terça-feira, 9 de dezembro de 2008

90º. Aniversário do Armisticio



História
90º. Aniversário do Armistício
Os Portugueses na 1ª Guerra Mundial
(Homenagem aos caldenses caídos na 1ª. Guerra Mundial -França)

Por: Luís Manuel Tudella

No próximo dia 11 de Novembro, comemora-se por toda a Europa o 90º. Aniversário da assinatura do armistício, da 1ª. Guerra Mundial.
O armistício foi assinado numa carruagem pelas entidades envolvidas no conflito da 1ª. Guerra Mundial a 11-11-1918, na localidade de Compiège, a nordeste de Paris.
A 1ª.Grande Guerra, (1914-1918) foi a primeira do século XX, que teve como palco principal a Europa, e que pôs pela primeira vez em confronto o poder destrutivo das armas bélicas em escala massiva, que o homem ao longo do fim do século XIX e inicio do século XX, vinha desenvolvendo e aperfeiçoando.


Assinatura do Armistício

Foi sem dúvida o primeiro conflito bélico a nível planetário, pois por um lado lutaram incorporados na Tríplice Entente as Forças Aliadas de 24 países (Bélgica, Brasil, China, Costa Rica, Cuba, E.U.A., França, Grã-Bretanha, Grécia, Guatemala, Haiti, Honduras, Itália, Japão, Libéria, Montenegro, Nicarágua, Panamá, Portugal, Roménia, Rússia, S. Marinho, Sérvia e Sião); e por outro, as Potências Centrais, como (o Império Alemão, o Império Austro-Húngaro o Império Otomano e a Bulgária).
Afirmam uns, que o início deste conflito se deve ao assassinato na Sérvia, por um estudante, a 28 de Junho de 1914, do herdeiro ao trono Austro-Húngaro, Francisco Fernando e de sua mulher; outros recuam no tempo, e debruçam-se sobre as feridas não cicatrizadas de conflitos que tiveram o seu palco na Europa do século XIX, entre diversas nações; e ainda outros debruçam-se sobre as negociações encetadas pela Grã-Bretanha, ao longo de anos com a Alemanha, para a demover do seu expansionismo e predomínio da Europa, do Mundo e dos mares, o que foi totalmente rejeitado pela Alemanha, apesar da Grã-Bretanha colocar no tabuleiro algumas cedências e compensações, de entre outras, o Congo Belga e as nossas colónias de Angola e Moçambique, que faziam fronteira com possessões alemãs, sem o nosso prévio consentimento.
Certo é, que, após o assassinato de Francisco Fernando, foi este o pretexto considerado para o início do conflito, pensando-se que seria uma questão que se resolvia em três meses, o que não veio a suceder, prolongou-se por quatro longos penosos e duros anos, vindo a provocar a morte a mais de 8 milhões de seres humanos e mais de 20 milhões de feridos; muitos deles vindo a falecer mais tarde, após o conflito, devido a ferimentos recebidos, outros ficaram incapazes, vindo a falecer gradualmente fruto da evolução do envenenamento com a inalação de gases e muitos milhões ficaram estropiados; a destruição e desagregação de milhares de famílias; a destruição de aldeias, vilas e cidades, algumas desapareceram completamente do mapa; a perda irrecuperável de patrimónios históricos; etc… Após esta catástrofe, nada ficou como dantes; o desaparecimento de 3 impérios, (Alemão, Austro-Húngaro e Otomano), a criação de novos países, novas fronteiras foram traçadas, um enfraquecimento global da Europa, e uma nova potência mundial emergiu, os Estados Unidos da América.
Concorreu também para esta catástrofe o desenvolvimento do armamento em larga escala, com o aparecimento de novas armas no palco de guerra, como; as minas, os torpedos, os submarinos, as metralhadoras, os aviões, as bombas com barbatanas e dispositivo deflagrador na extremidade, os gases (cloro e mostarda), os tanques, a bicicleta substituta em larga escala dos solípedes que serviam a arma de cavalaria, a fotografia aérea, o telégrafo, e como se não bastasse, a evolução do armamento era confrangedor, pois cada vez, apareciam armas mais eficientes, de maior alcance, maior precisão, melhor manuseamento, tendo por fim maior capacidade de destruição; são exemplo disso, os aviões, que no inicio do conflito eram construídos em lona e madeira com duas e três asas sobrepostas, acabando no ano de 1918, por serem fabricados em metal com uma só asa transversal e motor central muito mais potente, melhor manuseamento, maior autonomia e maior velocidade; os tanques que no início do conflito, mais pareciam caixotes de ferro, muito pesados e de difícil manuseamento em terreno acidentado, por conseguinte, alvos fáceis; agora (1916), surgem-nos mais eficazes na passagem das trincheiras, com o sistema de lagartas na sua locomoção; o motor de explosão interna aplicado nos submarinos foi de um êxito enorme, vindo a causar enormes baixas aos aliados; a propaganda e a espionagem, que em muito auxiliaram ambas as partes nas suas acções, etc.
Seria fastidioso se continuasse a fazer descrição do que se passou e do que se já escreveu sobre este conflito, mas não quero deixar de salientar as batalhas mais significativas, que deram a uns e a outros avanços e recuos na progressão do terreno, ou mesmo, o estacionamento durante largos meses nas trincheiras ficando estas inalteradas com posições estremadas.
O palco de guerra englobava várias frentes (F. Ocidental, F. Oriental, Extremo Oriente, Balcãs, África Oriental e Ocidental, e Pacífico).
De seguida e por ordem cronológica, faz-se a descrição das batalhas mais significativas da Frente Ocidental, aquelas que mais nos interessa.
Frente Ocidental:
1)- Batalha das Fronteiras, de 3 a 26 de Agosto de 1914; 2)- Batalha das Ardenas, de 21 a 26 de Agosto; 3)- Batalha de Charleroi de 21 a 23 de Agosto; 4)- Batalha de Mons de 23 a 24 de Agosto; 5)- Batalha de Cateau de 25 a 29 de Agosto. Total de baixas 8.000; 6)- 1ª. Batalha do Marne de 6/09 a 9 de Setembro; 7)- 1ª. Batalha de Ypres de 8/10 a 22 de Novembro – baixas, 50.000 alemães e 24.000 franceses e belgas; 8)- 1ª. Batalha, das doze de Isonzo a 23-06-1915. No fim de 1915 as baixas italianas ascendiam a 250.000 mortos feridos e prisioneiros; 9)- 2ª. Batalha de Ypres, entrada em acção da arma química “gases”; 10)- Batalhas de Champagne – Fev. e Março – Setembro a Novembro de 1915; 11)- Batalha de Verdun – Fev. a Agosto de 1916. As baixas de ambos os lados cifraram-se em mais 500.000 mortos, feridos e prisioneiros; 12)- 1ª.Batalha do Somme – Junho a Novembro de 1916, (Entrada em acção dos primeiros tanques, o flagelo das trincheiras) - baixas alemãs 600.000, entre mortos, feridos e prisioneiros, e baixas por parte dos aliados, 194.451 franceses e 419.654 britânicos; 13)- Batalha de Messines a 6 e 7 de Junho de 1917- foram capturados 7.500 militares alemães; 14)- 3ª. Batalha de Ypres (Passachendaeie) de Julho a Novembro de 1917; 15)- Batalha de Caporetto de 19-8 a 12-9, as forças dos Impérios Centrais fizeram 275.000 prisioneiros; 16)- Batalha de Cambrai, em Outubro de 1917; 17)- 2ª. Batalha do Somme entre 21-03 a 04-04-1918; 18)- 2ª. Batalha do Marne, as perdas alemãs cifraram-se em 30.000 mortos e feridos, a captura de 800 bocas de fogo de artilharia – nesta batalha está incluída a batalha de La Lys; A partir daqui os aliados tomaram a iniciativa das operações até ao fim do conflito; 18)- Batalha de Amiens a 08-08-1918, as forças americanas em acção fizeram mais de 13.000 prisioneiros alemães e 466 bocas de fogo; do lado americano as baixas foram na ordem dos 7.000 homens.
Não posso deixar de salientar a Batalha Naval mais mortífera da história da Grande Guerra, que pôs frente a frente a frota britânica e a frota alemã, no mar do norte, em Maio de 1916 que compreendeu a totalidade de 260 navios; a “Batalha da Jutlândia”, que teve como resultado por parte dos britânicos a perda de 3 cruzadores de batalha, 3 cruzadores, 8 destroyers, totalizando 14 navios afundados, dos quais resultaram 6.097 mortes e 510 feridos; e da parte alemã, a perda de 1 couraçado, 1 cruzador de batalha, 5 destroyers, totalizando 11 navios afundados, dos quais resultaram 2.551 mortes e 507 feridos; ambos reclamaram vitória…

O Motivo da entrada de Portugal no conflito.

