quarta-feira, 29 de setembro de 2010



Artigo 24
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda
1910 – 2010

CINQUENTA ESCUDOS
Cristóvão da Gama

Chapa 3

Esta nota comporta na frente o retrato de D. Cristóvão da Gama, que se distinguiu como um notável guerreiro, tanto na Índia como na expedição levada a efeito pelo seu irmão ao mar vermelho, indo em socorro do soberano da Abissínia. A gravação das notas, assim como a sua estampagem foi efectuada pela casa inglesa Waterlow & Sons Ltd., de Londres. Na frente a estampagem, a azul - escuro, é de talhe doce com um trabalho de torno geométrico, em linha branca em toda a orla. O fundo, tipográfico, a duas cores, é constituído por um desenho a verde e pontos a cor - de - rosa. As figuras principais são compostas pela figura de D. Cristóvão da Gama e por uma vista do Convento de Mafra. O verso tem um fundo tipográfico com desenho geométrico de composição simples, a verde, sobre o qual é estampado calcográficamente, azul - escuro, o motivo principal. O papel é de origem inglesa e encomendado pela firma estampadora. Dimensões da nota 163 x97 mm. Foram emitidas 7 000 000 de notas com a data de 13 de Janeiro de 1925. Primeira emissão, 30 de Agosto de 1928 e a última emissão, 15 de Dezembro 1931. Foram retiradas de circulação em 27 de Julho de 1934.
Biografia:
Cristóvão da Gama nasceu em Évora no ano de 1515, filho do célebre navegador português Vasco da Gama e de sua mulher D. Catarina Ataíde. Foi um guerreiro de nomeada, evidenciando as suas notáveis qualidades de lutador na Índia e no mar vermelho. Foi para a Índia no ano de 1532, na frota de Pedro Vaz do Amaral, onde se distinguiu nas diversas batalhas onde tomou parte. Foi agraciado com o cargo de capitão de Malaca e o de fidalgo da Casa Real, após o regresso da Índia. No ano de 1538, voltou à Índia sob a direcção de seu irmão D. Estêvão da Gama, então governador.
No ano de 1541 D. Estêvão da Gama, encarregou o seu irmão D. Cristóvão da Gama de castigar o arel de Porká por causa de insultos feito aos portugueses; viu os fidalgos disputarem entre si a honra de o acompanharem, tanto estimavam as suas qualidades de verdadeiro guerreiro e fidalgo. A expedição portuguesa ao mar vermelho, comandada por Estêvão da Gama, numa das fases, caracterizou-se pela ajuda prestada por este ao soberano da Abissínia, contra o xeque de Zeilá, e constava de uma guarnição composta por quatrocentos homens escolhidos entre os melhores soldados da armada, cento e cinquenta dos quais sobre o comando de Cristóvão da Gama, general chefe. A artilharia compunha-se de oito peças, dois berços e seis meios berços, seis mosquetes, muitas munições de guerra e armas suplentes. O soberano da Abissínia forneceu camelos, mulas bois e todo o género de meios de transporte. A expedição desembarcou em Massuah, tendo atravessado as intransitáveis montanhas que separam a beira-mar da vasta planície que constituía a Abissínia, tendo que lutar com as dificuldades quase insuperáveis dos desfiladeiros, dos abismos vertiginosos, da aridez do país, que não oferecia recursos de qualidade alguma. As condições de progressão no terreno eram dificultadas pelo calor que se fazia sentir, pela falta de água potável e de víveres, e em especial pelo desconhecimento do terreno. Os quatrocentos portugueses que sustentaram bastantes combates com diferentes destacamentos das tropas do xeque Zeilá, saíram sempre vitoriosos; até que, o próprio xeque auxiliado por mil turcos, que mandara pedir ao pachá de Zebid para sua ajuda, atacou as tropas portuguesas, que reduzidas à sua própria força e sem ter tido qualquer apoio dos homens do soberano da Abissínia, depois de renhida luta e actos de abnegada heroicidade, foram destroçados, caindo D. Cristóvão da Gama no poder dos inimigos, que o torturaram e insultaram até à sua morte. Desta derrota, salvaram-se 130 portugueses, que se juntaram de seguida ao exército que o soberano da Abissínia pode reunir. A vitória entretanto alcançada por estes, ficou a dever-se à bravura, coragem, perícia, energia, disciplina, organização e ao abnegado esforço dos portugueses; conforme relatos dos cronistas de então. Mais disseram: “Os Portugueses salvaram no século XVI, a dinastia abissinica”. Este grupo de soldados portugueses foram recompensados com a dádiva de terras e outros bens, onde se radicaram e prosperaram.

