quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Numismática
Moedas Portuguesas Comemorativas do Euro 

38ª. Moeda
Património Cultural
O Fado
2,50 Euro             
Características da moeda


Anv: Apresenta na parte central e descaído sobre o lado direito, uma guitarra portuguesa, sobrepondo-se a esfera armilar e as armas nacionais. Na orla superior apresenta as legendas “2008” e “República Portuguesa” e, no campo superior, o valor facial da moeda 2,50 Euro em duas linhas.

Rev: Apresenta no campo central esquerdo, um arco de onde emerge a figura de uma fadista, acompanhada de um braço de uma guitarra e da legenda “Fado”, e na orla superior descaindo para a direita a legenda “Património Cultural”.
Autor: José Cândido.
Moedas de Prata com acabamento normal:
Valor facial 2,50 Euro; Cuproníquel; Dia. 28 mm; Peso 10 g.; Bordo serrilhado. Cunhagem 150.000 exemplares.
Moedas de Prata proof:
Valor facial 2,50 Euro; Ag: 925/1000 de toque; Dia. 28 mm; Peso 12 g.; Bordo serrilhado. Cunhagem de 20.000 exemplares.
O Fado é um estilo musical português, geralmente cantado por uma só pessoa (fadista) e acompanhado por guitarra clássica (nos meios fadistas denominada viola) e guitarra portuguesa. O Fado foi elevado à categoria de Património Oral e Imaterial da Humanidade pela UNESCO numa declaração aprovada no VI Comité Intergovernamental desta organização internacional, realizado em Bali, na Indonésia, entre 22 e 29 de Novembro de 2011. A palavra Fado vem do latim fatum, ou seja "destino", é a mesma palavra que deu origem às palavras fada, fadário, e "correr o fado. Uma explicação popular para a origem do fado de Lisboa remete para os cânticos dos Mouros, que permaneceram no bairro da Mouraria, na cidade de Lisboa, após a reconquista Cristã. A tristeza e a melancolia, tão comuns no Fado, teriam sido herdadas daqueles cantos. No entanto não existem registos do fado até ao início do século XIX, nem era conhecido no Algarve, último reduto dos árabes em Portugal, nem na Andaluzia onde os árabes permaneceram até aos finais do século XV, pelo que não parece viável a sua origem tão longínqua. Noutra teoria, também não completamente provada, a origem do fado parece despontar da imensa popularidade nos séculos XVIII e XIX da Modinha, e da sua síntese popular com outros géneros afins, como o Lundu. No essencial, a origem do fado é ainda desconhecida, mas certo é que surge no rico caldo de culturas presentes em Lisboa, sendo por isso uma canção urbana. No entanto, o Fado só passou a ser conhecido depois de 1840 nas ruas de Lisboa. Nessa época, só o Fado do marinheiro era conhecido e era, tal como as cantigas de levantar ferro, as cantigas das fainas, ou a cantiga do degredado, cantado pelos marinheiros na proa do navio. Na primeira metade do século XX o Fado foi adquirindo grande riqueza melódica e complexidade rítmica, tornando-se mais literário e mais artístico. Os versos populares são substituídos por versos elaborados e começam a ouvir-se as décimas, as sextilhas, os alexandrinos e os decassílabos. Durante as décadas de 30 e 40, o cinema, o teatro e a rádio projectaram esta canção para o grande público. Esta foi a época de ouro do Fado em que  tocadores, e cantadores saíram das vielas e recantos escondidos para brilharem nos palcos do teatro, nas luzes do cinema e para serem ouvidos na rádio ou em discos.
Surgiram então as Casas de Fado e com elas o lançamento do artista de fado profissional. Para se poder cantar nestas Casas era necessário ter carteira profissional. As casas proporcionavam também um ambiente de convívio e o aparecimento de letristas, compositores e intérpretes. Os artistas que cantavam o fado trajavam de negro. É no silêncio da noite que se deve ouvir, com uma alma que sabe escutar, esta canção, que nos fala de sentimentos profundos da alma portuguesa. É este o Fado que faz chorar as guitarras…O fadista canta o sofrimento, a saudade de tempos passados, a saudade de um amor perdido, a tragédia, a desgraça, a sina e o destino, a dor, amor e ciúme, a noite, as sombras, os amores, a cidade, as misérias da vida, critica a sociedade, etc… As Casas de Fado estão quase todas situadas nos velhos bairros de  Alfama, Castelo, Mouraria, Bairro Alto, Madragoa e as suas origens boémias, baseadas nas tabernas e bordéis, nos ambientes de orgia e violência dos bairros mais pobres e violentos da capital, tornavam o fado condenável aos olhos da Igreja, que desde cedo tentou impedir a evolução de tal movimento. Porém, é com a penetração da fidalguia nos bairros do castelo, com a presença constante dos cavalheiros e mesmo fidalgos titulares, que o fado se torna presença nos pianos dos salões aristocráticos. Tais nobres que se aventuravam naquele ambiente bairrista foram traduzindo as melodias da guitarra às damas de sociedade, que até ali só investiam nas “modinhas”. Tal investidura levou a que o Fado, ao passar da década de 1880 se tornasse assíduo dos salões.