A razão da entrada de Portugal na 1ª.Guerra Mundial, segundo os historiadores, oscila entre a “Manutenção do Império”, o “Perigo Espanhol”, e a “Consolidação da República”. Todas têm a sua razão de ser, mas no meu entender, penso que a razão primordial se encontra na “Consolidação da República”, e na “Manutenção do Império”, pois no primeiro caso, a República tinha sido implantada há cerca de 4 anos, sendo alvo de constantes ataques de todas as forças políticas, e religiosas, querendo fazer desacreditá-la não só em Portugal como na Europa; e no segundo caso, a situação geográfica das nossas colónias de Angola e Moçambique, que confinavam com possessões alemãs, respectivamente, Angola a sul com a África Alemã do Sudoeste, e Moçambique a norte com a África Oriental Alemã, sendo alvos de ataques a partir de 1914.
Portugal, sendo velha aliada da Grã-Bretanha, e estando esta em guerra, incorporada na Tríplice Entente, entende que deve fazer parte do conflito, solicitando à sua aliada permissão para a entrada em palco. A Grã-Bretanha, invoca a sua não permissão com a razão de falta de transportes e meios. A posição portuguesa é de insistência, a qual, a muito custo e com prolongadas negociações, se veio a concretizar. A nossa aliada continua a informar de que não possui meios para fazer deslocar elementos do exército português, o que deixa ao nosso critério o transporte de homens e armamento. Só existe uma maneira de obter não só meios de transporte como víveres, e esse foi encontrado em 24-02-1916, quando destacamentos da Armada Portuguesa tomaram todos os navios alemães que se encontravam fundeados no estuário do Tejo e aprisionaram todos os outros que se encontravam atracados em portos Nacionais, na totalidade de cerca de 80 navios. Perante esta situação, a Alemanha declarou-nos guerra no dia 09-03-1916.
Sendo Portugal um Império, queria garantir no fim do conflito uma posição, que lhe desse a continuidade desse estatuto, pelo que se tornou numa força beligerante.
Mas antes deste episódio já Portugal estava em guerra com a Alemanha, mais concretamente com as suas colónias africanas.
Senão, vejamos pequeno resumo cronológico das hostilidades havidas, nas colónias de Angola e Moçambique:
.- Em Moçambique, Agosto de 1914, um incidente, na fronteira do Rovuma, um ataque alemão ao posto fronteiriço de Maziúa, resultou na morte do chefe do posto.
- Em Angola, Outubro, incidente de fronteira em Naulila, sul de Angola, resultou na morte de 3 alemães.
- A 30 de Outubro, o posto português de Cuangar situado na margem esquerda do rio Cubango, no sul de Angola, é atacado por alemães, originando a morte a dois oficiais, um sargento, cinco soldados europeus e treze africanos, com alguns civis
- A 18 de Dezembro,”Combate de Naulila” as forças alemãs atacam as portuguesas, obrigando-as a retirar, no Sul de Angola, em direcção a Humbe originando a morte a três oficiais e 66 sargentos e soldados.
- Em Junho de 1915, o governador de Moçambique informa de que se procedesse à reocupação de Quionga, no norte, ocupado pelos alemães em 1894.
- Em 17 de Junho de 1915, as tropas portuguesas tomam Humbe, no sul de Angola, sem encontrarem resistência.
Antes e depois da declaração de guerra a Portugal pela Alemanha, são enviadas para o sul de Angola e norte de Moçambique várias forças expedicionárias com o intuito de restabelecer as fronteiras no sul de Angola; e a norte, tomar Quionga., em Moçambique.

O palco de guerra em África e no que a nós diz respeito, vai desenrolar-se na colónia de Moçambique, nas margens do rio Rovuma, com ataques esporádicos de ambos os lados, travessias do rio de um lado e de outro, até que na quarta expedição, fruto de maior disciplina, melhor armamento, e muito melhores chefias, os alemães, comandados por Lettow-Vorbeck, em 21-11-1917, dirigem-se para a fronteira de Moçambique, e aí somos surpreendidos, infringindo-nos uma pesada derrota, provocando um massacre, onde faleceram cinco oficiais e 14 soldados europeus, duzentos e oito soldados africanos, ficando feridos para cima de 70 homens, e terem sido aprisionados 550 soldados, entre estes trinta e um oficiais.
- Em Dezembro de 1917, a uma coluna militar alemã comandada pelo general Wahle, que se dirigia para o interior de Moçambique é-lhe barrada a passagem pelas nossas forças.
- Em Julho de 1918 as tropas alemães vão de vitória em vitória chegando a escassos 40 km de Quelimane, provocando avultados prejuízos.
- Em Setembro as tropas alemãs abandonam Moçambique, atravessando o rio Rovuma.

Na Europa, após a declaração de guerra a Portugal, iniciam-se e desenvolvem-se acções para a sua prestação. Assim;
- Em Junho de 1916, o governo inglês convida Portugal a ser activo nas operações militares dos aliados.
- Em Julho é constituído o CEP (Corpo Expedicionário Português), em Tancos, sobre o comando do general Norton de Matos e seria composto por 30 mil homens.
- Em Dezembro há quem discorde da entrada de Portugal na guerra. Machado dos Santos tenta uma revolução malograda.
- Em Janeiro de 1917, embarca a bordo de 3 navios ingleses a 1ª. Brigado do CEP, comandada pelo general Gomes da Costa (mais tarde Presidente da República). O CEP é incorporado no BEF (British Expeditionary Force).
-Em Fevereiro, chegam a Brest as primeiras tropas, sendo colocadas na flandres francesa. O segundo contingente parte para França no fim do mês.

Embarque das nossas forças para França

- Em Abril, são colocadas as primeiras forças nas trincheiras, Portugal sofre a primeira baixa com a morte do soldado António Gonçalves Curado.
- Em Maio a 1ª.brigada de infantaria da 1ª.divisão do CEP, vai para a frente de batalha
.- Em Junho dá-se o primeiro ataque alemão às linhas portuguesas.
- Em Outubro o último navio de transporte britânico, dos sete iniciais é retirado do serviço do CEP, o que vem ocasionar o não complementar dos quadros do corpo, e o seu reforço não será contemplado.
- Em Novembro a 2ª.Divisão do CEP coloca-se no Sector Português da frente.
O ano de 1917, foi caracterizado pelas diversas acções de formação das nossas forças em França e Grã-Bretanha, recebendo treino na área de manuseamento de armas, deslocação em trincheiras, cursos de baionetas, cursos de gases etc., que em Portugal pouco ou nada tinham exercitado.
Os poucos meses de 1917, fizeram com que tivéssemos tido acentuadas baixas, tanto


Portugueses em acção

em mortes como em feridos, assim como algumas dezenas largas de prisioneiros. Alguns actos de coragem e bravura foram devidamente apreciados e louvados, levando à condecoração de diversos militares, promoções ao posto imediato, com sacrifícios enormes.
Era Comandante do CEP o general Tamagnini de Abreu.
De Janeiro a 8 de Abril de 1918 a nossa infantaria interveio por seis vezes, como se segue:

- 1º. Combate deu-se a 02-03-1918; as perdas portuguesas cifraram-se em 6 militares mortos, 72 feridos, sendo 45 gaseados. Os alemães tiveram 2 centenas de baixas, e fizeram 69 prisioneiros. Este combate desenrolou-se no sector de Chapigny.
- 2º. Combate deu-se a 07-03; as perdas portuguesas foram de 2 mortos e 15 feridos. Este combate deu-se no sector de Neuve Chapelle e Ferme du Bois.
- 3º. Combate deu-se a 09-03, foi efectuado um raid por tropas portuguesas, nas linhas alemães, provocando 20 feridos entre os nossos e a morte de 40 alemães e 5 prisioneiros.
- 4º. Combate, deu-se a 12-03; as perdas portuguesas foram de 13 militares mortos e 59 feridos; os alemães tiveram 2 mortos e fizeram 7 prisioneiros. Este combate foi nos sectores de Fauquissart e Chapigny.
- 5º. Combate, deu-se a 14-03; as perdas portuguesas cifraram-se em 14 militares mortos e 55 feridos. Este combate desenrolou-se nos sectores de Ferme du Bois e Neuve Chapelle.
- 6º. Combate deu a 04-04; as baixas portuguesas cifraram-se em 12 feridos e 11 desaparecidos.

