quarta-feira, 15 de junho de 2016

 
 
Centenário da Primeira Batalha do Rovuma
(Grande Guerra 1914-1918)
A Batalha de Namiranga - Namaca
27-05-1916 - 27-05-2016
(Inserida na 2ª. Expedição ao Rovuma)
Por: Luís Tudella
3ª. Parte
(Continuação)
 
Os Meios
A fim de assegurar a ocupação e pacificação do norte de Moçambique, havia até à fronteira e ao longo dela, alguns postos e fortificações militares com instalações precárias e de reduzidos efectivos. Serviam perfeitamente para os fins para que foram criadas, mas não constituíam um sistema de defesa capaz contra ataques de maior envergadura, vindos do exterior, constituído por tropas regulares bem organizadas e bem mais apetrechadas com armamento mais moderno e eficaz.
As condições climatéricas aconselhavam a presença de tropas autóctones. Perante o factor atrás exposto, teve que ser maciça a utilização de tropas indígenas, que precisariam de longo treino para se adaptarem aos processos de guerra utilizados.
Os auxiliares e carregadores eram na totalidade indígenas que transportavam água, munições, víveres e todos os outros artigos indispensáveis às tropas. Mas nem sempre havia lealdade, pois a etnia “maconde”, estendendo-se a uma e a outra margem do Rovuma, tanto servia indistintamente os portugueses e os alemães, colaborando com o partido que lhe parecia vir a ser o vencedor e que melhor os tratasse, (remuneração e víveres).
De salientar um pormenor, pouco conhecido, mas merecedor de referência: a diferença de posturas e atitudes de preparação para a guerra dos militares dos dois países. Os militares brancos alemães, em todas as operações, pintavam-se de preto e utilizavam fardamento que se confundia com o capim e com as tropas nativas, e só através de observação muito atenta se diferenciavam. Os portugueses, por sua vez, não se preocupavam sequer com disfarces pelo que eram perfeitamente identificáveis, em especial os graduados que exibiam os seus galões e as suas espadas muito reluzentes, o que os tornava alvos fáceis.
Enfim, posturas diferentes de encarar situações idênticas !!!
Após a ocupação do triângulo de Quionga pelas forças militares da 1ª. expedição, montaram-se cinco postos ao longo do Rio Rovuma: Nhica, Nachinamoca, Namoto, Namiranga e Namaca. Na antiga fronteira mantiveram-se os antigos postos de Pundanhar, Nangadi, Mocimboa do Rovuma, Matiú, Negomano, Unde, Maziúa, Macalogi, Matomone e Chivinde, já no Lago Niassa.
A 2ª. Expedição embarcou para Moçambique em Outubro de 1915 no vapor Moçambique, onde seguia a bordo o novo Governador Geral, Dr. Álvaro de Castro. Foi seu Comandante, o Major de Artilharia José Luís de Moura Mendes e Chefe do Estado - Maior, o Capitão de Infantaria Liberato Damião Ribeiro Pinto.
 
 
                                                        Armando Barreto Figueiredo Tudella
À 2ª. expedição juntou-se  o Capitão Tudella que embarcou para a cidade de Porto Amélia, a fim de prestar serviço, junto do destacamento expedicionário, no norte de Moçambique, sendo-lhe dado o comando da 10ª. Companhia de Indígenas. A sua missão consistia essencialmente no reconhecimento das margens do rio Rovuma, e de algumas estradas e caminhos da margem norte, assim como no levantamento topográfico da região desde a foz, para montante, que era quase na totalidade desconhecido e sem registos; a finalidade principal consistia na passagem do rio para a margem esquerda e, após esta, atravessá-lo, ocupá-lo ou construírem postos de vigilância avançados.
Este oficial exercia as funções de Sub-Chefe do Estado Maior de Lourenço Marques, deixando de o ser a seu pedido.
(Continua)
Publicado no Jornal das Caldas em 15 de Junho de 2016


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