A primeira cantadeira de Fado de que se tem conhecimento foi Maria Severa Onofriana que cantava e tocava guitarra nas ruas da Mouraria, especialmente na Rua do Capelão. Era amante do Conde de Vimioso e o romance entre ambos é tema de vários fados.
Os temas mais cantados no Fado são a saudade, a nostalgia, o ciúme, as pequenas histórias do quotidiano dos bairros típicos e as lides de touros. Deste tipo de Fado "clássico"  são expoentes, Carlos Ramos, Alfredo Marceneiro, Maria Amélia Proença, Berta Cardoso, Maria Teresa de Noronha, Hermínia Silva, Fernando Farinha, Fernando Maurício, Lucília do Carmo, Manuel de Almeida, Vicente da Camara, etc... O Fado moderno teve o seu apogeu com Amália Rodrigues. Foi ela quem popularizou Fados com letras de grandes poetas, como Luís de Camões, José Régio, Pedro Homem de Mello, Alexandre O’Neill, David Mourão-Ferreira, José Carlos Ary dos Santos, Luís Gordo e outros, no que foi seguida por outros fadistas como João Ferreira Rosa, Teresa Tarouca, Carlos do Carmo, Beatriz da Conceição, Maria da Fé, Mísia, Rodrigo, João Braga, etc… Nascido em Lisboa, o Fado tornou-se rapidamente numa canção nacional que é hoje conhecido mundialmente e pode ser (e é muitas vezes) acompanhado por violino, violoncelo e até por orquestra, mas não dispensa a sonoridade da guitarra portuguesa, de que houve, e ainda há, excelentes executantes, como Armandinho, José Nunes, Jaime Santos, Raul Nery, José Fontes Rocha, Carlos Gonçalves, Pedro Caldeira Cabral, José Luís Nobre Costa, Ricardo Parreira, Paulo Parreira ou Ricardo Rocha. Também a viola é indispensável na música fadista e há nomes incontornáveis como Alfredo Mendes, Martinho d'Assunção, Júlio Gomes, José Inácio, Francisco Perez Andión, o Paquito, Jaime Santos Jr., Carlos Manuel Proença que tocaram este instrumento. Actualmente, muitos jovens – Anabela, Dulce Pontes, Cuca Roseta, Marco Rodrigues, Ana Moura, Carminho, Rodrigo Costa Felix, Raquel Tavares, Helder Moutinho, Maria Ana Bobone, Mariza, Yolanda Soares, Joana Amendoeira, Mafalda Arnauth, Miguel Capucho, Ana Sofia Varela, Marco Oliveira, Katia Guerreiro, Luísa Rocha, Camané,  Aldina Duarte, Gonçalo Salgueiro, Diamantina, Ricardo Ribeiro, Cristina Branco , António Zambujo, entre outros, juntaram o seu nome aos dos consagrados ainda vivos e estão a dar um novo fôlego  a esta canção urbana que está a ser definitivamente apreciada em todo o mundo.
Categoria de tipos de fados: Fado Alcântara - Fado Aristocrata - Fado Bailado - Fado Batê - Fado-Canção - Fado Castiço - Fado Corrido - Fado Experimental - Fado Marcha Alfredo Marceneiro - Fado da Meia-noite - Fado Menor - Fado Mouraria - Fado Pintadinho - Fado Tango - Fado Tamanquinhas - Fado Vadio - Rapsódia de fados - Fado Marialva
Fontes: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fado - INCM - Colecção particular do autor.

 F I M

Publicado no Jornal das Caldas em 15-10-2014

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