A 2ª. Divisão do CEP, encontrava-se desde Novembro de 1917, no palco de guerra, sem ter tido qualquer descanso, ou mesmo ter recebido algum reforço, pois quando alguém adoecia ou era ferido, e eram bastantes, muito dificilmente eram substituídos, o que provocava revoltas e iras incontidas nas tropas entrincheiradas, diminuindo gradualmente os efectivos.
Também contribuía para uma quebra acentuada da moral, o modo de vida nas trincheiras, que se traduzia por imensas faltas de condições, como a salubridade, (inundações das trincheiras, roupas encharcadas, botas ensopadas, etc…), um Inverno e principio de primavera muito rigorosos com temperaturas bastante baixas, queda de neves, ventanias, chuvas, e inundações, terrenos alagados, etc., as rações eram bastante condicionadas e de baixas calorias, os fardamentos eram desadequadas à realidade da guerra, enfim uma imensidão de problemas, a que se juntavam as inevitáveis doenças adquiridas, como a tuberculose, bronquites agudas, pneumonias, além do efeito provocado pela emanação de gases altamente tóxicos e mortíferos.



Era assim que se encontravam as tropas portuguesas na linha da frente, totalmente desmoralizadas, enfraquecidas, esgotadas e sem verem o dia em que seriam rendidas por outras. Entretanto nas linhas de reserva as tropas revoltavam-se, amotinavam-se, sendo que algumas foram mesmo julgadas em tribunal de guerra.
Em Portugal, não embarca, nem viaja ninguém para França, e assistiam-se as deserções tanto de oficiais como de praças; e tanto assim era, que segue um resumo de uma carta enviada pelo meu avô a um tio-avô que se encontrava na linha da frente, dando-lhe conta do que por aqui se passava.
Parte da transcrição da carta:

“ foste um valente, mas acho que agora deves vir descansar e deixar que vão para ahi os outros que por aqui passeiam e que já ahi deveriam estar há muito tempo”.



Composição do Corpo Expedicionário Português

A)- 1ª. Divisão : Oficiais 638 : Praças : 18 743 : Solípedes : 5 338 : V. Hipo 945 : V. Auto 24
B)- 2ª. Divisão : Oficiais 638 : Praças : 18 743 : Solípedes : 5 338 : V. Hipo 945 : V. Auto 24
C)- Quartel General (C. E.)
Oficiais 431 : Praças : 8 488 : Solípedes : 4 119 : V. Hipo 424 : V. Auto 676
D)-Efect.da Base:Oficiais 394 : Praças : 5 497 : Solípedes : 964 : V.Hipo 15 : V. Auto 15
T o t a i s Oficiais 2 101 Praças 51 471 Solípedes 15 759 V Hipo 2 329 V.Auto 739

A 1ª. Divisão era comandada pelo General graduado Gomes da Costa, a 2 ª. Divisão pelo General Simas Machado, sendo o Comandante do Corpo Expedicionário Português o General Fernando Tamagnini.
Perante este palco, e com o desgaste das forças em causa, o inimigo ia-se apercebendo da situação, a qual lhe permitia apontar para um futuro ataque sobre determinada zona, e essa foi sem dúvida o sector português o escolhido, para ser lançada a última ofensiva dos alemães na Flandres entre 8 e 29 de Abril.



Os alemães deram a esta operação o nome de código de “Georgette”, dia da investida a 09-04-1918, para nós conhecido como a batalha de La Lys.
Seria fastidioso estar a relatar os acontecimentos de 9 de Abril, até porque tem sido alvo de elaborados estudos e não me compete aqui aquilatar do que correu mal ou menos bem neste fatal dia para as nossas tropas. No entanto é bom relembrar de que foram praticados alguns actos de heroísmo e bravura dignos dos mais altos louvores e condecorações, que nos chegaram por relato dos seus contentores, e outros que foram para a sepultura por quem os praticou, ficando enterrados naqueles malditos lamaçais.
Mas só para termos uma pequena ideia do palco das operações e do desenrolar do ataque na madrugada de 9 de Abril, segue pequena resenha:
As tropas portuguesas encontravam-se acantonadas na vasta região do médio Lys, uma planície húmida e barrenta, cortada por canais e drenos, que após chuvadas se transformava em enormes lamaçais, a qual constituía um corredor entre as colinas de Aras, e de Armentières, numa extensão variável de 12 a 18 Km.
As forças eram em tudo desproporcionadas; para se ter uma ideia do efectivo bélico alemão, tinham na frente do sector português 1.500 bocas de fogo, para a extensão de 12 Km., o que dava uma média de uma boca de fogo de 8 em 8 metros. A esta desproporção de forças deve-se em parte à assinatura de paz entre a Alemanha e a Rússia, a qual libertou da frente oriental 156 divisões, devidamente apetrechadas e retemperadas. As 8 divisões, com mais 4 de apoio e 7 de reserva, contra a reduzida 2ª.Divisão do CEP, ao centro, ladeada a norte pela 40ª Divisão e a sul pela 55ª.Divisão britânicas, davam bem a ideia desproporcionada das forças. (Mapa anexo – as diversas linhas, marcam as datas e os avanços alemães, de 9 a 29 de Abril).
As forças alemãs apercebendo-se da insegurança no sector português, pela madrugada do dia 9 de Abril, cerca das 4 e 15 minutos e debaixo de intenso nevoeiro, lançaram um forte ataque, que não pouparam qualquer comando da lª.linha. Foram neutralizadas logo no início da batalha todas as comunicações, o que veio a facilitar mais o avanço inimigo.
Este ataque sobre o sector português, saldou-se na perda de muitas vidas humanas, bens materiais, no recuo das forças aliadas, e de uma destabilização da frente até 29 de Abril.
Não era possível exigir mais àqueles que tendo passado um inverno e princípio de primavera nas trincheiras em condições deploráveis, se bateram ferozmente; casos houve, que unidades inteiras se bateram até ao último homem tendo havido actos de abnegada bravura e coragem.
A todos que por terras de França ou de África deram o melhor da sua juventude, se deve o maior respeito e consideração, mas em especial aqueles que não puderam juntar-se às suas famílias, ficando aí sepultados para sempre naqueles dantescos palcos de morte.


Total das tropas mobilizadas de 1914-1918


Oficiais Sargentos Praças P. Indig. Total

CEP-França 3.376 3.051 48.658 --- 55.083

CAPI-França 70 120 1.138 --- 1.328

Angola 387 403 a) 11.640 6.000 18.430

Moçambique 1.128 a) 19.295 10.278 30.701

T O T A L 4.961 3.574 80.731 16.278 105.542

a)- Inclui a classe de sargentos.

Forças Empenhadas/Baixas

Forças Mortos Feridos/Incapacitados

França 57.000 2.086 12.508

Angola 32.000 T. 810 683

Moçambique Metr. 4.811 1.593

T O T A L 89.000 7.707 14.784

Baixas do C.E.P. "Mortos"

Combate Gaseados Desastre Doença O. Causas Total

Oficiais 43 2 8 21 --- 74

Praças a) 1.267 68 113 508 56 2.012

T O T A L 1.310 70 121 529 56 2.086

a)- Inclui a classe de sargentos.

Feridos do C.E.P.

Oficiais 256

Praças a) 4.968

a)-Inclui a classe de sargentos.

Além dos 2.086 mortos, que o CEP sofreu, tem que se juntar o desaparecimento de 1.991 militares, o que perfaz a totalidade de 4.077, no norte de França.

Não há terra em Portugal, que não tenha tido um filho que pagou com sangue a sua presença, que não tenha chorado os seus mortos ou feridos, assim como algumas, que os perpetuaram com a edificação de monumentos alusivo a esta efeméride, que tão justa e merecida foi; outras nem sequer uma lápide apresentam ou num cemitério ou mesmo num edifício publico, o que se lamenta.

E porque estamos sobre a data do 90º.Aniversário da assinatura do armistício, é justo, fazer uma singela homenagem, recordando o nome dos naturais do concelho de Caldas da Rainha, que serviram a Pátria bem longe, e que por ironia do destino não tiveram a sorte de regressar.





