sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011



Artigo 41
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda

QUINHENTOS ESCUDOS

Vasco da Gama




Chapa 2
A figura do maior navegador e explorador português dos fins do século XV e princípios do século XVI, Vasco da Gama, é a que se apresenta nesta segunda nota de 500$00 com a chapa 2. A gravação das chapas e as estampagens das notas foram efectuadas pela casa inglesa Wartelow & Sons Ltd., de Londres. A frente da nota é composta por duas estampagens calcográficas; uma, em tom avermelhado contém os desenhos da orla e as molduras do retrato e das naus que compunham a sua frota; a segunda estampagem, a preto engloba o retrato de Vasco da Gama, navegador português que descobriu o caminho marítimo para a Índia, as naus, o mar e diversos dísticos. O fundo da frente da nota, foi executado por processo tipográfico, a duas cores, constituído por linhas paralelas (rectas ondulantes), um desenho geométrico e a legenda Banco de Portugal. O verso foi estampado na mesma cor avermelhada, com um trabalho de torno geométrico em linha branca, sobre um fundo simples e linhas ondulantes paralelas. O papel é de fabrico inglês, e tem como marca de água a legenda Banco de Portugal, formando repetidamente linhas rectas paralelas em todo o sentido longitudinal. Dimensões da nota 188 x 111 mm. Foram emitidas 600 000 notas com a data de 17 de Novembro de 1922. Primeira emissão, 14 de Fevereiro de 1924 e última, 17 de Outubro de 1924. Foi retirada de circulação em Dezembro de 1925, dois dias após o aparecimento de notas com a mesma numeração.
A Fraude, conhecida por “Angola Metrópole”.
A firma fabricante das notas do Banco de Portugal tinha também fornecido notas estampadas com as mesmas chapas, a um grupo de burlões, mediante encomendas feitas com documentação falsa. Durante meses, tanto as notas do Banco de Portugal como as notas de emissão fraudulenta Marang nome de um dos implicados na fraude, circularam a par. Foi finalmente e por mera casualidade que numa agência bancária da cidade do Porto, e por intermédio de um empregado, se detectou a repetição do mesmo número de nota em dois exemplares, o que veio confirmar uma certa desconfiança que se tinha instalado com o aparecimento desmesurado deste tipo de notas. Posteriormente e, com a intervenção de peritos da firma estampadora, pôde referenciar-se, através de sinais ocultos e só do conhecimento dos mesmos quais as notas pertencentes a uma e a outra emissão. O Banco de Portugal entendeu que fossem abonadas aos portadores de reconhecida boa fé as notas de 500 escudos, Chapa 2 efígie de Vasco da Gama, quer sejam autênticas, quer as que façam parte daquelas que foram entregues por W. & S. a Marang e seus cúmplices. Nesta resolução havia somente restrição quanto às notas denominadas por “Camarões”, sujeita a sua troca a determinadas normas. A designação das notas “Camarões”, é proveniente do banho que os burlões lhes davam, inserindo-as numa solução de ácido cítrico, com o propósito de as livrar do cheiro muito activo de tinta fresca, resultando daí uma coloração muito semelhante à do marisco. No meio desta barafunda e após intensas observações que se fizeram às notas entretanto recolhidas, para aferir a que emissões pertenciam foram encontrados alguns grupos de três notas com a mesma numeração. Curiosidades a reter: Esta fraude permitiu de certa forma a construção do caminho de ferro de Benguela, na província de Angola - caso Alves dos Reis. No ano da falsificação, constava que os senhores da média e alta burguesia de Lisboa eram vistos a acender as suas cigarrilhas e charutos com as notas de quinhentos escudos.
Biografia:
Vasco da Gama nasceu em Sines entre os anos de 1460 e 1469, foi um dos mais brilhantes navegadores e exploradores do mundo de então. Era filho de Estêvão da Gama, que foi cavaleiro da casa de D. Fernando de Portugal, duque de Viseu e de sua mulher Isabel de Sodré de ascendência inglesa. Pouco se sabe do inicio de vida de Vasco da Gama, tudo leva a crer que estudou em Évora, onde poderá ter aprendido matemática de navegação, pois era conhecedor de astronomia, sendo possível que tenha sido aluno do astrónomo Abraão Zacuto. No ano de 1492 reinava D. João II, que o incumbiu de capturar algumas embarcações francesas em retaliação por depredações feitas em tempo de paz contra a navegação portuguesa na área compreendida entre Setúbal e o sul em plena costa algarvia, o que executou com rapidez e eficácia. Com esta atitude Vasco da Gama mostrou ter capacidades de chefia, responsabilidade e de aventura, o que lhe valeu viver sempre muito perto da corte, estudando as rotas efectuadas anteriormente por outros navegadores ao longo da costa ocidente de África. Quando D. Manuel I subiu ao trono, confiou o cargo de capitão - mor a Vasco da Gama, no ano de 1497, zarpando de Belém em demanda da Índia. A frota era composta por quatro embarcações que transportavam cento e setenta homens, entre marinheiros soldados e religiosos. Era uma expedição com fins exploratórios que levava cartas do rei D. Manuel I para reinos que porventura visitassem, padrões para se colocarem ao longo da costa e produtos que seriam úteis para proceder a trocas. A nau São Gabriel era comandada pelo próprio Vasco da Gama; a nau São Rafael era comandada pelo seu irmão Paulo da Gama; no regresso e com uma tripulação muito diminuta foi abatida em Melinde, prosseguindo noutra nau; a nau Bérrio foi comandada por Nicolau Coelho; e por fim a nau São Miguel que servia de apoio para transporte dos mais diversos materiais de manutenção, comandada por Gonçalo Nunes, incendiou-se na costa oriental de África. Após três meses de navegação, percorreram em mar aberto para além do equador e com o benefício dos ventos predominantes do atlântico sul, mais de 6 000 milhas. Em Dezembro encontravam-se na que é hoje a costa da África do Sul, baptizando uma zona com o nome de Natal, em referência a esse dia 25 de Dezembro. No ano de 1499 e após ter completado o contorno sul do continente africano, chegou à costa de Moçambique depois de ter sofrido fortes tempestades e ter dominado com mão pesada uma rebelião dos marinheiros. Após diversos contactos com o sultão de Moçambique e outras personagens na costa africana, que não foram de todo cordiais, seguiu para norte onde em Fevereiro do mesmo ano desembarca em Melinde, sendo recebido pelo sultão que lhe forneceu um experiente piloto árabe, conhecedor dos ventos predominantes e das monções, o que lhe permitiu chegar à costa sudoeste da Índia. Em Maio de 1498 a frota atraca em Calecute, ficando estabelecida a Rota do Cabo e aberto o caminho marítimo dos Europeus para a Índia. As negociações com o governador de Calecute e Vasco da Gama, foram difíceis, devido à diferença de culturas em presença, aos valores das mercadorias apresentadas, aos mercadores aí estabelecidos que viam nesta aproximação uma futura rivalidade. Foi assim que se procedeu ao primeiro contacto de povos do ocidente com os do oriente por via marítima. O regresso a Portugal foi dificultado em virtude do desconhecimento por parte de Vasco da Gama das monções e dos ventos contrários. A viagem até Melinde durou cerca de 132 dias, tendo as embarcações aportado em Janeiro de 1499, perdendo quase metade da sua tripulação, e tendo sido atingidos pelo escorbuto; somente cinquenta e cinco homens e duas embarcações chegaram a Portugal em Julho e Agosto de 1499. Vasco da Gama só regressaria a Portugal em Setembro do mesmo ano, pois teve de sepultar o irmão mais velho Paulo da Gama que entretanto adoecera e que acabara por falecer na ilha Terceira no arquipélago dos Açores. Por este feito foi recompensado por el-rei D. Manuel I com o título de “Almirante Mor dos Mares das Índias”, recebeu conjuntamente com os irmãos o título perpétuo de Dom e duas vilas, a de Sines e a de Vila Nova de Milfontes. Vasco da Gama voltou à Índia, nos anos de 1502 e 1524. Nesta última estada na Índia, desempenhou o cargo de Vice-rei por pouco tempo. Casou com D. Catarina de Ataíde de onde adveio uma geração de sete filhos. No poema épico ”Os Lusíadas”, de Luís de Camões centra-se nas grandes viagens e aventuras de Vasco da Gama por terras do oriente. Vasco da Gama destacou-se na era dos descobrimentos por ter sido o comandante dos primeiros navios a navegar directamente da Europa para a Índia, na mais longa viagem oceânica até então realizada, sendo superior a uma volta completa ao mundo pelo equador. Faleceu em Cochim, Índia a 24 de Dezembro de 1524.

