte e camareira-mor de Dona Isabel, esposa de D. Afonso V. Recebeu esmerada educação na corte de D. Afonso V, onde se depreende desde jovem um elevado espírito militar; ao serviço do mesmo monarca, D. Francisco de Almeida demonstrou os seus dotes militares na Batalha de Toro (1476) que, embora de resultados negativos para Portugal, foi reveladora das suas capacidades militares. Já no reinado de D. João II, notabilizou-se ao serviço dos reis católicos na conquista de Granada. D. João II como agradecimento pelos seus serviços, distinguiu-o com a sua confiança, atribuindo-lhe o desempenho de tarefas importantes. Nomeou-o capitão - mor de uma armada, que tinha como função reivindicar a pertença dos territórios americanos descobertos por Cristóvão Colombo, para Portugal. Com o Tratado de Tordesilhas (1494), delimitando a área de influência dos dois países ibéricos; o problema foi resolvido pela via diplomática e a armada não chegou a partir. No ano de 1505 D. Manuel I, manda-o chamar para desempenhar funções de vice-rei das Índias com todos os plenos poderes para proceder e impor de imediato o domínio português no Índico. Em Março do mesmo ano, partiu para o Indico uma armada composta por 1 500 soldados, distribuídos por 16 naus e 6 caravelas, tendo como capitães, homens de linhagem e de vasta experiência de navegação. Nos diversos regimentos que se teriam de cumprir, o primeiro que se dava a conhecer, consistia, na construção de fortalezas tanto na costa ocidental como oriental de África, assim como estreitar laços de amizade com chefes tribais, xeques e reis, mas em especial guerrear o rei de Calecut. Partindo de Belém em Março, aportou em Julho ao porto de Dale, na costa da Guiné, chegando a Quiloa, coroando Mohamed Anconij rei de Quiloa, fazendo-o jurar lealdade a Portugal, entregando-lhe o reino, de que mandou fazer instrumentos públicos. Seguindo o seu trajecto foi conquistando praças e erguendo fortalezas que assegurem a presença e o domínio português. Após tomar Quiola, incendiou Mombaça, na costa oriental de África. Construiu fortalezas em Cananor e Cochim, favorecendo, auxiliando e criando amizades com estes soberanos. Em Agosto de 1508 sofreu um rude golpe, num ataque dos mouros a Chaul, onde é morto o seu filho D. Loureço de Almeida conjuntamente com mais 80 homens, que foram entretanto incumbidos pelo vice-rei de se deslocarem à ilha das Maldivas, que distava 50 léguas de Cochim, percorrendo a costa de Malabar. Com a morte do filho o seu carácter moldou-o como um homem muito cruel e vingativo. Em Dezembro de 1508 partiu de Cananor para Diu em busca de Mirhocem, capitão do sultão da Babilónia, com uma armada composta por 19 velas, guerreando contra ele e a armada de Calecut e de Miliquias, senhor de Diu, onde os venceu e os desbaratou, fazendo entretanto as pazes com Miliquias, regressando a Cochim, vingando assim a morte do seu filho. Segundo os cronistas Dom Francisco de Almeida recebeu cartas de el-rei mandando entregar a governação da Índia a Afonso de Albuquerque, o que lhe custou imenso esta atitude; em Novembro do mesmo ano partiu de Cochim para Cananor, navegando para sul, até que no primeiro dia de Dezembro aportou à aguada de Saldanha junto ao Cabo da Boa Esperança. Foi morto pelos indígenas, a quem apelidavam de cafres, com um zaguncho ou zagaia de ferro na garganta que lha atravessou de lés a lés, em Março de 1510; faleceu também nas mesmas circunstâncias Diogo Pires que tinha sido aio do seu filho. Exerceu o cargo de vice-rei da Índia desde 1505 a 1509. A sua governação caracterizou-se, graças ao seu valor como homem do mar e governante esclarecido e incorruptível, no domínio absoluto português no Oriente. Foi considerado pela nobreza como um valente soldado, hábil almirante, estadista, político astuto, perspicaz e forte, sábio administrador e feitor inteligente. Casou com Dª. Joana Pereira, filha de Vasco Martins Moniz, comendador de Panóias, da qual tiveram; D. Lourenço de Almeida, que acompanhou o seu pai e faleceu na Índia; Dª. Leonor de Almeida, que casou em primeiras núpcias com Francisco de Mendonça e em segundas com D. Rodrigo de Melo, conde de Tentúgal e primeiro Marquês de Ferreira; e D. Susana de Almeida que casou com Diogo de Barbuda, alcaide - mor de Seia. No seu túmulo, em Abrantes, está escrito: “Aqui jaz D. Francisco de Almeida, primeiro Vice-rei da Índia, que nunca mentiu nem fugiu”.


FIM


Bibliografia: O papel-moeda em Portugal. Banco de Portugal. Wikipedia. Org./Francisco de Almeida. Trechos avulsos. Óbidos – Agosto de 2010.

