quarta-feira, 29 de junho de 2011






Artigo 59
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda
1910 – 2010
MIL ESCUDOS

Conde de Castelo Melhor




Chapa 5


A personalidade para ilustrar esta nota recaiu na figura de Luís de Vasconcelos e Sousa, “Conde de Castelo Melhor” (1636-1720), destacado homem da política no reinado de D. Afonso VI. Este trabalho foi efectuado pela casa Bradbury, Wilkinson & Cº. Ltd., New Malden, Surrey. Na frente da nota foram aplicadas duas estampagens calcográficas (talhe-doce); uma, a azul, contendo o retrato do conde de Castelo Melhor, a outra, a verde-escuro com uma vista do Palácio de Sintra, e a cercadura contendo motivos geométricos em linha branca. O verso tem uma estampagem calcográfica, a castanho-escuro, com uma panorâmica do Castelo de Almourol, um emoldurado de guilhoché em linha branca e linha cheia, e a cabeça em relevo, de um guerreiro antigo. O papel foi fornecido pelo fabricante Portals, Limited, Laverstoke Mills, Whitchurch, Hampshire, tem como filigrana, no lado direito, visto à transparência pela frente, a cabeça de Aníbal, de perfil para o centro. Dimensões da nota 184 x111 mm. Foram emitidas 1 033 500 notas com a data de 18 de Novembro de 1932. Primeira emissão, 3 de Setembro de 1934, e a última, 5 de Setembro de 1939. Foram retiradas de circulação em 30 de Junho de 1948.
Biografia:
Luís de Vasconcelos e Sousa, 3º. Conde de Castelo Melhor nasceu no ano de 1636, filho de João Rodrigues de Vasconcelos, senhor de Valhelhas, e de sua mulher Dona Mariana de Lencastre Vasconcelos e Câmara, 2ª.condessa de Castelo Melhor. Distinguiu-se como um valente soldado às ordens de seu pai, na defesa das fronteiras de Espanha. Consta que após certa rixa entre fidalgos no jogo da péla, da qual resultou a morte do conde de Vimioso, D. Luís exilou-se em França, esperando que o tempo apagasse da memória dos homens o caso do qual era o principal culpado. Quando regressou a Portugal sua mãe desempenhava um papel de dama de honor, depois camareira-mor na Corte. As irmãs foram recolhidas às Albertas de Carnide e das Janelas Verdes, antes damas da Rainha. Tinha na Corte rivais que foram conselheiros privados da rainha, como o marquês de Marialva e o secretario de Estado Pedro Vieira da Silva. Casou com Dona Guiomar de Trava e Sousa Faro e Veiga, de onde adveio uma geração de quatro filhos, dois de cada sexo. Segundo Veríssimo Serrão, foi um verdadeiro estadista; fora obrigado a exilar-se em França entre os anos 1655 a 1657, por suspeitas na implicação da morte do conde de Vimioso. Regressado a Portugal combateu na defesa da província do Minho, saindo gravemente ferido. No ano de 1659 recebeu o reposteiro - mor do Paço. Distinguiu-se na crise de 1662, desempenhado as funções de camareiro de serviço. D. Afonso VI, em reconhecimento pelos seus préstimos galardoou-o com a nomeação para o cargo de escrivão da puridade, espécie de secretário privado.A tendência centralizadora que a Restauração impunha, o ofício era de maneira a concentrar nas mãos do beneficiário a máquina da administração pública, pelo que sendo colaborador directo do monarca, ao Conde de Castelo Melhor, lhe foi incumbido os actos públicos, receber juramentos de fidelidade e obediência à Coroa, seguir o Rei em todos os actos oficiais, nas nomeações para cargos de administração no Reino e no Ultramar, consultas nos Tribunais e na correspondência diplomática. Um mal estar instalou-se no Reino devido à incúria dos conselheiros de D. Luísa de Gusmão, tendo o Conde conseguido afastar os seus inimigos exercendo o poder que detinha junto do Rei e debruçando-se em duas missões chaves; a primeira assegurar a continuidade do seu governo, pelo que rodeou o infante D. Pedro de gente de sua confiança; segundo reorganizar as tropas portuguesas para expulsar os espanhóis que entretanto tinham tomada Évora com um grande exército, sob o comando de João de Áustria. O Conde sob o seu governo foi feliz no campo militar obtendo nos anos de 1663 e 1665 vitórias na batalha do Ameixial e Montes Claros. Fruto destas vitórias foi assinado o Tratado de Paz com Espanha, em Madrid no mês de Janeiro e no mês de Fevereiro em Lisboa no ano de 1668. Sendo um dos obreiros na vitória da Guerra da Restauração e apaziguados os ânimos entre Portugal e Espanha, procurou apoios diplomáticos em França com o fim de casar o rei D. Afonso VI, obtendo como noiva Maria Isabel Francisca de Sabóia, que anos mais tarde o afastou do governo com a ajuda do infante D. Pedro. Foi obrigado a exilar-se por imposição da rainha que não o deixava regressar a Portugal, instalando-se em Paris, depois em Inglaterra, onde solicitou auxílio a D. Catarina de Bragança mulher de Carlos II. Aqui permaneceu algum tempo desempenhando notáveis serviços na Corte. Regressou a Portugal após a morte de D. Maria Francisca de Sabóia, tendo-se fixado em Pombal onde era alcaide – mor e comendador. Foi capitão do donatário da ilha de Santa Maria, desde 1667 até à sua morte, no ano de 1720.