F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal” Banco de Portugal. Wikipedia/Vasco da Gama. História de Portugal de Manuel Pinheiro Chagas – 3º. Volume. Trechos avulsos.
Óbidos, Março de 2010.
Publicado no Jornal das Caldas em 23-02-2011.
CENTENÁRIO DA IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA
Vultos da República
19º. Artigo

Sidónio Bernardino Cardoso da Silva Pais mais conhecido por Sidónio Pais, nasceu em Caminha no dia 1 de Maio de 1872, filho de Sidónio Alberto Marrocos Pais e de sua mulher Rita Júlia Cardoso da Silva. Além de militar e político, desempenhou cargos de deputado, ministro do Fomento e das Finanças, embaixador em Berlim e por último presidente da República. Concluiu os seus estudos secundários no Liceu de Viana do Castelo, após os quais, seguiu para Coimbra onde cursou os preparatórios de Matemática e Filosofia. No ano de 1888, alistou-se como voluntário no Regimento de Infantaria 23, sendo promovido de imediato a sargento-chefe. Em 1891 assina o Manifesto Académico redigido por João Meneses. No ano seguinte completou o curso com distinção e foi promovido a alferes. Após a conclusão do curso da Escola do Exército, matriculou-se na Universidade de Coimbra, onde se licenciou em Matemática, doutorando-se na mesma disciplina no ano de 1898. Durante este espaço de tempo pertenceu à Maçonaria na “Loja Estrela de Alva” de Coimbra, com o nome simbólico de “Irmão Carlyle”, mas por pouco tempo. Em 1895 foi promovido ao posto de tenente. Casou-se nesse ano com Maria dos Prazeres Martins Bessa, de quem teve cinco filhos. Em 1899, ingressou no corpo docente da Faculdade de Matemática onde foi nomeado professor catedrático para reger a cadeira de Cálculo Diferencial e Integral. Foi promovido ao posto de capitão no ano de 1906. Após a implantação da República foi uma pessoa que se notabilizou na vida política activa. Foi nomeado vice-reitor da Universidade de Coimbra em Outubro de 1910, tendo como reitor o Dr. Manuel de Arriaga. Em 1911 foi deputado à Assembleia Nacional Constituinte pelo círculo de Aveiro. Entre Agosto e Novembro de 1911 foi nomeado Ministro do Fomento, presidido por João Chagas. Nomeado Ministro das Finanças no governo de Augusto de Vasconcelos Correia, entre 7 de Novembro de 1911 e 16 de Junho de 1912. Nesse mesmo ano foi nomeado ministro plenipotenciário de Portugal em Berlim, até Março de 1916, data em que a Alemanha declarou guerra a Portugal, na sequência do aprisionamento dos seus navios que se encontravam ancorados em portos portugueses. Regressou a Portugal com a declaração de estado de guerra entre a Alemanha e Portugal vindo a engrossar a fileira daqueles que se opunham à participação de Portugal na Grande Guerra. Foi considerado um germanófilo pelas atitudes e actos que tomou durante os anos que serviu Portugal em Berlim, e depois em Portugal, co-responsabilizando o governo de então pelos maus resultados obtidos pelo Corpo Expedicionário Português na frente de batalha, na Flandres. Foi promovido ao posto de major neste mesmo ano. Entre 5 e 8 de Dezembro de 1917, liderou uma insurreição que terminou num golpe militar, contra o Governo do Partido Democrático, chefiado por Afonso Costa, o qual saiu vitorioso após três dias de duros confrontos. Exonerou o Governo da União Sagrada, prendendo Afonso Costa no Porto e destituindo Bernardino Machado do cargo de Presidente da República, forçando-o ao exílio. Em 11 de Dezembro do mesmo ano Sidónio tomou posse como Presidente do Governo, acumulando as pastas do Ministério da Guerra e de Ministro dos Negócios Estrangeiros, em profunda ruptura com a Constituição de 1911 que ajudara a redigir. A 27 do mesmo mês assumiu a Presidência da República. Inicia a emissão de decretos ditatoriais, sobre os quais não consulta o Congresso da República, e suspende partes fulcrais da Constituição, dando origem a um regime presidencialista. Esta nova arquitectura de sistema político, colocava o Presidente numa posição de poder que não tinha paralelo desde o fim do absolutismo monárquico; daí o epíteto de “Presidente Rei”. Tenta apaziguar as relações com a Igreja Católica Romana, em guerra com o regime republicano desde 1911, com a alteração da Lei de Separação entre a Igreja e o Estado, suscitando reacções tenazes por parte dos republicanos e da Maçonaria, obtendo em contrapartida o apoio dos católicos maioritariamente analfabetos e ignorantes, de alguns republicanos moderados, enfim da maioria dos portugueses. Um outro movimento inconstitucional datado de 18 de Março do mesmo ano estabeleceu o sufrágio directo e universal para a Eleição do Presidente da República. Ao abrigo deste sufrágio foi eleito Presidente da República em 28 de Abril de 1918. As tropas portuguesas acantonadas na Flandres sofreram uma derrota e o Corpo Expedicionário Português foi desmantelado, sem serem substituídas por outras. Sidónio Pais tomou uma posição deplorante perante as nossas tropas, pois mandou regressar a Portugal os melhores militares que se encontravam na Flandres, abandonando de certo modo os que lá estavam, pois não autorizava o envio de mais forças para substituir as que lá se encontravam bastante cansadas e esgotadas. A contestação social sobe de tom, e dá origem ao fim do estado de graça de Sidónio. A partir do verão de 1918 por diversas vezes se tenta pôr fim ao regime sidonista aumentando a violência o que obrigou o Presidente a decretar o estado de sítio em Outubro. Em Novembro, após a assinatura do Armistício da Grande Guerra, entra-se numa espiral de violência. Em Dezembro durante uma cerimónia de condecoração dos sobreviventes do barco de guerra Augusto de Castilho sofre um atentado saindo ileso. No trágico dia 14 de Dezembro de 1918, quando se encontrava na estação do Rossio foi alvejado com um tiro, vindo a falecer no mesmo dia. O seu funeral reuniu muitas dezenas de milhares de pessoas, num percurso longo e por vezes interrompido por violentos incidentes. Entrou no imaginário português, em particular dos sectores mais conservadores da igreja, como um misto de salvador e mártir.
F I M
Bibliografia: vidas lusófonas /sidónio pais; wikipedia / Sidónio Pais; história da 1ª. Republica; Sidónio Pais – Dicionário Histórico.
Óbidos – Janeiro de 2011.
Publicado no Jornal das Caldas em 23-02-2011

