sábado, 4 de junho de 2011




Artigo 55
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda


MIL ESCUDOS

António Feliciano de Castilho



Chapa 2


Foi escolhido o retrato de António Feliciano de Castilho, poeta e prosador para a frente desta nota, e no verso as figuras simbolizando a Poesia e a Justiça. A frente da nota tem uma estampagem calcográfica com uma faixa central de cor avermelhada, onde sobressai ao centro o retrato de Castilho, esbatendo para uma cor verde para os lados, observando-se na cercadura trabalho de torno geométrico em linha branca e linha cheia. O fundo foi impresso tipograficamente em quatro cores (encarnado, verde, amarelo e azul), onde foi aplicado o sistema duplex com desenhos geométricos dispostos em íris. O verso da nota tem igualmente uma estampagem calcográfica a duas cores, sendo a vinheta central a verde bronze, sobressaindo as figuras da Poesia e da Justiça, esbatendo em tons vermelhos para os lados. A composição do fundo da nota, é idêntico ao da parte da frente. Todo este trabalho esteve a cargo da firma Bradbury, Wilkinson & Co. Ltd., de Londres. O fabrico do papel foi efectuado pela firma inglesa T. H. Saunders & Co. Ltd. of Purfleet Wharf, de Londres. Tem como marca de água, no lado esquerdo e quando observado à transparência pela frente, uma cabeça representando a Agricultura, de perfil para o centro. Dimensões da nota 187 x 113 mm. Foram emitidas 455 000 notas com as datas de 27 de Abril de 1922 e 13 de Abril de 1926. Primeira emissão, 28 de Março de 1924 e última emissão em 22 de Dezembro de 1928. Foram retiradas de circulação em 14 de Agosto de 1931.
Biografia:
António Feliciano de Castilho nasceu a 28 de Janeiro de 1800 na cidade de Lisboa, filho José Feliciano de Castilho, médico da Real Câmara e lente da Universidade Coimbra e de sua mulher Dona Domicilia Máxima de Castilho. Foi uma criança que teve uma infância marcada por dificuldades de saúde, incluindo sérios sintomas de tísica, as quais lhe provocaram a cegueira após um ataque de sarampo, impedindo-o durante o resto da vida de escrever e ler, tendo prosseguido os seus estudos ouvindo a leitura de textos e sendo obrigado a ditar a sua obra literária. Com a perda da visão os outros órgãos mais se apuraram como o da audição, que lhe permitiu o conhecimento profundo da língua portuguesa e de algumas línguas, conseguindo um conhecimento muito acentuado do latim, o que lhe permitiu distinguir-se como poeta de rara sensibilidade e prosador. Com apenas dezasseis anos de idade escreveu e publicou um “Epicédio na morte da Augustíssima senhora D. Maria I, rainha fidelíssima”, obra que foi reconhecida sendo-lhe concedida uma pensão com carácter de incentivo. No ano de 1818 publicou um poemeto, intitulado “À faustíssima aclamação de S. M. o Senhor Dom João VI ao trono. Estes dois trabalhos granjearam-lhe enorme prestígio, sendo-lhe atribuído um ofício de escrivão do Juízo da cidade de Coimbra. Cursou na Universidade de Coimbra com o seu irmão Augusto, onde se matricularam na Faculdades Cânones e estudaram humanidades clássicas, instruindo-se na procura dos poetas latinos. Em 1820 publicou uma “Ode à morte de Gomes Freire e seus Sócios”; imprimindo anonimamente nesse ano o elogio dramático “A Liberdade”. No ano seguinte publicou o poema “Cartas de Echo e Narciso”, dedicadas à mocidade coimbrã. Foi viver com o seu irmão para Sever do Vouga entre os anos 1826 e 1834, anos difíceis que se caracterizaram por perseguições políticas e violações de toda a ordem, a que se seguiu a Guerra Civil (1828-1834). Neste espaço de tempo para Feliciano de Castilho foram anos de acalmia, pois a terra serviu-lhe de refúgio, dedicando-se ao aprofundamento do estudo dos clássicos, traduzindo as “Metamorfoses” e os “Amores de Ovídio; escreveu imensos versos que os compilou nas “Escavações poéticas”. Casou com uma dama de nome Maria Isabel Baena Coimbra Portugal, no ano de 1834; deste casamento não adveio geração; enviuvou no ano de 1837. Divulgou através de fascículos a história de Portugal em número de oito, obra em que teve como colaborador Alexandre Herculano. Casou em segundas núpcias na ilha da Madeira, com Dona Ana Carlota Xavier Vidal, no ano de 1840, de onde adveio uma geração de sete filhos. Regressado a Lisboa em 1841, publicou o primeiro número da “Revista Universal Lisbonense”, por ele fundada e dirigida até ao ano de 1845. Atingiu o auge da sua produção literária, consolidando a sua reputação como escritor do regime, essencial para o sucesso literário no Portugal de então. Escreveu biografias de Garcia de Resende e do padre Manuel Bernardes. Em 1846 fez uma pequena incursão pela política, militando no partido Cartista; reconhecendo um enorme analfabetismo da população portuguesa, encetou uma luta pela qual se empenhou durante grande parte da sua vida, que consistia em fazer adoptar um método de leitura rápida, que se chamou o “Método Português” mais tarde conhecido por “Método Português de Castilho”, de aprendizagem da leitura, método este, que levantou enormes polémicas. Perante este excelente trabalho, o governo de então nomeou-o Comissário para a Propagação do Método Português e deu-lhe um lugar de destaque no Conselho Superior de Instrução Pública. O seu método nunca foi oficializado para uso generalizado nas escolas públicas, recusa que foi um pesar da vida de Castilho. Auto exilou-se nos Açores entre os anos de 1847 e 1850, onde aí conviveu com a nata da sociedade, escrevendo o “Estudo Histórico -Poético de Camões”, fundou uma tipografia onde imprimiu o jornal o Agricultor Michaelense; fundou a Sociedade das Letras e Artes, escreveu diversos trabalhos para uso nas escolas, etc.; apoiado pelas autarquias e por sua iniciativa criaram-se escolas, e aí se ensinou pela primeira vez a leitura repentina pelo Método Castilho. Regressou a Portugal em 1850, reforçando a sua luta contra aqueles que reprovaram o seu método de leitura, sendo publicadas diversas edições, com o nome de “Método Português de Castilho”, continuando a suas actividade de prosador e poeta. No ano de 1865 deslocou-se ao Brasil com o fim de alargar a todo o mundo lusófono o seu Método, sendo recebido pelo imperador D. Pedro II. Em 1858 D. Pedro V criou as cadeiras do Curso Superior de Letras de Lisboa, oferecendo a cadeira de literatura portuguesa a Castilho o qual declinou. No ano de 1866 foi a Paris e aí conheceu Alexandre Dumas de quem era um apaixonado. Publicou diversas obras em Paris e viu traduzido para a língua italiana a sua obra “Ciúmes de Bardo”. Foi-lhe concedido o título de visconde de Castilho em Maio de 1870. Enviuvou pela segunda vez no ano de 1871. Faleceu na cidade de Lisboa a 18 de Junho de 1875, sendo o seu funeral bastante concorrido, vendo-se representadas todas as classes da sociedade, dado o prestígio e fama por ele alcançados.

F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal” Banco de Portugal. Wikipedia.org/Antonio Feliciano Castilho; dicionário/Castilho António. Lello Universal.
Óbidos – Outubro 2010.


Publicado no Jornal das Caldas de 01-06-2011

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