Numismática
Moedas Comemorativas do Euro
Exploradores Europeus
“Capelo e Ivens”
2,50 Euro
Características da
moeda
Anv: Apresenta sobre o lado
direito da moeda ramos de uma árvore africana, o embondeiro, acompanhados por
baixo deste símbolos etnográficos daquele continente, a legenda
"Portugal" e a era "2011". Sobre o lado esquerdo o escudo
das armas portugueses assente na esfera armilar, por baixo deste o valor facial
da moeda 2,50 Euro.
Rev: Apresenta no campo central a
figura de dois exploradores e parte de um embondeiro e sua ramagem, que
completa o anverso da moeda. Na orla superior consta a legenda
"Exploradores Portugueses", sobre a orla esquerda o logótipo da série
Europa e na orla inferior a legenda "Capelo e Ivens".
Autor: Baiba Sime.
Moedas
em cuproníquel com acabamento normal:
Valor
facial 2,50 Euro; Cn; Dia. 28 mm; Peso 10 g,; Bordo serrilhado. Cunhagem 100 000
exemplares.
Moedas
de Prata proof:
Valor
facial 2,50 Euro; Ag. 925/1000 de toque; Dia 28 mm; Peso 12 g.; Bordo
serrilhado. Cunhagem de 9 000 exemplares.
Moedas
de Ouro proof:
Valor
facial 2,50; Euro; Au 999/1000 de toque; Dia. 28 mm; Peso 15,55 g. ; Bordo
serrilhado; Cunhagem 1 500 exemplares.
Hermenegildo Carlos de Brito
Capelo nasceu no Castelo de Palmela, a 4 de Fevereiro de 1841
onde o seu pai, major Félix António Gomes Capelo, era governador. Quando faleceu
ocupava o posto de vice-almirante. Era o mais novo de seis
irmãos, dos quais três outros são também ilustres – Félix António de Brito Capelo,
biólogo (1828- 1879), João Carlos de Brito Capelo,
vice-almirante da Marinha e engenheiro hidrográfico (1831-1891), Guilherme Augusto de Brito Capelo,
vice-almirante da Marinha e cientista (5 de
Agosto de 1839
- 21
de Março de 1926).
Assentou praça na Marinha no ano de 1855 terminando o
curso 4 anos depois. Em 1860 embarcou como guarda-marinha para Angola a bordo da
corveta D. Estefânia, comandada pelo príncipe D. Luís, mais tarde rei, permanecendo durante
três anos na estação naval de África Ocidental. Em 1863 regressou a
Lisboa e no ano seguinte foi promovido ao posto de segundo tenente. Nesse ano
voltou a África de onde regressou em 1866 para voltar logo
de seguida a Angola, onde aí permaneceu até ao ano de 1869, altura em que
seguiu para Moçambique, regressando a Lisboa em 1870 para logo partir
em Direcção a Cabo Verde. No ano de 1871 foi integrado
numa expedição enviada à Guiné e em 1872 foi para a China de onde regressou a Lisboa no ano de 1876.
Em 1875, Luciano Cordeiro fundou a Sociedade de Geografia de Lisboa,
reunindo em seu redor uma elite intelectual, civil e militar. Embora a sua
actuação não fosse direccionada exclusivamente para o continente africano, logo
nos primeiros anos da sua existência criou a Comissão Nacional Portuguesa de
Exploração e Civilização da África, mais conhecida por Comissão de
África que assumiu a função de despertar a opinião pública para as questões
do Ultramar e que preparou as primeiras grandes expedições de exploração
científico-geográfica. Estas expedições destinavam-se a efectuar o
reconhecimento do Cuango
e as suas relações com o Zaire, e ainda a comparar a bacia hidrográfica deste
rio com a do Zambeze,
concluindo, assim, a carta da África centro-austral, o famoso Mapa
Cor-de-Rosa. Estas expedições integravam-se num contexto político marcado
por um forte surto expansionista europeu, nos domínios do continente africano,
que anteciparam a histórica Conferência de Berlim, realizada em 1885. Exploradores de
todas as grandes potências europeias, lançaram-se numa verdadeira rivalidade
pela prospecção de territórios, obrigando Portugal a rever urgentemente a sua
política colonial e a efectivar a sua presença nestes locais, mas as pretensões
portuguesas de ocupação do espaço entre Angola e Moçambique chocaram com as
pretensões inglesas, que se materializaram na consequente reivindicação dessa
zona para o império inglês através do Ultimato Britânico a Portugal.