sábado, 19 de fevereiro de 2011



Artigo 40
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)

O Papel-moeda

QUINHENTOS ESCUDOS
João de Deus


Chapa 1

À primeira nota de 500$00, emitida pelo Banco de Portugal, foi atribuída a chapa 1, figurando na parte da frente o retrato de João de Deus, eminente poeta de rara sensibilidade e autor da “Cartilha Maternal”. A gravação das chapas estampagem das notas, estiveram a cargo da firma Bradbury, Wilkinson & Co. Ltd., New Malden, Surrey. O fundo da nota está impresso tipograficamente e constituído por linhas verticais na zona do retrato de João de Deus, linhas ondulantes paralelas, um ponteado no espaço destinado à marca de água e um ornato multicolor em duplex, que foi estampado calcograficamente (talhe-doce), o motivo principal da frente da nota, a castanho escuro, com trabalho de torno geométrico em linha branca. O verso tem uma estampagem calcográfica a verde escuro, com duas figuras de criança, uma coroada de flores e tocando um instrumento pastoril e outra a simbolizar a Abundância, com largo trabalho de guilhoché em linha branca, sobre um fundo tipográfico semelhante ao da frente. O papel foi fabricado pela firma Spicers Ltd., de Londres, tem como marca de água, visto à transparência pela frente e do lado direito uma cabeça de mulher representando a República, de perfil para o centro. Dimensões da nota 180 x 114 mm. Foram emitidas 1 817 000 notas com as datas de 4 de Maio de 1922 e 8 de Dezembro de 1925. A primeira emissão, 26 de Setembro de 1922, e a última de 28 de Fevereiro de 1929. Foram retiradas de circulação em 17 de Setembro de 1929.
Biografia:
João de Deus de Nogueira Ramos, mais conhecido por João de Deus, nasceu em São Bartolomeu de Messines, a 8 de Março de 1830; era filho de Pedro José de Ramos e de sua mulher Isabel Gertrudes Martins. Era o quarto filho de uma geração de catorze irmãos. Com apenas 14 anos de idade e devido à situação económica da família de fracas posses, vê gorada a sua aspiração de uma carreira universitária, iniciando os seus estudos na terra natal onde estudou latim, ingressando após concluir estes, no Seminário de Coimbra. No ano de 1850 e vendo que não tinha vocação para a vida eclesiástica, abandonou o seminário e ingressou na Universidade de Coimbra, matriculando-se em direito. No ano de 1851 logo após o ingresso na Universidade, revelou os seus dotes líricos, escrevendo versos, dos quais obtinha modestos rendimentos para a sua subsistência. Neste mesmo ano escreveu o poema “Pomba” e a elegia “Oração”, sendo publicada na Revista Académica no ano de 1855, sendo merecedora de altos elogios. Do convívio entretanto encetado com os demais colegas universitários, envolveu-se na vida boémia coimbrã e preferindo as artes ao direito, o seu percurso académico foi bastante conturbado, com as diversas interrupções, reprovações e faltas. Neste espaço de tempo notava-se uma enorme passividade, e insucesso académico, que o levaram a viver uma vida muito modesta e de carências de toda a ordem, o que permitiu aos seus melhores amigos reunir toda a sua poesia e publicá-la na imprensa coimbrã. São desta época os poemas “Estreia Literária”, no “Ateneu” e no “Instituto de Coimbra”. Estas publicações granjearam-lhe enorme reputação como poeta lírico. Finalmente no ano 1859 terminou o curso, com muitas insistências dos seus melhores amigos. Ficou na cidade de Coimbra, praticando pouco a advocacia, preferindo continuar a escrever, mas desta feita poesia de carácter satírico, entre outras “A lata” e a “Marmelada”, no ano de 1860. No ano de 1862 aceitou o convite para redactor do periódico de Beja, então o de maior circulação no Alentejo. Permaneceu em Beja até ao ano de 1864, colaborando com diversos periódicos do sul do país. No ano de 1868, partiu para Lisboa, após fracassados os seus intentos de exercer advocacia. Na cidade de Lisboa levou uma vida de privações sendo frequentador assíduo do café Martinho da Arcádia. Para seu sustento recorreu à realização de traduções e à escrita de sermões e hinos para as cerimónias religiosas. No ano de 1868, apresentou-se às eleições para a 16ª.legislatura, como candidato independente pelo círculo de Silves, apoiado por António Garcia Blanco e Domingos Vieira, conseguindo ser eleito após um desempate de votos. É célebre a sua declaração publicada pelo Correio do Norte, onde retrata a sua atitude perante a actividade parlamentar: “Que diacho querem vocês que eu faça no Parlamento? Cantar? Recitar versos? Deve ser (…) gaiola que talvez sirva para dormir lá dentro a ouvir a música dos outros pássaros. Dormirei com certeza!”. Das treze sessões parlamentares que se realizaram faltou a dez. Casou com Guilhermina das Mercês Battaglia, advindo geração (dois filhos). No ano de 1869 publicou a colectânea “Flores do Campo”, a que se seguiu uma outra intitulada “Ramo de Flores”, considerada a melhor obra poética. Ao longo dos anos manteve a colaboração com a imprensa periódica, continuando as traduções de diversos autores, com destaque para comédias; “Amemos o Nosso Próximo”, “Ser Apresentado”, “Ensaio de Casamento” e “A viúva Inconsolável”. Em 1873 publicou textos em prosa “Ana”, “Mãe de Maria”, “A Virgem Maria” e “A Mulher do Levita de Ephraim”. No ano de 1876 após a morte de António Feliciano de Castilho, e perante certa descrença em que caíra o “Método Português de Castilho”, João de Deus, envolveu-se na campanha de alfabetização, escrevendo a “A Cartilha Maternal”, um novo método de ensino de leitura, mais apropriado aos tempos actuais, que o haveriam de distinguir como pedagogo de nomeada. Este método vanguardista e inovador para a época, abandona os métodos introduzidos por Feliciano de Castilho há 25 anos atrás, dando-lhe um carácter menos infantilizado. Esta obra “A Cartilha” foi adoptada como método nacional de aprendizagem da escrita da língua portuguesa. Foi alvo de rasgados elogios de parte de iminentes intelectuais da época como Adolfo Coelho e Alexandre Herculano. A publicação da “Cartilha Maternal” granjeou um culto extraordinário pela figura do poeta, tornando-o numa das figuras mais populares do último quartel do século XIX. No ano de 1880 e por influência do seu amigo Antero de Quental, adere ao ideário socialista. No ano de 1882 e por iniciativa de Casimiro Freire, reuniram-se dezenas de cidadãos e fundou-se a Associação de Escolas Móveis, com o fim de ensinar a ler, escrever e contar pelo método de João de Deus. A Associação é hoje a Associação de Jardins Escolas João de Deus, uma Instituição Particular de Solidariedade Social dedicada à educação e à cultura. No ano de 1895 foi organizada uma enorme homenagem nacional ao poeta, alegadamente por iniciativa dos estudantes de Coimbra; nesta homenagem a que o rei D. Carlos se associou, este condecorou-o com a Grã-Cruz da Ordem de Santiago de Espada. João de Deus faleceu na cidade de Lisboa a 11 de Janeiro de 1896, encontrando-se o seu túmulo no Panteão Nacional.
F I M


Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal” Banco de Portugal. Wikipedia João de Barros. Trechos avulsos.

Óbidos Março de 2010. Publicado no Jornal das Caldas de 16-02-2011






CENTENÁRIO DA IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA
Vultos da República
18º. Artigo