F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal” Banco de Portugal. Trecho de história de Veríssimo Serrão. Wikipedia.org/Conde de Castelo Melhor.
Óbidos – Outubro de 2010.

Publicado no Jornal das Caldas em 29-06-2011.




Artigo 58
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda
1910 – 2010

MIL ESCUDOS
General Marquês de Sá da Bandeira






Chapa 4


Ilustram a frente desta nota, o retrato, segundo uma litografia da época, do general e estadista do Marquês Sá da Bandeira (1795-1876), e uma vista da Ponte de D. Maria Pia, no Porto e no verso uma vinheta representando a vindima. O trabalho de preparação das chapas e a estampagem das notas ficaram a cargo da casa inglesa Bradbury, Wilkinson & Cº. Ltd., New Malden, Surrey. Foram utilizadas três estampas calcográficas; na parte da frente duas, sendo uma a vermelho-escuro com o retrato de Sá da Bandeira trajando militarmente, e a outra a verde-escuro com os demais elementos, que inclui a cercadura do trabalho de guilhoché, a vista da Ponte de D. Maria Pia e linhas paralelas de protecção ao fundo duplex, impresso em íris. O verso da nota comporta uma estampagem calcográfica a castanho-escuro, contendo o emblema do Banco, a vinheta da vindima e uma cabeça simbólica, assentes sobre um fundo irisado. O papel é de fabrico da firma Portals Limited, Laverstoke Mills, Whitchurch, Hampshire, tem como marca de água, que quando vista à transparência pela frente uma cabeça de Marte de perfil para o centro. Dimensões da nota 184 x 111 mm. Foram emitidas 1 058 000 notas com a data de 17 de Setembro de 1929. A primeira emissão, 8 de Abril de 1931, e a última emissão, 29 de Agosto de 1934. Foram retiradas de circulação em 27 de Março de 1945.
Biografia:
Ver a biografia inserida na chapa 2 da nota de dez escudos.

F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal” Banco de Portugal.
Óbidos – Outubro 2010.

Publicado no Jornal das Caldas em 22-06-2011.

