sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011



Artigo 41
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda

QUINHENTOS ESCUDOS

Vasco da Gama




Chapa 2
A figura do maior navegador e explorador português dos fins do século XV e princípios do século XVI, Vasco da Gama, é a que se apresenta nesta segunda nota de 500$00 com a chapa 2. A gravação das chapas e as estampagens das notas foram efectuadas pela casa inglesa Wartelow & Sons Ltd., de Londres. A frente da nota é composta por duas estampagens calcográficas; uma, em tom avermelhado contém os desenhos da orla e as molduras do retrato e das naus que compunham a sua frota; a segunda estampagem, a preto engloba o retrato de Vasco da Gama, navegador português que descobriu o caminho marítimo para a Índia, as naus, o mar e diversos dísticos. O fundo da frente da nota, foi executado por processo tipográfico, a duas cores, constituído por linhas paralelas (rectas ondulantes), um desenho geométrico e a legenda Banco de Portugal. O verso foi estampado na mesma cor avermelhada, com um trabalho de torno geométrico em linha branca, sobre um fundo simples e linhas ondulantes paralelas. O papel é de fabrico inglês, e tem como marca de água a legenda Banco de Portugal, formando repetidamente linhas rectas paralelas em todo o sentido longitudinal. Dimensões da nota 188 x 111 mm. Foram emitidas 600 000 notas com a data de 17 de Novembro de 1922. Primeira emissão, 14 de Fevereiro de 1924 e última, 17 de Outubro de 1924. Foi retirada de circulação em Dezembro de 1925, dois dias após o aparecimento de notas com a mesma numeração.
A Fraude, conhecida por “Angola Metrópole”.
A firma fabricante das notas do Banco de Portugal tinha também fornecido notas estampadas com as mesmas chapas, a um grupo de burlões, mediante encomendas feitas com documentação falsa. Durante meses, tanto as notas do Banco de Portugal como as notas de emissão fraudulenta Marang nome de um dos implicados na fraude, circularam a par. Foi finalmente e por mera casualidade que numa agência bancária da cidade do Porto, e por intermédio de um empregado, se detectou a repetição do mesmo número de nota em dois exemplares, o que veio confirmar uma certa desconfiança que se tinha instalado com o aparecimento desmesurado deste tipo de notas. Posteriormente e, com a intervenção de peritos da firma estampadora, pôde referenciar-se, através de sinais ocultos e só do conhecimento dos mesmos quais as notas pertencentes a uma e a outra emissão. O Banco de Portugal entendeu que fossem abonadas aos portadores de reconhecida boa fé as notas de 500 escudos, Chapa 2 efígie de Vasco da Gama, quer sejam autênticas, quer as que façam parte daquelas que foram entregues por W. & S. a Marang e seus cúmplices. Nesta resolução havia somente restrição quanto às notas denominadas por “Camarões”, sujeita a sua troca a determinadas normas. A designação das notas “Camarões”, é proveniente do banho que os burlões lhes davam, inserindo-as numa solução de ácido cítrico, com o propósito de as livrar do cheiro muito activo de tinta fresca, resultando daí uma coloração muito semelhante à do marisco. No meio desta barafunda e após intensas observações que se fizeram às notas entretanto recolhidas, para aferir a que emissões pertenciam foram encontrados alguns grupos de três notas com a mesma numeração. Curiosidades a reter: Esta fraude permitiu de certa forma a construção do caminho de ferro de Benguela, na província de Angola - caso Alves dos Reis. No ano da falsificação, constava que os senhores da média e alta burguesia de Lisboa eram vistos a acender as suas cigarrilhas e charutos com as notas de quinhentos escudos.
Biografia:
Vasco da Gama nasceu em Sines entre os anos de 1460 e 1469, foi um dos mais brilhantes navegadores e exploradores do mundo de então. Era filho de Estêvão da Gama, que foi cavaleiro da casa de D. Fernando de Portugal, duque de Viseu e de sua mulher Isabel de Sodré de ascendência inglesa. Pouco se sabe do inicio de vida de Vasco da Gama, tudo leva a crer que estudou em Évora, onde poderá ter aprendido matemática de navegação, pois era conhecedor de astronomia, sendo possível que tenha sido aluno do astrónomo Abraão Zacuto. No ano de 1492 reinava D. João II, que o incumbiu de capturar algumas embarcações francesas em retaliação por depredações feitas em tempo de paz contra a navegação portuguesa na área compreendida entre Setúbal