Afonso Augusto da Costa mais conhecido por Afonso Costa, exposto, nasceu em São Tiago, Seia, no dia 6 de Março de 1871, sendo perfilhado no ano de 1884, por Ana Augusta Pereira, residindo com ela desde tenra idade. Foi republicano, maçon, advogado, professor universitário, político, estadista e diplomata. No ano de 1883 ingressa no Liceu da Guarda, onde realizou os primeiros exames secundários. Em 1886 matriculou-se no colégio de Nossa Senhora da Glória, onde conclui os estudos secundários. Matriculou-se no curso de Direito na Universidade de Coimbra no ano de 1888, onde se distinguiu como um brilhante aluno, tendo concluído a licenciatura no ano de 1894. Publicou conjuntamente com António José de Almeida no ano de 1890 o jornal anti-democrático “Ultimatum”, tendo estado implicado na revolta de 31 de Janeiro de 1891. Casou no ano de 1892 com Alzira Coelho de Campos de Barros Abreu, de quem teve 3 filhos. No ano de 1895 doutorou-se com a dissertação “A Igreja e a Questão Social”, obra esta que atacava profundamente a então recente encíclica “ Rerum Novarum”. No ano de 1896 foi nomeado docente da Universidade de Coimbra, onde leccionou as cadeiras de Direito Civil, Economia Política e Organização Judiciaria. Foi nesta cidade de Coimbra que começou a sua adesão à causa republicana, sendo muito próximo além de outros, de Magalhães Lima. A sua actividade política intensificou-se gradualmente. Como deputado republicano desde 1899; são de todos conhecidos os seus dons oratórios na sua agressividade e acutilância para com os adversários políticos. Em Maio de 1900 foi nomeado lente, sendo considerado um dos académicos mais notáveis e brilhantes do seu tempo, tornando-se no mais novo elemento do corpo catedrático. No ano de 1905, aderiu à Maçonaria. Durante os últimos anos da Monarquia foi eleito deputado pelo Partido Republicano nos anos de 1899, 1906, 1907, 1908 e 1910, contribuindo fortemente para a sua queda, desempenhando um papel fulcral na agitação política. Após a proclamação da República fez parte integrante do Governo Provisório, abraçando a pasta da Justiça, lugar que ocupou até à dissolução deste, após ter aprovação da nova Constituição a 4 de Setembro de 1911. A sua acção governativa pautou-se por inúmeras iniciativas políticas que conduziram à elaboração de leis como a “Lei da Família”, a “Lei do Registo Civil”, a “Lei do Divórcio”, a “Lei da Separação do Estado e da Igreja”, a “Lei do Inquilinato, a “Lei da Reorganização Judiciária”, a “Lei da Reforma Monetária”, a “Lei da Expulsão das Ordens Religiosas”, etc. Era um anti-clerical de nomeada, tendo-lhe sido alcunhada entre outras a “do novo mata frades”, devido à perseguição tenaz encetada contra a igreja e ordens religiosas. Neste mesmo ano fundou o Partido Democrático, em virtude de um processo de secessão entre republicanos, assumindo a liderança; com esta secessão surge um outro partido de facção mais moderada, o Partido Evolucionista. Neste mesmo ano fundou o jornal “O Mundo”. Presidiu a três governos: o primeiro entre 9 de Janeiro de 1913 a 9 de Fevereiro de 1914, acumulando a pasta das Finanças; integrado por democráticos e pelos independentes agrupados. Em Março deste ano assume as funções de professor e director da Faculdade de Direito e Estudos Sociais de Lisboa, onde permaneceu até Janeiro de 1915. Em Junho deste ano ganha as eleições, não assumindo a chefia do governo, em virtude de um desastre que sofreu ao saltar pela janela de um eléctrico em andamento, o que lhe causou ferimentos graves, tendo que viajar para o estrangeiro para aí receber tratamentos adequados. O segundo governo entre 29 de Novembro de 1915 e 15 de Março de 1916, acumulando também a pasta das Finanças. Foi um defensor acérrimo da causa aliada, e o principal promotor da participação de Portugal na 1ª. Guerra Mundial. Entre 15 de Março e 25 de Abril de 1917, assume a pasta das Finanças no governo da União Sagrada, presidido por António José de Almeida. O terceiro governo entre 25 de Abril a 10 de Dezembro de 1917, acumulando também a pasta das Finanças. Em Outubro deste ano visitou as tropas do Corpo Expedicionário Português na Flandres conjuntamente com Bernardino Machado; de regresso a Portugal foi preso durante 110 dias no Porto por ocasião do golpe de estado promovido por Sidónio Pais em Dezembro de 1917. Após a sua libertação foi para Paris, não mais exerceria funções políticas em Portugal, preferindo permanecer no estrangeiro, onde acabou por desempenhar diversas missões diplomáticas importantes. Em 12 de Março de 1919 passou a chefiar a delegação portuguesa à Conferência de Paz, assinando em representação de Portugal o Tratado de Versalhes, em Junho desse ano. Foi o representante português na primeira assembleia da Sociedade das Nações. No ano de 1922 por falta de apoio parlamentar recusou formar governo. No ano seguinte apoiou a eleição de Manuel Teixeira Gomes a presidente da República. Por mais duas vezes recusou formar governo por manifesta falta de apoio parlamentar, apoiando o governo de Álvaro de Castro entre Dezembro de 1923 e Julho de 1924. Após a ditadura militar de 28 de Maio de 1926, foi afastado de todos os cargos. Opositor acérrimo a Salazar, exilou-se de vez em Paris. No ano de 1927 juntamente com outros anti-salazaristas, como Álvaro de Castro, António Sérgio, Jaime Cortesão, etc., fundou a Liga da Defesa da República, em Paris sendo eleito membro da Junta Directiva. No inicio de Janeiro de 1937 foi indigitado para Grão-Mestre das Maçonaria Portuguesa, cargo que não viria a assumir, em virtude do seu falecimento ocorrido em Maio do mesmo ano.
Publicou diversas obras relacionada com Direito Civil.
F I MBibliografia: wikipedia.org/Afonso Costa; arquivo. Guarda. Personalidades – Afonso - augusto – da -costa; registos paroquiais - arquivo distrital da Guarda.
Óbidos Janeiro de 2011- Editado no Jornal das Caldas em 16-02-2011