RELAÇÃO DOS MILITARES CALDENSES MORTOS EM FRANÇA


1º.
FRANCISCO HENRIQUES DE PAIVA
2º. SARGENTO
- Filho de Joaquim Henriques de Paiva e de Gertrudes Manique, nasceu 29-08-1892, na Tornada.
- Estado civil, solteiro.
- Embarcou em Lisboa para França a 22-02-1917.
- Promovido a 2º. Sargento em 13-12-1917, pelo Chefe dos S. H.B., nos termos da alínea d) do artigo 13º. Da Lei nº. 778 de 21-08-1917. (quadro permanente).
- Frequentou o Curso de aperfeiçoamento Sanitário com 14 valores em 23-01-1918.
- Baixa ao H.S. nº. 8 em 12-11-1918.
- Faleceu no mesmo Hospital, vitimado por “Bronco – pneumonia Gripal”, em 17-11-1918.
- Foi sepultado no cemitério civil de Lillers, coval nº. 9.
2º.
JOÃO JACINTO DOS SANTOS
2º. SARGENTO
- Filho de Jacinto dos Santos e de Ana do Rosário, nasceu a 23-06-1894, em Santa Catarina.
- Estado civil, solteiro.
- Embarcou em Lisboa para França a 02-06-1917
-Promovido a 2º. Sargento enfermeiro em 28-02-1918, O.S. nº. 59 do Q. G.2 do mesmo dia (C. S. nº. 759).
- Baixa ao H. S. nº. 8 em 10-03-1919.
- Faleceu às 14 horas do 12-03-1919, no mesmo hospital, com uma ferida penetrante: Cavidade abdominal, perfurações intestinais, ferida do mesentério, do lado direito, e bronco – pneumonia. Congestão pulmonar direita.
- Foi sepultado no cemitério de Linghem, coval nº. 10.
3º.
JOÃO DO COUTO
SOLDADO
- Filho de Manuel do Couto e de Maria Ascenção, nasceu a 14-09-1895 no Carvalhal Benfeito.
- Estado civil, solteiro.
- Embarcou em Lisboa para França a 02-07-1917.
- Desembarcou em Brest em 17-07-1917.
- Faleceu em Laventie, por ter sido ferido em combate, a 13-12-1917.
- Foi sepultado no cemitério de Laventie, coval nº. 28.
4º.
JOSÉ MARQUES
SOLDADO
- Filho de pai incógnito e de Maria da Conceição, nasceu a 23-05-1892, em Alvorninha.
- Estado civil, solteiro.
- Embarcou em Lisboa para França a 19-08-1917.
- Faleceu na 1ª.linha, por ter sido ferido em combate, em 16-01-1918.
- Foi sepultado no cemitério de Laventie, coval nº. 34.
5º.
JOAQUIM CARDOSO
SOLDADO
- Filho de José Cardoso e de Ana Dionísia, nasceu a 08-04-1895, em Salir do Porto.
- Estado civil, solteiro.
- Embarcou em Lisboa para França a 02-07-1917.
- Baixa à ambulância nº.9 em 23-04-1918.
- Foi evacuado em 26-04-1918 para o H. B. 2.
- Faleceu a 06-05-1918, vitimado por “congestão pulmonar”.
- Foi sepultado no cemitério de Ambleteuse, coval nº. 17, caixão nº. 33.
6º.
JOÃO EGINO
SOLDADO
- Filho de João Egino e de Júlia dos Anjos, nasceu a 17-12-1894, em Santa Catarina.
- Estado civil, solteiro.
- Embarcou em Lisboa para França a 02-07-1917.
- Punido em 03-07-1918, pelo Comandante da 1ª. Secção, com 10 dias de detenção, por ter faltado ontem ao serviço de faxina para o H. B. 1 para o qual se achava nomeado.
- Baixa ao H. S. nº. 8, em 30-09-1918.
- Faleceu a 30-09-1918, sendo a causa da morte, ferimentos sofridos num desastre em serviço.
- Foi sepultado no cemitério de Herbelles, coval nº. 7.
7º.
JOÃO VICENTE
SOLDADO
- Filho de António Vicente e de Ana Maria, nasceu a 12-09-1895, em Chão da Parada, Tornada.
- Estado civil, solteiro.
- Embarcou em Lisboa para França a 25-07-1917.
- Por comunicação do Comité Internacional da Cruz Vermelha, sabe-se ter sido feito prisioneiro.
-Faleceu a 14-04-1918, em Kriegs Lazareto Farluvi, Teurcouing, vitimado por ferimentos recebidos em combate.
- Foi sepultado no cemitério de Lazareto, coval nº. 1.
8º.
JOÃO FERREIRA
SOLDADO
- Filho de Francisco Ferreira e de Maria dos Santos, nasceu a 10-10-1892 na Fanadia.
- Estado civil, solteiro.
- Embarcou em Lisboa para França a 21-08-1917.
- Desembarcou em França em 24-08-1917.
- Embarcou para Inglaterra em 11-09-1917, desembarcando a 12 do corrente.
- Embarcou para França em 03-03-1918.
- Baixa à ambulância nº.4 em 29-12-1918.
-Evacuado para o H.S. nº.8 em 18-02-1919.
- Tem direito a usar a medalha Comemorativa de Campanha (Relação do 6ª. Batalhão de Artilharia a pé de 20-02-1919).
- Evacuado para o H. B. 1 em 25-02-1919.
- Julgado incapaz de todo o serviço não podendo angariar os meios de subsistência, em sessão de 03-03-1919. (O.S. nº. 73 do Q. G. B. de 14-03-1919).
- Faleceu no H. B. 1 em 24-04-1919, vitimado por “ Pneumonia”.
- Foi sepultado no cemitério de Ambleteuse, coval nº. 77, caixão nº. 146.
9º.
JOSÉ FARIA
SOLDADO
- Filho de pai incógnito e de Angelina Cândida, nasceu a 28-02-1895, em Chão da Parada, Tornada.
- Estado civil, solteiro.
- Embarcou em Lisboa para França a 02-07-1917.
- Desaparecido em combate no dia 09-04-1918.
- Faleceu na Alemanha em 15-04-1918.


Cemitério inglês com militares portugueses


O Tratado de Paz foi assinado a 28-06-1919 no Palácio de Versalhes, na sala dos
Espelhos.



Postal alusivo ao fim do conflito com o arauto anunciando a nova.

Julgo ser oportuno a inserção de um documento e respectiva transcrição, que foi enviado da frente de batalha na Flandres por um tio avô para uma das suas irmãs, em que dá a conhecer o seu estado de espírito, e mais relevante, o pensamento nele expresso, lamentando profundamente o que se tem passado com esta guerra., e o que o futuro nos reservará. Este postal não poderia ser tão actual e tão anunciador de uma outra futura catástrofe, que se veio a desenrolar no mesmo palco, passados que foram 22 anos da primeira, tendo como principais contendores os mesmos da anterior.
Postal que foi enviado dentro de um envelope conjuntamente com outros num total de 10, em 03-11-1917.





Transcrição
“….. a ambição sempre existiu e sempre existirá enquanto houver imperadores; nunca por nunca ser, a humanidade andará tranquila.
Actualmente está acontecendo o que se deu no tempo de Nero, imperador dos romanos; mas tenho como certo que, o que lhe aconteceu, acontecerá amanhã ao ambicioso imperador inimigo. No entanto ficará quem o substitua infelizmente….”.

E infelizmente veio a suceder, vindo a recair a responsabilidade em Adolfo Hitler, que, esteve presente no primeiro conflito, integrando as forças Austríacas, na frente ocidental, com o posto de cabo, tendo sido ferido em combate numa mão da primeira vez, e da segunda, teve mais sorte, pois serviu-lhe de escudo um amontoado de corpos que jaziam à sua frente, saindo ileso nesse ataque.

F I M

Fontes consultadas:
1-Documentação avulsa do Arquivo H. Militar:
2- Fotos do Arquivo H. Militar.
3- Livro Exército Português – Imagens da I Guerra Mundial:
4- Postais da colecção particular do autor.


