Numismática
38ª. Moeda
Património Cultural
O Fado
2,50 Euro
Características da
moeda
Anv: Apresenta na parte central e
descaído sobre o lado direito, uma guitarra portuguesa, sobrepondo-se a esfera
armilar e as armas nacionais. Na orla superior apresenta as legendas “2008” e
“República Portuguesa” e, no campo superior, o valor facial da moeda 2,50 Euro
em duas linhas.
Rev: Apresenta no campo central
esquerdo, um arco de onde emerge a figura de uma fadista, acompanhada de um
braço de uma guitarra e da legenda “Fado”, e na orla superior descaindo para a
direita a legenda “Património Cultural”.
Autor: José Cândido.
Moedas
de Prata com acabamento normal:
Valor
facial 2,50 Euro; Cuproníquel; Dia. 28 mm; Peso 10 g.; Bordo serrilhado.
Cunhagem 150.000 exemplares.
Moedas
de Prata proof:
Valor
facial 2,50 Euro; Ag: 925/1000 de toque; Dia. 28 mm; Peso 12 g.; Bordo
serrilhado. Cunhagem de 20.000 exemplares.
O Fado é um estilo
musical português, geralmente cantado por uma só pessoa (fadista) e
acompanhado por guitarra clássica (nos meios fadistas denominada viola) e guitarra portuguesa.
O Fado foi elevado à categoria de Património Oral e Imaterial
da Humanidade pela UNESCO numa declaração aprovada no VI Comité Intergovernamental
desta organização internacional, realizado em Bali, na Indonésia,
entre 22 e 29 de Novembro de 2011. A palavra Fado vem do latim fatum, ou seja
"destino", é a mesma palavra que deu origem às palavras fada, fadário, e "correr o fado. Uma
explicação popular para a origem do fado de Lisboa remete para os cânticos dos
Mouros, que permaneceram no bairro da Mouraria, na cidade de Lisboa, após a
reconquista Cristã. A tristeza e a melancolia, tão comuns no Fado, teriam sido
herdadas daqueles cantos. No entanto não existem registos do fado até ao início
do século XIX, nem era conhecido no Algarve, último reduto dos árabes em
Portugal, nem na Andaluzia onde os árabes permaneceram até aos finais do século
XV, pelo que não parece viável a sua origem tão longínqua. Noutra teoria, também não completamente provada, a origem
do fado parece despontar da imensa popularidade nos séculos XVIII e XIX da Modinha, e da sua síntese popular com outros géneros afins, como
o Lundu. No essencial, a origem do fado é ainda desconhecida, mas
certo é que surge no rico caldo de culturas presentes em Lisboa, sendo por isso
uma canção urbana. No entanto, o Fado só passou a ser conhecido depois de 1840
nas ruas de Lisboa. Nessa época, só o Fado do marinheiro era conhecido e era, tal como as cantigas de levantar ferro, as cantigas das fainas, ou a cantiga do degredado, cantado pelos
marinheiros na proa do navio. Na primeira metade do século XX o Fado foi
adquirindo grande riqueza melódica e complexidade rítmica, tornando-se mais
literário e mais artístico. Os versos populares são substituídos por versos
elaborados e começam a ouvir-se as décimas, as sextilhas,
os alexandrinos e os decassílabos.
Durante as décadas de 30 e 40, o cinema, o teatro e
a rádio projectaram esta canção para o grande público. Esta foi a época de ouro
do Fado em que tocadores, e cantadores
saíram das vielas e recantos escondidos para brilharem nos palcos do teatro,
nas luzes do cinema e para serem ouvidos na rádio ou em discos.
Surgiram então as
Casas de Fado e com elas o lançamento do artista de fado profissional. Para se
poder cantar nestas Casas era necessário ter carteira profissional. As casas
proporcionavam também um ambiente de convívio e o aparecimento de letristas,
compositores e intérpretes. Os artistas que cantavam o fado trajavam de negro.