domingo, 13 de fevereiro de 2011




Artigo 39
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária

CEM ESCUDOS
Fernando Pessoa


Chapa 9

O retrato de Fernando Pessoa, poeta português de projecção mundial, foi o escolhido para terminar o ciclo das notas de 100$00, cujo retrato integra a parte da frente com a chapa número 9. O trabalho de gravação das chapas e da estampagem das notas foram efectuadas pela firma inglesa Thomas De La Rue & Cº. Ltd., Basingstoke, Hampshire. A maqueta é de autoria do Professor Luís Filipe de Abreu. A estampagem a talhe-doce da frente da nota, foi feita a três cores, com o tom predominante azul, engloba a efígie do poeta, trabalhos trapezoidais, dísticos e ornamentos. O fundo, impresso em “offset”, simultâneo. Com evolução de cor, do motivo principal, sobre o lado esquerdo, uma rosácea de centro pentagonal branco, elemento de registo frente e verso, quando visto à transparência. O verso da nota tem uma estampagem a talhe-doce, também a três cores, apresenta dísticos e uma rosa. O fundo do verso também em “offset” simultâneo, irisado apresenta como motivo principal, um emaranhado de fitas com heterónimos criados pelo poeta, envolvendo o desenho pentagonal do registo frente e verso. Possui uma marca de água no lado direito da nota representada pela cabeça descoberta do poeta de perfil para a direita. Incorporado na nota um filete de segurança microimpresso com a palavra “Portugal”, e quando sob incidência de luz ultravioleta, fibras florescentes vermelhas e verdes sobre a superfície. Dimensões da nota 149 x 74 mm. Foram emitidas 135 449 000 notas com as datas de 16 de Outubro de 1986, 12 de Fevereiro de 1987, 3 de Dezembro de 1987, 26 de Maio de 1988 e 24 de Novembro de 1988. Foram retiradas de circulação em 31 de Janeiro de 1992.
Biografia:
Fernando António Nogueira Pessoa, mais conhecido por Fernando Pessoa, nasceu na cidade de Lisboa, a 13 de Junho de 1888, escritor e poeta, dos maiores da língua portuguesa, logo seguido a Camões, era oriundo de famílias da pequena burguesia, filho de Joaquim de Seabra Pessoa e de sua mulher Maria Magdalena Pinheiro Nogueira Pessoa. Fernando Pessoa teve uma infância bastante marcada pelo infortúnio; no ano de 1893 e com apenas 5 anos de idade, perdeu o convívio do pai, por morte deste. Em 1894, viu partir o irmão Jorge. É por este ano que surge o primeiro heterónimo (Chevalier de Pas). Neste ano o seu futuro padrasto é nomeado cônsul em Durban (África do Sul). A mãe casou-se por procuração com o cônsul João Miguel Rosa. No inicio de ano de 1896 a família partiu para Durban, e no fim desse ano nasce a irmã Henriqueta. A formação e a educação de Pessoa foi de origem inglesa, pois a sua juventude foi toda passada na África do Sul. Esta educação proporcionou-lhe um grande contacto com a língua adoptiva, sendo os seus primeiros escritos e estudos expressos em inglês; mantém contacto com a literatura inglesa através de autores de expressão europeia, como; Shakespeare, John Milton, Edgar Allan Poe, Lord Byton, entre outros. No ano de 1897 fez o curso primário. Em 1898 nasceu a segunda irmã, Madalena. No ano seguinte, em 1899, ingressou no Durban High School; cria o pseudónimo “Alexander Search”. Em 1900 ao dobrar do século, a família é aumentada com o nascimento do irmão Luís Miguel. No ano de 1901 foi aprovado com distinção no exame Cape School High Examination. Sofreu um desgosto com a morte da irmã Madalena. Escreveu o primeiro poema infantil “À Minha Querida Mamã”. Iniciou a composição das primeiras poesias em língua inglesa. No mês de Agosto deste ano a família partiu de viagem para uma visita a Portugal. No ano de 1902, nasceu em Lisboa o seu irmão João Maria. Pessoa deslocou-se à ilha Terceira em visita a familiares, pois sua mãe era oriunda desta ilha; neste mesmo ano deslocou-se também a Tavira e aí entrou em contacto com a família paterna, donde seu pai era oriundo e escreveu o poema “Quando ela passa”. No ano de 1902 a família regressou a Durban. No ano seguinte em 1903, candidatou-se à Universidade do Cabo da Boa Esperança conseguindo tirar a melhor nota de entre os 900 candidatos, recebendo o “Queen Victoria Memorial Prize” (Prémio Rainha Vitória). No ano seguinte, 1904 nasceu sua irmã Maria Clara. Terminou os estudos em Durban. Aprofunda a sua cultura lendo clássicos ingleses e