sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

CENTENÁRIO DA IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA
Vultos da República
19º. Artigo

Sidónio Bernardino Cardoso da Silva Pais mais conhecido por Sidónio Pais, nasceu em Caminha no dia 1 de Maio de 1872, filho de Sidónio Alberto Marrocos Pais e de sua mulher Rita Júlia Cardoso da Silva. Além de militar e político, desempenhou cargos de deputado, ministro do Fomento e das Finanças, embaixador em Berlim e por último presidente da República. Concluiu os seus estudos secundários no Liceu de Viana do Castelo, após os quais, seguiu para Coimbra onde cursou os preparatórios de Matemática e Filosofia. No ano de 1888, alistou-se como voluntário no Regimento de Infantaria 23, sendo promovido de imediato a sargento-chefe. Em 1891 assina o Manifesto Académico redigido por João Meneses. No ano seguinte completou o curso com distinção e foi promovido a alferes. Após a conclusão do curso da Escola do Exército, matriculou-se na Universidade de Coimbra, onde se licenciou em Matemática, doutorando-se na mesma disciplina no ano de 1898. Durante este espaço de tempo pertenceu à Maçonaria na “Loja Estrela de Alva” de Coimbra, com o nome simbólico de “Irmão Carlyle”, mas por pouco tempo. Em 1895 foi promovido ao posto de tenente. Casou-se nesse ano com Maria dos Prazeres Martins Bessa, de quem teve cinco filhos. Em 1899, ingressou no corpo docente da Faculdade de Matemática onde foi nomeado professor catedrático para reger a cadeira de Cálculo Diferencial e Integral. Foi promovido ao posto de capitão no ano de 1906. Após a implantação da República foi uma pessoa que se notabilizou na vida política activa. Foi nomeado vice-reitor da Universidade de Coimbra em Outubro de 1910, tendo como reitor o Dr. Manuel de Arriaga. Em 1911 foi deputado à Assembleia Nacional Constituinte pelo círculo de Aveiro. Entre Agosto e Novembro de 1911 foi nomeado Ministro do Fomento, presidido por João Chagas. Nomeado Ministro das Finanças no governo de Augusto de Vasconcelos Correia, entre 7 de Novembro de 1911 e 16 de Junho de 1912. Nesse mesmo ano foi nomeado ministro plenipotenciário de Portugal em Berlim, até Março de 1916, data em que a Alemanha declarou guerra a Portugal, na sequência do aprisionamento dos seus navios que se encontravam ancorados em portos portugueses. Regressou a Portugal com a declaração de estado de guerra entre a Alemanha e Portugal vindo a engrossar a fileira daqueles que se opunham à participação de Portugal na Grande Guerra. Foi considerado um germanófilo pelas atitudes e actos que tomou durante os anos que serviu Portugal em Berlim, e depois em Portugal, co-responsabilizando o governo de então pelos maus resultados obtidos pelo Corpo Expedicionário Português na frente de batalha, na Flandres. Foi promovido ao posto de major neste mesmo ano. Entre 5 e 8 de Dezembro de 1917, liderou uma insurreição que terminou num golpe militar, contra o Governo do Partido Democrático, chefiado por Afonso Costa, o qual saiu vitorioso após três dias de duros confrontos. Exonerou o Governo da União Sagrada, prendendo Afonso Costa no Porto e destituindo Bernardino Machado do cargo de Presidente da República, forçando-o ao exílio. Em 11 de Dezembro do mesmo ano Sidónio tomou posse como Presidente do Governo, acumulando as pastas do Ministério da Guerra e de Ministro dos Negócios Estrangeiros, em profunda ruptura com a Constituição de 1911 que ajudara a redigir. A 27 do mesmo mês assumiu a Presidência da República. Inicia a emissão de decretos ditatoriais, sobre os quais não consulta o Congresso da República, e suspende partes fulcrais da Constituição, dando origem a um regime presidencialista. Esta nova arquitectura de sistema político, colocava o Presidente numa posição de poder que não tinha paralelo desde o fim do absolutismo monárquico; daí o epíteto de “Presidente Rei”. Tenta apaziguar as relações com a Igreja Católica Romana, em guerra com o regime republicano desde 1911, com a alteração da Lei de Separação entre a Igreja e o Estado, suscitando reacções tenazes por parte dos republicanos e da Maçonaria, obtendo em contrapartida o apoio dos católicos maioritariamente analfabetos e ignorantes, de alguns republicanos moderados, enfim da maioria dos portugueses. Um outro movimento inconstitucional datado de 18 de Março do mesmo ano estabeleceu o sufrágio directo e universal para a Eleição do Presidente da República. Ao abrigo deste sufrágio foi eleito Presidente da República em 28 de Abril de 1918. As tropas portuguesas acantonadas na Flandres sofreram uma derrota e o Corpo Expedicionário Português foi desmantelado, sem serem substituídas por outras. Sidónio Pais tomou uma posição deplorante perante as nossas tropas, pois mandou regressar a Portugal os melhores militares que se encontravam na Flandres, abandonando de certo modo os que lá estavam, pois não autorizava o envio de mais forças para substituir as que lá se encontravam bastante cansadas e esgotadas. A contestação social sobe de tom, e dá origem ao fim do estado de graça de Sidónio. A partir do verão de 1918 por diversas vezes se tenta pôr fim ao regime sidonista aumentando a violência o que obrigou o Presidente a decretar o estado de sítio em Outubro. Em Novembro, após a assinatura do Armistício da Grande Guerra, entra-se numa espiral de violência. Em Dezembro durante uma cerimónia de condecoração dos sobreviventes do barco de guerra Augusto de Castilho sofre um atentado saindo ileso. No trágico dia 14 de Dezembro de 1918, quando se encontrava na estação do Rossio foi alvejado com um tiro, vindo a falecer no mesmo dia. O seu funeral reuniu muitas dezenas de milhares de pessoas, num percurso longo e por vezes interrompido por violentos incidentes. Entrou no imaginário português, em particular dos sectores mais conservadores da igreja, como um misto de salvador e mártir.
F I M
Bibliografia: vidas lusófonas /sidónio pais; wikipedia / Sidónio Pais; história da 1ª. Republica; Sidónio Pais – Dicionário Histórico.
Óbidos – Janeiro de 2011.
Publicado no Jornal das Caldas em 23-02-2011

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