Centenário da
Primeira Batalha do Rovuma
(Grande Guerra
1914-1918)
A Batalha de
Namiranga - Namaca
27-05-1916 -
27-05-2016
(Inserida na 2ª.
Expedição ao Rovuma)
Por: Luís
Tudella
3ª. Parte
(Continuação)
Os Meios
A
fim de assegurar a ocupação e pacificação do norte de Moçambique, havia até à
fronteira e ao longo dela, alguns postos e fortificações militares com
instalações precárias e de reduzidos efectivos. Serviam perfeitamente para os
fins para que foram criadas, mas não constituíam um sistema de defesa capaz
contra ataques de maior envergadura, vindos do exterior, constituído por tropas
regulares bem organizadas e bem mais apetrechadas com armamento mais moderno e
eficaz.
As
condições climatéricas aconselhavam a presença de tropas autóctones. Perante o
factor atrás exposto, teve que ser maciça a utilização de tropas indígenas, que
precisariam de longo treino para se adaptarem aos processos de guerra
utilizados.
Os
auxiliares e carregadores eram na totalidade indígenas que transportavam água,
munições, víveres e todos os outros artigos indispensáveis às tropas. Mas nem
sempre havia lealdade, pois a etnia “maconde”, estendendo-se a uma e a outra
margem do Rovuma, tanto servia indistintamente os portugueses e os alemães,
colaborando com o partido que lhe parecia vir a ser o vencedor e que melhor os
tratasse, (remuneração e víveres).
De
salientar um pormenor, pouco conhecido, mas merecedor de referência: a
diferença de posturas e atitudes de preparação para a guerra dos militares dos
dois países. Os militares brancos alemães, em todas as operações, pintavam-se
de preto e utilizavam fardamento que se confundia com o capim e com as tropas
nativas, e só através de observação muito atenta se diferenciavam. Os
portugueses, por sua vez, não se preocupavam sequer com disfarces pelo que eram
perfeitamente identificáveis, em especial os graduados que exibiam os seus
galões e as suas espadas muito reluzentes, o que os tornava alvos fáceis.
Enfim,
posturas diferentes de encarar situações idênticas !!!
Após
a ocupação do triângulo de Quionga pelas forças militares da 1ª. expedição,
montaram-se cinco postos ao longo do Rio Rovuma: Nhica, Nachinamoca, Namoto,
Namiranga e Namaca. Na antiga fronteira mantiveram-se os antigos postos de
Pundanhar, Nangadi, Mocimboa do Rovuma, Matiú, Negomano, Unde, Maziúa,
Macalogi, Matomone e Chivinde, já no Lago Niassa.
A
2ª. Expedição embarcou para Moçambique em Outubro de 1915 no vapor Moçambique,
onde seguia a bordo o novo Governador Geral, Dr. Álvaro de Castro. Foi seu
Comandante, o Major de Artilharia José Luís de Moura Mendes e Chefe do Estado -
Maior, o Capitão de Infantaria Liberato Damião Ribeiro Pinto.
À
2ª. expedição juntou-se o Capitão
Tudella que embarcou para a cidade de Porto Amélia, a fim de prestar serviço,
junto do destacamento expedicionário, no norte de Moçambique, sendo-lhe dado o
comando da 10ª. Companhia de Indígenas. A
sua missão consistia essencialmente no reconhecimento das margens do rio
Rovuma, e de algumas estradas e caminhos da margem norte, assim como no
levantamento topográfico da região desde a foz, para montante, que era quase na
totalidade desconhecido e sem registos; a finalidade principal consistia na
passagem do rio para a margem esquerda e, após esta, atravessá-lo, ocupá-lo ou
construírem postos de vigilância avançados.
Este
oficial exercia as funções de Sub-Chefe do Estado Maior de Lourenço Marques,
deixando de o ser a seu pedido.
(Continua)
Publicado no Jornal das Caldas em 15 de Junho de 2016
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