F I M

Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. História de Portugal, volume IV de Manuel Pinheiro Chagas. Trechos avulsos.
Óbidos - Fevereiro de 2010
Publicado no Jornal das Caldas em 29-09-2010.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010


Artigo 23
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
1910 – 2010

CINQUENTA ESCUDOS

Figura da Paz


Chapa 2

A esta nota foi atribuída a chapa 2 e nela está inserida na parte da frente uma figura alegórica simbolizando a Paz. A estampagem calcográfica, a azul escuro, tem trabalho de guilhoché em linha branca em toda a cercadura. O fundo de impressão tipográfica em íris, tem a composição de dois grupos de cores diferentes de linhas ondulantes paralelas, que se cruzam, um ornato central multicolor com sobreposições que formam novas cores. O verso tem representado uma figura alegórica simbolizando a Força, com um fundo de impressão tipográfica em íris, apresentando na parte central superior uma figuração de raios solares e em toda a cercadura trabalho de guilhoché em linha cheia. O papel foi fabricado por Perrigot-Masure, Papeteries d´Arches (Vosges) França, tem como marca de água, quando visto à transparência pela frente, na parte superior direita, uma cabeça de perfil para a esquerda. Dimensões da nota 195 x121 mm. Foram emitidas 2 840 000 notas com as datas de 6 de Fevereiro de 1922 e 18 de Novembro de 1925. Primeira emissão, 28 de Março de 1924, e a última 26 de Fevereiro de 1927. Foram retiradas de circulação em 7 de Abril de 1931.
O símbolo da Paz é representado de uma maneira geral ou por uma pomba ou por ramos de oliveira. Na mitologia cristã e judaica, e segundo o Velho Testamento, um pombo teria sido solto por Noé depois do dilúvio para que ele encontrasse terra. O pombo regressa com um pequeno ramo de oliveira no bico e Noé daí concluiu que o dilúvio tinha terminado e por conseguinte havia novamente terra para o homem se instalar. No novo testamento, o pombo é o símbolo do Espírito Santo.
O CND (Code of Nuclear Disarmament), ou símbolo da paz, é um dos símbolos mais famosos junto com a cruz cristã, a cruz suástica, etc.. A origem da sigla CND, surgiu há 50 anos, aquando dos movimentos pacifistas, e foi desenhada para servir o Comité de Acção Directa Contra a Guerra Nuclear e para a Campanha de Desarme Nuclear. O conhecimento mundial desta sigla deveu-se à realização de uma manifestação levada a efeito por duas organizações inglesas na cidade de Londres, onde o símbolo a encabeçava e tendo sido adoptado para estes fins.

F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal” Banco de Portugal. Trechos avulsos.
Óbidos, Fevereiro de 2010
Publicado no Jornal das Caldas em 15-09-2010

quarta-feira, 8 de setembro de 2010



Artigo 22
Centenário da Implantação da República (1910-2010)
Numária
O Papel-moeda
1910 – 2010

