segunda-feira, 11 de julho de 2016

 
Centenário da Primeira Batalha do Rovuma
(Grande Guerra 1914-1918)
A Batalha de Namiranga - Namaca
27-05-1916 - 27-05-2016
(Inserida na 2ª. Expedição ao Rovuma)
5ª. Parte
Depois da tentativa de desembarque em 23 de maio por forças da Marinha, que foi repelida com mortos e feridos, a 27 fez-se a tentativa da passagem à viva força junto à foz, com a cooperação da canhoeira Chaimite que entrou no rio fazendo fogo sobre a margem norte. O cruzador Adamastor, por falta de fundos, não pode passar a barra. Para a passagem, foram selecionados os vaus de Namaca e de Namiranga.
Uma coluna, a leste, era formada por uma Companhia de Infantaria 21, uma Companhia de Indígenas  da Companhia do Nyassa, um pelotão indígena da 20ª. Companhia de Moçambique, a 2ª. Bateria do 1º. Grupo de Metralhadoras, com material Maxim e uma Bateria de bronze, de tiro lento, de 7 cm guarnecida com pessoal da 5ª. Bateria do Grupo de Montanha Expedicionário. A segunda coluna a oeste, era formada por outra Companhia de Infantaria 21, dois pelotões indígenas da 20ª. Companhia e por uma Bateria de 7 cm. de tiro rápido, da 5ª. Bateria do Grupo de Montanha, comandada pelo Capitão Tudella.
O Tenente-Coronel Moura Mendes comandou directamente a operação junto da coluna leste. O Governador permaneceu a bordo do Adamastor.
 
 
Para objectivo de ambas as colunas foi escolhido o posto da fábrica (Ver croqui mais abaixo). O ataque simultâneo com as duas colunas, com início às 8horas, foi precedido de uma preparação de artilharia durante uma hora. A coluna leste, embarcou numa dúzia de baleeiras, quando procedia à travessia do rio, nesse local com cerca de 1.500 metros, foi alvejada por duas metralhadoras à distância de 200 metros. As perdas foram pesadas e assim o ataque malogrou-se. Face a este insucesso da coluna leste, foi dada ordem de retirar à coluna de oeste, que se encontrava já a escassos 100 metros da margem inimiga.
A coluna de oeste não teve qualquer ferido na sua acção, enquanto a coluna de este teve de parte da Marinha 3 oficiais e 30 praças mortos ou desaparecidos; e o Exército teve 4 oficias e 24 praças feridas e 2 oficiais e 6 praças prisioneiras.
O Comandante da coluna postada a oeste movido que estava em que esta missão iria ser concretizada em virtude das forças envolvidas e escalonadas no terreno, com a presença do Governador Geral e a presença do Tenente-Coronel, comandante da Expedição, viu gorados todos os esforços quando se encontrava a escassos 100 metros de atingir a outra margem, em virtude de a coluna postada a jusante ter capitulado, com a carga e ofensiva extremamente organizada e agressiva do inimigo.
O cuidado empregue na preparação das suas tropas o escalonamento no terreno, o cuidado nos lanços de precursão, as ordens transmitidas atempadamente o acompanhamento de perto de todas as operações, foram elementos determinantes, para que a operação tivesse tido um relativo êxito no que diz respeito à inexistência de baixas. Procedeu à evacuação das suas topas, seguindo o critério de quem primeiro embarcou, primeiro seria embarcado, com a protecção na evacuação pela louvável prestação de serviço da artilharia, que cobriu durante a evacuação toda a linha de fogo inimigo, acabando por calar uma metralhadora. Após colocar toda a sua coluna em local seguro, e depois de um merecido descanso, manda reuni-los afim de pessoalmente lhes dirigir palavras de grartidão, sendo incansável nos elogios que lhes tece, destacando o espírito de equipa e de sacrifício vividos durante 3 horas sobre temperaturas escaldantes e debaixo de fogo inimigo. Nota-se que o mesmo Comandante, agiu de forma a que tudo se processasse dentro de um equilíbrio sustentável, o que conseguiu, pois a preocupação constante com a integridade física das suas tropas era evidente, quando dava instruções para que o avanço fosse faseado em pequenos grupos, e que só depois de acantonados e devidamente protegidos, dava estão instruções para que outro grupo avançasse em segurança. É de notar o humanismo que evidenciou com estas decisões, o que lhe valeu não ter sofrido quaisquer baixas, feridos, mortos ou desaparecidos, o que é sempre uma honra para qualquer comandante.
Se se tivessem em conta o relatório apresentado pelo Comandante Tudella, talvez se evitasse este mau resultado.
Esta foi a primeira batalha de outras que se seguiram com maus resultados para as nossas tropas, com desfeches ainda mais pesados o que sempre se lamente.
Fontes: Reprodução de documentos extraídos  das caixas da 1ª. Guerra Mundial, na província de Moçambique, relativas ao ano de 1916 - Travessia do Rovuma - 2ª. Expedição. Arquivo Histórico e Militar de Lisboa. Documentação pertença do autor.
 
Publicado no Jornal das Caldas em 6 de Julho de 1916 

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