latinos; escreveu poesia e prosa em língua inglesa, surgindo os heterónimos Charles Robert Anon e H.M.F.Lecher. Em 1905 decidiu regressar de vez a Portugal, indo viver com a sua avó, continuando a escrever poemas em inglês. No ano de 1906 a mãe e o padrasto regressam a Portugal, indo Pessoa viver com eles. Em Outubro, matriculou-se no Curso Superior de Letras; sofreu mais um desgosto com a morte da irmã Maria Clara. Em 1907 a família regressou à África do Sul - Durban excepto Fernando Pessoa que foi morar com a sua avó. Entretanto desistiu do curso em Agosto, e passado um curto espaço de tempo faleceu a sua avó; esta, deixou-lhe em testamento alguns dinheiros que rapidamente aplicou na montagem de uma pequena tipografia, que após alguns meses abre falência, obrigando a encerrá-la. No ano de 1908, dedicou-se à tradução de correspondência comercial, uma actividade que desempenhou durante toda a sua vida, tendo uma modesta projecção social na vida pública. No ano de 1910, redigiu poesias e prosas nas línguas portuguesa, francesa e inglesa. Neste ano iniciou a actividade de ensaísta e crítico literário com os artigos “Reicidindo…”, A Nova Poesia Portuguesa Sociologicamente Considerada” e “A Nova Poesia Portuguesa no seu Aspecto Psicológico”, publicados na revista A Águia. O ano de 1913 foi de intensa produção literária, escreveu “O Marinheiro”. Em 1914, criou os heterónimos Ricardo Reis, Álvaro de Campos, Alberto Caeiro e Bernardo Soares, em que nas próprias palavras deste dizia, “A minha pátria é a língua portuguesa”. Neste ano escreveu os poemas “O Guardador de Rebanhos” e o ” Livro do Desassossego”. Em 1915 saiu o primeiro número de Orpheu. Em 1916 sofreu mais um grande desgosto com a morte do seu grande amigo Mário de Sá Carneiro. Em 1918 escreveu poemas em inglês que são publicados no jornal “Times”. No ano de 1920 conheceu Ofélia Queiroz, mas devido a problemas de saúde relacionados com uma depressão, rompeu o relacionamento com a mesma. A mãe e os irmãos regressam a Portugal. Fundou a editora Olisipo, onde publicou poemas em inglês no ano de 1921. Em 1924 surgiu uma nova revista “Atena”, dirigida por Pessoa e Rui Vaz. Um outro desgosto sofreu com a morte de sua mãe em 1925. Dirigiu com um seu cunhado a “Revista de Comércio e Contabilidade”. No ano seguinte passou a colaborar com a revista Presença. Em 1929 voltou a relacionar-se com Ofélia, rompendo o relacionamento no ano de 1931. Publicou em 1934 o livro “Mensagem”, que era composto de poemas dedicados às grandes personagens históricas portuguesas. Foi a única colectânea editada em vida de Fernando Pessoa. Criou vários heterónimos, mas dos que mais se destacaram foram: 1- Bernardo Soares, o autor do Livro do Desassossego, importante obra literária do século XX. Foi considerado um semi-heterónimo, por ter imensas semelhanças com Fernando Pessoa. II- Álvaro de Campos, era a personagem de um engenheiro de origem portuguesa, mas de educação inglesa, com a sensação de se mostrar um estrangeiro em qualquer parte do mundo. Foi com este heterónimo que escreveu um dos mais conhecidos poemas ”Tabacaria”. Era uma personagem crítica e revoltada, fazendo a apologia da vida moderna, em linguagem um pouco radical. III- Ricardo Reis era um médico que se exprimia em línguas latinas e revia-se como um monárquico. Era o símbolo de herança clássica na literatura ocidental. Segundo Pessoa, Reis mudou-se para o Brasil, como protesto da implantação da República. IV- Alberto Caeiro era a personagem natural da cidade de Lisboa, iletrado com apenas a instrução primária, teria vivido a quase totalidade da sua vida como camponês, mas considerado o mestre dos heterónimos. Este heterónimo de Pessoa foi o único a não escrever prosa.
Pessoa é um poeta universal, na medida em que caindo por vezes em contradições, tem uma visão simultânea múltipla e unitária da vida. A explicação da criação dos principais heterónimos, prende-se com as várias formas que tinha de ver o mundo, servindo-se do racionalismo e pensamento oriental. Pessoa é o primeiro português a figurar na Plêiade (Collection Bibliothèque de la Pléiade), colecção francesa de grandes nomes da literatura mundial.
A sua obra bastante extensa é apreciada em todo o mundo, estando traduzido em muitas línguas.
Faleceu, solteiro no dia 30 de Novembro de 1935, na cidade de Lisboa.