CINQUENTA ESCUDOS
Passos Manuel


Chapa 1


À primeira nota de cinquenta escudos foi atribuída a chapa 1, e nela está inserida na parte da frente a figura de Passos Manuel, grande defensor do espírito liberal.
A frente da nota é estampada por processo calcográfico, a sépia, com trabalho de guilhoché, sobre fundo multicolor irisado, de técnica topográfica, com elaboração de guilhoché e “moiré”, sobressaindo ao centro e envolta numa moldura redonda o retrato de Passos Manuel, de autoria de João Baptista Ribeiro. O verso tem uma estampagem calcográfica (talhe doce), a violeta escuro, com trabalho de torno geométrico, que emoldura o oval da gravura central, representativa de um trecho do Terreiro do Paço. No ângulo superior direito vê-se uma cabeça numismática simbolizando a República. O fundo, de impressão tipográfica em íris, é composto de trabalho de guilhoché, linhas onduladas paralelas e zonas levemente ponteadas. As chapas e impressão das notas ficaram ao cargo dos estampadores ingleses Bradbury, Wilkinson .& Co. Ltd., de Londres. O papel foi fabricado pela Société Anonyme des Papeteries du Marais et de Sainte-Marie. A marca de água, quando vista à transparência pela frente, tem patente uma cabeça simbólica em claro e escuro, no ângulo superior direito, de perfil para a esquerda. Dimensões da nota 192 x 120 mm. Foram emitidas 6 290 000 notas com as datas de 31 de Agosto de 1920 e 3 de Fevereiro de 1927. A primeira emissão, 29 de Julho de 1922, e a última, 8 de Fevereiro de 1928. Foram retiradas de circulação em 7 de Abril de 1931.
Biografia:
Manuel da Silva Passos, mais tarde conhecido por Passos Manuel, insigne bacharel, formado em Direito, advogado, parlamentar de notável brilhantismo, e ministro em vários Ministérios, nasceu em São Martinho de Guifões, hoje concelho de Matosinhos, em 5 de Janeiro de 1801, filho de Manuel da Silva Passos e de sua mulher Antónia Maria da Silva Passos. Foi um dos vultos das primeiras décadas do liberalismo, abraçando a esquerda do movimento (vintista). Veio a assumir o papel de líder dos (setembristas). Após a conclusão dos estudos secundários na cidade do Porto, matricula-se nas Faculdades de Cânones e de Leis na Universidade de Coimbra no ano de 1817, vindo-se a revelar um brilhante aluno. No ano da ocorrência da Revolução de 1820, Passos Manuel e seu irmão inseparável, aderiram de imediato, vindo a revelarem-se ardentes liberais. No ano de 1822 Passos Manuel completa o curso de Direito. No ano de 1823 conjuntamente com o seu irmão editam um periódico intitulado “O Amigo do Povo”. Era uma publicação académica onde se exaltavam os ideais democráticos da Revolução Francesa. No ano de 1828, os liberais portuenses levantaram-se contra o governo de D. Miguel, após o golpe de Estado, restabelecendo a monarquia absolutista, e falhada a Belfastada, viu-se obrigado a exilar-se procurando refúgio com o seu irmão e outros na Corunha. Ainda neste ano segue para Plymouth e daqui para a Bélgica, onde chegou no inicio do ano de 1829, seguindo de imediato para Paris. Aqui se instalou frequentando as tertúlias de emigrados, onde viveu intensamente o movimento revolucionário que assolou a França no ano de 1830. Conjuntamente com o irmão publicam opúsculos versando matérias de política portuguesa com a necessidade de destituir o governo de D. Miguel. No ano de 1832 pública em Paris um trabalho intitulado “Parecer de dois advogados da Casa do Porto”. Consolidada a presença liberal no Porto, de imediato se apresentou no mesmo ano, onde foi integrado no Batalhão de Voluntários de Leça, como oficial, participando activamente no cerco do Porto. No ano de 1834 assume a chefia da Maçonaria do Norte. Nesse ano, foi eleito deputado pelo ciclo do Douro. O talento de Passos Manuel, rapidamente o guindaram à ribalta, passando a representar nas Cortes a esquerda mais radical do vintismo. No ano de 1836, entre 17 e 31 de Julho, preparou-se uma forte campanha anti-cartista para o acto eleitoral, com o fim de os derrubar, o que não veio a acontecer devido à manipulação das urnas, dando uma clara vitória ao governo cartista, excepto nos distritos de Viseu e do Porto. Em Outubro de 1836, os