A primeira Viagem - De Benguela
às Terras de Iaca
Brito Capelo, quando da sua permanência em Angola
fez o reconhecimento científico daquela zona, facto que o fez ser escolhido,
por Decreto de 11 de Maio de 1877, para dirigir uma expedição científica à
África Central da qual também faziam parte o oficial da marinha Roberto
Ivens e o major do exército Serpa
Pinto. Segundo o decreto foram nomeados «para comporem e dirigirem a expedição
que haviam de explorar, no interesse da ciência e da civilização, os
territórios compreendidos entre as províncias de Angola e Moçambique, e estudar
as relações entre as bacias hidrográficas do Zaire e do Zambeze.
A 7 de Julho
de 1877 Brito Capelo, Roberto Ivens e Serpa Pinto iniciam a expedição. Feito o
trajecto Benguela-Bié, divergências
entre Serpa Pinto e Brito Capelo levaram a expedição a dividir-se, com Serpa
Pinto, por sua iniciativa a tentar a travessia até Moçambique. Desde o princípio
da viagem Serpa Pinto tentou desviar os objectivos da expedição. Capelo e Ivens
recusaram-se ao que consideraram ser “os desvarios de Serpa Pinto” e
cognominando-o de falsário e participam a separação. Serpa Pinto acabou por
falhar o seu objectivo, pois não o conseguiu como pretendia, atingir qualquer
ponto da costa moçambicana, como foi sua declarada intenção. Chegou, no
entanto, a Pretória, e posteriormente a Durban.
Brito Capelo e Roberto Ivens mantiveram-se fiéis
ao projecto inicial concentrando a atenção na missão para que haviam sido
nomeados, ou seja nas relações entre as bacias hidrográficas do Zaire e do
Zambeze. Mais tarde explicavam que não tinham "o direito de divagar nos
sertões, por onde quiséssemos, dirigindo o nosso itinerário para leste ou
norte". Percorreram as regiões de Benguela até às terras de Iaca, tendo delimitado
os cursos dos rios Cubango, Luando e Tohicapa.
A 1 de Março de 1880, Lisboa recebeu
triunfalmente Brito Capelo e Roberto Ivens, tendo o êxito da expedição ficado
perpetuado no livro De Benguela às Terras de Iaca.
A segunda viagem - De Angola à
Contra-Costa
Depois de concretizado o importante percurso
entre o Bié e o Zambeze, e atingidas as cataratas Vitória, Capelo e Ivens são estimulados
a prosseguir com as suas expedições.
Dada a necessidade de ser criado um atlas geral
das colónias portuguesas, Manuel Joaquim Pinheiro Chagas, ao
tempo Ministro da Marinha e do Ultramar, criou por decreto de 19 de Abril de
1883 a Comissão de Cartografia, para a qual nomeou como vogais os dois
exploradores. Por outro lado, pretendendo a criação de um caminho comercial que
ligasse Angola e Moçambique nomeou-os a 5 de Novembro do mesmo ano para
procederem aos necessários reconhecimentos e explorações. A escolha de dois
oficiais de Marinha para a concretização desta importante missão, prendeu-se
com o facto de se tratarem de territórios desconhecidos, não cartografados, nos
quais era necessário avançar, recorrendo aos princípios da navegação
marítima, tão familiares a estes exploradores.
Entre 1884 e 1885, Capelo e Ivens realizaram nova
exploração em África, primeiro entre a costa e o planalto de Huíla e depois
através do interior até Quelimane, em Moçambique. Continuaram, então, os seus
estudos hidrográficos, efectuando registos geográfico-naturais mas, também, de
carácter etnográfico
e linguístico. Estabeleceram assim a tão desejada ligação por terra entre as
costas de Angola e de Moçambique, explorando as vastas regiões do interior
situadas entre estes dois territórios e descrevendo-as num livro em dois
volumes: de Angola à Contra-Costa. Partiram para esta missão a 6 de
Janeiro de 1884 e regressaram a 20 de
Setembro de 1885 sendo recebidos triunfalmente pelo rei D. Luís.
Posteriormente, Brito Capelo, foi nomeado para
outras missões, tais como a de vice-presidente do Instituto Ultramarino, do
qual foi primeiro Presidente a Rainha Dona Amélia. Faziam igualmente parte da sua primeira
Direcção eminentes vultos da História de Portugal, como Roberto Ivens, Andrade
Corvo, Luciano Cordeiro, Pinheiro Chagas, António Enes e Oliveira Martins, o
que revela bem da importância que as autoridades governamentais da época
quiseram atribuir àquela obra social.
Fontes: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_portugueses;https://pt.wikipedia.org/wiki/Hermenegildo_Capelo; I.N.C.M; colecção particular do autor.
Publicado no Jornal das Caldas em 9 de Julho de 2015
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