quinta-feira, 21 de outubro de 2010




Artigo 26
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária

O Papel-moeda
CINQUENTA ESCUDOS

Duque de Saldanha

Chapa 5

O retrato do Duque de Saldanha, insigne marechal do exército português, homem de Estado, do século XVIII e século XIX foi a personagem escolhida para figurar na frente da nota, sobre um fundo tipográfico em íris multicolor com trabalho em duplex de protecção, destacando-se a gravura principal, estampada por técnica calcográfica, a violeta, com cercadura de guilhoché em linha branca e linha cheia. O verso tem uma estampagem calcográfica a azul-escuro, de uma gravura representativa da vida rural, e também trabalho de guilhoché em linha branca e linha cheia. A estampagem das notas foi efectuada pela casa inglesa Thomas De La Rue & Co. Ltd. de Londres. O papel foi fabricado por Portals Limited, Laverstoke Mills, Whitchurch, Hampshire, de Inglaterra, tendo como marca de água, visto à transparência pela frente, no lado direito uma cabeça de perfil para o centro. Dimensões da nota 163 x 90 mm. Foram emitidas 6 297 000 notas com a data de 18 de Novembro de 1932. Primeira emissão, 27 de Abril de 1936, e a última emissão, 29 de Agosto de 1938. Foram retiradas de circulação em 27 de Março de 1945.
Biografia:
João Carlos Gregório Domingos Vicente Francisco de Saldanha Oliveira e Daun, mais conhecido por Duque de Saldanha nasceu em Lisboa a 17 de Novembro de 1790, filho de João Vicente de Saldanha Oliveira e Sousa Juzarte Figueira, conde de Rio Maior e de sua mulher D. Maria Amália Carvalho Daun, condessa, filha do Marquês de Pombal. Foi um militar com excepcionais capacidades de chefia, com uma personalidade impulsiva e agressiva; político ambicioso que estava sempre ao corrente dos acontecimentos do seu tempo. Desempenhou diversos cargos, sendo Marechal general do exército, par do reino, conselheiro de estado efectivo, presidente do Conselho de Ministros, ministro da Guerra e ministro plenipotenciário em Londres, mordomo-mor da Casa Real, vogal do Supremo Conselho de Justiça Militar. Títulos nobiliários: 1º.Conde, 1º. Marquês e 1º. Duque de Saldanha.
No ano de 1805 matriculou-se na Academia Real da Marinha, distinguindo-se como um brilhante aluno, recebendo diversas distinções. Neste mesmo ano ingressou no Regimento de Infantaria nº. 1, com o posto de capitão e com a tenra idade de 16 anos. Em 1808, Portugal foi invadido e ocupado pelos franceses, sendo demitido. Juntou-se à resistência, onde participou em diversas batalhas, uma das quais a do Buçaco, tendo desempenhado brilhantemente o seu papel de militar, sendo admirado pelos seus homens. Terminada a guerra tinha o posto de tenente-coronel. No ano de 1814 casou com Maria Teresa Horan Fitzggerald, de origem irlandesa. No ano de 1815 é promovido ao posto de coronel e embarca para o Brasil como adido ao Estado-Maior. No ano seguinte foi recebido pelo príncipe regente D. João com as maiores distinções, nomeando-o cavaleiro da ordem de Cristo e comendador da Ordem de Torre Espada. Participou nesse ano na campanha de Montevideu, onde mais uma vez se distinguiu. No ano de 1822, e porque os ventos de mudança soavam à independência, pediu a demissão dos cargos que exerceu até então no Brasil e partiu para Portugal. Mal desembarcou foi nomeado comandante de uma expedição militar que ia para o Brasil, o qual recusou, sendo de imediato preso no castelo de S. Jorge, no ano de 1823. Foi libertado alguns meses depois por ordem do rei D. João VI. Foi nomeado governador das armas do Porto, em Abril de 1825. No ano de 1826 foi-lhe atribuída a pasta da guerra. No ano de 1827 pediu a demissão, por não concordar com determinados movimentos que estavam a suceder, a qual foi aceite, provocando o abandono dos cargos governativos e a partida para Londres. No ano de 1828 regressou ao Porto, para encabeçar a revolta liberal contra o governo de D. Miguel. Neste mesmo ano organizou uma expedição com cerca de 650 homens (emigrados liberais), para desembarcar na Terceira, o qual foi impedido por uma esquadra inglesa. No ano de 1833 regressa a Portugal juntando-se às tropas de D. Pedro, obtendo notáveis vitórias, sendo promovido ao posto de marechal. Alcançada a paz, tornou-se deputado e chefe de governo. A rainha D. Maria II nomeou-o embaixador em algumas cortes europeias. Desempenhou por quatro vezes a função de 1º. Ministro, sempre pautadas pela instabilidade. Foi homem das artes, da ciência, autor romântico, filósofo, escrevendo vários tratados e livros. Ao longo da sua vida foi agraciado com comendas e honrarias militares. Possuía as seguintes honras: grã-cruz das ordens de Cristo, da Torre e Espada, de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, de S. Tiago, e de S. João de Jerusalém; das seguintes ordens estrangeiras: S. Fernando, Isabel a Católica e Carlos lII de Espanha; da Legião de Honra, de França; de S. Gregório Magno e da Pio IX, de Roma, de Ernesto Pio, de Saxe-Coburgo; de Leopoldo, da Áustria; do Leão, dos Países Baixos; de S. Maurício e S. Lazaro, de Itália; de Leopoldo, da Bélgica; de Alberto, o Valoroso, de Saxónia; do Salvador, da Grécia; da Águia Branca, da Rússia; cavaleiro da ordem do Tosão de Ouro, de Espanha, da Santíssima Anunciada, de Itália; condecorado com as medalhas do Buçaco, de S. Sebastião e de Nive; de 6 batalhas da Guerra Peninsular, da Estrela de Montevideu, etc.;
No ano de 1871 tentou um golpe de Estado, ficando na história como a “saldanhada”, que não lhe foi favorável, terminando mal. Por este motivo foi-lhe dado o cargo de embaixador em Londres, onde faleceu a 20 de Novembro de 1876.

F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Wikipedia. História de Portugal de Manuel Pinheiro Chagas. Trechos avulsos.
Óbidos, Fevereiro de 2010.
Publicado no Jornal das Caldas em 20-10-2010.

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