F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal” Banco de Portugal. Wikipedia/Fernando Pessoa. Trechos avulsos.
Publicado no Jornal das Caldas em 09-02-2011
CENTENÁRIO DA IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA
Vultos da República
17º. Artigo




João Duarte de Meneses nasceu na cidade de Lisboa a 22 de Abril de 1868. Foi advogado, político e jornalista. Cursou Direito na Universidade de Coimbra entre os anos de 1886 e 1895, alcançando o bacharelato. Exerceu a advocacia na cidade do Porto e na cidade de Lisboa. Foi membro da Maçonaria, tendo-se iniciado no ano de 1892, na loja “Simpatia”, com o nome de Oberdank. Foi redactor político dos periódicos, “Voz Pública” e “O Norte”, tendo sido o fundador deste último, assim como do periódico lisboeta “O Debate”. ”Filiou-se no Partido Republicano, tendo sido eleito deputado nos anos de 1906, 1908, 1910 e 1911. ”. Na legislatura de 1906 e 1908, foi deputado eleito pelo círculo do Funchal. Foi também secretário da redacção do jornal republicano “A Luta”. Acérrimo defensor de ideais republicanos foi considerado um polemista notável, de postura correcta em relação aos adversários políticos, que o tinham em consideração e por ele nutriam enorme respeito e consideração. Devido aos seus ideais políticos, foi preso durante três meses no Limoeiro. Foi Ministro da Marinha entre 3 de Setembro e 12 de Novembro de 1911 no governo de João Chagas. Desempenhou o cargo de presidente do Supremo Tribunal Administrativo. Escreveu uma obra com o titulo “A Nova Fase do Socialismo”. Faleceu em Lisboa a 8 de Abril de 1918.

F I M
Bibliografia: wikipedia/João de Meneses; Dicionário Histórico, Meneses (João Duarte de); João Duarte Meneses (1868/1918). Fundação Mário Soares.
Óbidos – Janeiro de 2011
Publicado no Jornal das Caldas de 09-02-2011




domingo, 6 de fevereiro de 2011



Artigo 38
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda

CEM ESCUDOS

Bocage

Chapa 8
A figura de Bocage, apresentado na frente da nota com a chapa 8, foi a escolhida pelo Banco de Portugal para a ilustração da sua penúltima nota de cem escudos. As maquetas iniciais são da autoria do arquitecto João de Sousa Araújo. O fabrico e a estampagem das notas ficaram a cargo da casa Bradbury, Wilkinson & Cº. Ltd., New Malden, Surrey. A frente da nota é composta por duas estampagens calcográficas; uma a azul com o retrato do poeta Bocage, que teve por modelo uma gravura delineada pelo pintor Henrique José da Silva e pelo mestre italiano Francesco Bartolozzi, no ano de 1806 e ornamentos; a outra a castanho acinzentado, com a legenda Banco de Portugal, o escudo nacional e o número 100 no canto superior direito. O verso tem uma estampagem calcográfica, a azul, apresentando uma gravura antiga “O Rossio nos princípios do século XIX”, na cidade de Lisboa. Os fundos da frente e do verso das notas são impressos em “offset” e constituídos por desenhos ornamentais. O papel é de fabrico de Portals, Limited, Overton, Basingstoke, Hampshire, tem como marca de água o retrato de Bocage, e na parte inferior a legenda Banco de Portugal. Possui um filete de segurança, descontínuo. Dimensões da nota 149 x 74 mm. Foram emitidas 64 344 000 notas com as datas de 2 de Setembro de 1980, 24 de Fevereiro de 1981, 31 de Janeiro de 1984, 12 de Março de 1985 e 4 de Junho de 1985. A primeira emissão de 3 de Dezembro de 1980, e a última em 4 de Junho de 1985. Foram retiradas de circulação em 31 de Maio de 1990.
Biografia:
Manuel Maria Barbosa du Bocage, mais conhecido por Bocage, nasceu em Setúbal, em 15 de Setembro de 1765; era um dos cinco filhos de José Luís Soares de Barbosa, juiz de fora, ouvidor e advogado, e de sua mulher Mariana Joaquina Xavier l´Hedois Lustoff du Bocage. Foi um poeta satírico português, árcade e precursor do romantismo em Portugal. Foi o maior representante do arcadismo lusitano: - “ escola literária, surgida no século XVIII, na Europa, sendo a sua principal característica a exaltação à natureza”. A veia poética de Bocage tem ascendentes familiares, pois sua mãe era sobrinha da célebre poetisa francesa Anne-Marie Le Page du Bocage, autora da tragédia “As Amazonas” e do poema em dez cantos “A Columbiada”. Bocage teve uma infância muito infeliz marcada naturalmente pela prisão do pai durante seis anos e da morte da mãe quando tinha apenas dez anos. Não se sabe se estudou, mas segundo a sua obra, tudo indica que estudou os clássicos, as mitologias gregas, latinas, e estudou a língua francesa. No ano de 1781, assentou praça, aí permanecendo até finais de 1783. Neste mesmo ano foi admitido na Escola da Marinha Real, onde cursou para guarda marinha. Na parte final do curso desertou, quando a sua fama como poeta e versejador corriam por toda a cidade de Lisboa. No ano de 1786, embarca como oficial de marinha para a Índia, atracando no Rio de Janeiro em Junho do mesmo ano. Depressa se encantou pela bela cidade; pretendendo permanecer por ali, dedicou ao Governador alguns poemas cheios de bajulações, com o fim de obter os seus intentos; como não era pessoa que se deixasse levar em modos de servilismo, este fez Bocage prosseguir viagem para as Índias. Bocage chegou à Índia, após uma escala na ilha de Moçambique, em Outubro de 1786. Na cidade de Pangim continuou os seus estudos regulares da marinha, após os quais foi colocado em Damão. No ano de 1789, desertou e embarcou para Macau. Foi preso pela Inquisição; nesse espaço de tempo dedicou-o à tradução dos melhores poetas franceses e italianos de então. A sua maior produtividade literária concorreu com o período de maior boémia e de aventuras, que se prolongaram pela última década de noventa. No ano de 1790 foi convidado a aderir à Academia das Belas Artes, ou a Nova Arcádia, o qual aceitou de imediato, adoptando o pseudónimo de “Elmano Sadino”. Este convite foi uma passagem efémera, pois pouco depois escrevia fortes e ferozes sátiras contra os confrades. No ano de 1791, publica-se a 1ª.edição das “Rimas”. Em Agosto de 1797, foi-lhe dada ordem de prisão, alegando que era uma pessoa portadora da “desordem nos costumes”, sendo encarcerado, primeiro no Limoeiro em Lisboa, e depois no Real Hospício das Necessidades, até Novembro do mesmo ano. Durante este espaço de tempo, Bocage, talvez por interferência dos padres beneditinos, mudou o seu comportamento, começando a trabalhar como redactor e tradutor de obras literárias; saiu em liberdade no último dia do ano de 1798. De 1799 a 1801, trabalhou afincadamente com Frei José Mariano da Conceição Veloso, frade de origem brasileira e politicamente bem visto nas graças do Intendente Pina Manique, que o encarregou de trabalhos para tradução. Muitos atribuem a autoria de muitas anedotas grosseiras a Bocage, o que não é verdade, pois na Lisboa de então e em especial na última década do século XVIII, uma das intervenções do Intendente Pina Manique, visou pôr ordem na cidade, devido aos excessos que aí proliferavam. Bocage faleceu na cidade de Lisboa em 21 de Dezembro de 1805 com um aneurisma numa casa modesta e de aluguer.
Principais obras: 1- A Morte de D. Ignez; 2- A Pavorosa Ilusão; 3- A Virtude Laureada; 4- Elegia; 5- Improvisos de Bocage; 6- Mágoas Amorosas de Elmano; 7- Queixumes do Pastor Elmano contra a Falsidade da Pastora Urselina. Obras traduzidas: 1- As plantas; 2- Os jardins ou a arte de aformesear as paizagens.

Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. História de Portugal de Pinheiro Chagas; Wikipedia. Trechos avulsos.
Óbidos, Março 2010.
Publicado no Jornal das Caldas em 03-02-2011
CENTENÁRIO DA IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA
Vultos da República

Augusto César de Almeida Vasconcelos Correia, mais conhecido por Augusto de Vasconcelos, nasceu na cidade de Lisboa a 25 de Setembro de 1867, filho de Júlio César de Vasconcelos Correia e de sua mulher Constança de Almeida Vasconcelos. Foi médico, professor de Medicina na Faculdade de Medicina de Lisboa, político e diplomata português da Primeira República. Frequentou e licenciou-se na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa no ano de 1891, com a tese de Higiene Hospitalar. Nosocomialismo e Microbismo. Em Novembro de 1899 foi nomeado demonstrador da secção cirúrgica, e no ano de 1903 ascende a lente substituto. Em 1906 alcança a cátedra de Anatomia Descritiva e Topografia. Desempenhou diversos cargos de relevo como médico; director de enfermaria no Hospital do Desterro; cirurgião - chefe do Hospital de São José; director clínico e enfermeiro – mor dos Hospitais Civis. Augusto Vasconcelos desde tenra idade defendeu os ideais republicanos, de índole moderada. Era considerado amigo pessoal de Afonso Costa e politicamente próximo de Brito Camacho. Escreveu no diário A Pátria conjuntamente com Higino de Sousa e Cipriano da Fonseca. Aquando da Implantação da República, desempenhava as funções de Presidente da Comissão Municipal do Partido Republicano, cooperando de imediato com o Governo Provisório, para integrar uma comissão encarregada de proceder a um inquérito aos serviços do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Em Março de 1911 foi nomeado enviado Extraordinário e Ministro Plenipotenciário em Madrid, sendo exonerado em 12 de Outubro corrente. É nomeado Ministro dos Negócios Estrangeiros neste mês de Outubro, na governação de João Chagas. Após as incursões monárquicas de Outubro do mesmo ano e subsequente crise ministerial, forma um governo de 12 de Novembro de 1911 a 16 de Junho de 1912, no qual exerce a Presidência acumulando a pasta dos Negócios Estrangeiros. Em Junho de 1912, após vários incidentes parlamentares o Governo pede e demissão encarregando-o de formar novo governo, o qual declinou, mantendo contudo a pasta dos Estrangeiros. Em 1913, com Afonso Costa como Presidente do Governo, foi nomeado Ministro de Portugal em Madrid, onde se manteve até 1914. Entre 1914 e 1919 Augusto Vasconcelos foi transferido para Londres como ministro Plenipotenciário, altura em que a embaixada tinha um papel crucial na condução política do conflito (1ª.Guerra Mundial). Terminada a guerra chefiou no ano de 1919 a delegação portuguesa à Conferência de Paz em Paris. Desempenhou o cargo de senador pelo Porto entre 1922-1925 e 1925-1926. Foi colocado na Sociedade das Nações, organismo no qual foi delegado português em 1934-1935, presidindo nessa altura à respectiva Assembleia Geral. Desenvolveu uma acção de relevo com esforços diplomáticos para pôr termo à Guerra do Chaco, que opôs no ano de 1935 a Bolívia ao Paraguai. No ano de 1937 por atingir o limite de idade pede a sua exoneração do cargo. Foi sócio titular da Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa, da Associação dos Médicos Portugueses, e da Assistência Nacional aos Tuberculosos e membro de muitas mais instituições estrangeiras. Colaborou em diversas revistas cientificas de Medicina, e nos periódicos País e Mundo. Faleceu em Lisboa a 27 de Setembro de 1951.

F I M
Bibliografia: wikipedia.org/wiki/Augusto;
Óbidos - Janeiro de 2011
Publicado no Jornal das Caldas de 03-02-2011