quarta-feira, 15 de junho de 2011





Artigo 57
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda

MIL ESCUDOS


Oliveira Martins





Chapa 3


A imagem de Oliveira Martins foi a escolhida para figurar na parte da frente da nota, assim como uma aguarela do antigo Convento do Carmo de autoria do pintor Casanova, sendo o verso composto ao centro com a heráldica do Banco de Portugal e no fundo por azulejos coloridos. O trabalho esteve a cargo da firma Bradbury, Wilkinson &Cº. Ltd., New Malden, Surrey. A frente da nota contem duas estampagens calcográficas, sendo uma a castanho-escuro, com o retrato de Oliveira Martins (1845-1894), e a outra com desenhos que apresentam a azul-escuro e que inclui uma vista do Convento do Carmo. O fundo de impressão tipográfica em íris, é constituído por desenhos geométricos multicolores e linhas ondulantes. A estampagem calcográfica do verso apresenta-se num avermelhado e assenta sobre fundo, impresso em íris, formado por azulejos coloridos. O desenho para esta chapa foi executado por Jacinto Freire Themudo funcionário do Banco. O papel foi fornecido pelo fabricante francês Société Anonyme des Papeteries du Marais et de Sainte-Marie, tem como filigrana especial, no lado esquerdo, quando visto à transparência pela frente a efígie de Oliveira Martins de perfil para o centro. Dimensões da nota 186 x 111 mm. Foram emitidas 412 000 notas com a data de 25 de Novembro de 1927. A primeira emissão, 5 de Abril de 1929 e a última emissão, 24 de Fevereiro de 1930. Foram retiradas de circulação em 14 de Agosto de 1931.
Biografia:
Joaquim Pedro de Oliveira Martins, vulgo Oliveira Martins, foi um historiador, antropólogo, economista, crítico social e político, que nasceu na cidade de Lisboa a 30 de Abril de 1845, filho de Francisco Cândido Gonçalves Martins e de sua mulher D. Maria Henriqueta de Morais Gomes de Oliveira. Os seus trabalhos suscitaram grande controvérsia junto da sociedade, influenciando os historiadores, críticos e literatos do seu tempo e do século XX, como António Sardinha, Eduardo Lourenço e António Sérgio. Oliveiras Martins ficou órfão de pai muito cedo, tendo vivido uma adolescência um tanto difícil, teve de abandonar estudos (curso liceal) e empregar-se no comércio. Casou no ano de 1865 com Vitória Mascarenhas Barbosa, sem descendência. No ano de 1867 publicou o seu primeiro romance “Febo Moniz”. Com vinte e dois anos de idade experimentou diversos géneros de divulgação cultural, através do romance drama histórico, e ensaios de reflexão histórica e política. Entre os anos de 1870 e 1874, exerceu funções de administrador de uma mina na Andaluzia. Regressado a Portugal dirigiu a construção da via férrea do Porto à Povoa do Varzim e Famalicão. No ano de 1880 foi eleito presidente da Sociedade de Geografia Comercial do Porto; escreveu neste ano na área das ciências sociais “Elementos de Antropologia”, no ano de 1883 “Regime das Riquezas” e no ano de 1884 Tábua de Cronologia”. Nas obras históricas há a destacar no ano de 1879 “História da Civilização Ibérica e História de Portugal”, no ano de 1880 “O Brasil e as Colónias Portuguesas” e no ano de 1891 “Os filhos de D. João I”. Em 1884 foi eleito deputado pelo círculo de Viana do Castelo. No ano de 1885 aprofundava a sua prática de redactor da imprensa periódica com a fundação d’a Província; aderiu ao Partido Progressista. Foi eleito deputado de 1886 a 1894. No ano de 1892 foi nomeado Ministro da Fazenda, lugar que ocupou por quatro meses, devido a divergências com o chefe de governo. Em 1893 foi nomeado Vice-presidente da Junta do Crédito Público. Foi um dos elementos de destaque da Geração de 70, revelando uma elevada plasticidade às múltiplas correntes de ideias que atravessaram o século. Colaborou nos principais jornais literários e científicos de Portugal, assim como nos políticos e socialistas. Faleceu em Lisboa a 24 de Agosto de 1894.

F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal” Banco de Portugal. Wikipedia.org. Joaquim Pedro Oliveira Martins. Instituto-camões.pt/figuras/omartins. Lello Universal – dicionário.
Óbidos – Outubro de 2010.


Publicado no Jornal das Caldas de 15-06-2011.