Artigo publicado no Jornal das Caldas em 13-04-2011.

quinta-feira, 7 de abril de 2011




Artigo 47

Centenário da Implantação da República (1910-2010)

(1910-2010)


QUINHENTOS ESCUDOS


D. JOÃO IV






QUINHENTOS ESCUDOS Dom João IV Chapa 8 A efígie de D. João IV, foi a escolhida para a frente da nota, tendo no verso uma gravura da sua aclamação como rei de Portugal após a Restauração da Independência. A gravação das chapas e a estampagem das notas foram efectuadas pela firma inglesa, Bradbury, Wilkinson & Cº. Ltd., New Malden, Surrey. A frente da nota é composta por duas estampagens calcográficas, sendo uma a preto - esverdeado, com a efígie do rei D. João IV e a outra a vermelho escuro, com a cercadura trabalhada a guilhoché e linhas paralelas de protecção à efígie. O fundo, impresso em íris com trabalho em duplex, contém um desenho em relevo que se estende pelas margens. O verso tem uma estampagem calcográfica a vermelho escuro, representando a aclamação de D. João IV, como rei de Portugal, com trabalho a guilhoché em linha branca e linha cheia, sendo o fundo de composição idêntica ao da frente da nota. Os espaços destinados à marca de água, na frente e no verso da nota são protegidos com impressões tipográficas. O fabrico do papel ficou a cargo da firma Portals Limited, Laverstoke, Mills, Whitchurch, Hampshire. A marca de água quando vista a transparência pela frente, e no lado esquerdo, apresenta uma cabeça alegórica de perfil para o centro. Dimensões da nota 156 x 97 mm. Foram emitidas 6 570 000 notas com as datas de 28 de Novembro de 1944 e 11 de Março de 1952. A primeira emissão de 16 de Fevereiro de 1955 e a última emissão, 19 de Dezembro de 1961. Foram retiradas de circulação em 30 de Junho de 1979. Biografia: D. João IV nasceu em Vila Viçosa a 19 de Março de 1604, sendo o vigésimo primeiro rei de Portugal, e o primeiro da quarta dinastia, também conhecida pela dinastia de Bragança. Filho de D. Teodósio, 7º. Duque de Bragança e da duquesa D. Ana de Velasco y Girón, nobre senhora oriunda da corte espanhola. D. João herdou o senhorio da casa ducal no ano de 1630; foi o 8º. Duque de Bragança; 5º. Duque de Guimarães; 3º Duque de Barcelos; 7º. Marquês de Vila Viçosa; e ainda Conde de Arraiolos, Ourém, Neiva, Guimarães e Barcelos. Por via paterna era trineto do Rei D. Manuel I, através da duquesa D. Catarina, infanta de Portugal, e sua avó paterna. Foi-lhe dado o cognome do “Restaurador”, por ter sido restaurada a independência nacional, anteriormente dominada pela Casa de Habsburgo. Segundo alguns historiadores, como Joaquim Veríssimo Serrão, D. João IV recebeu uma esmerada educação e o gosto pela montaria, pela mão do seu aio D. Diogo de Melo; Jerónimo Soares, indica-nos que o rei recebeu uma profunda preparação para as letras clássicas e em teologia, estudando ao mesmo tempo música, recebendo lições do inglês Robert Tornar, que tinha sido contratado para mestre da capela de Vila Viçosa. D. João IV casou com Dona Luísa de Gusmão, mulher oriunda da Casa de Medina Sidónia, em 13 de Outubro de 1633 em cerimónia de grande fausto. No ano de 1634 foi pai pela primeira vez, de um filho a quem foi dado o nome de Teodósio, o qual veio a falecer no ano de 1653; príncipe de capacidade intelectual notável, foi Duque de Bragança e Príncipe do Brasil. Foi sepultado em São Vicente de Fora. No ano de 1635 nasceu e morreu em Vila Viçosa aquela a quem foi dado o nome de Ana de Bragança. Em 1636 nasceu o seu terceiro filho de sexo feminino, a quem foi dado o nome Joana de Bragança, que viveu somente dezassete anos, a quem foi dado o título de princesa das Beiras. No ano de 1638 foi pai daquela que foi rainha de Inglaterra, Catarina de Bragança (1638-1705), por casamento com o rei Carlos II de Inglaterra. No ano de 1640 foi novamente pai do seu quinto filho, nascido morto, a quem deram o nome de Manuel de Bragança. No mesmo ano de 1640 quando a burguesia e aristocracia portuguesas, cansadas e descontentes com o já longo domínio castelhano (60 anos), sobre Portugal, foi D. João o escolhido para encabeçar o movimento, o qual a muito custo e por influência de sua mulher D. Luísa de Gusmão e em especial do secretário João Pinto Ribeiro, aceitou tamanha responsabilidade. Após a concretização do golpe palaciano e com a morte do representante castelhano em Portugal, o detestado Miguel de Vasconcelos, D. João foi aclamado rei de Portugal, no dia 15 de Dezembro. A aclamação do rei em todo o território foi feita pacífica e alegremente, desde Bragança ao Algarve, passando pela totalidade das colónias espalhadas por todo o mundo, através de mensageiros encarregues de entregar documentação (cartas) para as autoridades de cada terra a dar a boa nova e seguir os preceitos nelas indicados; por todo o lado houve manifestações de imensa alegria e felicidade. Após estes