quinta-feira, 9 de junho de 2011



Artigo 56
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda




MIL ESCUDOS
Visconde de Seabra






Chapa 3

0 Visconde António Luís de Seabra, político e jurisconsulto foi a figura escolhida para conjuntamente com uma gravura da Basílica da Estrela, emoldurarem a parte da frente desta nota. A da frente da nota é composta por duas estampagens calcográficas; uma a preto, contém a efígie do Visconde de Seabra (1798-1895), diversas legendas, uma vista da Igreja do Santíssimo Coração de Jesus (Basílica da Estrela), e a outra, a amarelo, apresenta a cercadura e moldura do retrato de guilhoché em linha branca. O fundo de composição simples e de técnica topográfica possui duas cores, amarelo e azul claro. No verso da nota realça-se o escudo nacional tomando-o por motivo principal. O trabalho de gravação das chapas e a estampagem das notas foi executado pela casa Waterlow & Sons. Ltd., de Londres. O papel de fabrico inglês, tem como marca de água a legenda Banco de Portugal, disposta longitudinalmente. Dimensões da nota 183 x 112 mm. Estas notas foram mandadas destruir (queimadas), por deliberação do Conselho de Administração, em virtude de problemas relacionados com a falta de autorização do Banco para a estampagem das notas e por ainda estar apenso um exemplar ao processo “Angola e Metrópole”.
Biografia:
António Luís de Seabra e Sousa, visconde de Seabra nasceu a bordo do navio Santa Cruz quando este navega ao largo do arquipélago de Cabo Verde, rumando para o Brasil a 2 de Dezembro de 1798; filho de António de Seabra da Mota e Silva, juiz desembargador da Relação do Porto e de sua mulher Doroteia Bernardina de Sousa Lobo Barreto. Foi um notável jurisconsulto, magistrado judicial, ministro de Estado, bacharel formado em Leis pela Universidade de Coimbra, reitor da mesma Universidade, juiz da Relação do Porto, deputado, Par do Reino, juiz do Supremo Tribunal de Justiça e um dos mais notáveis políticos do tempo da monarquia constitucional. Com apenas poucos anos de idade e por decreto de D. João VI foi nomeado cadete honorário do Regimento de Cavalaria da Nobreza da Comarca de Serro Frio, capitania de Minas Gerais. No ano de 1808 regressou a Portugal com a família instalando-se na província de Trás-os-Montes. Em 1814 matriculou-se no Colégio das Artes de Coimbra; no ano seguinte na Universidade de Coimbra, concluindo o curso de Direito no ano de 1820. Enquanto estudante universitário frequentou os meios intelectuais de Coimbra, nomeadamente a Sociedade dos Amigos das Letras, fundada por António Feliciano de Castilho, adquirindo uma cultura humanista que se veio a revelar nos seus escritos. Aqui conheceu e foi amigo de vultos literários da época. Ainda neste ano fundou na cidade de Coimbra o Jornal Cidadão Literato. No ano de 1821 foi colocado como juiz de fora em Alfandega da Fé, iniciando a sua carreira na magistratura judicial. Casou no ano de 1822 com Doroteia Honorata de Ferreira de Seabra da Mota e Silva, donde adveio uma geração de quatro filhos. Em 1823 pediu a demissão do seu cargo em virtude do resultado da “Vilafrancada” e em coerência com os seus princípios liberais. Entre os anos de 1823 e 1825, foi viver para casa dos pais em Vila Flor, dedicando-se à poesia e literatura, e à tradução de textos clássicos. Escreveu a “Ode a D. João VI”. Após o insucesso da “Belfastada” no ano de 1828, foi obrigado a refugiar-se na Galiza, levando a família integrado num grupo de liberais; daqui passou para Inglaterra, Bélgica e França onde se empregou como tradutor, ingressando na Maçonaria, sendo membro da Loja 14 de Rennes. Regressou a Portugal no ano de 1832, tendo participado no desembarque do Mindelo e no cerco do Porto, estando entre os famosos 7 500 Bravos do Mindelo. Em 1835 assumiu a Presidência da Junta do Depósito Público. Fundou no ano de 1836 o semanário Independente e em 1846 o Jornal Estrela do Norte. Foi procurador régio junto da Relação de Castelo Branco e da Relação de Lisboa. Exerceu as funções de Presidente do Tribunal da Relação do Porto no ano de 1852. Como deputado foi eleito pelos círculos de Trás-os-Montes (1834, 1836-1837), Penafiel (1837), Porto (1840), Moncorvo (1840 e 1852), Aveiro (1851 e 1856), e Anadia (1861). Foi Presidente da Câmara dos Deputados nos anos de 1859 e 1862. Foi encarregue de redigir a primeira reforma do ensino, depois da que foi efectuada pelo Marquês de Pombal. Foi elevado a Par do Reino e depois Presidente da Câmara dos Partes do Reino. Exerceu as funções de ministro dos Negócios do Reino da Junta Provisória do Governo que se formou no contexto da Patuleia em 1846, e foi ministro da Justiça e ministro de Estado Honorário no ano de 1852. Exerceu a Presidência da reitoria da Universidade de Coimbra durante alguns anos. Foi um dos pilares e autores do projecto do primeiro Código Português, o qual entrou em vigência no ano de 1867 até ao ano de 1967. Casou em segundas núpcias com Ana de Jesus Teixeira em 1870, donde adveio um filho. Era senhor da Casa de São Lourenço e da Quinta de Santa Luzia, em Mogofores ambas no concelho da Anadia. Foi elevado a Par do Reino por carta régia no ano de 1862 e feito 1º.visconde de Seabra por decreto de Abril de 1865 do rei D. Luís. Foi comendador de diversas Ordens. Faleceu na sua Quinta de Santa Luzia, Mogofores, Anadia a 29 de Janeiro de 1895, com a bonita idade de noventa e sete anos.
F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal” Banco de Portugal. Wkipedia.org/António Luís Seabra; arqnet.pt/dicionário/Seabra; Lello Universal dicionário.
Óbidos – Outubro de 2010.

Publicado no Jornal das Caldas em 08-06-2011.

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