Novembro de 2008

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

5 - Numismática - Aristides de Sousa Mendes

ARISTIDES DE SOUSA MENDES DO AMARAL E ABRANCHES


MOEDA DE OURO



Há meses que aguardava por este momento, e o mesmo surgiu nos fins do mês de Novembro, aquando da emissão de duas moedas alusivas ao cônsul português Aristides de Sousa Mendes, que o Governo Francês através da sua casa emissora Monnaie de Paris, entendeu e muito bem, perpetuar os actos humanísticos praticados por este grande Homem em terras francófonas, num momento extremamente grave e difícil que se vivia na Europa de então, fustigada pela II Guerra Mundial.
Mas quem era Aristides de Sousa Mendes?
Que fez de transcendente para ser recordado, e perpetuado em emissão de moedas?
Quem reconheceu a sua nobreza humana?
O que fez o Governo português, perante actos tão nobres e humanos?
- Aristides de Sousa Mendes, e seu gémeo César, nasceram no ano de 1885 em Cabanas de Viriato, distrito de Viseu. Filho de D. Maria Angelina Ribeiro de Abranches e do Juiz José de Sousa Mendes.
- Em 1907 César e Aristides, licenciam-se em Direito na Universidade de Coimbra, seguindo a carreira diplomática.
- Em 1908 o rei D. Carlos e o príncipe herdeiro, são assassinados. Aristides, casa com sua prima Angelina, donde provém larga geração (14 filhos).
- Em 1910 Aristides é nomeado cônsul em Demerara, na Guiana Francesa. Implantação da República a 5 de Outubro.
- Entre 1911 e 1916 é colocado como cônsul em Zanzibar, onde enfrenta com a família problemas de saúde.
- Em 1914 inicio da 1ª.Guerra Mundial.
- Em 1916, Portugal entra na 1ª. Guerra Mundial, confrontando a Alemanha na África Oriental (norte de Moçambique) e na África Ocidental (sul de Angola).
- Em 1918 Fim da 1ª. Guerra Mundial.
- Entre 1921 e 1923, Aristides, dirige o consulado de S. Francisco na Califórnia.
- Em 1924 é cônsul em S. Luís do Maranhão (Brasil). Depois passa a dirigir o consulado de Porto Alegre também no Brasil.
- Em 1926, Aristides regressa a Lisboa para prestar serviço na Direcção-Geral dos Negócios Comerciais e Consulares. Ocorre a revolução militar do 28 de Maio.
- Em 1927 é nomeado cônsul na cidade de Vigo.
- Em 1929 Aristides é nomeado cônsul - geral em Antuérpia.
- Em 1936 o rei Leopoldo III da Bélgica condecora-o.
- No ano de 1938, Salazar nomeia Aristides cônsul de Portugal na cidade de Bordéus. Salazar e Franco assinam o Pacto Ibérico. Conjuntamente com a Presidência do Conselho, Salazar acumula a pasta do Ministro dos Negócios Estrangeiros. A Alemanha invade a Polónia, dando-se início à 2ª. Guerra Mundial.
- No ano de 1940, em plena ocupação da França, e depois de tomada a cidade de Paris pelos nazis, estes começam a descer para sul e sudoeste perseguindo, franceses, belgas, holandeses, checos, austríacos alemães, judeus e cristãos, aos milhares. São refugiados de guerra que acampam nos jardins do Consulado de Bordéus e ruas vizinhas, implorando vistos para Portugal, vistos para a Vida. Aristides de Sousa Mendes, ultrapassando os seus poderes e num acto de desobediência, contrariando em tudo as ordens de Salazar, perante tamanho drama, toma a atitude nobre e humanitária de conjuntamente com os dois filhos mais velhos proceder à passagem de mais de 30.000 vistos a judeus e outras minorias perseguidas pelos nazis. É um acto divulgado em toda a imprensa mundial, admirado e louvado por todas as potências envolvidas no conflito. Mas Salazar e o seu Governo (de vistas míopes e horizontes limitados), condena-o a um ano de inactividade e depois aposentam-no sem qualquer vencimento, com uma carga familiar de doze filhos….
- No ano de 1945 terminada a 2ª. Guerra Mundial. Aristides, reclama do castigo que foi alvo, por carta dirigida à Assembleia Nacional, sem receber qualquer resposta.
- No ano de 1948 morre a sua mulher.
- No ano de 1954, acompanhado de uma sobrinha, Aristides, morre “pobre e esquecido”, no Hospital da Ordem Terceira em Lisboa.
- No ano de 1967 Yad Vashem, autoridade estatal israelita para recordação dos mártires e heróis do Holocausto, homenageia Aristides de Sousa Mendes com a mais alta distinção: uma medalha com a inscrição do TALMUD: “Quem salva uma vida humana é como se salvasse um mundo inteiro”. A comunidade judaica erigiu-lhe um memorial.
- No ano de 1988 a Assembleia da República e o Governo português, passados que foram catorze anos após a implantação do Estado democrático, finalmente procederam à reabilitação oficial de Aristides de Sousa Mendes, mas muito tenuemente.
O Governo Francês sempre soube apreciar e divulgar todos, que têm demonstrado, uma coragem ímpar, enaltecendo actos tão nobres e humanos, que se enquadram no espírito da revolução francesa “Liberdade”, “Igualdade” e “Fraternidade”. Perante estes factos quis perpetuar quem tão bem soube interpretar tais ideais, mandando proceder à cunhagem de uma moeda comemorativa em ouro de valor facial de 10 €uro e uma outra de prata com o valor facial de1 ½ €uro, o que nos regozija.
Pelo seu conteúdo simples, surte uma moeda de uma nobreza e grandeza sem igual.
A nível numismático trata-se de moedas de grande interesse, pois a emissão foi muito escassa, tanto em prata como especialmente em ouro, ao ponto de no presente as moedas de prata se transaccionarem por mais do dobro do preço de emissão, e as de ouro quase que triplicam o seu valor real. As moedas têm sido procuradas por muitos coleccionadores nacionais, estrangeiros e comunidades judaicas espalhadas por todo o mundo, pelo valor histórico que representa. Encontram-se esgotadas na casa emissora, logo após a apresentação e lançamento ao público.
.
E nós, porque esperamos em cunhar moedas que perpetuem actos tão nobres e humanos que apesar de este ter sido tomado contra a vontade de decisões governamentais, tiveram um impacto ímpar em todo o mundo pela sua grandeza humanitária.

MOEDA DE PRATA



Anverso - Ao centro o busto à direita de Aristides de Sousa Mendes, ladeado à esquerda pelo valor facial “1 ½ €uro”, e à direita pela letras “RF”. Na orla superior “Aristides de Sousa Mendes” e na orla inferior “Cônsul du Portugal”.
Reverso – Ao centro uma inscrição com os seguintes ditos: “Un Homme Fraternel A Pris Sur Lui De Délivrer Des Milliers de Visas Pour La Liberte – À Bordeaux en Juin 1940. Circundado da esquerda para a direita com as seguintes palavras “Fraternité” Liberté” et “Égalité”, e por baixo a era “2007”.

Características da moeda de ouro:
Valor facial – 10 €uro.
Permilagem – 920%0.
Peso – 8,45 gr.
Diâmetro – 22 mm.
Bordo liso.
Emissão – 500
Qualidade – Proof, ou prova numismática.

Características da moeda de prata:
Valor facial – 1 ½ €uro.
Permilagem – 900%0.
Peso – 22,2 gr.
Diâmetro – 37 mm.
Bordo liso.
Emissão – 3 000.
Qualidade – Proof, ou prova numismática.

4 - Numismática - Rainha Dona Amélia

MARIA AMÉLIA LUÍSA HELENA DE ORLEÃES

MOEDA DE OURO

Na senda do que o Governo Francês, tem vindo ao longo dos tempos a fazer através da sua casa emissora de moeda, “Monnaie de Paris”, perpetuando personagens que de uma ou de outra maneira se distinguiram ao longo das suas vidas, tanto no plano social, económico, financeiro, cientifico, militar, artístico, literário, ambiental, médico, humanístico, etc…, com a emissão de moedas de ouro e de prata, alusivos a actos merecedores de tal distinção; recaindo no ano de 2007 a honra num grande português, “Aristides de Sousa Mendes”, e no ano anterior (2006), essa mesma distinção foi direccionada a uma francesa, que mais tarde viria a adoptar a nacionalidade portuguesa, pelo casamento com o rei D. Carlos, e que foi a última soberana da nossa monarquia a “Senhora Rainha Dona Amélia”.

Quem foi a Rainha Dona Amélia?
Somente esposa do rei D. Carlos!!!?, e por conseguinte, votada a posição secundária na monarquia, ou soube de alguma maneira sobressair na sociedade onde estava inserida???.
Que fez em prol dessa sociedade?