quinta-feira, 9 de junho de 2011



Artigo 56
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda




MIL ESCUDOS
Visconde de Seabra






Chapa 3

0 Visconde António Luís de Seabra, político e jurisconsulto foi a figura escolhida para conjuntamente com uma gravura da Basílica da Estrela, emoldurarem a parte da frente desta nota. A da frente da nota é composta por duas estampagens calcográficas; uma a preto, contém a efígie do Visconde de Seabra (1798-1895), diversas legendas, uma vista da Igreja do Santíssimo Coração de Jesus (Basílica da Estrela), e a outra, a amarelo, apresenta a cercadura e moldura do retrato de guilhoché em linha branca. O fundo de composição simples e de técnica topográfica possui duas cores, amarelo e azul claro. No verso da nota realça-se o escudo nacional tomando-o por motivo principal. O trabalho de gravação das chapas e a estampagem das notas foi executado pela casa Waterlow & Sons. Ltd., de Londres. O papel de fabrico inglês, tem como marca de água a legenda Banco de Portugal, disposta longitudinalmente. Dimensões da nota 183 x 112 mm. Estas notas foram mandadas destruir (queimadas), por deliberação do Conselho de Administração, em virtude de problemas relacionados com a falta de autorização do Banco para a estampagem das notas e por ainda estar apenso um exemplar ao processo “Angola e Metrópole”.
Biografia:
António Luís de Seabra e Sousa, visconde de Seabra nasceu a bordo do navio Santa Cruz quando este navega ao largo do arquipélago de Cabo Verde, rumando para o Brasil a 2 de Dezembro de 1798; filho de António de Seabra da Mota e Silva, juiz desembargador da Relação do Porto e de sua mulher Doroteia Bernardina de Sousa Lobo Barreto. Foi um notável jurisconsulto, magistrado judicial, ministro de Estado, bacharel formado em Leis pela Universidade de Coimbra, reitor da mesma Universidade, juiz da Relação do Porto, deputado, Par do Reino, juiz do Supremo Tribunal de Justiça e um dos mais notáveis políticos do tempo da monarquia constitucional. Com apenas poucos anos de idade e por decreto de D. João VI foi nomeado cadete honorário do Regimento de Cavalaria da Nobreza da Comarca de Serro Frio, capitania de Minas Gerais. No ano de 1808 regressou a Portugal com a família instalando-se na província de Trás-os-Montes. Em 1814 matriculou-se no Colégio das Artes de Coimbra; no ano seguinte na Universidade de Coimbra, concluindo o curso de Direito no ano de 1820. Enquanto estudante universitário frequentou os meios intelectuais de Coimbra, nomeadamente a Sociedade dos Amigos das Letras, fundada por António Feliciano de Castilho, adquirindo uma cultura humanista que se veio a revelar nos seus escritos. Aqui conheceu e foi amigo de vultos literários da época. Ainda neste ano fundou na cidade de Coimbra o Jornal Cidadão Literato. No ano de 1821 foi colocado como juiz de fora em Alfandega da Fé, iniciando a sua carreira na magistratura judicial. Casou no ano de 1822 com Doroteia Honorata de Ferreira de Seabra da Mota e Silva, donde adveio uma geração de quatro filhos. Em 1823 pediu a demissão do seu cargo em virtude do resultado da “Vilafrancada” e em coerência com os seus princípios liberais. Entre os anos de 1823 e 1825, foi viver para casa dos pais em Vila Flor, dedicando-se à poesia e literatura, e à tradução de textos clássicos. Escreveu a “Ode a D. João VI”. Após o insucesso da “Belfastada” no ano de 1828, foi obrigado a refugiar-se na Galiza, levando a família integrado num grupo de liberais; daqui passou para Inglaterra, Bélgica e França onde se empregou como tradutor, ingressando na Maçonaria, sendo membro da Loja 14 de Rennes. Regressou a Portugal no ano de 1832, tendo participado no desembarque do Mindelo e no cerco do Porto, estando entre os famosos 7 500 Bravos do Mindelo. Em 1835 assumiu a Presidência da Junta do Depósito Público. Fundou no ano de 1836 o semanário Independente e em 1846 o Jornal Estrela do Norte. Foi procurador régio junto da Relação de Castelo Branco e da Relação de Lisboa. Exerceu as funções de Presidente do Tribunal da Relação do Porto no ano de 1852. Como deputado foi eleito pelos círculos de Trás-os-Montes (1834, 1836-1837), Penafiel (1837), Porto (1840), Moncorvo (1840 e 1852), Aveiro (1851 e 1856), e Anadia (1861). Foi Presidente da Câmara dos Deputados nos anos de 1859 e 1862. Foi encarregue de redigir a primeira reforma do ensino, depois da que foi efectuada pelo Marquês de Pombal. Foi elevado a Par do Reino e depois Presidente da Câmara dos Partes do Reino. Exerceu as funções de ministro dos Negócios do Reino da Junta Provisória do Governo que se formou no contexto da Patuleia em 1846, e foi ministro da Justiça e ministro de Estado Honorário no ano de 1852. Exerceu a Presidência da reitoria da Universidade de Coimbra durante alguns anos. Foi um dos pilares e autores do projecto do primeiro Código Português, o qual entrou em vigência no ano de 1867 até ao ano de 1967. Casou em segundas núpcias com Ana de Jesus Teixeira em 1870, donde adveio um filho. Era senhor da Casa de São Lourenço e da Quinta de Santa Luzia, em Mogofores ambas no concelho da Anadia. Foi elevado a Par do Reino por carta régia no ano de 1862 e feito 1º.visconde de Seabra por decreto de Abril de 1865 do rei D. Luís. Foi comendador de diversas Ordens. Faleceu na sua Quinta de Santa Luzia, Mogofores, Anadia a 29 de Janeiro de 1895, com a bonita idade de noventa e sete anos.
F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal” Banco de Portugal. Wkipedia.org/António Luís Seabra; arqnet.pt/dicionário/Seabra; Lello Universal dicionário.
Óbidos – Outubro de 2010.