É no silêncio da noite que se deve ouvir, com uma alma que sabe escutar, esta
canção, que nos fala de sentimentos profundos da alma portuguesa. É este o Fado
que faz chorar as guitarras…O fadista canta o sofrimento, a saudade de tempos
passados, a saudade de um amor perdido, a tragédia, a desgraça, a sina e o
destino, a dor, amor e ciúme, a noite, as sombras, os amores, a cidade, as
misérias da vida, critica a sociedade, etc… As Casas de Fado estão quase todas
situadas nos velhos bairros de Alfama, Castelo, Mouraria, Bairro Alto, Madragoa e as suas origens boémias, baseadas nas tabernas e
bordéis, nos ambientes de orgia e violência dos bairros mais pobres e violentos
da capital, tornavam o fado condenável aos olhos da Igreja, que desde cedo
tentou impedir a evolução de tal movimento. Porém, é com a penetração da
fidalguia nos bairros do castelo, com a presença constante dos cavalheiros e
mesmo fidalgos titulares, que o fado se torna presença nos pianos dos salões
aristocráticos. Tais nobres que se
aventuravam naquele ambiente bairrista foram traduzindo as melodias da guitarra
às damas de sociedade, que até ali só investiam nas “modinhas”. Tal investidura
levou a que o Fado, ao passar da década de 1880 se tornasse assíduo dos salões.
A primeira cantadeira
de Fado de que se tem conhecimento foi Maria
Severa Onofriana que cantava e tocava guitarra nas ruas da Mouraria, especialmente na Rua do Capelão. Era amante do Conde
de Vimioso e o romance entre ambos é tema de vários fados.
Os temas mais cantados no Fado
são a saudade, a nostalgia, o ciúme, as pequenas histórias do
quotidiano dos bairros típicos e as lides de touros. Deste tipo de Fado "clássico" são expoentes, Carlos Ramos, Alfredo Marceneiro, Maria Amélia Proença, Berta
Cardoso, Maria Teresa de Noronha, Hermínia
Silva, Fernando
Farinha, Fernando Maurício, Lucília do Carmo, Manuel de Almeida, Vicente da Camara,
etc... O Fado moderno teve o seu apogeu com Amália Rodrigues. Foi
ela quem popularizou Fados com letras de grandes poetas, como Luís de Camões, José
Régio, Pedro Homem de Mello, Alexandre O’Neill, David Mourão-Ferreira, José
Carlos Ary dos Santos, Luís Gordo e outros,
no que foi seguida por outros fadistas como João Ferreira Rosa, Teresa
Tarouca, Carlos
do Carmo, Beatriz da Conceição, Maria
da Fé, Mísia, Rodrigo, João Braga, etc… Nascido
em Lisboa, o Fado tornou-se rapidamente numa canção nacional que é hoje conhecido mundialmente e pode ser (e é muitas
vezes) acompanhado por violino, violoncelo e até por orquestra, mas não
dispensa a sonoridade da guitarra portuguesa, de que houve, e ainda há,
excelentes executantes, como Armandinho, José
Nunes, Jaime Santos, Raul Nery, José Fontes Rocha, Carlos Gonçalves, Pedro Caldeira Cabral, José Luís Nobre Costa, Ricardo Parreira, Paulo Parreira ou Ricardo Rocha.
Também a viola é indispensável na música fadista e há nomes incontornáveis como Alfredo Mendes, Martinho d'Assunção, Júlio Gomes, José
Inácio, Francisco Perez
Andión, o Paquito, Jaime Santos Jr., Carlos Manuel Proença que
tocaram este instrumento. Actualmente, muitos jovens – Anabela, Dulce
Pontes, Cuca Roseta, Marco
Rodrigues, Ana Moura, Carminho, Rodrigo Costa Felix, Raquel
Tavares, Helder
Moutinho, Maria
Ana Bobone, Mariza, Yolanda
Soares, Joana Amendoeira, Mafalda
Arnauth, Miguel
Capucho, Ana
Sofia Varela, Marco
Oliveira, Katia
Guerreiro, Luísa
Rocha, Camané, Aldina
Duarte, Gonçalo Salgueiro, Diamantina, Ricardo
Ribeiro, Cristina
Branco , António
Zambujo, entre outros, juntaram o
seu nome aos dos consagrados ainda vivos e estão a dar um novo fôlego a esta canção urbana que está a ser
definitivamente apreciada em todo o mundo.
Categoria de tipos
de fados: Fado Alcântara - Fado Aristocrata - Fado Bailado - Fado Batê - Fado-Canção
- Fado Castiço - Fado Corrido - Fado Experimental - Fado Marcha Alfredo
Marceneiro - Fado da Meia-noite - Fado Menor - Fado Mouraria - Fado Pintadinho
- Fado Tango - Fado Tamanquinhas - Fado Vadio - Rapsódia de fados - Fado
Marialva
Fontes: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fado
- INCM - Colecção particular do autor.
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