oposicionistas desembarcaram em Lisboa oriundos do Porto, sendo envolvidos no mais vivo entusiasmo, o que acabaria por tomar um carácter de uma manifestação anti-cartista, pondo em causa o resultado das eleições. Após estes acontecimentos a Guarda Nacional comandada por Francisco Soares Caldeira, pegou em armas e tomou a capital, proclamando a Constituição Política da Monarquia Portuguesa de 1822. Passos Manuel, aderiu de imediato a este movimento revolucionário que viria a modificar de forma radical o panorama político português. A rainha D. Maria II, perante estes factos foi obrigada a ceder a este movimento, mandando chamar em Setembro de 1836 os representantes do movimento, entre eles, Passos Manuel, a quem lhe foi dada a pasta do Ministério do Reino. Neste ano sendo responsável pelas políticas educativas, começou a tratar da instrução pública. Em Setembro cria a Casa Pia de Évora. Neste mesmo mês, encarrega Almeida Garrett de elaborar e propor ao governo um plano para a fundação e organização do Teatro Nacional de Lisboa; deste plano resultou a criação da Inspecção Geral de Teatros e a criação de um Conservatório de Arte Dramática. Em Outubro Passos Manuel funda a Academia de Belas Artes. Em Novembro do mesmo ano criou em Lisboa um depósito geral de máquinas, modelos, utensílios, desenhos, descrições e livros relativos às diferentes artes e ofícios, com a denominação de “Conservatório das Artes e Ofícios de Lisboa”. Em Novembro publica um decreto criando liceus em todas as capitais de distrito. Em Dezembro deu nova organização às escolas de cirurgia de Lisboa e Porto, dando-lhes a denominação de Escola Médica Cirúrgica de Lisboa e Escola Médica Cirúrgica do Porto. Em Dezembro promulgou o novo Código Administrativo. No inicio do ano de 1837, cria a Casa Pia, com a denominação de Asilo Rural Militar. No ano de 1837 é criado o Conservatório das Artes e Ofícios do Porto. Na sequência da contra-revolução de Novembro, a rainha nomeia presidente do conselho de ministros o visconde Sá da Bandeira, que chamou de imediato Passos Manuel. No ano de 1837 Passos Manuel alternava as pastas do Reino, da Fazenda e da Justiça, mantendo-se com estes cargos até 1 de Junho de 1837, data a partir da qual, abandona em definitivo a governação devido a uma profunda crise governativa. No ano de 1838 casa com D. Gervásia de Sousa Falcão, filha de João de Sousa Falcão e de sua mulher D. Maria Xavier Farinha Falcão, donde advêm duas filhas. No ano de 1840 instala-se em Constância e depois em Alpiarça. Em 1841 adquiriu a Alcaçova de Santarém, em tempos residência real. Neste mesmo ano foi eleito senador, pronunciando discursos notáveis. No ano de 1842, após o restabelecimento da Carta Constitucional, Passos Manuel concorre às eleições gerais sendo reeleito deputado por Nova Goa, mas poucas vezes compareceu na câmara e também poucas vezes usou da palavra; torna-se num grande agricultor do Ribatejo. No ano de 1845 concorre novamente às eleições gerais, sendo eleito pelo Alentejo. Após a guerra civil da Patuleia, parte para o Porto, onde se junta ao irmão. Reaparece nas eleições gerais de Novembro de 1851, sendo eleito novamente por Santarém. Tendo-se iniciado a Regeneração, a qual causou uma desagregação dos velhos partidos políticos e absorção da maioria dos setembristas pelo recente criado Partido Progressista Histórico, os irmãos Passos foram ficando cada vez mais isolados perdendo o seu leque de influências. No ano de 1852 é novamente eleito por Santarém vindo a ocupar um lugar na esquerda parlamentar, votando com o governo quando a consciência o ditava. Falou pela última vez nas Cortes em Fevereiro de 1857. No final da década de 1850, os problemas de saúde avolumam-se, remetendo-o para a sua casa de Santarém. D. Pedro V nomeia-o por carta régia Par do Reino no ano de 1861 Foi autor de diversas publicações de índole política. Faleceu na sua casa de Santarém em Janeiro de 1862, sem ter tomado posse na Câmara dos Pares.
F IM
Biografia: “O papel-moeda em Portugal” Banco de Portugal. Wikipedia cultura/história/personalidades, e trechos avulsos.
Óbidos 10 de Fevereiro de 2010
Publicado no Jornal das Caldas em 08-09-2010

