Artigo 32
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
O Papel-moeda
CEM ESCUDOS
Diogo do Couto
Chapa 2
O retrato de Diogo do Couto, um dos mais notáveis historiadores portugueses do final do século XVI e princípios do século XVII, também cavaleiro professo da Ordem de Cristo, dá a estampa àquela que foi a segunda nota de valor de cem escudos. As técnicas empregues para este tipo de notas foram a calcográfica e a tipográfica. Na frente o desenho reproduzido a talhe-doce, apresenta-se numa cor castanho-avermelhado, com trabalho de guilhoché, em linha branca. Sobre o lado esquerdo da nota, o retrato de Diogo do Couto de autoria e gravação de Armando Pedroso. O fundo de impressão tipográfica é formado por um ornato central policolor de linhas claras e, na restante superfície por linhas paralelas e pontos a violeta, verde-claro e sépia. O fundo do verso é impresso tipograficamente, com cores avermelhadas ao centro, rosa e verde-claro aos lados, com trabalho de guilhoché em linha cheia. A figura central é composta por uma vista do Palácio da Pena, em Sintra, e por um grupo de figuras aladas simbolizando a Literatura, a Arquitectura e a Pintura. As chapas são de fabrico inglês, cabendo à casa Bradbury, Wilkinson & Cº. Ltd., a sua fabricação, a impressão de fundos e a sua estampagem. O papel foi fabricado por Perrigot-Masure, Papeteries d´Arches (Vosges), mostra na frente quando visto à transparência no lado direito, a meio, um oval com uma cabeça alegórica, de perfil para o centro. Dimensões das notas 210 x 135 mm. Foram emitidas 4 245 000 notas com as datas de 31 de Agosto de 1920, 27 de Abril de 1922, 13 de Abril de 1926, 15 de Agosto de 1927 e 28 de Janeiro de 1928. Primeira emissão, 29 de Setembro de 1920 e a última emissão, 30 de Agosto de 1928. Foram retiradas de circulação em 31 de Dezembro de 1933.
Biografia:
Diogo do Couto nasceu em Lisboa no ano de 1542, protegido pelo infante D. Luís, filho de D. Manuel I, teve uma esmerada educação, estudou a disciplina de Latim e Retórica no colégio de Santo Antão e a disciplina de Filosofia no Convento de Benfica. Foi moço de câmara do rei D. João III. Historiador de renome, ficou conhecido pelas obras que escreveu, sempre presente e de cunho crítico relativamente ao que viu e viveu ao longo da vida. No ano de 1559 vai para a Índia onde contacta pela primeira vez com a realidade que se vivia então nesses territórios portugueses. No ano de 1569 e de regresso a Portugal, encontra o poeta Luís de Camões na ilha de Moçambique, carregado de dívidas e sem dinheiro para o regresso a Portugal, Diogo Couto e outros amigos disponibilizam-se para auxiliá-lo, para que desse modo pudesse apresentar na sua Pátria a sua maior obra “Os Lusíadas”. No ano de 1570 chega a Cascais a bordo de uma nau “Santa Clara”; tinha que obter autorização do Rei para entrar na barra do Tejo, pois esta encontrava-se encerrada devido ao surto de peste que aparecera na época na cidade de Lisboa. Após a recepção da ordem aí entrou. Por cá ficou durante cerca de três anos. Volta para o Oriente, onde casa, e aí, desenvolveu a actividade de cronista e guarda - mor da Torre do Tombo da Índia fixando-se em Goa. Uma das missões irmanadas do rei Filipe I para com Digo Couto foi a de prosseguir o trabalho das “Décadas”, iniciado por João de Barros. Escreveu as que vão da IV à XII, mas apenas foram publicadas as IV, V e VII no seu todo, um resumo das VII e IX, a VI segundo consta arderam na Casa da Imprensa, as VIII e IX foram roubadas, a XI perderam-se e XII foi publicada postumamente. Deu-lhes um cunho muito pessoal, dizendo que a história tem a obrigação e o dever de relatar “as verdades”, sem restrições de alguma espécie; acabou por sofrer imensos ataques e restrições, revelando com isenção, como a objectividade incomodava aqueles cujos antepassados estavam implicados nos factos narrados. Como se pode depreender esta obra sendo incómoda, foi profundamente censurada e escamoteada nas suas edições. Além destes trabalhos escreveu orações congratulatórias e comemorativas que proferia no Oriente, o relato do naufrágio da nau S. Tomé, e em especial, a crítica mais celebre foi o “Diálogo do soldado Prático”, em que crítica severamente o Estado da Índia, sobre administração portuguesa, onde denúncia a ambição da riqueza rápida por meios dúbios, o luxo exacerbado, a opressão para com os pobres e débeis e a deslealdade para com o soberano. Assistiu de bem perto à maneira como se procedia à colonização nos territórios portugueses no Oriente, os métodos utilizados de enorme crueldade, de abusos de autoridade, à corrupção, à violência e espancamentos, etc., isto tudo por ele foi denunciado, mostrando a sua verticalidade e honestidade no relato da história, que muitas vezes é arredondada em favor do bom, ou do sempre bom, escamoteando a sua verdade.
Faleceu em Goa a 10 de Dezembro de 1616.
F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Infopédia. Wikipedia. Trechos avulsos.
Óbidos, Fevereiro de 2010.
Publicado no Jornal das Caldas em 15-12-2010