- Maria Amélia Luísa Helena de Orléans, nasceu em Twichenhar, Inglaterra a 28-09-1865. Filha primogénita de Luís de Orleães, conde de Paris, este, neto do último rei de França, Luís Filipe I, e de Maria Isabel de Orleães Montpensier, filha do duque Fernando de Montpensier.
- Dona Amélia passou a infância em Inglaterra, devido ao exílio a que a família foi sujeita desde 1848, ano em que Napoleão III assumiu o trono de França.
- No ano de 1871, regressa a França após a queda do Império. A princesa recebe uma educação esmerada, somente reservada a príncipes.
- Em 22-05-1886, casou com o príncipe Dom Carlos, então duque de Bragança, na igreja de São Domingos em Lisboa.
- No ano de 1887 nasce o seu primeiro filho Dom Luís Filipe (Príncipe das Beiras).
- No ano de 1889, com a subida ao trono de seu marido, por inerência de cargos, ocupa o lugar de Rainha. Com o seu carácter culto, desempenha um papel fulcral, influenciando toda a corte e a sociedade.
- Em 15-11-1889, nasce o seu segundo filho, Dom Manuel, mais tarde elevado a rei, (último de Portugal), pelo assassinato de seu pai e irmão a 01-02-1908. Foi mãe esmerada na excelente educação que proporcionou a seus filhos, alargando-lhes os horizontes culturais. Viajou por todo o mar mediterrâneo, dando-lhes a conhecer as antigas civilizações que nas suas margens proliferaram (egípcia, grega e romana).
- No ano de 1892, fundou o Instituto de Socorros a Náufragos, organismo responsável pela direcção técnica de salvamento de vidas humanas nas áreas fluviais e marítimas de Portugal.
- No ano de 1905, funda o Museu Nacional dos Coches.
- À Rainha Dona Amélia se deve a fundação da Assistência Nacional aos Tuberculosos, e muitas obras de beneficência e higiene: “dispensários e sanatórios”, devido à sua índole caridosa e bondosa.
- Em 1908, a 1 de Fevereiro, sofre um tremendo desgosto com o impensado Regicídio, na Praça do Comércio em Lisboa, que veio a marcar profundamente a história de Portugal, com a morte de seu marido o rei Dom Carlos e do seu filho o príncipe herdeiro D. Luís Filipe.
- Em 1908 o seu filho Dom Manuel infante, sobrevivente, sobe ao trono, reinando até Outubro de 1910.
- Em 1910 a 5 de Outubro, após a proclamação da República, Dona Amélia segue para o exílio com a família real.
- No ano de 1913, a 4 de Setembro Dom Manuel casa com D. Augusta Victória, sua prima. Deste casamento não há descendência.
- No ano de 1932, a 2 de Julho, um outro desgosto lhe surge com a morte de seu filho em Twickenham, em Inglaterra.
- Nos anos de 1939 a 1945, aquando da 2ª. Guerra Mundial, o governo de então oferece-lhe asilo político, o qual recusou.
- No ano de 1945, visita Portugal, em especial a localidade de Fátima, e todos os lugares que mais lhe estavam relacionados excepto Vila Viçosa.
- No ano de 1951 a 25 de Outubro morre em Versalhes. O seu funeral realizou-se em Portugal, tendo sido acompanhado por milhares de pessoas ao longo das ruas da cidade de Lisboa que choraram a sua morte, pelo que muito fez e sofreu ao longo da sua vida, ficando sepultada no Panteão de S. Vicente.
Da sua imagem foram efectuados muitos postais, fotografias, quadros e diversas figuras, que foram reproduzidas nos jornais e revistas da época, conforme postal que se anexa.
Por tudo o que representou, como mulher, mãe, soberana, intelectual, pelo que sofreu e viu sofrer, pelo seu profundo sentimento humanístico, a pátria mãe não a esqueceu perpetuando a sua memória na emissão de moedas de ouro e prata.
De traço fino e figura simples, tal e qual a sua pessoa, surge-nos uma moeda de uma beleza e riqueza ímpar, extremamente cobiçada pela maioria dos numismatas, pois as suas emissões foram extremamente escassas.




Moeda de PrataAnverso – Ao centro o busto à esquerda da rainha D. Amélia, com tiara de estrelas no cabelo e colar de duas voltas com pendentes, ladeada à esquerda pelo valor facial da moeda de 1 ½ Euro e à direita pelas letras RF, circundada pela legenda “Princesse D´Orléans . Reine du Portugal. Amélie”.
Reverso – Ao centro as armas de Portugal e Orleães em formato oval encimada pela sigla C A e a data de 1886 (do casamento) e pela coroa da realeza portuguesa, circunda pela legenda “Liberte Égalité Fraternité. 2006.”
Características da moeda de ouro: Valor facial - 10 Euro. Permilagem - 920%0. Peso - 8,45 grs. Diâmetro - 22 mm.. Bordo liso. Emissão - 500. Qualidade - Proof ou prova numismática.
Características da moeda de prata: Valor facial - 1 ½ Euro. Permilagem – 900%0. Peso – 22 grs. Diâmetro – 37 mm.. Bordo liso. Emissão – 3 000. Qualidade – Proof ou prova numismática.

Óbidos, 29 de Janeiro de 2008.

domingo, 28 de setembro de 2008

3 - Numismática - €uro

Moeda em Ouro - Comemorativa
VIII – Centenário de Pedro Hispano
PAPA - João XXI

Ao longo da nossa história com mais de oito séculos, tivemos figuras notáveis que se distinguiram pelos mais diversos motivos; mas houve uma, que pelas suas qualidades inatas, se evidenciou superiormente na área da medicina e teologia, foi ele, Pedro Hispano. De entre os seus discípulos, destacam-se São Tomás de Aquino (* 1225 em Roccasecca – Frosinone, + 07-03-1274 em Fussanova – Itália. Canonizado em 18-07-1323 em Avinhão pelo Papa João XXII, foi frade dominicano e teólogo, sendo proclamado Santo e cognominado Doutor pela Igreja Católica) e São Boaventura (* 1217 ou 1221 em Bagnuregi – Itália, + 15-07-1274 em Lyon – França. Canonizado em 14-04-1482 em Roma pelo Papa Sisto IV, bispo, teólogo e reconhecido Doutor da Igreja: foi também Ministro da Ordem Franciscana, Arcebispo e Cardeal, caracterizando-se por uma pessoa muito simples e de bom trato, em especial para com os mais desprotegidos. Pedro Hispano, mais tarde, (João XXI), veio a exercer o poder papal, sendo o único papa português, desde da fundação de Portugal até aos dias de hoje.
Mas, para melhor compreender quem foi Pedro Hispano, segue um resumo do seu historial.
Pedro Julião de nascimento, também conhecido por Pedro Hispano, nasceu em Lisboa, sendo desconhecida a sua data, mas provavelmente antes do ano de 1226, naquela que é hoje a freguesia de S. Julião, filho de Julião Rebelo, médico e de Teresa Gil.
Iniciou os seus estudos na escola episcopal de Lisboa, vindo mais tarde a estudar na Universidade de Paris, tendo como seu mestre, o notável São Alberto Magno (*1193 ou 1206, na Baviera, e +15-11-1280 em Colónia na Alemanha; foi beatificado no ano de 1622 e canonizado no ano de 1931 pelo Papa XI); onde aí estuda medicina e teologia, especializando-se em palestras de dialéctica, lógica e sobretudo a física e metafísica de Aristóteles. No ano de 1246 a 1252, ensinou medicina na Universidade de Siena, onde escreveu obras, entre as quais se destaca o “Tratado Summuloe Logicales”, tendo sido o manual de referência em toda a Europa, sobre lógica aristotélica, durante mais de 300 anos e sendo editado por 260 vezes e traduzido para o grego e o hebraico.
A prova da cultura científica encontra-se na obra “De oculo”, um tratado sobre oftalmologia, que foi seguido e ensinado durante décadas nas Universidades Europeias.
Quando o pintor Miguel Ângelo sofreu de graves problemas visuais, devido ao árduo trabalho empregue na decoração da Capela Sistina, encontra a cura numa receita de autoria de Pedro Julião.
No domínio da teologia é autor de “Comentários ao pseudo – Dionísio”.
- É nomeado Arcebispo de Braga pelo Papa Gregório X (1272-1274).
- É nomeado Cardeal - bispo de Frascati entre 1274-1276.
- Eleito o 188º. Papa, no conclave realizado em Viterbo, sucedendo ao Papa Adriano V a 13-09-1276, onde adopta o nome de João XXI. O seu pontificado foi muito curto (8 meses), marcado por um período muito perturbado por tensões políticas e religiosas, com alguns cardeais a sofrerem violências físicas.
-Leva por diante uma missão iniciada por Gregório X de reunir a Igreja Grega à Igreja Ocidental.
-Tenta a reconciliação de grandes nações europeias dentro do espírito da unidade cristã, enviando legados a Rodolfo de Habsburgo da Alemanha, e Carlos de Anjou a Castela.
- Papa de sensibilidade notável, tanto recebendo ricos como pobres, ouvindo-os e aconselhando-os brilhantemente sobre os temas expostos.
- Dante, poeta italiano de nomeada, na sua famosa “Divina Comédia”, coloca a alma de João XXI no Paraíso.
- O rei de Aragão Afonso X de Leão e Castela, cognominado de o “Sábio”, elogia-o em forma de canção no “Paraíso”, no canto XII.
- No ano de 1277, retira-se para a cidade de Viterbo, doente, onde veio a falecer a 20-05-1277, com 51 anos de idade.
A INCM, entendeu perpetuar a existência desta ilustre personagem, tão mal conhecida e estudada dos portugueses, com a cunhagem de uma soberba moeda em prata proof., ouro, e prata corrente ,de valor facial de 5 Euro, pela passagem do seu VIII Centenário.
É a primeira vez que este vulto histórico é contemplado com a emissão de uma moeda, fazendo-se justa homenagem a um homem que tão bem soube aplicar a sua ciência e os seus pensamentos. A moeda de ouro é bastante procurada não só pelos numismatas, como também pelas entidades religiosas. O motivo, a sua mensagem e o seu ineditismo dão-nos a percepção de estarmos frente a uma moeda com forte impacto e de uma peça muito bem conseguida. A moeda encontra-se esgotada na INCM, pelo que o seu valor real presentemente aumentou mais de 50%.
As características desta moeda são as seguintes:
Anv: No campo apresenta a sequência de arcos ogivais, sobreposto pelo escudo nacional na parte inferior. O valor facial na orla inferior, e na orla superior, a legenda *República Portuguesa – 2005 *.
Rev: Ao centro apresenta a figura estilizada da ilustre personagem a três quartos com as vestes papais, segurando com a mão direita o báculo e com a esquerda os evangelhos, ladeando o báculo de um lado a era “2005”, e do outro o “brasão e a era 1205”. Estes elementos estão orlados pela legenda *João XXI: Papa – VIII Centenário de Pedro Hispano – Médico”.
Autora Isabel Carriço.
Moeda corrente de prata:
Valor facial 5 Euro; 30 mm de diâmetro; 14 gr de peso; toque 500/1000; bordo, serrilhado (300.000 exemplares).
Moedas de Prata proof:
Valor facial 5 Euro; 30 mm de diâmetro; 14 gr de peso; toque 925/1000; bordo, serrilhado. (15.000 exemplares).
Moeda de Ouro Proof
Valor facial 5 Euro; 30 mm de diâmetro; 17,5 gr de peso; toque 916,6/1000; bordo, serrilhado (7.500 exemplares).
Setembro 2008