acontecimentos realizaram-se festejos e procissões por toda a parte. Após a oração de praxe da aclamação, documento político enunciando os direitos da casa de Bragança ao trono português, coube a um notável jurista, Francisco de Almeida Leitão, em uníssono com todos os presentes em alta voz, o triplo brado tradicional “Real, Real, por El-Rei Dom João de Portugal”. A notícia correu célere e rapidamente chegou ao conhecimento do destronado rei D. Filipe III, o qual de certo modo demorou enviar tropas castelhanas em socorro da situação entretanto vivida em Portugal devido às suas tropas estarem demasiado ocupadas e dispersas nos teatros da Guerra dos Trinta Anos, e nomeadamente com a revolta da Catalunha, o que permitiu aos portugueses reorganizar os exércitos e organizar a defesa. No acto de coroação de Dom João IV, este, coroou rainha de Portugal a Nossa Senhora da Conceição, colocando-lhe a seus pés a respectiva coroa, ficando estabelecido que de agora em diante seria a padroeira de Portugal. Foi difícil e dificultada por parte de alguma nobreza e de alguns prelados a rebelião que deu origem à restauração da Independência de Portugal, sendo por estes considerado uma traição, versão espalhada por todas as capitais europeias a partir de Madrid. Uma outra nobreza que se encontrava em Madrid, recusou a oferta de regresso e do perdão do monarca português, o que veio criar uma grave cisão no corpo da nobreza. Neste mesmo ano cria o Conselho de Guerra. No ano de 1641 houve uma tentativa de assassinar D. João IV, no Rossio, em Lisboa a qual fracassou, tendo pago os riscos da conspiração o marquês de Vila Real, o duque de Caminha, o conde de Armamar, o clérigo D. Agostinho Manuel, o guarda-mor da Torre do Tombo, Pedro de Beça e muitos mais notáveis. A guerra com Espanha não se fez esperar, estendendo-se esta até às colónias, onde Portugal obteve apoio de Inglaterra, França e Suécia, adversários dos espanhóis na Guerra dos Trinta Anos. D. João IV, aproveitou esta situação para enviar diplomatas por toda a Europa com o objectivo de reconhecerem a independência e obter apoios financeiros e militares. Com esta tomada de situação D. João teve de criar novos impostos, desvalorizar a moeda e recrutar voluntários para fazer face ao confronto militar que se adivinhava muito próximo. Neste ano de 1641 verificaram-se as primeiras escaramuças, no Alentejo, sendo a parte mais vulnerável do reino e principal domínio da Casa de Bragança. O conde de Vimioso concentrou as suas forças na praça de Elvas, mas o conde de Monterrey, que se tinha fortalecido em Badajoz, atacou Campo Maior e Olivença. No ano de 1642, um outro ataque surgiu no sotavento algarvio, mais concretamente em Alcoutim e Castro Marim, tendo os espanhóis sido rechaçados. No ano de 1643 nasceu o filho Afonso, o qual viria a ser o futuro rei de Portugal “Afonso VI”. Criou a Junta dos Três Estados e do Conselho Ultramarino. A Beira Alta e a província do Minho foram alvo de várias escaramuças as quais não sortiram o efeito desejado no ano de 1644. Também neste ano de 1644 os espanhóis concentram os seus exércitos em Badajoz, mas são derrotados pelas tropas portuguesas na Batalha do Montijo, naquela que foi considerada a mais brilhante vitória da Restauração da Independência de Portugal, sobre o comando de Matias de Albuquerque, recebendo por este acto o título de conde de Alegrete. No ano de 1646 nasceu o seu último filho Pedro, que viria a ser o rei de Portugal “ D. Pedro II”. Entre os anos de 1648-1649, foram anos de potencial risco para D. João IV, pois as nossas colónias estavam a ser absorvidas em especial por holandeses e espanhóis, reconquistando a colónia de Angola e São Tomé e Príncipe, por intermédio de Salvador Correia de Sá. Aos holandeses foi reconhecida pelos espanhóis a posse das capitanias do Brasil, mas foi desta imensa colónia que veio a solução militar, que iria por cobro ao domínio flamengo; acontecendo com a vitória dos Guararapas sobre estes, o que provocou a expulsão dos mesmos. Criou a Companhia da Junta do Comércio. Foi um reformador em toda a extensão, promulgando muita legislação, para a satisfação das carências dos governos da Metrópole e nas Colónias. Era um rei artista e letrado, exímio amador da música, compondo diversas peças, que no seu tempo, estiveram à altura dos maiores de Portugal. Foi com ele que se iniciou a 4ª. e última dinastia, a qual durou 270 anos, sendo cognominada a dinastia de Bragança. D. João IV faleceu a 6 de Novembro de 1656, no Paço da Ribeira em Lisboa, estando sepultado no Panteão, no Mosteiro de São Vicente de Fora.

F I M

Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal. Banco de Portugal. Wikipedia. org. João IV de Portugal. Trechos avulsos. História de Portugal de Pinheiro Chagas20 de Maio de 2010.


Publicado no Jornal das Caldas de 06-04-2011