quinta-feira, 9 de julho de 2015

 
 
Numismática
Moedas Comemorativas do Euro
  60ª. Moeda
Exploradores Europeus
“Capelo e Ivens”
          2,50 Euro               
 Características da moeda


Anv: Apresenta sobre o lado direito da moeda ramos de uma árvore africana, o embondeiro, acompanhados por baixo deste símbolos etnográficos daquele continente, a legenda "Portugal" e a era "2011". Sobre o lado esquerdo o escudo das armas portugueses assente na esfera armilar, por baixo deste o valor facial da moeda 2,50 Euro.
Rev: Apresenta no campo central a figura de dois exploradores e parte de um embondeiro e sua ramagem, que completa o anverso da moeda. Na orla superior consta a legenda "Exploradores Portugueses", sobre a orla esquerda o logótipo da série Europa e na orla inferior a legenda "Capelo e Ivens".
 
Autor: Baiba Sime.
Moedas em cuproníquel com acabamento normal:
Valor facial 2,50 Euro; Cn; Dia. 28 mm; Peso 10 g,; Bordo serrilhado. Cunhagem 100 000 exemplares.
Moedas de Prata proof:
Valor facial 2,50 Euro; Ag. 925/1000 de toque; Dia 28 mm; Peso 12 g.; Bordo serrilhado. Cunhagem de 9 000 exemplares.
Moedas de Ouro proof:
Valor facial 2,50; Euro; Au 999/1000 de toque; Dia. 28 mm; Peso 15,55 g. ; Bordo serrilhado; Cunhagem 1 500 exemplares.
 
Hermenegildo Carlos de Brito Capelo nasceu no Castelo de Palmela, a 4 de Fevereiro de 1841 onde o seu pai, major Félix António Gomes Capelo, era governador. Quando faleceu ocupava o posto de vice-almirante. Era o mais novo de seis irmãos, dos quais três outros são também ilustres – Félix António de Brito Capelo, biólogo (1828- 1879), João Carlos de Brito Capelo, vice-almirante da Marinha e engenheiro hidrográfico (1831-1891), Guilherme Augusto de Brito Capelo, vice-almirante da Marinha e cientista (5 de Agosto de 1839 - 21 de Março de 1926).
Assentou praça na Marinha no ano de 1855 terminando o curso 4 anos depois. Em 1860 embarcou como guarda-marinha para Angola a bordo da corveta D. Estefânia, comandada pelo príncipe D. Luís, mais tarde rei, permanecendo durante três anos na estação naval de África Ocidental. Em 1863 regressou a Lisboa e no ano seguinte foi promovido ao posto de segundo tenente. Nesse ano voltou a África de onde regressou em 1866 para voltar logo de seguida a Angola, onde aí permaneceu até ao ano de 1869, altura em que seguiu para Moçambique, regressando a Lisboa em 1870 para logo partir em Direcção a Cabo Verde. No ano de 1871 foi integrado numa expedição enviada à Guiné e em 1872 foi para a China de onde regressou a Lisboa no ano de 1876.
Em 1875, Luciano Cordeiro fundou a Sociedade de Geografia de Lisboa, reunindo em seu redor uma elite intelectual, civil e militar. Embora a sua actuação não fosse direccionada exclusivamente para o continente africano, logo nos primeiros anos da sua existência criou a Comissão Nacional Portuguesa de Exploração e Civilização da África, mais conhecida por Comissão de África que assumiu a função de despertar a opinião pública para as questões do Ultramar e que preparou as primeiras grandes expedições de exploração científico-geográfica. Estas expedições destinavam-se a efectuar o reconhecimento do Cuango e as suas relações com o Zaire, e ainda a comparar a bacia hidrográfica deste rio com a do Zambeze, concluindo, assim, a carta da África centro-austral, o famoso Mapa Cor-de-Rosa. Estas expedições integravam-se num contexto político marcado por um forte surto expansionista europeu, nos domínios do continente africano, que anteciparam a histórica Conferência de Berlim, realizada em 1885. Exploradores de todas as grandes potências europeias, lançaram-se numa verdadeira rivalidade pela prospecção de territórios, obrigando Portugal a rever urgentemente a sua política colonial e a efectivar a sua presença nestes locais, mas as pretensões portuguesas de ocupação do espaço entre Angola e Moçambique chocaram com as pretensões inglesas, que se materializaram na consequente reivindicação dessa zona para o império inglês através do Ultimato Britânico a Portugal.

