quinta-feira, 19 de maio de 2011







Artigo 52
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda

QUINHENTOS ESCUDOS
João de Barros




Chapa 13

À última nota de valor de 500$00, foi atribuída a figura de João de Barros, poeta, grande historiador, pedagogo - pioneiro da gramática de língua portuguesa, de uma cartilha para aprender a ler e publicista português. A frente da nota apresenta à esquerda uma impressão de um fundo anti-scanner cobrindo a marca de água, sendo limitada à direita por uma banda vertical em impressão de talhe doce com um desenho de um motivo decorativo de iluminura manuelina, distinguindo-se os caracteres na sua parte inferior; à esquerda desta banda vertical apresenta um desenho parcial da esfera armilar. O centro da nota apresenta um fundo decorativo policromático, baseado no jogo de motivos gráficos constituído por títulos das obras de João de Barros, sobreposto a este fundo um mapa - mundi patenteando a influência portuguesa em África e na Ásia, ladeado por dois anjos músicos; na zona do lado direito sobre um fundo idêntico ao da zona central a efígie de João de Barros, impressa a talhe doce. No verso da nota ocupando dois terços da mesma e sobre o lado esquerdo um fundo decorativo policromático, inspirado numa das páginas do códice Imagens do Oriente no Século XVI, representando cena da vida na Índia, composto por personagens, animais e vegetação luxuriante. No canto superior direito deste fundo a “esfera das letras”, destinado ao ensino da leitura e adoptada de uma xilogravura da Cartilha. Sobre o fundo uma vinheta representando duas figuras, simbolizando um homem de ciência e letras e um mercador, tendo por fundo duas naus. O papel possui uma marca de água e um filete de segurança e fluorescências. A impressão foi executada por François-Charles Oberthur Fiduciaire – France com trabalhos preliminares de De La Rue Giori, S.A. da Suiça Dimensões da nota 125 x 68 mm. Foram emitidas 89 058 403 notas. A primeira emissão é datada de 17 de Abril de 1997 e a última de 07 de Novembro de 2000. Foram retirada de circulação em 28 de Fevereiro de 2002.
Biografia:
João de Barros nasceu segundo uns historiadores em Viseu, outros inclinam-se para Braga outros para Vila Real, e ainda outros para a Ribeira de Alitém, próximo de Pombal no ano de 1496, sendo um dos mais insignes escritores e historiadores portugueses da sua época. Oriundo de famílias nobres foi educado na corte de D. Manuel I no apogeu dos descobrimentos portugueses. Na sua juventude já demonstrava um carácter de índole literária, iniciando a escrita com um romance de cavalaria “A Crónica do Imperador Clarimundo, donde os Reis de Portugal descendem”, dedicando-o ao príncipe Dom João, com pouco mais de vinte anos de idade. No ano de 1521 quando D. João III subiu ao trono, este concedeu a João de Barros o cargo de capitão da fortaleza de São Jorge da Mina. Em 1525 foi nomeado tesoureiro da Casa da Índia, missão que ocupou até ao ano de 1528. A peste negra que atingira quase toda a Europa também se fez sentir em Portugal e no ano de 1530 João de Barros refugiou-se na sua Quinta de Alitém – Pombal, onde concluiu o seu diálogo moral “Rhopicapneuma”, alegoria que recebeu os maiores elogios de Jusan Luis Vives, de origem catalã. Após dois anos regressou a Lisboa no ano de 1532 onde D. João III o designou como feitor da Casa da Índia e da Mina, cargos que desempenhou com grande destaque e responsabilidade, numa Lisboa que era naquele tempo um empório a nível europeu, para todo o comércio originário do oriente. Desempenhou uma administração exemplar ao contrário dos seus antecessores que acumularam enormes fortunas com os cargos então exercidos. No ano de 1535 e após o rei D. João III, ter procedido a reformas acentuadas na colónia do Brasil, com o fim de atrair colonos e evitar as tentativas da penetração francesa, dividiu a colónia em capitanias hereditárias, seguindo um sistema já aplicado nas ilhas atlânticas e em Cabo Verde; agraciou João de Barros com a posse de duas capitanias em parceria com Aires da Cunha, o “Ceará” e o “Pará”; partiram no ano de 1539 com uma armada composta por dez embarcações e novecentos homens. A expedição não foi feliz, devido aos erros cometidos pelos seus pilotos, indo aportar às Antilhas espanholas, o que lhe provocou enormes prejuízos, levando em atenção o seu grande humanismo. Pagou as dívidas aos familiares dos que haviam falecido na expedição. Os anos em que permaneceu no Brasil, dedicou-os aos estudos durante as horas vagas; logo após a desastrosa expedição ao Brasil, publicou a “Gramática da Língua Portuguesa”, e uma “Cartilha para Aprender a Ler” com o fim de auxiliar o ensino da língua materna. Após este trabalho, reassumiu um compromisso que lhe havia sido endereçado por o rei D. Manuel I - A escrita de uma história que narrasse os feitos dos portugueses na Índia. Mas a obra marcante de João de Barros, foi sem dúvida alguma as “Décadas da Ásia” (Ásia de João de Barros, dos feitos que os Portugueses fizeram na conquista e descobrimento dos mares e terras do Oriente). O nome “Décadas”, agrupa os acontecimentos por livro em períodos de dez anos. A primeira década foi publicada em 1522, a segunda em 1553, a terceira em 1563 e a quarta, inacabada foi mais tarde completada por João Baptista Lavanha e publicada após a sua morte no ano de 1615 em Madrid. A escrita de João de Deus é admirável de pureza, vigor e propriedade valendo-lhe o cognome de “Tito Lívio Português”. O estilo de prosa fluente e rico pouco interesse despertou em vida, sendo somente conhecida uma tradução italiana em Veneza, em 1563. Dom João III, entusiasmado com a obra ora apresentada solicitou a João de Barros que redigisse uma crónica relativa a Dom Manuel I, o que João de Barros declinou evocando os muitos afazeres na Casa da Índia, sendo este trabalho redigido por outro grande humanista português Damião de Góis. No ano de 1568 sofreu um acidente vascular, sendo exonerado das suas funções recebendo um título de fidalguia e uma tença régia do rei Dom Sebastião. Veio a falecer na sua Quinta de Alitém, em Pombal no ano de 1570, na maior das misérias, sendo tantas as dívidas que os filhos renunciaram ao seu testamento.

F I M

Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal” Banco de Portugal. Diário da República I Série – Número 167/987. Wikipedia/org.João de Barros. Lello Universal.
Óbidos, Outubro de 2010.


Publicado no Jornal das Caldas de 11-05-2011

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