Publicado no Jornal das Caldas em 08-06-2011.

sábado, 4 de junho de 2011




Artigo 55
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda


MIL ESCUDOS

António Feliciano de Castilho



Chapa 2


Foi escolhido o retrato de António Feliciano de Castilho, poeta e prosador para a frente desta nota, e no verso as figuras simbolizando a Poesia e a Justiça. A frente da nota tem uma estampagem calcográfica com uma faixa central de cor avermelhada, onde sobressai ao centro o retrato de Castilho, esbatendo para uma cor verde para os lados, observando-se na cercadura trabalho de torno geométrico em linha branca e linha cheia. O fundo foi impresso tipograficamente em quatro cores (encarnado, verde, amarelo e azul), onde foi aplicado o sistema duplex com desenhos geométricos dispostos em íris. O verso da nota tem igualmente uma estampagem calcográfica a duas cores, sendo a vinheta central a verde bronze, sobressaindo as figuras da Poesia e da Justiça, esbatendo em tons vermelhos para os lados. A composição do fundo da nota, é idêntico ao da parte da frente. Todo este trabalho esteve a cargo da firma Bradbury, Wilkinson & Co. Ltd., de Londres. O fabrico do papel foi efectuado pela firma inglesa T. H. Saunders & Co. Ltd. of Purfleet Wharf, de Londres. Tem como marca de água, no lado esquerdo e quando observado à transparência pela frente, uma cabeça representando a Agricultura, de perfil para o centro. Dimensões da nota 187 x 113 mm. Foram emitidas 455 000 notas com as datas de 27 de Abril de 1922 e 13 de Abril de 1926. Primeira emissão, 28 de Março de 1924 e última emissão em 22 de Dezembro de 1928. Foram retiradas de circulação em 14 de Agosto de 1931.
Biografia:
António Feliciano de Castilho nasceu a 28 de Janeiro de 1800 na cidade de Lisboa, filho José Feliciano de Castilho, médico da Real Câmara e lente da Universidade Coimbra e de sua mulher Dona Domicilia Máxima de Castilho. Foi uma criança que teve uma infância marcada por dificuldades de saúde, incluindo sérios sintomas de tísica, as quais lhe provocaram a cegueira após um ataque de sarampo, impedindo-o durante o resto da vida de escrever e ler, tendo prosseguido os seus estudos ouvindo a leitura de textos e sendo obrigado a ditar a sua obra literária. Com a perda da visão os outros órgãos mais se apuraram como o da audição, que lhe permitiu o conhecimento profundo da língua portuguesa e de algumas línguas, conseguindo um conhecimento muito acentuado do latim, o que lhe permitiu distinguir-se como poeta de rara sensibilidade e prosador. Com apenas dezasseis anos de idade escreveu e publicou um “Epicédio na morte da Augustíssima senhora D. Maria I, rainha fidelíssima”, obra que foi reconhecida sendo-lhe concedida uma pensão com carácter de incentivo. No ano de 1818 publicou um poemeto, intitulado “À faustíssima aclamação de S. M. o Senhor Dom João VI ao trono. Estes dois trabalhos granjearam-lhe enorme prestígio, sendo-lhe atribuído um ofício de escrivão do Juízo da cidade de Coimbra. Cursou na Universidade de Coimbra com o seu irmão Augusto, onde se matricularam na Faculdades Cânones e estudaram humanidades clássicas, instruindo-se na procura dos poetas latinos. Em 1820 publicou uma “Ode à morte de Gomes Freire e seus Sócios”; imprimindo anonimamente nesse ano o elogio dramático “A Liberdade”. No ano seguinte publicou o poema “Cartas de Echo e Narciso”, dedicadas à mocidade coimbrã. Foi viver com o seu irmão para Sever do Vouga entre os anos 1826 e 1834, anos difíceis que se caracterizaram por perseguições políticas e violações de toda a