A primeira Viagem - De Benguela às Terras de Iaca

Brito Capelo, quando da sua permanência em Angola fez o reconhecimento científico daquela zona, facto que o fez ser escolhido, por Decreto de 11 de Maio de 1877, para dirigir uma expedição científica à África Central da qual também faziam parte o oficial da marinha Roberto Ivens e o major do exército Serpa Pinto. Segundo o decreto foram nomeados «para comporem e dirigirem a expedição que haviam de explorar, no interesse da ciência e da civilização, os territórios compreendidos entre as províncias de Angola e Moçambique, e estudar as relações entre as bacias hidrográficas do Zaire e do Zambeze.
A 7 de Julho de 1877 Brito Capelo, Roberto Ivens e Serpa Pinto iniciam a expedição. Feito o trajecto Benguela-Bié, divergências entre Serpa Pinto e Brito Capelo levaram a expedição a dividir-se, com Serpa Pinto, por sua iniciativa a tentar a travessia até Moçambique. Desde o princípio da viagem Serpa Pinto tentou desviar os objectivos da expedição. Capelo e Ivens recusaram-se ao que consideraram ser “os desvarios de Serpa Pinto” e cognominando-o de falsário e participam a separação. Serpa Pinto acabou por falhar o seu objectivo, pois não o conseguiu como pretendia, atingir qualquer ponto da costa moçambicana, como foi sua declarada intenção. Chegou, no entanto, a Pretória, e posteriormente a Durban.
Brito Capelo e Roberto Ivens mantiveram-se fiéis ao projecto inicial concentrando a atenção na missão para que haviam sido nomeados, ou seja nas relações entre as bacias hidrográficas do Zaire e do Zambeze. Mais tarde explicavam que não tinham "o direito de divagar nos sertões, por onde quiséssemos, dirigindo o nosso itinerário para leste ou norte". Percorreram as regiões de Benguela até às terras de Iaca, tendo delimitado os cursos dos rios Cubango, Luando e Tohicapa.
A 1 de Março de 1880, Lisboa recebeu triunfalmente Brito Capelo e Roberto Ivens, tendo o êxito da expedição ficado perpetuado no livro De Benguela às Terras de Iaca.

A segunda viagem - De Angola à Contra-Costa

Depois de concretizado o importante percurso entre o Bié e o Zambeze, e atingidas as cataratas Vitória, Capelo e Ivens são estimulados a prosseguir com as suas expedições.
Dada a necessidade de ser criado um atlas geral das colónias portuguesas, Manuel Joaquim Pinheiro Chagas, ao tempo Ministro da Marinha e do Ultramar, criou por decreto de 19 de Abril de 1883 a Comissão de Cartografia, para a qual nomeou como vogais os dois exploradores. Por outro lado, pretendendo a criação de um caminho comercial que ligasse Angola e Moçambique nomeou-os a 5 de Novembro do mesmo ano para procederem aos necessários reconhecimentos e explorações. A escolha de dois oficiais de Marinha para a concretização desta importante missão, prendeu-se com o facto de se tratarem de territórios desconhecidos, não cartografados, nos quais era necessário avançar, recorrendo aos princípios da navegação marítima, tão familiares a estes exploradores.
Entre 1884 e 1885, Capelo e Ivens realizaram nova exploração em África, primeiro entre a costa e o planalto de Huíla e depois através do interior até Quelimane, em Moçambique. Continuaram, então, os seus estudos hidrográficos, efectuando registos geográfico-naturais mas, também, de carácter etnográfico e linguístico. Estabeleceram assim a tão desejada ligação por terra entre as costas de Angola e de Moçambique, explorando as vastas regiões do interior situadas entre estes dois territórios e descrevendo-as num livro em dois volumes: de Angola à Contra-Costa. Partiram para esta missão a 6 de Janeiro de 1884  e regressaram a 20 de Setembro de 1885 sendo recebidos triunfalmente pelo rei D. Luís.
Posteriormente, Brito Capelo, foi nomeado para outras missões, tais como a de vice-presidente do Instituto Ultramarino, do qual foi primeiro Presidente a Rainha Dona Amélia. Faziam igualmente parte da sua primeira Direcção eminentes vultos da História de Portugal, como Roberto Ivens, Andrade Corvo, Luciano Cordeiro, Pinheiro Chagas, António Enes e Oliveira Martins, o que revela bem da importância que as autoridades governamentais da época quiseram atribuir àquela obra social.
Fontes: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_portugueses;https://pt.wikipedia.org/wiki/Hermenegildo_Capelo; I.N.C.M; colecção particular do autor.
Publicado no Jornal das Caldas em 9 de Julho de 2015
 
 
                                                                        F I M


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