2 - Numismática - €uro

Primeira moeda Comemorativa portuguesa do sistema monetário €uro em ouro, alusiva aos
“150 Anos do Primeiro Selo Português”




No início do século XIX, o sistema postal sofria de enormes carências, tornando-se obsoleto e dispendioso. As taxas de envio das cartas simples eram elevadas e eram pagas em função da distância que tinham que ser transportadas, sendo essas mesmas cobradas aos destinatários, em vez de serem liquidadas antecipadamente, (como se processa hoje em dia), não havendo garantia de que os destinatários concordassem em pagar a soma requerida e aceitar a referida carta; em muitos casos não podiam pagar a referida taxa, o que originava devoluções enormes de correspondência, acarretando engarrafamentos no trânsito postal.
Este procedimento era ineficaz, sendo alvo de imensas críticas. Na Grã-Bretanha, estabeleceu-se uma franquia de 1 penny, paga antecipadamente por meio de selo colado numa carta dobrada ou num envelope.
No ano de 1837, um senhor inglês de nome (Rowland Hill – 1795-1879), que durante vários anos se tinha debruçado sobre o problema do sistema postal, apresentou ideias simples que vieram a ser implementadas reduzindo significativamente os seus custos:
1- Sugeriu que as cartas fossem franqueadas não em função da distância, mas segundo o peso, e que uma carta simples de menos de uma onça, fosse transportada a qualquer ponto do país com uma taxa fixa mais concretamente 1 penny.
2- Também sugeriu que essas taxas fossem pagas antecipadamente, ou pela compra de papel de carta previamente preparada, ou por aposição de um selo adesivo no envelope.
(Foi deste modo que surgiu o selo postal).
Esta revolução postal foi bem aceita na sociedade de então, não só pela sua justeza em relação aos menos protegidos, como também, e em especial, incentivar o hábito da escrita, o que veio proporcionar uma rápida adesão por parte de outras Nações Europeias e Americanas.
É precisamente no fim do reinado de D. Maria II, que foi introduzido o primeiro selo postal em Portugal, no ano de 1853, assim como outras inovações, como o sistema métrico decimal, no ano de 1852, que em muito contribuiu para o desenvolvimento do comércio e indústria. Mas o reinado de D. Maria II, não foi fácil, antes pelo contrário, bastante impetuoso, com diversas clivagens sociais e políticas, que vieram a marcar substancialmente todo o resto do século XIX. Transcrição de breve historial do seu reinado e factos mais relevantes:
- D. Maria II, nasceu no Rio de Janeiro a 4 de Abril de 1819, sendo baptizada com o nome de Maria da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de Paula Isidora Miguela Gabriela Rafaela Luísa Gonzaga de Bragança e Áustria, vindo a falecer em Lisboa a 15 de Novembro de 1853, de parto.
- Contava apenas 7 anos de idade quando o seu pai D. Pedro IV, abdicou do trono em seu favor, em Abril de 1826; deveria casar com o seu tio D. Miguel logo que tivesse idade, sendo de imediato nomeado regente, em Julho de 1826, após ter jurado fidelidade à rainha e à Carta Constitucional. D. Maria de menor idade foi viver para Inglaterra e depois França. Ao atingir os 15 anos de idade em 24 de Setembro de 1834, volta a Portugal para assumir o governo de Portugal.
- Casou em 1ªs núpcias no ano de 1835, com Augusto de Leuchtenberg, mas este faleceu logo no mês de Março do mesmo ano.
- Nesse ano de 1835, empreendeu diversas reformas, uma das quais, consistiu na venda de todos os bens de raiz nacionais, pertencentes à Igreja Patriarcal, às Casas das Rainhas e do Infantado, das Corporações religiosas já extintas e das Capelas reais.
- Casou em 2ªs.núpcias em 9 de Abril de 1836 com Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha, do qual proveio larga geração, com onze filhos.
- Foi dos períodos da nossa história mais conturbados que se passaram neste reinado, ficando registados entre outros; a (guerra civil), luta entre liberais e absolutistas, e daí todas as rivalidades e perseguições que se seguiram na sociedade; a revolução de Setembro; a revolta dos Marechais; a Convenção de Chaves; a Revolta da Maria da Fonte; a Belenzada; a Patuleia, etc:.
- A carta Constitucional foi alterada com a votação de um acto adicional, que consistiu na abolição da pena de morte em Portugal:
- Algumas reformas, como melhoramentos de monta respeitantes à instrução pública foram entretanto aplicadas:
Criação de Liceus e Escolas Primárias; Fundação das Escolas Médicas, de Lisboa e do Porto; Escola Politécnica de Lisboa; Academia Politécnica do Porto; Instituto Agrícola; Conservatório de Música
- Nas Obras Públicas, foi notória a sua acção, crescimento económico, centrado na construção de infra-estruturas de transportes e comunicações, na tentativa de aproximar as várias regiões do país, e do apoio ao desenvolvimento comercial e industrial.
- Foi cognominada de “ A Educadora”, pela acção e determinação que implementou com a instrução pública.
Com a introdução do 1º. Selo Postal, a 01-07-1853, mal seria que o mesmo não contemplasse a figura da monarca, tendo para isso sido criados selos de 5, 25, 50 e 100 réis, da autoria de Francisco de Borja Freire, correspondendo a cada importância a cor respectivamente castanho avermelhado, azul, verde e lilás no seu valor crescente.
Aquando do Centenário da introdução do Selo (1953), foi emitida pelos CTT uma colecção de selos alusiva à efeméride, em papel esmalte, composta pelos valores de $50, 1$00, 1$40, 2$30, 3$50, 4$50, 5$00 e 20$00, correspondendo a cada importância respectivamente, o vermelho, castanho, preto violeta, azul índigo, ultramar, verde bronze, verde azeitona e lilás. Peças de uma elegância e beleza singular, vieram a receber os mais rasgados elogios da crítica, pela sua qualidade e cuidado empregue no tema, a figura de D. Maria II a três quartos, com um decote pronunciado e quiçá um pouco arrojado.
No ano de 2003, a INCM., para celebrar os 150 anos da introdução do primeiro SELO postal português, fez a emissão de uma moeda comemorativa de valor facial de 5 €uro, em prata da autoria do escultor Victor Santos, com poder liberatório cujo limite de emissão se cifrou em 300.000 exemplares.
Com o fito de dar mais realce a esta efeméride, fez também a emissão de moeda em prata BNC, apresentada numa carteira, em conjunto com o bloco filatélico, numerado, cujo limite de emissão foi de 20.000 exemplares.
As moedas em Prata e Ouro Proof, são apresentadas em estojos de madeira devidamente numerados e acompanhados do respectivo certificado de garantia. Os limites destas emissões foram respectivamente 20.000 exemplares em prata e 10.000 exemplares em ouro.
As características desta moeda são as seguintes:
Anverso: Mostra-nos a estilização de um selo onde está inserido o valor facial da moeda. Ao centro o escudo Nacional, cortando o canto inferior do selo, e na orla inferior para a direita a legenda “República Portuguesa”.
Reverso: No campo central mostra-nos a reprodução do primeiro selo de D. Maria II, ocupando três quartos do campo da moeda, e orlada pela legenda – 2003 150 Anos do Primeiro Selo Português.
Trata-se de uma moeda de beleza ímpar, muito rica nos motivos inseridos, robusta, de traços vincados, de trabalho exímio e de perfeita gravação, que nos perspectiva um forte impacto pela mensagem nela inserida.
Especificações técnicas das moedas:
Moeda normal:
Valor facial 5 €; 30 mm de diâmetro; 14 gr. de peso; toque 500/1000; bordo, serrilhado.
Moedas de Prata BNC e Prata Proof:
Valor facial 5 €; 30 mm de diâmetro; 14 gr. de peso; toque 925/1000; bordo, serrilhado.
Moeda de Ouro Proof:
Valor facial 5 €; 30 mm de diâmetro; 17,5 gr. de peso; toque 916,6/1000; bordo, serrilhado.
Esta moeda por ter sido a primeira a ser emitida em ouro, tem tido ao longo destes anos uma forte procura pelos interessados em numismática, e em filatelia.
Presentemente encontra-se esgotada e o seu valor tem sido alvo de constantes valorizações.
Pela sua originalidade, foi premiada com o Prémio da XXIII Conferência dos Directores da Casa da Moeda (MDC-Mint Directors Conference) – San Francisco (EUA), para a moeda tecnicamente mais avançada na categoria de moeda comemorativa, em Ouro Proof, dos anos de 2002 e 2003.