quarta-feira, 1 de setembro de 2010


Artigo 21
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda
1910 – 2010
Por: Luís Manuel Tudella


VINTE ESCUDOS
Gago Coutinho


Chapa 9



À última nota de vinte escudos, coube a chapa nove evocando a figura do cientista, historiador, matemático, geógrafo e navegador, Almirante Gago Coutinho.
A elaboração das estampagens esteve a cargo da firma inglesa Thomas De La Rue & Co. Ltd. Basingstoke, Hampshire, e as maquetas são da autoria do arquitecto João de Sousa Araújo. A frente da nota é feita em diversos tons de verde e contem a efígie de Gago Coutinho, a rosa-dos-ventos, o escudo nacional, dísticos e diversos ornamentos geométricos. Pode-se ver ainda na parte central um astrolábio e o sextante de navegação aérea inventado por Gago Coutinho. O verso também efectuado em tons esverdeados, mostra um conjunto simbolizando o inicio da navegação aérea astronómica e ainda a representação esquemática dos continentes sul-americano, africano e europeu com a indicação da rota, sobre o Atlântico, seguida pelo Almirante, no ano de 1922, na sua viagem de Lisboa ao Rio de Janeiro. O papel é fabricado por Portals Limited, Overton, Basingstoke, Hampshire; tem como marca de água, na metade esquerda da nota, o retrato de Gago Coutinho. Dimensões da nota 135 x 66 mm. Foram emitidas 109 527 000 notas, com as datas de 13 de Setembro de 1978 e 4 de Outubro do mesmo ano. Primeira emissão, 21 de Dezembro de 1978 e última, 17 de Novembro de 1982. Foram retiradas de circulação em 30 de Maio de 1986.
Biografia.
Carlos Viegas Gago Coutinho, mais conhecido pelo nome de Gago Coutinho nasceu em Lisboa em Fevereiro de 1869, filho de José Viegas Gago Coutinho, marítimo, natural de Faro, e de sua mulher Fortunata Maria Coutinho, natural de Faro. Em virtude das poucas posses monetárias do pai, não pode satisfazer as suas ambições, que consistia na frequência de um curso de Engenharia na Alemanha. Inicia a sua carreira como marinheiro. Após terminado o Liceu, ingressa na Escola Politécnica e, no ano de 1886 alista-se como aspirante na Marinha, terminando o curso na Escola Naval no ano de 1888. No ano de 1889 inicia o trabalho de cartografia, com missões em Timor, Moçambique, Angola, Índia e S. Tomé e Príncipe. No ano de 1890 e notando-se nele qualidades ímpares, tem uma rápida e brilhante ascensão na carreira, sendo promovido a guarda – marinha. No ano de 1891 é promovido ao posto de segundo – tenente. No ano de 1893 faz sua primeira grande viagem; embarca no navio Mindelo, cujo comandante era o almirante Augusto de Castilho, entre Luanda e o Rio de Janeiro. No ano de 1895 é promovido a primeiro – tenente. A segunda grande viagem é levada a cabo no navio Pero de Alenquer, de Lisboa a Lourenço Marques, seguindo a histórica rota de Vasco da Gama. Esta viagem deu-lhe grandes ensinamentos para o estudo sobre “Náutica dos Descobrimentos”. No ano de 1900 é nomeado o representante português para a delimitação da fronteira luso-britânica nos territórios do Niassa. No ano de 1901 como comissário de Portugal fez parte de uma comissão de delimitação da fronteira luso belga de Noqui ao Congo. No ano de 1904, na colónia de Moçambique delimitava as fronteiras ao norte e sul da província de Tete. Em 1906 chefia a missão geodésica à África Oriental, fazendo o levantamento geodésico com a África do Sul. No ano de 1907, é promovido a capitão-tenente. Entre 1913 e 1914, comandou a missão de delimitação das fronteiras de Angola com a Rodésia, surgindo como colaborador o segundo-tenente Artur Sacadura Cabral. No ano de 1915 obtêm o seu brevete, ou a “Carta de piloto do ar”, em França, num frágil “Maurice Farman”. O baptismo de voo realizou-se em Portugal, na Escola de Aviação Militar em Vila Nova da Rainha, acompanhado pelo piloto-aviador Sacadura Cabral, no ano de 1917. É promovido a capitão de mar e guerra no ano de 1918. É promovido por distinção ao posto de contra-almirante, no ano de 1922. Foi neste ano de 1922 que se realizou a primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul. Esta viagem seria dividida em quatro etapas. Acompanharam esta