ordem, a que se seguiu a Guerra Civil (1828-1834). Neste espaço de tempo para Feliciano de Castilho foram anos de acalmia, pois a terra serviu-lhe de refúgio, dedicando-se ao aprofundamento do estudo dos clássicos, traduzindo as “Metamorfoses” e os “Amores de Ovídio; escreveu imensos versos que os compilou nas “Escavações poéticas”. Casou com uma dama de nome Maria Isabel Baena Coimbra Portugal, no ano de 1834; deste casamento não adveio geração; enviuvou no ano de 1837. Divulgou através de fascículos a história de Portugal em número de oito, obra em que teve como colaborador Alexandre Herculano. Casou em segundas núpcias na ilha da Madeira, com Dona Ana Carlota Xavier Vidal, no ano de 1840, de onde adveio uma geração de sete filhos. Regressado a Lisboa em 1841, publicou o primeiro número da “Revista Universal Lisbonense”, por ele fundada e dirigida até ao ano de 1845. Atingiu o auge da sua produção literária, consolidando a sua reputação como escritor do regime, essencial para o sucesso literário no Portugal de então. Escreveu biografias de Garcia de Resende e do padre Manuel Bernardes. Em 1846 fez uma pequena incursão pela política, militando no partido Cartista; reconhecendo um enorme analfabetismo da população portuguesa, encetou uma luta pela qual se empenhou durante grande parte da sua vida, que consistia em fazer adoptar um método de leitura rápida, que se chamou o “Método Português” mais tarde conhecido por “Método Português de Castilho”, de aprendizagem da leitura, método este, que levantou enormes polémicas. Perante este excelente trabalho, o governo de então nomeou-o Comissário para a Propagação do Método Português e deu-lhe um lugar de destaque no Conselho Superior de Instrução Pública. O seu método nunca foi oficializado para uso generalizado nas escolas públicas, recusa que foi um pesar da vida de Castilho. Auto exilou-se nos Açores entre os anos de 1847 e 1850, onde aí conviveu com a nata da sociedade, escrevendo o “Estudo Histórico -Poético de Camões”, fundou uma tipografia onde imprimiu o jornal o Agricultor Michaelense; fundou a Sociedade das Letras e Artes, escreveu diversos trabalhos para uso nas escolas, etc.; apoiado pelas autarquias e por sua iniciativa criaram-se escolas, e aí se ensinou pela primeira vez a leitura repentina pelo Método Castilho. Regressou a Portugal em 1850, reforçando a sua luta contra aqueles que reprovaram o seu método de leitura, sendo publicadas diversas edições, com o nome de “Método Português de Castilho”, continuando a suas actividade de prosador e poeta. No ano de 1865 deslocou-se ao Brasil com o fim de alargar a todo o mundo lusófono o seu Método, sendo recebido pelo imperador D. Pedro II. Em 1858 D. Pedro V criou as cadeiras do Curso Superior de Letras de Lisboa, oferecendo a cadeira de literatura portuguesa a Castilho o qual declinou. No ano de 1866 foi a Paris e aí conheceu Alexandre Dumas de quem era um apaixonado. Publicou diversas obras em Paris e viu traduzido para a língua italiana a sua obra “Ciúmes de Bardo”. Foi-lhe concedido o título de visconde de Castilho em Maio de 1870. Enviuvou pela segunda vez no ano de 1871. Faleceu na cidade de Lisboa a 18 de Junho de 1875, sendo o seu funeral bastante concorrido, vendo-se representadas todas as classes da sociedade, dado o prestígio e fama por ele alcançados.

F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal” Banco de Portugal. Wikipedia.org/Antonio Feliciano Castilho; dicionário/Castilho António. Lello Universal.
Óbidos – Outubro 2010.


Publicado no Jornal das Caldas de 01-06-2011