Selo de 5 Réis cor castanho avermelhado do ano de 1853.
Primeiro selo postal.










Selo de $50 cor vermelho do ano de 1953.
Centenário da introdução do selo postal.









Agosto de 2008.

1 - Numismática - €uro

MOEDA DE OURO

Homenagem aos três pioneiros da fundação da União Europeia
Robert Schuman – Paul-Henri Spaak – Konrad Adenauer

O nascimento do pensamento europeu e o seu alargamento
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Os primeiros pilares da União Europeia foram erigidos poucos anos após o fim da segunda guerra mundial, e tinham por fim reduzir o risco do surgimento de novos conflitos, em especial na Europa.
Em 9 de Maio de 1950, o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Robert Schuman, estabelece o “Plano Schuman”, o qual consistia em reunir a indústria do carvão e do aço dos países da Europa Ocidental, (C.E.C.A. = Comissão Europeia do Carvão e do Aço).
No ano de 1951 é assinado o Tratado de Paris entre 6 países: Bélgica, França, Alemanha, Itália, Luxemburgo e Holanda.
A CECA inicia as suas actividades em 25-07-1952, constituindo a primeira etapa da construção europeia, tendo este processo perseguido com a assinatura do Tratado de Roma em 1957, pelos países que estiveram presentes no Tratado de Paris, o qual dá origem à CEE (Comunidade Económica Europeia).

A CEE vai alargando-se a outros países, encontrando-se actualmente na 7ª.etapa:
1ª.etapa, foi constituída pelos países que assinaram o Tratado de Roma, no ano de 1957.
2ª.etapa, juntaram-se no ano de 1973, a Dinamarca, Irlanda e Reino Unido.
3ª.etapa, a Grécia no ano de 1981.
4ª.etapa, Portugal e a Espanha no ano de 1986.
5ª.etapa, Suécia, Finlândia e Áustria, no de 1995.
6ª.etapa, Chipre, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Malta, Polónia e República Checa, no ano de 2004.
7ª.etapa, e última, juntam-se a Bulgária e a Roménia, no ano de 2007.
Além de Robert Schuman, Paul-Henri Spaak e Konrad Adenauer, que foram personagens que além de abraçarem a ideia de uma Europa forte e unida, foram homens de Estado, representando os seus países em altos cargos, os quais permitiram reforçar o ideal Europeu, junto de outros países.
Além destas personagens políticas de topo, outras há, que devem ser referidas, pelo seu enorme contributo, dedicação, paixão e crer e que são considerados baluartes da União Europeia, como Jean Monnet, Alcide de Gasperi, Joseph Bech e Johan-Willem Beyen.

Mas quem foram e o que fizeram, estas três personagens?

Robert Schuman – Homem de Estado francês, nasceu em 29-06-1886 no Luxemburgo. No ano de 1940, fez parte do gabinete Reynaud e parte para o exílio durante a guerra, (2ª. Guerra Mundial). Após o fim da guerra, torna-se Ministro das Finanças e depois Primeiro Ministro. É Ministro dos Negócios Estrangeiros entre 1948 a 1953, e Ministro da Justiça de 1955 a 1956. Schuman é sobretudo conhecido pela sua acção em favor de uma Europa Unida, e pelo “Plano Schuman”, que apelava à colaboração entre os países da Europa Ocidental. Tornar-se o 1º. Presidente do Parlamento Europeu. Morreu em Scy-Chazelles, em 04-10-193.

Paul - Henri Spaak – Homem político belga, nasceu a 25-01-1899 em Schaerbeek. Eleito deputado no ano de 1932. A partir de 1938, é a cabeça de diversos governos. Spaak presidiu à 1ª.Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque no ano de 1945. Tornou-se num dos mais ardentes promotores de uma Europa unida. Foi o primeiro Presidente da CECA. Presidiu à Conferência de Messine em 1955, e assinou o Tratado de Roma. Entre ao anos de 1957 e 1961, foi Secretário Geral da ONU. Faleceu em Bruxelas a 31-07-1972.

Konrad Adenauer – Nasceu a 05-01-1876 em Colónia, onde foi Presidente de Câmara. Quando da tomada do poder por Hitler, Konrad sendo contra a sua política, foi demitido e preso. Tornou-se Chanceler após a 2ª. Guerra Mundial, e nessa função, é a base da integração da República Federal Alemã (RFA), na Europa Ocidental, tornando-se membro da NATO e um dos países impulsionadores da Comunidade Europeia. Adenauer, faleceu em 16-04-1967.

A Monnaie Royale de Belgique, emitiu uma soberba moeda pela ocasião dos 50 anos do aniversário da CECA (2002), com o fim de honrar e perpetuar os três pioneiros da fundação da União Europeia, sendo a emissão da sua primeira moeda em ouro, a qual nos transmite a mensagem de uma moeda forte coesa e unida.
Pelo seu simbolismo, esta moeda esgotou-se no mercado após o seu lançamento, sendo procurada e cobiçada, duplicando o seu valor quase de imediato.
Características da moeda: Valor facial de 100 Euro. Permilagem 999%0. Peso 15,55 grs. Diâmetro 29 mm. Bordo liso. Qualidade – proof., ou prova numismática. Emissão 5.000 exemplares.
Reverso – Dividida em duas partes, sendo a da esquerda composta por um mapa dos países sem fronteiras da União Europeia; o lado direito é composto ao centro pelo valor facial da moeda de 100 Euro, com a inscrição junto ao bordo do nome do país (Bélgica), em três dialectos.
Anverso – É composto essencialmente pelas efígies dos três pais fundadores da Europa Unida, circundado junto ao bordo os respectivos nomes.

Óbidos, 01-08-2008