travessia os navios de guerra “República”, “Cinco de Outubro” e “Bengo”, que iriam prestar a assistência de voo. Acompanhou o Almirante Gago Coutinho o piloto aviador Sacadura Cabral. A primeira etapa da viagem correu sem problemas de maior, de Lisboa a até Las Palmas, durando 8 horas e 17 minutos. A segunda etapa levou-os da ilha de Gando, até S. Vicente no arquipélago de Cabo Verde, demorando 10 horas e 43 minutos. A terceira etapa da viagem, efectuou-se sobre o auspício da falta de combustível e do forte vento que se fazia sentir em sentido contrário, não auxiliando em nada a progressão mais rápida do avião. Após a elaboração de cálculos procedeu-se a uma descida forçada junto aos penedos com escassos litros de gasolina no tanque, sobre um mar cavado que arrancou um dos flutuadores, o que levou à inclinação do hidroavião, metendo água na proa. Durante o espaço de tempo que mediou entre a amaragem e o envio por parte do Governo de novo hidroavião os dois heróis permaneceram na ilha Fernando de Noronha. Entre a terceira e quarta etapa problemas estiveram sempre presentes, ao ponto de quando iriam iniciar a última etapa com o novo hidroavião, após a passagem pelos penedos em direcção ao Brasil, de súbito o motor parou obrigando a uma amaragem de emergência, mas desta feita com mar calmo. O tempo de espera por auxílio teve como consequência uma situação imprevista, na qual os flutuadores metiam água, afundando o hidroavião lentamente, sendo resgatados pelo navio britânico Paris-City. Voltaram à ilha Fernando de Noronha e novamente solicitaram ao Governo o envio de um outro, o qual foi atendido de imediato. A quarta e última etapa fez-se em pequenos lances até alcançarem a cidade do Rio de Janeiro, passando pelo Recife, Baía, Porto Seguro e Vitória. O hidroavião amarou na baía de Guanabara no Rio de Janeiro no dia 17 de Junho.
Foram percorridas 4 527 milhas náuticas e gastas 62 horas e 26 minutos, a uma velocidade média de 72,5 milhas por hora. Esta proeza foi realçada em toda a imprensa mundial, pois as condições em que foi efectuada, a qualidade do material empregue na construção dos hidroaviões, a pouca experiência dos heróis, só foi possível pelo crer, a dinâmica a persistência e grande força de vontade de vencer de Gago Coutinho e Sacadura Cabral.A sua competência como geógrafo granjeou-lhe a nomeação pelo Ministério da Guerra, no ano de 1928, a Presidência da Comissão, para a reorganização dos serviços geográficos, cadastrais e cartográficos, tanto em Portugal como nos Açores e restantes colónias, para estudar o estabelecimento de um aeroporto nos Açores, e a navegação aérea nas colónias. Neste mesmo ano, foi encarregado pelo Ministério das Colónias para proceder a estudos cartográficos em França, Itália e Brasil. Desempenhou funções de Presidente da Comissão da Cartografia; destaca-se a sua participação como associado do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, da Sociedade de Geografia de Lisboa e da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro. No ano de 1932 é promovido ao posto de vice – almirante. Em 1958 é promovido a Almirante. Com 75 anos de idade, fez a bordo da barca portuguesa Foz do Douro, uma travessia à vela entre Santos (Brasil) e Leixões, demorando cerca de 105 dias, utilizando o astrolábio, como os antigos mareantes portugueses. Segundo estudos, calcula-se que o Almirante Gago Coutinho tenha percorrido 30 837 milhas marítimas um recorde para o seu tempo. A sua prestação de serviço a bordo dos navios consistia exclusivamente a de “oficial encarregue da navegação”.
O seu muito saber de geógrafo e de navegador de larga experiência, permitiram-lhe dedicar-se aos estudos de navegação aérea ainda incipientes nessa época. O sextante português, utilizado na Travessia do Atlântico Sul, é um dos exemplos materiais do valor científico dos inovadores trabalhos e missões do Almirante.
Faleceu na cidade de Lisboa em 18 de Fevereiro de 1959.
F I M

Biografia: “O papel-moeda em Portugal” Banco de Portugal. http://www.citi.pt/cultura/história/personalidades, e trechos avulsos.
Publicado no Jornal das Caldas em 01-09-2010