e o sul em plena costa algarvia, o que executou com rapidez e eficácia. Com esta atitude Vasco da Gama mostrou ter capacidades de chefia, responsabilidade e de aventura, o que lhe valeu viver sempre muito perto da corte, estudando as rotas efectuadas anteriormente por outros navegadores ao longo da costa ocidente de África. Quando D. Manuel I subiu ao trono, confiou o cargo de capitão - mor a Vasco da Gama, no ano de 1497, zarpando de Belém em demanda da Índia. A frota era composta por quatro embarcações que transportavam cento e setenta homens, entre marinheiros soldados e religiosos. Era uma expedição com fins exploratórios que levava cartas do rei D. Manuel I para reinos que porventura visitassem, padrões para se colocarem ao longo da costa e produtos que seriam úteis para proceder a trocas. A nau São Gabriel era comandada pelo próprio Vasco da Gama; a nau São Rafael era comandada pelo seu irmão Paulo da Gama; no regresso e com uma tripulação muito diminuta foi abatida em Melinde, prosseguindo noutra nau; a nau Bérrio foi comandada por Nicolau Coelho; e por fim a nau São Miguel que servia de apoio para transporte dos mais diversos materiais de manutenção, comandada por Gonçalo Nunes, incendiou-se na costa oriental de África. Após três meses de navegação, percorreram em mar aberto para além do equador e com o benefício dos ventos predominantes do atlântico sul, mais de 6 000 milhas. Em Dezembro encontravam-se na que é hoje a costa da África do Sul, baptizando uma zona com o nome de Natal, em referência a esse dia 25 de Dezembro. No ano de 1499 e após ter completado o contorno sul do continente africano, chegou à costa de Moçambique depois de ter sofrido fortes tempestades e ter dominado com mão pesada uma rebelião dos marinheiros. Após diversos contactos com o sultão de Moçambique e outras personagens na costa africana, que não foram de todo cordiais, seguiu para norte onde em Fevereiro do mesmo ano desembarca em Melinde, sendo recebido pelo sultão que lhe forneceu um experiente piloto árabe, conhecedor dos ventos predominantes e das monções, o que lhe permitiu chegar à costa sudoeste da Índia. Em Maio de 1498 a frota atraca em Calecute, ficando estabelecida a Rota do Cabo e aberto o caminho marítimo dos Europeus para a Índia. As negociações com o governador de Calecute e Vasco da Gama, foram difíceis, devido à diferença de culturas em presença, aos valores das mercadorias apresentadas, aos mercadores aí estabelecidos que viam nesta aproximação uma futura rivalidade. Foi assim que se procedeu ao primeiro contacto de povos do ocidente com os do oriente por via marítima. O regresso a Portugal foi dificultado em virtude do desconhecimento por parte de Vasco da Gama das monções e dos ventos contrários. A viagem até Melinde durou cerca de 132 dias, tendo as embarcações aportado em Janeiro de 1499, perdendo quase metade da sua tripulação, e tendo sido atingidos pelo escorbuto; somente cinquenta e cinco homens e duas embarcações chegaram a Portugal em Julho e Agosto de 1499. Vasco da Gama só regressaria a Portugal em Setembro do mesmo ano, pois teve de sepultar o irmão mais velho Paulo da Gama que entretanto adoecera e que acabara por falecer na ilha Terceira no arquipélago dos Açores. Por este feito foi recompensado por el-rei D. Manuel I com o título de “Almirante Mor dos Mares das Índias”, recebeu conjuntamente com os irmãos o título perpétuo de Dom e duas vilas, a de Sines e a de Vila Nova de Milfontes. Vasco da Gama voltou à Índia, nos anos de 1502 e 1524. Nesta última estada na Índia, desempenhou o cargo de Vice-rei por pouco tempo. Casou com D. Catarina de Ataíde de onde adveio uma geração de sete filhos. No poema épico ”Os Lusíadas”, de Luís de Camões centra-se nas grandes viagens e aventuras de Vasco da Gama por terras do oriente. Vasco da Gama destacou-se na era dos descobrimentos por ter sido o comandante dos primeiros navios a navegar directamente da Europa para a Índia, na mais longa viagem oceânica até então realizada, sendo superior a uma volta completa ao mundo pelo equador. Faleceu em Cochim, Índia a 24 de Dezembro de 1524.

F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal” Banco de Portugal. Wikipedia/Vasco da Gama. História de Portugal de Manuel Pinheiro Chagas – 3º. Volume. Trechos avulsos.
Óbidos, Março de 2010.
Publicado no Jornal das Caldas em 23-02-2011.

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